terça-feira, 22 de maio de 2018

Tudo isto existe, tudo isto é triste, tudo isto é fado… Plim


“Meio-dia e uma guitarra” – antes dizia-se assim com sentido. Na pesquisa encontrámos o referido fado (meia-noite e uma guitarra). Fado igual a destino. Pois. Bem, mas tudo isto para sinalizar que é meio-dia (12 horas) e que esta é lavra que antecede o Expresso Curto que hoje foi produto do matraquear do jornalista Rui Gustavo, do Expresso, claro.

O jornalista faz notar que hoje é o dia do abraço… e da justiça, porque “aplicou a medida de prisão preventiva a todos os 23 suspeitos que a polícia conseguiu apanhar” daqueles cerca de 50 que invadiram a academia do Sporting em Alcochete. Ralé. Filhos da plebe, decerto que marginais, produto da sociedade de esgoto pós 25 de Abril e da propalada democracia que nem por nada elimina o fosso sociocultural, económico-financeiro e etc. com que os portugueses são constantemente brindados. Justiça? Educação? Saúde? Igualdade de oportunidades? Democracia? O que seria dos advogados e todos os das ilhargas se as populações fossem impecáveis, respeitadoras das leis, do civismo e pacifismo? E até é essa categoria profissional que está em maioria na profissão da política e deputados no Parlamento… Pois. E até é verdade que os exemplos vêm de cima e devem inspirar os cidadãos… Um sorriso irónico e quase imparável é o que a realidade nos mostra acerca disso. Pois.

Agora por ali atrás mencionar saúde. O Serviço Nacional de Saúde viu o seu criador e impulsionador principal falecer, António Arnaut. Isto quando o próprio SNS está a morrer progressivamente pela mão dos que nesta “democracia” são eleitos mas não defendem como devem os interesses das populações em todo o território nacional, já nem nas grandes cidades conseguem apresentar um SNS capaz de servir adequadamente os portugueses doentes. Prova testemunhal é o artigo que encontrará a seguir com o título aqui no PG: “SNS - Serviço Nacional do Sofrimento | 70 mil portugueses não têm acesso a cuidados paliativos”.

Sim. É verdade que devido aos factos contidos na prosa e às provas já intemporais da bagunça na saúde com o propósito de entregar aos privados milhões (acção de sacanas) que achámos uma realista associação para o SNS – Serviço Nacional do Sofrimento. É, não é? Pois.

Pronto, nem vai haver mais adiante. Recorremos ao fado, aos poetas, para terminar: “tudo isto existe, tudo isto é triste, tudo isto é fado”. Em resumo: existe muita trampa e muita tristeza que não deviam de existir. Pois. Abraço. (MM | PG)

Bom dia este é o seu Expresso Curto

O abraço da Justiça

Rui Gustavo | Expresso

Hoje é dia do abraço. O gesto que substitui as palavras quando não sabemos o que dizer e acaba com os silêncios embaraçosos. A Justiça portuguesa decidiu dar um abraço aos jogadores e técnicos do Sporting atacados e agredidos por uma turba na Academia de Alcochete e aplicou a medida de prisão preventiva a todos os 23 suspeitos que a polícia conseguiu apanhar.

Alguns são muito jovens, com pouco mais de 20 anos, e os advogados de defesa confessaram-se “chocados” com a decisão do juiz de instrução criminal do Barreiro que tratou todos os arguidos por igual e não individualizou (ou diluiu) as responsabilidades de cada um, como pretendiam os advogados.

A medida, a mais gravosa prevista pela lei, é, como notou Miguel Sousa Tavares, “mais para ser exemplar”, e pretende dar um sinal à sociedade: atos destes não podem ser tolerados. O juiz argumentou que há perigo de fuga, continuação da atividade criminosa e alarme social.

Os interrogatórios demoraram uma semana e só nove dos suspeitos aceitaram falar. Estão indiciados por nove crimes, incluindo terrorismo, o que ainda vai dar pano para mangas no julgamento que certamente se seguirá.

O Sporting reforçou as medidas de segurança na Academia, suspendeu o apoio à Juventude Leonina, que condenou o ataque apesar de a grande maioria dos atacantes pertencer à claque. “Se os conheço? Sim. Se sou amigo deles? Sou, não vou negar”, admitiu “Mustafá”, o líder da organização. O ataque provocou ferimentos na cabeça do principal goleador da equipa Bas Dost, um olho negro ao treinador Jorge Jesus (atacado com um cinto) e queimaduras num dos preparadores físicos da equipa. Terá sido o ataque mais grave de sempre, mas já houve invasão da garagem dos Benfica, agressões a jogadores do Vitória de Guimarães e um treinador do Porto, Co Adriaanse, foi atacado com um very light por elementos da claque portista.

Basta ver as imagens captadas pelo jornalista Hugo Franco no final do jogo entre o Sporting e o Desportivo das Aves, em que os jogadores sportinguistas foram insultados pelos próprios adeptos enquanto subiam a tribuna de honra, para perceber que a semente do mal está enraizada.

Detalhe: há 50 atacantes identificados pela polícia mas só 23 foram detidos e levados à justiça. O que aconteceu aos outros? Que diligências já foram feitas? Porque é que houve elementos, como Fernando Mendes, ex-líder da claque, que estiveram na Academia e não foram ouvidos? Seria bom que não ficassem pontas soltas num caso que a Justiça quer fazer exemplar.

A crise sportinguista continua a precisar de abraços e ainda ontem a reunião de quatro horas entre a direção de Bruno de Carvalho e os órgãos sociais do clube terminou com a marcação de nova reunião para a próxima quinta-feira. O presidente mantém-se no cargo.

O Correio da Manhã noticia hoje que “Bilhetes pagam saco azul de Bruno” numa referência aos 60 mil euros encontrados no gabinete de André Geraldes, diretor do futebol e braço direito do presidente, que está indiciado por corrupção e é suspeito de liderar um esquema para influenciar o campeonato de andebol e de futebol. Uma história que ainda vai a meio.

OUTRAS NOTÍCIAS

Começa hoje no Tribunal de Sintra o julgamento de 17 polícias da esquadra da PSP de Alfragide acusados de agressões a seis jovens do bairro da Cova da Moura em fevereiro de 2015. A acusação do MP é grave e diz que os agentes tiveram comportamentos "xenófobos e racistas", agiram motivados "por ódio racial" e tiveram "prazer em provocar dor". As vítimas contaram que para além de terem sido agredidas e insultadas pelos agentes da PSP passaram uma noite no chão "algemados". A PSP mudou o comandante da Amadora e os agentes, que negam todas as acusações e alegam que se defenderam de uma "invasão da esquadra" mantêm-se de serviço. Arriscam pesadas penas de prisão.

Há 20 anos não se falava de outra coisa: era inaugurada a Expo 98 na zona ocidental de Lisboa. as dúvidas iniciais deram lugar a um dos maiores sentimentos de satisfação coletiva de que me lembro. A exposição foi um sucesso, acabou com uma zona degradada da capital e deu origem a uma nova freguesia - a "Cidade de todos os recordes", como lhe chama o jornalista Virgílio Azevedo, onde 30 mil pessoas gostam de morar, trabalhar e visitar. . Terá sido também um ponto de viragem para o turismo de qualidade que veio a Portugal e ainda hoje se mantém como uma das principais fontes de receita do país. Alguém hoje imagina Lisboa sem a Expo (como lhe chamam os lisboetas) ou o Parque das Nações, como será mais correto dizer?

António Costa, que era ministro do Assuntos Parlamentares em 1998 e responsável pela pasta, admite à Renascença que chegou a ter dúvidas sobre a realização do projeto e diz que hoje já não faria sentido realizar um evento daquela dimensão em Portugal.

As festas dos 20 anos da Expo começam na sexta-feira com vários espetáculos e o regresso há muito exigido dos olharapos. Se não sabe do que estou a falar não vale a pena ir. A Pangea, hino da exposição, vai voltar a ouvir-se.

Hoje é dia de luto nacional decretado pelo Presidente Marcelo Rebelo de Sousa pela morte de António Arnaut, fundador do PS e pai do Sistema Nacional de Saúde, uma das melhores invenções dos portugueses. O Henrique Monteiro faz-lhe justiça. A melhor homenagem que lhe podemos prestar é manter o SNS vivo.

Mark Zuckerberg está hoje no Parlamento europeu para dar um abraço de confiança a todos os utilizadores (63 mil portugueses) do Facebook chocados com o facto de os seus dados pessoais terem sido usados para fins que não adivinhavam: a eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos da América, por exemplo. A audição esteve para ser feita à porta fechada, mas, afinal, pode ser seguida em direto a partir das 18h00 de Lisboa.

Reabriu a época da pesca da sardinha. O JN diz que a rede "regressa" cheia e que o preço do símbolo dos santos populares "pode chegar aos cinco euros" por quilo.

No Público são revelados os 20 concelhos "com maior probabilidade de ter um fogo grave este verão". Não são muito diferentes dos últimos anos.

Rui Rio estará hoje na sede da Polícia Judiciária e isto não quer dizer que seja suspeito nalguma investigação. O líder do PSD dedica esta semana à Justiça e hoje vai reunir-se com o diretor Almeida Rodrigues, de saída depois de dez anos à frente da instituição.

FRASES

"A geringonça tem produzido bons resultados porque o PCP e o BE foram relativamente anestesiados pelo PS"
Francisco Assis, Público

“Foi uma reunião de reflexão e muita serenidade”
Jaime Marta Soares, presidente demissionário da AG do Sporting à saída da reunião com a direção

(...)
Silêncio de Bruno de Carvalho à saída da mesma reunião

"Com o que consta no processo, é inacreditável colocar todos os arguidos no mesmo espaço. Ser igual para os 23 arguidos… a maioria são jovens. Acho que a mão foi muito pesada”
Maria João Mata, advogada de um dos suspeitos da invasão a Alcochete

"Acreditávamos que bastava ganhar a Taça. Se não formos à Liga Europa será uma injustiça nacional"
Luiz Andrade, presidente do Aves, confrontado com o afastamento do clube da Liga Europa por razões burocráticas

O QUE ANDO A LER

Fun Home, Alison Bechdel

O talento raro desta americana, que assina o argumento e os desenhos, é conseguir transformar uma infância desgraçada (a sua) numa tragicomédia com rasgos de génio. Filha de um casal de professores que gere a funerária da família, descobre que o pai, obcecado com a decoração da casa e com o restauro de tecidos e objetos é, afinal, homossexual. Tal como ela. O drama adensa-se quando o pai morre num aparente suicídio e Alison se confronta com as dores do crescimento e um crescente gosto pelo minimalismo que horrorizaria o pai.

O QUE ANDO A VER

Cobra Kai, youtube red

Trinta anos depois dos acontecimentos relatados magistralmente na obra prima de John G. Avildsen - um especialista em filmes de porrada que ganhou o Óscar do melhor filme com Rocky - o Karate Kid cresceu e o tipo que ele derrota no fim com aquele pontapé esquisito (grou kick, a quem interesse saber) também. Daniel-san é agora um bem sucedido dono de uma cadeia de stands de automóveis e Johnny sobrevive entre biscates e garrafas de cerveja. Daniel é rico e tornou-se, talvez, um pouco arrogante; Johnny foi nunca digeriu a humilhação sofrida à frente de milhões de espectadores do mundo inteiro e decide reabrir o dojo Cobra Kai (o ninho dos vilões de Karate Kid) para treinar um nerd vítima de bullying. O confronto entre o herói e a sua Némesis é inevitável. Mas quem é agora o bom e o vilão? E será que estas divisões maniqueístas ainda fazem sentido? Cobra Kai, série de dez episódios do canal youtube red (internet), responde a esta e outras questões e resgata do limbo do esquecimento Ralph Macchio e William Zabka, os dois protagonistas da fita original que nunca atingiram o sucesso que lhes parecia destinado.

O QUE ANDO A OUVIR

"Abraço a Moçambique", vários

Dia do abraço e lembro-me logo do “Abraço a Moçambique”, uma espécie de “We Are The World” português que em 1985 juntou, entre outros, Jorge Palma, Sérgio Godinho e Paulo de Carvalho a fazer de Bruce Springsteen. A música não terá ficado para a história (M80 está nas vossas mãos corrigir esta injustiça) mas, segundo "A Bíblia dos Anos 80", além das receitas geradas pelos donativos e das vendas do disco e dos bilhetes do concerto, foram também enviadas para Moçambique 20 toneladas de produtos farmacêuticos e cinco contentores com roupa, calçado e brinquedos.

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