domingo, 22 de julho de 2018

CRISE EXISTENCIALISTA MANIPULADA, CONTRA A NICARÁGUA SANDINISTA


 Martinho Júnior | Luanda

SANDINO, AQUEL HOMBRE!

Después Sandino atravesó la selva 
y desempeñó su pólvora sagrada 
contra marinerías bandoleras 
en Nueva York crecidas y pegadas:
ardió la tierra, resonó el follaje, 
el yanqui no esperó lo que pasaba, 
se vestía muy bien para la guerra 
brillaban sus zapatos y sus armas 
pero por experiencia supo pronto 
quiénes eran Sandino y Nicaragua.

Todo era tumba de ladrones rubios, 
el aire, el árbol, el camino, el agua, 
surgían guerrilleros de Sandino 
hasta el whisky que se destapaban 
y enfermaban de muerte repentina 
los gloriosos guerrreros de Luisiana 
acostumbrados a colgar los negros 
mostrando valentía sobrehumana:
dos mil encapuchados ocupados 
en un negro, una soga y una rama; 
aquí eran diferentes los negocios, 

Sandino acometía y esperaba, 
Sandino era la noche que venía 
y era la luz del mar que los mataba.
Sandino era una torre de banderas, 
Sandino era un fusil con esperanzas.
eran muy diferentes las lecciones, 
en West Point era la limpia la enseñanza, 
nunca les enseñaron en la escuela 
que podría morir el que mataba 
los norteamericanos no aprendieron 
que amamos nuestra pobre tierra amada 
y que defenderemos las banderas 
que con dolor y amor creadas, 
si no aprendieron ésto en Filadelfia 
lo supieron con sangre en Nicaragua 
allí esperaba el capitán del pueblo:
Augusto C. Sandino se llamaba 
para que nos dé luz y nos dé fuego 
en la continuación de sus batallas.


A situação na Nicarágua será necessariamente um assunto a discutir por todos os progressistas do mundo (e não só os latino-americanos) e terá sido também motivo de discussão no Foro de São Paulo, que cumpriu com o seu XXIVº Encontro, de 15 a 17 de Julho em Havana.

Neste caso, serão importantes as moções de apoio à Frente Sandinista de Libertação Nacional, substância em vida à heroica resistência de Sandino, mas mais importantes ainda deveriam ter sido os debates que visem o reencontro dum caminho justo para o povo nicaraguense e o de toda a região crítica da América Central, que Sandino amou pagando com o peço de sua própria vida e o império da Doutrina Monroe qualifica, arrogantemente, depreciativamente e “ao soaram as trombetas” (http://www.sinek.es/Lit/PabloNeruda.html) para consumo de seu ego sulfúrico, de sua embriagada autoestima e de sua perversidade sem limites, de “repúblicas bananas”!


1- … E assim chegamos a Havana, ao Foro de São Paulo, o XXIVº, num momento em que o vulcão americano desperta de novo, com toda a intensidade dialética que só seu plasma ardente pode catapultar!

Agora houve a oportunidade de, à lupa, estudar todos os seguidores de Sandino, por que será nesse universo circunscrito mas decisivo que a dialética mais fecunda deve fluir pelos laboratórios progressistas, desde aqueles que estão comprovadamente, como o General dos Povos, dispostos ao sacrifício maior de suas próprias vidas face ao monstro do império que nunca deixou de tentar dilacerar a Nicarágua, até aos que, alimentando-se de suas palavras ou de seus gestos, se afastaram dos conteúdos justos e podem-se estar a mascarar até na ânsia duma paz abstémica para melhor compor um ramalhete da ignomínia (http://www.redvolucion.net/2018/05/16/llamado-a-la-militancia-sandinista-de-nicaragua-y-el-mundo/).

O General Sandino impõe com seu exemplo-maior, à Frente Sandinista de Libertação Nacional da Nicarágua, uma definição de dignidade, de integridade, de coerência e de clarividência, mas será que em tantas “transversalidades” que têm sido injectadas pelos sectores capitalistas neoliberais, alguns sectores da FSLN estão-lhe mesmo a corresponder (http://www.redvolucion.net/2018/05/13/cuba-y-nicaragua-se-gesta-golpe-suave/)?

O que pretendem, por exemplo, as dissidências da FSLN (https://www.rebelion.org/noticia.php?id=244148)?

A militância sandinista deverá cerrar fileiras como nos velhos tempos, lutar pela unidade, pela coesão interna e pela paz, em estreita identidade com o povo nicaraguense que soube vencer em prolongadas lutas, tanta subversão, tanta manipulação, tanta guerra e tanta tentativa de neocolonização!...

O Foro de São Paulo, foi uma oportunidade para um balanço desapaixonado mas vibrante, por que não pode permitir que contra o que é legítimo, o que é justo, o que é coerente, o que se identifica com os mais perenes anseios do povo, ou o que é sábio, haja qualquer tipo de contranatura “transversalidade”, nem fluxo de guerra psicológica própria da ingerência ou manipulação do império da Doutrina Monroe e isso num momento em que a “transversalidade” pode-se não reduzir apenas àquele padrão que é típico dos seguidores dum George Soros, dum Gene Sharp, ou dum Leo Strauss e ir mais além (http://www.redvolucion.net/2018/07/03/ee-uu-financia-violencia-en-nicaragua/)…

Haverá por dentro da Frente Sandinista de Libertação Nacional, a outra face da mesma moeda que pertence a mais uma “revolução colorida” (http://www.cubadebate.cu/noticias/2018/07/11/nicaragua-no-renunciara-a-la-paz-afirma-en-cuba-dirigente-sandinista/#boletin20180711)?

Há um dado chave para a compreensão do que se passa na Nicarágua: o compêndio da informação que sustenta o argumento anti-imperialista nesta hora da verdade!


2- A guerra psicológica está em disparada na Nicarágua e é uma arma utilizada pelos que se propõem ao golpe aproveitando os ânimos exaltados dos fogos cruzados: usam-na para poder dividir, para escamotear, para manipular, para mentir, para subverter, para inibir a busca de consensos e do diálogo, para minar a paz, para abrir espaço aos tentáculos do império da Doutrina Monroe e tiram por vezes partido da falta de mobilização da população quando se começa a avançar em grandes projectos, como o caso do canal nicaraguense.

A violência, a confusão desmobilizadora e o medo são métodos básicos e inerentes a um quadro dessa natureza cujas raízes advêm do passado histórico, correndo-se o risco de em escalada constituírem métodos que conduzam a jogos de reciprocidade… as mensagens dos deliberadamente impacientes grupos de pressão têm esse tipo de marca e esse tipo de correntes não foi feito para respeitar Constituições democráticas: é na provocação e no caos onde gastam seu tempo e capacidades teóricas e práticas, pouco se preocupando com doutrinas, filosofias e ideologias que poderiam nortear outro tipo de intervenções, preenchendo o quadro constitucional vigente, ou propondo-se à sua alteração seguindo uma trilha democrática e sem rupturas.

Fazer a paz nessas condições é difícil, por que esses grupos ao ferirem a Constituição ferem toda a legalidade instituída, pelo que o incentivo à paz por via do diálogo e da busca de novos consensos, nas condições de pressão do império da Doutrina Monroe, é sempre uma incógnita com imprevisíveis avanços, perigosos recuos e com os interesses das oligarquias à espreita de suas oportunidades, se é que elas já não estejam a manipular, “a todo o vapor” na sombra (https://www.el19digital.com/articulos/ver/titulo:77645-carta-del-papa-francisco-al-presidente-daniel-ortega-).

Uma vez que muitos jovens aderiram aos grupos de pressão, corre-se o risco de estes preencherem a confusão emocional sobre um pretenso combate ao neoliberalismo, quando na verdade são, sem consciência formada por não terem tempo suficiente de maturidade, a linha avançada, a “carne para canhão” dos que, na sombra (http://www.redvolucion.net/2018/07/03/ee-uu-financia-violencia-en-nicaragua/), pretendem ir precisamente nessa direcção.

Uma parte da estrutura orgânica conservadora da igreja católica (tinha que ser) parece também conformar e enquadrar-se nesse tipo de propósitos, por vezes a pretexto de estarem a seguir razões de carácter humanitário (http://www.rebelion.org/noticia.php?id=244060&titular=¿guerra-santa-en-nicaragua?-):

“Como en la Edad Media, los mitrados en Nicaragua creen tener potestad para ungir y destituir gobernantes terrenales, ¿Será que no se dan cuenta que vivimos en el siglo XXI? ¿Por qué declaran abiertamente la guerra santa a un gobierno elegido por el pueblo?

Ahora, los obispos dicen defender a los pobres, pero los pobres de Nicaragua optaron por el proceso de cambio que impulsa Daniel Ortega que les demostró en una década que sí es posible dejar de ser mendigos.

¿Por qué callaron sistemáticamente durante más de 500 años ante el despojo sangriento de los católicos empobrecidos en nombre de Dios? ¿Por qué guardaron silencio cuando los gobiernos neoliberales, sólo en décadas pasadas, asesinaban millones de niños nicaragüenses por hambre y desnutrición?

La jerarquía católica debe entender que el pueblo de Nicaragua ya no está dispuesto a someterse a una oligarquía religiosa que los quiere trasquilar en nombre de Dios. Mucho menos ser deglutido por un Imperio de la muerte que destruye países enteros y asesina niños en nombre de un Dios desconocido, cómplice de tanta atrocidad.”

O que é facto, é que alguns sectores da igreja católica estão directamente envolvidos na cobertura da violência, ou abrigando os que se envolvem em violência e isso tem sido exposto pelas próprias comunidades (https://topeteglz.org/2018/07/10/videonicaragua-jinotepe-el-pueblo-se-rebela-contra-las-bandas-y-toman-una-iglesia-9-julio-2018/)!

No muito atento jornal digital Rebelion, por outro lado, há intervenções contraditórias, que de qualquer modo procuram vulnerabilizar o papel sandinista face ao seu próprio povo, como o que se desenvolve neste link: (http://www.rebelion.org/noticia.php?id=244013&titular=nicaragua-ante-la-represión-desenfrenada-).

É contudo a análise do modo de operar desses “grupos de pressão” que nos pode fornecer a melhor das pistas neste momento, das“razões de ser” dos actuais acontecimentos na Nicarágua e alguns sandinistas em funções explicam-no com bastante propriedade e detalhado conhecimento de causa (http://www.rebelion.org/noticia.php?id=244062&titular="todo-es-guerra-mediática-basada-en-propaganda-negra"-):

“¿Qué ha pasado en Nicaragua a partir del 18 de abril?

Se produjeron unas manifestaciones contra las reformas del seguro social, en las que chocaron policías y estudiantes, y eso causó una reacción negativa en un amplio segmento de la población. Sin embargo, se vio desde el primer día la presencia de recursos tendentes al golpismo, a la falsa noticia y a la conspiración. Las mentiras se propagaron sistemáticamente sobre todo por Internet, por ejemplo la falsedad de que había un estudiante universitario muerto. La intención era inflamar los ánimos. Y lo lograron, se inflamaron. Al día siguiente había tres muertos, sí. Dos manifestantes muertos y un policía muerto durante los choques acaecidos al lado de la Universidad Politécnica.

El Presidente suspendió la reforma del Seguro Social pero eso no paró los disturbios. El movimiento de protesta solo había usado el tema del Seguro Social como un pretexto. Los grupos golpistas habían tratado antes de movilizar a la población sobre la base de un movimiento anticanal y muchos de los mismo actores habían ido donde los campesinos, que creían que iban a ser afectados por el canal, para tratar de movilizarlos. Esta estrategia funcionó porque la gente ante un proyecto de grandes infraestructuras siempre se pone nerviosa. Sobre todo por lo que pueda suceder, si se les va a indemnizar bien o si se les va a reubicar, por ejemplo. Hubo muchas manifestaciones en contra del canal, se quemaron camiones y cisternas, se bloquearon carreteras, pero fue un fenómeno localizado y transitorio.

El asunto del Seguro Social fue explosivo. En Nicaragua siempre hemos trabajado por consenso en lo que refiere a la política económica: se ha acordado desde hace varios años el salario mínimo por consenso entre el gobierno, los sindicatos y los empresarios. En la última vez, no acompañó el sector privado que no estaba de acuerdo. Eso fue el primer síntoma de lo que estaba pasando. Después en la reforma del Seguro Social no estaban de acuerdo en aumentar la contribución patronal del 19% al 22%, es decir, en un 3% no están de acuerdo. También se decía que se recortaba un 5% las pensiones. En realidad eso era para que los pensionados jubilados recibieran medicinas y que alguien que cotiza al seguro permitiera que los jubilados dignamente recibieran su medicina a través del seguro, pero nadie quiso entender.

También el asunto de la reforma del Seguro Social, que nunca llegó a entrar en vigor, se olvidó pronto porque el objetivo volvió a ser derrocar al gobierno. Los golpistas empezaron a ser más explícitos con la consigna “¡que se vayan ya, hoy ya es demasiado tarde!” Su objetivo declarado ya era sustituir al gobierno legítimo por un gobierno provisional. Eso se llama golpe de estado. Y esa actitud no va conducir al cese de violencia en Nicaragua. Lo único que va a acabar con la violencia es un acuerdo negociado por consenso y aceptado por casi toda la población que permita construir la paz y lograr así la reconciliación nacional.”


3- A crise existencial que se assiste na Nicarágua à beira dum anarquismo inqualificável que prolonga os contenciosos históricos que se arrastaram desde as primeiras décadas do século XX, é também inerente a dissidências do próprio sandinismo em muitas de suas“transversalidades”!

Para o sandinismo há também que reflectir que o esforço para mobilizar não pode ser feito apenas esporadicamente quando há eleições, pelo contrário, deve ser um esforço permanente e intenso por que os Estados Unidos em relação à América Latina, espreitam todo o tipo de brechas nos contenciosos nacionais e continentais, para melhor poder mexer seus tentáculos encobertos (“redes stay behind” formadas a partir das oligarquias agenciadas, de máfias, de grupos paramilitares e de dissidências) e partir para a subversão, o caos e a desagregação que tanto convêm como antessala para instalar seus fantoches neoliberais.

Por outro lado, o poder por vezes fica tacitamente inebriado, confundindo o aplauso com a mobilização, minando com isso mas sem o perceber, a sua sustentabilidade sócio-política, quando afinal o aplauso parte de acomodações que acabam por tapar a visibilidade em relação os incomodados que ficam aparentemente vegetando na sombra (também na sombra conservadora e fundamentalista dos claustros) e o que incomoda e fica até um dia no alheio, ou no desconhecido, mas sempre latente para fazer a ignição do adormecido vulcão.

As abordagens progressistas num tempo de incremento de guerra psicológica do império da Doutrina Monroe têm de ser muito melhor preparadas em termos de prevenção pelos poderes progressistas, neste caso pelo poder sandinista, alimentando sua capacidade criativa, mobilizadora e sem ilusões face aos aplausos, muito menos face à riqueza acumulada em poucas mãos, pois de outro modo dá-se cada vez mais poder a acomodados, acabando assim por preparar terreno para os incómodos que vêm a surgir e são tão bem explorados pelas condutas do capitalismo neoliberal de que se nutre a hegemonia unipolar, tanto mais numa América Central com fronteiras tão porosas e tão filtradas pelas máfias e pela droga!

Conforme todavia esclarece Stella Calloni, que sempre deu provas de clarividência em relação aos fenómenos de luta anti imperialista na América Latina, numa síntese analítica que não se deve perder pelos elementos informativos anti-imperialistas que comporta (http://www.redvolucion.net/2018/07/13/nicaragua-en-la-mira/):

“Si la oposición más seria al presidente Daniel Ortega en Nicaragua no se diferencia de los mercenarios, que siguen cometiendo crímenes atroces, mediante torturas y flagelación pública contra decenas de sandinistas por apoyar al gobierno, como lo muestran los vídeos filmados por periodistas y si además no se separan de organizaciones que reciben fondos de Estados Unidos y las derechas europeas, quedarán en la historia como verdaderos traidores a la patria”…

Martinho Júnior - Luanda, 18 de Julho de 2018

Ilustrações:
- Bandeira da Nicarágua;
- Rota do canal da Nicarágua;
- O casal presidencial: Daniel Ortega, Presidente e sua esposa, Rosario Murillo, Vice-Presidente;
- A imagem de arca das práticas a que levaram a doutrina do golpe suave;
- O “filósofo” do golpe suave, Gene Sharp.

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