Ana
Alexandra Gonçalves* | opinião
Santana
Lopes veio agitar as águas já por si revoltosas do PSD, desde a saída do grande
líder Pedro Passos Coelho e da presidência do inócuo Rui Rio. Uma
multiplicidade de vozes do PSD submergiram da também habitual mediocridade para
criticar a iniciativa de Santana Lopes. José Eduardo Martins consegue mesmo
afirmar que a dita iniciativa do ex-candidato à liderança do PSD e ex- de
praticamente tudo é uma “salganhada ideológica”. José Eduardo Martins é a mesma
pessoa que já afiançou o seu apoio a Pedro Duarte, desafiador da liderança do
PSD.
Com
efeito, a intenção já manifestada por Santana Lopes e que aposta no
conservadorismo como ideologia não será tão desprovida de sentido como
eventualmente possa parecer. De resto, existe quem procure avidamente esse
conservadorismo e não o encontre nem no PSD, nem tão-pouco no cristão CDS, cuja
liderança não passa de uma animação colorida sem qualquer espécie de conteúdo.
Na
verdade, pouco vêem com bons olhos a decisão de Santana de sair do PSD para
criar outro partido, um espaço político que, para todos os efeitos, pode vir a
representar uma ameaça ao PSD e ao CDS, apesar desse espaço político, quase
partido denominado Aliança, ser, aparentemente e para já, irrelevante, pelo
menos a julgar pelas sondagens.
Mas
não é só no PSD que as críticas surgem em catadupa. O
recém-criado partido Iniciativa Liberal (IL) acusa Santana Lopes de se
aproximar aos novos movimentos europeus entretanto já próximos do dito
Iniciativa Liberal, assim como Santana Lopes é acusado de copiar o programa
partidário do IL.
Tudo
boas notícias para a “geringonça”.
Em
rigor, o sucesso da famigerada “geringonça”, não poderia passar sem uma reação
da direita. A confusão e as divisões da direita são, obviamente, uma boa
notícia para os partidos à sua esquerda. Mas é sobretudo a ideologia que subjaz
quer à futura Aliança de Santana Lopes, quer à Iniciativa Liberal –
liberalização de tudo e mais alguma coisa, começando pela Segurança Social e
Saúde – que vem não só lembrar a importância de uma esquerda unida, como
pressionará PSD e CDS a endurecerem posições e adoptarem medidas semelhantes às
destes partidos que, para já, parecem insignificantes.
Neste
contexto a “geringonça” reforça a sua importância, podendo mesmo contar com
estabilidade, coisa rara por estes dias nos partidos à sua direita.
*Ana
Alexandra Gonçalves | Triunfo da Razão
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