Em Inhambane, os professores
contratados pela Direção Provincial da Educação não recebem salários desde
fevereiro. Autoridades falam em problema de reconhecimento no sistema de
pagamento, mas não apresentam uma solução.
Perto de 450 professores na
província de Inhambane, no sul, estão há quase meio ano sem receber os seus
salários. Os docentes dizem que já procuraram saber os motivos da demora em
várias instituições do Estado, mas a resposta é sempre a mesma: prometem resolver
o mais rapidamente possível, mas até agora o problema continua.
Um professor de Inhambane, que
falou à DW África e pediu para não ser identificado por temer represálias,
conta que vive dias cada vez mais difíceis.
"Ainda não recebemos,
procuramos ao nível provincial, distrital e do Estado em si, nas Finanças,
através do diretor-adjunto provincial. Eles prometem resolver daqui a pouco,
mas nunca mais. É um assunto que nos deixa muito abalados porque o salário é
sagrado. Até a família acaba não acreditando, de tanto passar muito tempo. Quem
trabalha deve ser pago", contou o professor.
Descoordenação administrativa
As autoridades dizem que se trata
de um problema no sistema de pagamento, que não reconhece os professores.
Acácio João, chefe dos recursos humanos da Direção Provincial da Educação de
Inhambane, explica que os docentes foram contratados por esta entidade, antes
de receberem instruções das Finanças. Como agora os pagamentos são feitos por
via eletrónica - a chamada e-folha - e muitos professores
ainda não estão registados nas Finanças, o sistema de pagamento não os
reconhece.
"Desde o ano passado que o
processamento de salário é feito via sistema e-folha, mas não temos como
cadastrar o docente para poder receber o seu salário antes", explicou
Acácio João.
Problema não é falta de
dinheiro
O governador de Inhambane, Daniel
Chapo, lamenta a situação em que se encontram os professores - que não recebem
ordenado desde que arrancou o ano letivo, em fevereiro - e pede mais
celeridade na tramitação dos processos administrativos para evitar constrangimentos.
"Esses salários não estão
atrasados por falta de dinheiro do Estado, mas por aquele que foi contratado
não ser cadastrado no sistema em tempo útil, como agora o salário é via e-folha, de
facto o colega está lá na escola a dar aula, mas o sistema não reconhece
que ele existe", disse.
Luciano da Conceição (Inhambane)
| Deutsche Welle
Sem comentários:
Enviar um comentário