Ser professor deve comparar-se cada
vez mais como estar no inferno a dar aulas a diabinhos. Só por masoquismo é
profissão a seguir ao longo da vida. E os que para tal profissão vão e lá ficam só podem
ser masoquistas dispostos a encarnarem sacos de pancadaria que fazem deles
bombos da festa dos governos, de muitos políticos, de pais, de gentes com línguas viperinas e
até de jornalistas ou lá rentes à profissão que já deu o que tinha a dar do seu
melhor e apaixonante em troca com o escrever por escrever ou falar por falar às
ordens das vozes dos donos ou até por maus fígados herdados geneticamente. Isto
para não referir aqui a maleita dos troca-tintas e dos permanentemente
trombudos, além dos que sabem ler mas parecem não saber interpretar…
Retirando do Notícias ao Minuto
prosa do dia 11 passado vimos sem surpresa que o comentador da SIC (pois) zurze
nos professores sem saber ler nem escrever. E pronto: "pus a faladura e agora dá
cá o meu."
Muito se podia aqui avançar, mas
nem vale o tempo do bater com os dedos no teclado. Sousa Tavares safa-se assim
na vida. Ele como muitos outros comentadores das televisões e de outras
paragens. E isso é que é importante: “olha o meu”.
Depois há os que gostam daquelas
avantesmas palavrosas nas televisões a exibirem-se, a botarem faladura
opinativa como acham que “vende”. Dizer mal, pelo visto, dá mais lucro que
dizer bem ou de terem o trabalho de se informarem corretamente, de ouvirem a
outra parte, e tecerem o melhor possível a sua opinião. É que as televisões são
o que nos entra pela casa dentro e têm a função de esclarecer, manipular ou
estupidificar. Pena que prefiram as duas últimas alternativas por causa do ‘share’.
Afinal não é por uma questão de sapiência mas sim por razão de preferirem Zés
Gatos… e elevados ‘shares’. É o que está a dar.
Corre a notícia em baixo. É de
ler.
MM | PG
“Nenhum professor ganha como o
Sousa Tavares nem se comporta como ele"
Líder da Fenprof acusa comentador
da SIC Notícias de mentir sobre a carreira dos docentes.
Professores e Governo continuam
em guerra aberta e Mário Nogueira, líder da Fenprof, decidiu enviar, esta
segunda-feira, às redações um comunicado sobre o estatuto da carreira docente
para desmentir as “barbaridades que se têm ouvido”.
De acordo com o presidente da
Federação Nacional dos Professores, os docentes portugueses têm sido, ao longo
dos anos, injustiçados quanto a várias questões.
Mário Nogueira garante que na
cimeira sobre a situação dos professores que se realizou em Lisboa, em março,
Andreas Schleicher, diretor da OCDE, confirmou que o nível salarial dos
professores portugueses é inferior à média dos países da OCDE e tem vindo a deteriorar-se.
Além desta questão, o líder da
Fenprof afirma que, em Portugal, ao contrário do que acontece na maioria dos
países da OCDE, os professores demoram 34 anos a atingir o topo “se não houver
perda de tempo de serviço”, sendo que para entrar na carreira é necessário
entrar nos quadros e “há professores que se mantêm 10, 20 ou mesmo 30 anos sem
o conseguir, o que significa, para um horário completo, um salário bruto de
1518 euros (na ordem dos 1000 euros líquidos), estando muitos destes docentes colocados
a centenas de quilómetros de casa”.
Por estas e outras razões, Mário
Nogueira explica que a carreira de docente “é agravada pelas quebras de tempo
de serviço que nunca foram recuperadas” e que “a perda mais mediatizada é a que
resulta dos congelamentos verificados: nove anos, quatro meses
e dois dias”.
No mesmo documento, o líder da
Fenprof desmente que os professores exijam o pagamento de retroativos e que
estes profissionais tenham uma carreira melhor que outros trabalhadores.
“É verdade que, por norma, ganham
mais do que uma empregada de limpeza, o que parece cair mal a Miguel Sousa
Tavares. Mas há professores nas AEC que ganham igual ou abaixo dessa
trabalhadora. Por outro lado, nenhum professor ganha como Miguel Sousa Tavares
nem se comporta como ele. Estas mentiras têm, no entanto, um objetivo, que é o
de rever a carreira docente”, refuta Mário Nogueira, adiantando que a carreira
docente precisa de ser respeitada e é por isso que os professores estão a lutar.
Natacha Nunes Costa | Notícias ao
Minuto
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