sexta-feira, 11 de maio de 2018

Portugal | COMBATE À CORRUPÇÃO OU AREIA PARA OS OLHOS?


Operação Fizz no Curto. Opinião de Ricardo Costa, da SIC e do que vier e seja propriedade do tio Balsemão Bilderberg. Há gente que nasceu com o trazeiro virado para a lua, soi dizer-se, mas não é o caso. O senhor Ricardo sabe da poda e o tubarão Balsemão não é nada parvo e vai comendo aos bocadinhos os melhores – vide Emídio Rangel, que não era parvo e não se deixou comer todo.

Não estamos nem aí, nessa da Fizz. Nem de Angola, nem de outras distrações. Estamos naquela da poeira para os olhos a que chamam combate contra a corrupção. Pff. Então agora Marcelo já aprova informações dos bancos dos que tenham 50 mil euros ou mais? Ai que os grãos de areia até parecem matacões. Ena tanta maneira dos ladrões, dos das evasões fiscais, dos das corrupções poderem fintar esta lei de faz-de-conta para português enganar. O que os senhores dos poderes mostraram uma vez mais foi que são peritos em ser cínicos, em serem trafulhas, desonestos, desleais, desrespeitoso para qualquer cidadão que seja minimamente capacitado para analisar essa tal lei da treta. Estão convencidos que os portugueses são estúpidos e uns carneiros que se deixam tosquiar como eles melhor puderem tirar vantagens. Francamente. Até o senhor dos afetos da treta, Marcelo Rebelo de Sousa, concluiu que agora já aprova a tal lei de areias movediças para os portugueses porque eles andam a ficar marafados com tanto ladrão, tanto vigarista, nos poderes. Claro, é uma lei e modo de atirar areia para os nossos olhos. Azar. Porque nem todos somos carneiros, nem todos somos trouxas. Sabemos que a corrupção vai continuar, que haverá tantos ou mais bandidos nos governos, na Assembleia da República, nos poderes e suas ilhargas que continuarão a fazer o que antes faziam e agora fazem (supõe-se) e assim continuarão a fazer: roubar e vigarizar os cidadãos portugueses.

Tenham vergonha, senhores legisladores, tenha vergonha senhor dos afetos, tenham vergonha, senhores políticos. Porque nem os honestos fazem o que devem para detetar, denunciar e combater muitos dos que se sentam nas cadeiras dos poderes, indiferentes a que também sejam metidos no mesmo saco de corruptos, de ladrões, de vigaristas. E por certo que, por exemplo, na Assembleia da República existem deputados honestos, assim como governantes, assim como políticos honestos. Só não sabemos os que são. A que tal podridão conduziram o país e as instituições que todos pagamos. Esses bandidos, os que o forem realmente, descobertos ou encobertos, estão a matar a democracia, o país, o povo. É uma vergonha que toca a todos nos poderes de decisão. E assim será enquanto se mantiverem a atirar-nos areia para os olhos.

Dito e cansativamente abordado por aqui. Se continuarmos a permitir que nos atirem essa tal areia para os olhos podemos considerar-nos todos cúmplices dessa corja de malévolos senhores dos poderes e respetivas ilhargas. Leis a sério contra a corrupção, contra as avultadas evasões fiscal, contra o enriquecimento ilícito, contra os sinais exteriores de riqueza exibidos sem que se perceba de onde vem aquele dinheiro. Isso sim. Mas a isso, o legislador, os poderes, dizem não. (MM | PG)

Bom dia este é o seu Expresso Curto

Angola e Portugal, amar pelos dois

Ricardo Costa | Expresso

Pode um conflito diplomático sem fim à vista acabar por ter uma solução airosa para as partes, daquelas em que ninguém perde a face e a lei é cumprida integralmente? Normalmente não, mas hoje podemos dizer que sim. Hoje, ou melhor desde ontem, quando a Relação de Lisboa decidiu que o célebre caso Manuel Vicente pode e deve transitar para Angola.

A decisão não é passível de recurso e, como tal, caso encerrado, ou melhor, caso no correio a caminho de Luanda, que venceu integralmente o seu braço de ferro judicial, onde sempre teve razão formal, mas onde, em simultâneo, a justiça portuguesa também tinha razão para atuar.

Era uma daquelas situações onde todos tinham razão. Agora, cada um fica com a sua parte da razão: a justiça portuguesa prossegue o julgamento do caso Fizz sem incluir Manuel Vicente (um ex-vice-Presidente que estava à beira de ser declarado contumaz); a justiça angolana decidirá, a seu tempo, se e como julga Vicente pelo alegado aliciamento a um procurador português.

A poucas horas da Eurovisão, Marcelo Rebelo de Sousa e João Lourenço podem finalmente avançar com uma versão atlântica de Amar Pelos Dois. Tio Celito e JLo (Jay Lo), como são conhecidos em Angola, fariam um duo inesquecível, talvez a única forma de fazer esquecer os meses e meses em que as relações entre os dois países estagnaram sem grande margem de recuo.

Como vai ser o degelo? Não é certo, mas as declarações de um e de outro lado já o vão dando a entender. Talvez as visitas oficiais comecem a ser marcadas, talvez os sinais de soft power apareçam aqui a ali, talvez o Embaixador de Angola chegue ao seu posto, talvez...

A política vai avançar, a economia idem, as relações culturais disparar, etc. Entre dois países irmãos não há outro caminho possível.

Mas atenção,que qualquer pessoa atenta percebe que há mais casos "irritantes" a ganhar fôlego na justiça portuguesatendo como alvo os dinehiros angolanos. Até pode ser que interesse às duas partes, sobretudo quando Luanda quer forçar (e bem) o repatriamento de capitais escondidos mundo fora. Esses próximos processos vão ser um novo e decisivo teste aos dois países, que até podem ter interesses em comum nesses processos.

A justiça portuguesa precisa de fechar casos que nem sempre correram bem, Angola precisa do seu dinheiro escondido. Estamos juntos?

OUTRAS NOTÍCIAS

A escalada militar entre Israel e o Irão entrou num terreno muito perigoso. Os dois países estão a usar a Síria para o seu eterno braço de ferro na região. As tropas iranianas – ali presentes para ajudar o xiita Assad – resolveram mostrar a sua força nos Montes Golã e Israel respondeu, como sempre, de forma musculada e até desproporcionada.

São dois países que (há muito) sabem o que querem e e que estão muito habituados a estas agressões mútuas. Mas a mudança de posição dos EUA em relação ao acordo nuclear iraniano deu, obviamente, uma carta de alforria a Tel Aviv para atuar de forma mais desabrida e, também obviamente, uma extrema vontade de resposta a Teerão.

Um dos maiores e mais inesperados acontecimentos do ano já tem data e local marcado. Tome nota: 12 de Junho, Singapura. Falta um mês e um dia para que Donald Trump e Kim Jong Unse encontrem para discutir ao mais alto nível a desnuclearização da península coreana. O mundo estará todo a olhar para dois homens imprevisíveis que se vão juntar num encontro que parecia impossível.

Por falar em coisas imprevisíveis, eis um pequeno parágrafo sobre politica italiana, onde a dupla mais improvável de todas se prepara para formar governo. Quando tudo se encaminhava para umas eleições antecipadas, eis que Silvio Berlusconi (quem mais?) vem dar a bênção a um acordo entre o Movimento 5 Estrelas e a Liga (ex-Liga Norte). Um partido anti-sistema e um movimento nacionalista vão governar Itália dentro de pouco tempo.

Carles Puigdemont anunciou ontem em Berlim que Quim Torra será o candidato dos Junts per Catalunya para presidir à Generalitat. Num vídeo emitido a partir da capital alemã, onde aguarda a decisão sobre a sua possível extradição, Puigdemont acusou Madrid de intolerância ao recusar todas as investiduras anteriores e espera assim conseguir um sucessor interino.

E quem é Quim Torra? O El País acusa-o de xenofobia para com os espanhóis e apresenta uma curiosa seleção de tweets polémicos do homem do momento: "Los españoles solo saben expoliar"; "Evidentemente, vivimos ocupados por los españoles desde 1714"; "Franceses y españoles comparten la misma concepción aniquiladora de las naciones que malviven en sus Estados"; "Los españoles en Catalunya son como la energía: no desaparecen, se transforman". Enfim, parece ter tudo para correr bem.

Manchetes do dia em Portugal:

Tribunal assume Angola como Estado que preza a dignidade da pessoa humana (Público);
António Costa: Tenho esperança de que o irritante com Angola fique ultrapassado (DN)
Henrique Garcia: “Quando recebi a carta de demissão senti que me tinham dado um tiro no meio dos olhos” (jornal i)
Finanças afastam Saúde da reforma na pediatria (JN)
Contratos das PPP sob suspeita custam 11 mil milhões (CM)
Fisco vai ter acesso a saldos bancários de 2018 (Negócios)
Mais dois arguidos no caso das toupeiras do Benfica (Jornal Exconómico)
A Eurovisão anda por aí e ontem houve a segunda semi-final, a Altice Arena em Lisboa. Foram apurados os concorrentes da Sérvia, Moldávia, Hungria, Ucrânia, Suécia, Austrália, Noruega, Dinamarca, Eslovénia e Holanda. Amanhã já vamos ver se a nossa noite inesquecível de 2017 se repete de alguma forma, agora que jogamos em casa e já acreditamos que podemos ser grandes na Eurovisão.

A Lia Pereira tem aqui uma explicação do que se passou ontem à noite, com um título daqueles que só o Blitz sabe fazer: Rock pesado, vikings da paz, o Bieber sueco e a Austrália: saiba quem vai à final da Eurovisão. É ler.

Um dos grandes momentos da noite de amanhã já anda a ser ensaiado. É o tal que coloca lado a lado Salvador Sobral e, isso mesmo, Caetano Veloso. Aqui tem o link para o artigo e para o ensaio, com Júlio Resende ao piano. Vale a pena.

FRASES

“Finalmente, agora, a Justiça portuguesa deu-lhe razão [a João Lourenço].” Jornal de Angola

“Agora é trabalhar de imediato para uma visita de António Costa a Luanda”. Augusto Santos Silva, MNE

“Nunca quis ver as imagens do meu último jogo”. Rui Costa, em entrevista n’A Bola, dez anos depois do nº10 ter deixado os relvados

O QUE EU ANDO A LER

Em que estás a pensar? A pergunta que nos aparece sempre no mural da maior rede social do mundo está estampada na capa de Jogos de Raiva, o novo romance de Rodrigo Guedes de Carvalho, meu colega de 25 anos na SIC, e autor de seis excelentes romances. O último – O Pianista de Hotel - chegado no ano passado, depois de um interregno de dez anos, carrega merecidamente uma cinta alusiva ao Prémio da SPA para o Melhor Livro de Ficção Narrativa e aquilo a que nestes textos costumamos chamar o elogio da crítica e do público, coisas que andam poucas vezes de mãos dadas.

Em que é que estás a pensar? A pergunta está ao fundo capade Jogos de Raiva, com o espaço reservado para a foto tipo passe, condições de partida para se entrar nas redes, em particular n’a Rede.

“Será que não tens nada para dizer.
A interrogação de Catarina entra nele de uma forma que ela provavelmente não alcança. Alastra, parece uma pedrinha que caiu em águas paradas e origina ondulações pequeninas e iguais. Será por isto que lhe tem custado tanto escrever. Escrever o quê?”

A resposta de Francisco José Sereno chegou numa frase simples, de onde menos esperava, de uma cabeça sempre envolta em auscultadores, de um filho com um mundo muito próprio, daqueles que os outros, até os irmãos, não percebem (“Vocês sabem que isto não é normal, certo?”).

É desse mundo que chega a frase, uma simples citação quase sem contexto – a não ser o da autora, e que autora, e dos seus tempos, e que tempos –, largada ali sem mais nada, a caminho de se tornar um imperativo categórico:

“ - A Nina Simone disse numa entrevista que uma artista tem o dever de refletir o seu tempo.”

É sobre o seu (nosso) tempo que Jogos de Raiva se lança. Um tempo que só a literatura apanha e sobre o qual o jornalismo mergulha todos os dias, com poucas horas para respirar ou momentos para assentar, nós que o fazemos, vocês que o leem, ouvem e veem.

Eis um pequeno exemplo: este é o Expresso Curto que arranca o dia, ali ao lado está o Expresso Online sempre em construção, ao fim do dia tudo estabiliza no Expresso Diário, amanhã há Expresso nas bancas.

Em que é que estás a pensar? Talvez na mais simples das despedidas, bom dia e bom fim de semana.

Os EUA brincam com a guerra nuclear


Arrogante e injustificada, ruptura do acordo com o Irã tensiona ainda mais cenário internacional já conturbado. Mas, ao querer tudo, Washington pode isolar-se

Philippe Leymarie | Outras Palavras | Tradução: Inês Castilho

É preciso compreender esse infeliz presidente Trump. Uma lei adotada durante o governo de Barack Obama (mas sob pressão republicana) obriga o executivo norte-americano a confirmar, a cada três meses, a assinatura do acordo sobre a desnuclearização militar do Irã – o Plano de Ação Integral Conjunto (JCPoA – Joint Comprehensive Plan of Action, em inglês) –, “certificando” que está suficientemente bem implementado, para que Washington retome a rodada: uma abordagem que enfurece o presidente norte-americano. Sente-se ridicularizado, ele que não parou, desde sua nomeação em novembro de 2016, de qualificar esse acordo como “catastrófico”, “injusto”, “podre”, “perigoso” e outras cortesias. Trump deu até o próximo 12 de maio aos europeus, e portanto a Emmanuel Macron, para encontrar um novo texto que preencha o que ele chama de “as terríveis lacunas” do acordo atual.

A despeito de toda simpatia que possa sentir por seu incrível amigo francês, o presidente Trump procura sobretudo – com a cumplicidade interesseira do primeiro-ministro israelense Benyamin Netanyahu – dinamitar o acordo alcançado em 14 de julho de 2015 em Viena por Barack Obama, após dois anos de difíceis negociações desenvolvidas pelo Irã com os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança, reforçados pela Alemanha. Em troca da suspensão, até 2025, do programa militar de pesquisa nuclear e do controle internacional, ele eliminou gradualmente as sanções econômicas norte-americanas e internacionais que foram impostas ao regime dos mulás a partir de 1995 [1]. Um acordo que o general Gadi Eizenkot, chefe do estado-maior do Exército israelense, considerou no final de março, em entrevista ao diário Haaretz, que, “apesar de todas as suas falhas funciona e adia de dez a quinze anos a concretização da perspectiva nuclear iraniana [2]”.

Quadradura do círculo

É pouco provável que Donald Trump se importe muito com o sonho de Emmanuel Macron, expresso novamente durante sua estridente “visita de Estado” a Washington, no final de abril. Trata-se, para contornar por cima o obstáculo Trump, de substituir esse texto, provavelmente “rasgado” por Washington, por um acordo mais amplo, que englobe quatro objetivos: bloquear qualquer atividade nuclear iraniana até 2025, como se planeja atualmente, mas também prevenir a longo prazo novas atividades militares nucleares, deter os testes balísticos do Irã e criar condições para a estabilidade política na região (em especial forçando o Irã a desistir de engajar-se mais ou menos diretamente nos conflitos do Oriente Médio). Dito de outra forma, a quadradura do círculo!

Ao mesmo tempo, Donald Trump prepara-se – graças ao convite do número um norte-coreano para encontrá-lo – para requisitar, deste outro candidato à nuclearização que é o regime de Pyongyang, que abandone suas armas. “Ele que se livre delas: é muito simples!”, respondeu Donald Trump na entrevista coletiva com Emmanuel Macron, em 24 de abril, em Washington. Um tema que poderia ser tratado com mais sutileza: há quase 25 anos, o projeto nuclear da Coreia do Norte já era anunciado para os norte-americanos como uma espécie de “mãe de todas as batalhas”, como bem escreveu Ignacio Ramonet. Ainda que hoje o balão pareça esvaziar-se de uma vez.

Então, simples assim? Resta ver a prática, tanto para a Coreia quanto para o Irã. Mas o maior Estado nuclearizado do planeta, guiado por uma espécie de neo-Dr. Fantástico [3], ocupará eternamente a posição de decidir quem pode e quem não pode fazer parte do clube nuclear autorizado. Ou de escolher quem será admitido ao menos para juntar-se às fileiras do “países limítrofes” — candidatos à bomba, mas convidados a esperar –, para não falar daqueles a quem se atribui capacidade nuclear sem prestar contas a ninguém (como Paquistão ou Israel, por sinal bons aliados de Washington).

Pior cenário

Acima de tudo, porém, em que estado Trump deixará, com esses ímpetos recorrentes, a paisagem nuclear, enquanto a China, a Índia e mesmo o Japão preparam suas armas e a Rússia começa a sonhar com um retorno à supremacia nuclear? Se olharmos para o pior cenário possível, as prováveis consequências de uma saída norte-americana – e portanto provável morte do acordo de 2015 – são pesadas:

• radicalização interna no Irã, com o fortalecimento do campo dos “duros”, hostis à abertura para o mundo, como o ex-presidente Mahmoud Ahmadinejad;
• retomada das sanções econômicas dos EUA, agora impostas a todas as empresas estrangeiras que desejam investir no Irã, em nome de um “princípio de extraterritorialidade” praticado por Washington [4];
• portas fechadas para inspeções da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA);
• retomada do programa de pesquisa nuclear militar iraniano, que acabaria dispondo da bomba;
• um sinal negativo enviado poucos dias antes da cúpula destinada a convencer a Coreia do Norte a renunciar a suas armas atômicas;
• um abalo adicional do regime de não-proliferação nuclear, que já se encontra em estado preocupante.

Índia, Paquistão e Israel, não-membros do tratado de não-proliferação (TNP), assim como a Coreia do Norte (que o abandonou em 2003) desenvolveram armas nucleares. O Irã sonhava com isso, e se Teerã chegar lá um dia, a Arábia Saudita ou a Turquia, por sua vez, também poderão sentir-se tentadas a chegar.

Por seu lado, os membros permanentes do clube nuclear “autorizado” – Estados Unidos, Rússia, China, França, Grã Bretanha – estão menos inclinados que nunca a renunciar ao monopólio que lhes confere o TNP [5]. Além disso, esses países estão envolvidos no processo de modernização de seus arsenais nucleares, começando pelo primeiro deles – os Estados Unidos – que planejou investir 1,3 trilhões de euros (cerca de 5,65 trilhões de reais) ao longo de trinta anos [6].


Os armários do mágico

O espetáculo da dpla Trump-Netanyahou, no final de abril, derrotou todo otimismo. Qual um mágico, o primeiro ministro israelense “abriu” armários de documentos, supostamente provando que o Irã permaneceu envolvido na pesquisa de armas nucleares, durante uma coletiva de imprensa em forma de show, convenientemente “encaixada” dias antes do ultimato do presidente norte-americano.

São legações julgadas “autênticas” pelo novo chefe da diplomacia americana, Mike Pompeo, ex-diretor da CIA, mas contestadas pelo Irã e sobretudo pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que considera que o acordo de 2015 está sendo aplicado corretamente, e reafirma não ter “nenhuma indicação merecedora de crédito sobre atividades no Irã ligadas ao desenvolvimento de um dispositivo nuclear depois de 2009”.

Referências
[1] Essa decisão será finalmente anunciada em algumas horas, nesta terça-feira 8 de maio às 20 horas, hora francesa.
Sa décision sera finalement annoncée dans quelques heures, ce mardi 8 mai à 20 heures, heure française.
[2] Um embargo interditando todo o comércio com o Irã foi colocado em prática em maio de 1995 pelos Estados Unidos, completado em 1996, depois em 2004 e 2006 por leis limitando os investimentos no setor petroleiro, a cooperação científica, o comércio de equipamentos aeronáuticos, as operações de bancos norte-americanos. Em 2006-2007, as Nações Unidas e a União Europeia editaram um embargo sobre os armamentos. Leia Trita Parsi, « Entre les États-Unis et l’Iran, une relation tempétueuse», março 2015.
[3] Le Monde, 3 maio 2018.
[4] Dr. Fantástico ou: como aprendi a parar de me preocupar e amar a bomba, filme satírico de Stanley Kubrick sobre a “guerra fria”, lançado em 1964.
[5] Leia Jean-Michel Quatrepoint Au nom de la loi… américaine, Le Monde Diplomatique, janeiro de 2017.
[6] Com entrada em vigor em 1968, o TNP previa compromisso de desarmamento nuclear (total ou parcial), na não-proliferação (não-transmissão controlada pela AIEA) e na cooperação sobre usos pacíficos da energia nuclear.
[7] Um plano de modernização lançado sob Barack Obama e confirmado por Donald Trump.
[8] A quase totalidade dos documentos apresentados pelo primeiro ministro israelense faz referência a um programa militar clandestino batisado de “Amad”, desmantelado em 2003.
[9] Le Monde, 3 maio 2018.

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