A Associação de Praças advertiu
hoje que o “escândalo do roubo de Tancos” não pode ficar “arrumado” com a
demissão de Azeredo Lopes da pasta da Defesa e questionou se será apurada a
responsabilidade das chefias militares.
“Este assunto não pode ficar
arrumado com a demissão de Azeredo Lopes. A responsabilidade política está
encontrada. E a responsabilidade militar? E as chefias militares, passarão pelo
intervalo da chuva neste caso, sem se molharem?”, questionou a Associação de
Praças (AP), em comunicado hoje divulgado.
No documento, esta associação
representativa das praças das Forças Armadas defendeu que “é necessário que
tudo seja esclarecido, doa a quem doer”, considerando que a “panóplia de casos”
tem contribuído para denegrir a imagem da instituição militar.
É necessário, advogou, saber
"quem é que assaltou o paiol de Tancos, com o até agora único suspeito e
quem é que decidiu a `hollywoodesca´ manobra do achamento das armas
roubadas".
Afirmando que “tem de haver
responsáveis por tamanho descrédito” e que a Associação “não se revê” nos
“escândalos” que envolvem as Forças Armadas, a AP manifestou em seguida
expetativa quanto à política que o novo ministro da Defesa Nacional, João Gomes
Cravinho, vai adotar para o setor.
“É urgente repor direitos e a
salvaguarda da condição militar”, depois de, “nos últimos anos” terem entrado
em vigor medidas legislativas que “conduziram a uma degradação do quadro de
apoio social aos militares”, defendeu.
As matérias do tempo de serviço,
as condições de passagem à reserva e à reforma, alterações à Assistência na
Doença aos Militares (ADM) e à ação social complementar, e a a revisão das
condições remuneratórias constituem o “caderno de encargos” da Associação de
Praças.
No comunicado, a AP adiantou que
irá pedir uma audiência ao novo ministro da Defesa durante a semana, visando
expor os “problemas que afetam a classe”.
O antigo secretário de Estado da
João Gomes Cravinho vai suceder, na pasta da Defesa Nacional, Azeredo Lopes,
que se demitiu na sexta-feira, alegando querer evitar que as Forças Armadas
sejam "desgastadas pelo ataque político" e pelas
"acusações" de que disse estar a ser alvo por causa do processo de
Tancos.
Doutorado em Ciência Política
pela Universidade de Oxford, e com mestrado e licenciatura pela London School
of Economics, João Gomes Cravinho é atualmente embaixador da União Europeia no
Brasil, desde agosto de 2015, tendo desempenhado o mesmo cargo na Índia entre
2011 e 2015.
Entre março de 2005 e junho de
2011, João Gomes Cravinho foi secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e
da Cooperação nos XVII e XVIII governos constitucionais liderados por José
Sócrates.
Lusa
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