Generais de vários países
africanos estão reunidos na ilha cabo-verdiana do Sal para debater novas
estratégias de segurança no continente. Cooperação e partilha de boas práticas
e informações entre países é crucial.
Ao todo participam no encontro na
ilha do Sal 150 pessoas, entre militares e especialistas em segurança
cibernética. Provenientes de mais de 40 países africanos, europeus e dos Estados
Unidos da América (EUA), estes responsáveis participam no 13º Simpósio
"Africa Endeavor 2018", projetado para ajudar no desenvolvimento de
práticas de comunicação multinacional para a manutenção da paz, resposta a
catástrofes e missões contra o terrorismo. Uma iniciativa do Ministério da
Defesa de Cabo Verde e do Comando
dos EUA para África (AFRICOM).
Para alcançar o objetivo deste
encontro, que passa por reforçar a ciberdefesa em África, os países africanos
têm de cooperar mais entre si, explica o almirante português António Gameiro
Marques, em entrevista à Rádio Cabo Verde. "Se todos colaborarmos através
da partilha de boas práticas, da partilha de informações, da entreajuda, no
sentido da propagação de fragilidades ou vulnerabilidades que um encontre e
depois divulgue aos outros, o conjunto será mais forte. Quanto mais bem
preparados estivermos mais protegidos estaremos", diz.
Até sexta-feira (02.09), os cerca
de 60 generais vão discutir questões relacionadas com a segurança cibernética e
ciberdefesa, operações contra organizações extremistas violentas, operações
marítimas de combate ao tráfico ilícito e operações de manutenção da paz. Temas
que, como explica José Tavares, coordenador adjunto do evento, estão
"relacionados com as comunicações, desde comando de controlo, computadores
e sistemas de informações - conhecido por "C4I - Command, Control,
Communications, Computers and Intelligence".
Parceria de qualidade
O objetivo do evento é
aumentar as capacidades de comando, controlo e comunicação das nações
africanas, encorajando táticas, treino e procedimentos interoperáveis, e criar
documentos normativos que suportem o apoio nesta matéria às forças da União
Africana e às Forças de Alerta Africanas envolvidas em missões de assistência
humanitária, desastres e manutenções de paz.
Em maio deste ano, aquando da
visita comandante-adjunto da AFRICOM à cidade da Praia, para apresentar esta
edição do "Africa Endeavor", este responsável salientou a importância
da realização do evento para todas as partes.
"Tudo o que fazemos em
África é com e pelos nossos parceiros africanos. O nosso objetivo não é fazer
coisas sozinhos, mas sim em parceria e Cabo Verde é uma das nações marítimas
mais sofisticadas no mundo, por isso temos uma parceria de qualidade",
referiu. Na mesma ocasião, Laskaris afirmou que a AFRICOM não tem
interesse em mudar-se para Cabo Verde, uma questão que havia sido falada, e que
"provavelmente" iria manter a sua sede na Alemanha.
A sessão de encerramento do
"África Endeavor", marcada para sexta-feira (02.08), vai contar com as
presenças dos ministros da Defesa de Cabo Verde e São Tomé e Príncipe.
Simultaneamente, decorre na ilha do Sal, uma exposição em que diversas empresas
tecnológicas mundiais apresentam equipamentos de ponta no capítulo das
tecnologias de informação e comunicação.
Realidade cabo-verdiana
Cabo Verde aproveitou o encontro
no Sal para partilhar a sua Estratégia Nacional de Segurança Cibernética.
Segundo Paulo Costa, do Gabinete de Estudos e Estratégia da Agência Nacional
das Comunicações (ANAC), a estratégia do país engloba várias
ações, "desde orientar o cidadão comum - como se comportar
perante ameaças cibernéticas -, até questões muito mais estratégicas de
nível militar e de segurança interna".
"Hoje em dia, como se sabe,
além dos domínios tradicionais como terra, ar e o mar o domínio do espaço
cibernético é cada vez mais importante na estratégia militar",
acrescenta Paulo Costa.
Nélio dos Santos | Deutsche Welle
Sem comentários:
Enviar um comentário