segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Sites portugueses de notícias falsas? Sim, muitos. Estão sediados no Canadá, mas nasceram em Santo Tirso


Criam notícias falsas sobre a política portuguesa, que vários grupos nas redes sociais, com milhares de membros, divulgam depois. Uma investigação do “Diário de Notícias” demonstra a existência em Portugal de uma realidade paralela, destinada a enganar a opinião pública

Uma fotografia pode ser o início de toda uma cadeia de mentiras. Quem a coloca e como, a mando de quem e com que fins é o que uma investigação do “Diário de Notícias” vem este domingo desvendar. O artigo prova que existem sites de fake news portugueses, sediados no Canadá, que partilham o mesmo IP e se dedicam a criar e disseminar notícias e imagens que favorecem ou desacreditam pessoas ou grupos políticos nas redes sociais — onde 63% dos portugueses consomem informação.

Vários desses sites estão ligados a uma empresa do norte, a Forsaken, que se autodefine como especializada em “criação e manutenção de sites, reestruturação de sites existentes, desenvolvimento de páginas num ambiente profissional e atraente, otimização de motores de busca (...), criação de imagens e banners, criação e manutenção de páginas em redes sociais”. Esta foi a empresa responsável, por exemplo, pela divulgação de uma imagem da dirigente do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, supostamente com um relógio de luxo que valeria 20 milhões de euros, e que vinha acompanhada de uma frase lapidar: “A maior fraude da política portuguesa depois de António Costa.” A fotografia gerou mais de 800 partilhas.

Segundo o “DN”, o site que a divulgou chama-se Direita Política, que tem como visados mais recentes João Galamba, João Gomes Cravinho, Maria Flor Pedroso, António Costa, Azeredo Lopes ou Jerónimo de Sousa.

Esta página possui o mesmo IP — a "morada" na internet, neste caso a 198.50.102.106, registada em H3E Montreal, Quebec — de muitas outras, como A Voz da Razão, Não Queremos um Governo de Esquerda em Portugal, Video Divertido ou Aceleras. A Forsaken, empresa de Santo Tirso, é dona destes registos e pertence a João Pedro Rosas Fernandes, que se afirma “descontente com a falta de contraditório que existia na comunicação social” e diz ser apoiante “desde o primeiro momento” de Trump e Bolsonaro. Rosas Fernandes é também sócio de duas empresas têxteis.

Expresso

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