sexta-feira, 30 de novembro de 2018

As mentiras nucleares de Stoltenberg


Manlio Dinucci*

Assim como a NATO denuncia a apreensão de navios ucranianos pela Rússia sem observar que os mesmos haviam violado o espaço marítimo russo, também o Secretário Geral, Jens Stoltenberg, denuncia o perigo dos mísseis russos. O princípio da propaganda é imutável: escamotear o contexto e distorcer a escala dos factos.

“Um perigo, os mísseis russos” lança o alarme, o Secretário Geral da NATO, Jens Stoltenberg, numa entrevista ao ’Corriere della Sera’, editado por Maurizio Caprara, três dias antes do “incidente” do Mar de Azov, que lança gasolina sobre a tensão, já incandescente, com a Rússia [1]. “Não há mísseis novos na Europa. Mas mísseis russos, sim”, antecipa Stoltenberg, silenciando dois factos.

➢ Primeiro: A partir de Março de 2020, o Estados Unidos vão começar a instalar em Itália, na Alemanha, Bélgica e Holanda (onde já estão instaladas bombas nucleares B-61), e provavelmente noutros países europeus, a primeira bomba nuclear com orientação de precisão do seu arsenal, a B61-12, principalmente, para utilizá-la contra a Rússia. A nova bomba está dotada de capacidade penetrante para explodir no subsolo, de modo a destruir os bunkers do centro de comando, num primeiro ataque. Como reagiriam os Estados Unidos se a Rússia instalasse bombas nucleares no México, perto do seu território? Visto que a Itália e outros países, violando o Tratado de Não-Proliferação, colocam à disposição dos EUA, quer as bases, quer os pilotos e os aviões para o acolhimento de armas nucleares, a Europa estará exposta a um maior risco por estar na primeira linha do confronto crescente com Rússia.

➢ Segundo: Em 2016, foi instalado na Roménia um novo sistema de mísseis dos EUA e está em construção, na Polónia, um sistema análogo. O mesmo sistema de mísseis está instalado em quatro navios de guerra que, colocados pela U.S. Navy na base espanhola de Rota, cruzam o Mar Negro e o Mar Báltico, perto do território russo. Quer as instalações terrestres, quer os navios, estão equipados com lançadores verticais MK 41, da Lockheed Martin, os quais - especifica essa mesma empresa construtora - podem lançar “mísseis para cada tarefa: sejam SM-3 contra mísseis balísticos, sejam Tomahawk de longo alcance, para o ataque a alvos terrestres”. Estes últimos, também podem ser armados com ogivas nucleares. Não podendo verificar quais os mísseis que, realmente, estão nos lançadores próximos do território russo, Moscovo considera que sejam mesmo mísseis de ataque nuclear, violando o Tratado INF, que proíbe a instalação de mísseis de alcance intermédio e de curto alcance, com base no solo.

Stoltenberg acusa a Rússia de violar Tratado INF, lançando o aviso: “Não podemos aceitar que os tratados sejam violados impunemente”. Em 2014, sem apresentar qualquer prova, a Administração Obama acusou a Rússia de ter experimentado um míssil de cruzeiro (SSC-8) da categoria proibida pelo Tratado, anunciando que “os Estados Unidos estão a considerar a instalação, na Europa, de mísseis terrestres”, ou seja, o abandono do Tratado INF. O plano, apoiado pelos aliados europeus da NATO foi confirmado pela Administração Trump: no ano fiscal de 2018, o Congresso autorizou o financiamento de um programa de pesquisa e desenvolvimento de um míssil de cruzeiro lançado do solo, a partir de uma plataforma com mobilidade em estradas. Mísseis nucleares tipo euromísseis, distribuídos pelos USA, na Europa, na década de Oitenta e eliminados pelo Tratado INF, são capazes de atacar a Rússia, enquanto mísseis nucleares semelhantes, instalados na Rússia, podem atingir a Europa, mas não os Estados Unidos. O mesmo Stoltenberg, referindo-se aos SSC-8 que a Rússia teria instalado no seu território, declara que eles são “capazes de alcançar a maior parte da Europa, mas não os Estados Unidos”. Assim, os Estados Unidos “defendem” a Europa.

Finalmente, a declaração grotesca de Stoltenberg que, ao atribuir à Rússia a “ideia muito perigosa de conflito nuclear limitado”, adverte: “Todas as armas nucleares são arriscadas, mas aquelas que podem diminuir o limiar para a sua utilização são-no particularmente." É exactamente o aviso emitido pelos peritos militares e pelos cientistas dos EUA, sobre as bombas B61-12, que estão para ser introduzidas na Europa: “Armas nucleares de menor potência e mais precisas, aumentam a tentação de usá-las, até mesmo num primeiro ataque, em vez de usá-las como retaliação ».

Por que é que ‘o Corriere’ não os entrevista?
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O Corriere della Sera é um quotidiano italiano histórico, fundado em Milão, em 1876. Publicado pelo RCS MediaGroup, é o primeiro jornal italiano por difusão e pelo número de leitores.
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Manlio Dinucci | Voltaire.net.org | Tradução Maria Luísa de Vasconcellos | Fonte Il Manifesto (Itália)

Quando Netanyahu ilibou Hitler do Holocausto

PM de Israel, Netanyahu (D), e o ministro da Defesa, Avigdor Lieberman (E). Créditos Menahem Kahana / Reuters

José Goulão | AbrilAbril | opinião

O primeiro-ministro de Israel culpa um alto dirigente árabe pelo extermínio dos judeus, «legitimando» o comportamento exterminador de Israel em relação aos árabes. Mentiu, pura e simplesmente.

O assunto tem pelo menos três anos mas, além de não perder actualidade e de não ter sido abordado com o destaque que o escândalo merece, ajuda-nos a enquadrar de maneira mais esclarecedora o comportamento do Estado de Israel e dos seus dirigentes, neste caso através da sua veia exterminadora, do racismo enraizado e do antissemitismo em relação a outros povos da mesma família.

Em Outubro de 2015, durante uma intervenção de fundo perante o Congresso Mundial Sionista – e na sequência de uma outra do mesmo tipo efectuada ao nível parlamentar, em 2012 – Benjamin Netanyahu declarou o seguinte: «Naquela altura (1941), Hitler não tinha intenção de exterminar os judeus, mas sim de os expulsar».

Segundo esta versão revisionista da História – prática aliás muito na moda, sobretudo quando o assunto é o nazi-fascismo – o primeiro-ministro israelita reproduz os alegados acontecimentos ocorridos numa reunião entre o chanceler do Reich e Haj Amin al-Hussein, naquela altura o Grande Mufti de Jerusalém. Trata-se de um alto dignitário muçulmano da comunidade dominante sunita que tutela os lugares de culto da sua religião na cidade de Jerusalém, designadamente a mesquita de al-Aqsa, a terceira mais importante referência da fé islâmica.

Durante essa reunião, ainda e sempre segundo a versão divulgada por Netanyahu – reproduzida da informação divulgada pelo diário israelita «Haaretz» – foi o Mufti quem precipitou os acontecimentos que conduziram ao Holocausto. Explicou o primeiro-ministro israelita que o dignitário religioso árabe não ficou satisfeito com a posição de Hitler e ter-se-á queixado de que «se os expulsar (aos judeus alemães), então eles virão para aqui» (Palestina). Ao que Hitler retorquiu: «Então o que fazer com eles?» E o Mufti terá respondido: «Queime-os!»

Isto é, Netanyahu iliba Hitler da mais horrenda e comprovada matança da História e culpa um alto dirigente árabe, conhecido pela sua veia nacionalista, pelo extermínio dos judeus. O que «legitima» todo e qualquer comportamento violento e exterminador que Israel possa ter em relação aos árabes, ontem e hoje.

Falsificação da História

Não poderá dizer-se que a declaração tenha caído como uma bomba. Pelo contrário, terá funcionado como mais um argumento a juntar à bateria usada pela ortodoxia sionista para esmagar os direitos do povo palestiniano e usurpar a sua soberania como nação.

Porém, alguns historiadores e jornalistas israelitas foram pesquisar na História o rasto da grande descoberta do chefe do Likud, uma descoberta que representa um autêntico terramoto em relação a tudo quanto se sabe da Segunda Guerra Mundial e sobre o Holocausto. Assim sendo, segundo a neo-história de Benjamin Netanyahu, Hitler não era tão mau como o pintam; mau era o Mufti de Jerusalém e, como ele, todos os árabes, ou mesmo todos os muçulmanos.

O jornal israelita «Jerusalem Times» publicou então um apanhado das conclusões dos investigadores sobre o assunto, e mesmo a acta da reunião entre Hitler e o Grande Mufti de Jerusalém Haj Amin al-Hussein.

E o que apurou? Que nada na acta de transcrição do diálogo corresponde à declaração proferida por Netanyahu sobre as intenções de Hitler. Ou seja, o primeiro-ministro de Israel mentiu, pura e simplesmente. Nada de invulgar nele, mas nem sempre com tão elevado grau de gravidade.

A reprodução do encontro salienta a coincidência de opiniões de Hitler e do Mufti quanto aos seus inimigos comuns de estimação: ingleses, comunistas e judeus. Se a Alemanha conseguir apagar a ideia da criação de «um lar nacional judaico» na Palestina, terá dito Hussein, «então os árabes poderão levantar-se da sua letargia momentânea e ganhar nova coragem» para combater ao lado das tropas do Reich.

Hitler explicou que se considerava em plena «batalha entre o Nacional-Socialismo e os judeus», que ele travava «passo-a-passo» e, por isso, «iria pedir a cada nação europeia para resolver o problema judaico».

Nada foi falado que envolvesse extermínio, queima ou expulsão de judeus. Ao passo que, pelo contrário, existem provas históricas muito bem documentadas segundo as quais o extermínio dos judeus fora decidido por Hitler seis meses antes da sua reunião com o Grande Mufti.

Na ocasião deste encontro, a Alemanha iniciara a sua «Operação Barbarossa» com o objectivo de liquidar a União Soviética, pelo que Hitler limitou-se a pedir ao seu interlocutor muçulmano que esperasse «até a Alemanha abrir o caminho para o Iraque e o Irão através de Rostov, o que será o princípio do fim do império mundial britânico».

Sem limites

Alguém que mente da maneira que fez Netanyahu em relação a Hitler está seguro da impunidade do que diz e faz, seja perante quem for. E, por certo, não hesita nos meios a usar para atingir os fins.

A versão negacionista da História difundida pelo primeiro ministro de Israel é crime em várias nações do mundo, designadamente em França, onde aliás Netanyahu é recebido como uma impoluta figura de homem de Estado em cerimónias de paz e contra o terrorismo – «árabe», é bom de ver. Parece um pormenor, mas não é: diz tudo sobre o modo de inserção de Israel na chamada comunidade internacional, o qual abre amplos caminhos para a irresponsabilidade permitida, a falta de limites compreendida, a violência exterminadora tolerada, a marginalidade em relação às leis autorizada.

É por esses caminhos que Israel avança sob o comando de Netanyahu à frente de uma coligação que representa a essência autêntica do fundamentalismo político-religioso sionista.

Netanyahu incarna, como outros o fariam – não haja ilusões quanto a isso – o carácter fascista, racista e antissemita do actual regime de Israel, afinado ao longo de setenta anos através dos aparelhos militar, estatal, religioso e de propaganda. De tal maneira que, segundo uma sondagem recente, três quartos dos israelitas judeus residentes na Palestina histórica apoiam o ex-ministro extremista Avigdor Lieberman na sua tese de que o primeiro- ministro é «fraco» e «medroso» na maneira como lida com a questão de Gaza.

E para que tenhamos a noção da gravidade e da profundidade da situação – sublimando quaisquer ilusões – é fulcral registar que nem todos os que fazem parte dessa mole de 75% são, aparentemente, partidários da coligação governamental. Por exemplo, o ex-primeiro ministro e ex-chefe trabalhista Ehud Barak, que alguns ingénuos tenderiam a qualificar como uma «pomba» perante o «falcão» Lieberman, acha o mesmo quanto a Netanyahu e Gaza. Não só Netanyahu é «fraco» e «medroso», como «incompetente».

Em 27 de Dezembro de 2008, diz Barak, «quando eu era ministro da Defesa, matei mais de 300 membros do Hamas em três minutos e meio», gaba-se. Especificação necessária: não eram membros do Hamas ou do seu braço armado, mas sim civis de Gaza, muitas mulheres, muitas crianças e alguns jovens da então recém-criada polícia cívica da região. Em suma, Barak ufana-se, Barak mente, Barak também reescreve a História. Por outro lado, é da oposição ao governo, comportando-se como ele, se possível criticando o comportamento do actual primeiro-ministro numa posição ainda mais extrema em relação à vocação para exterminar o inimigo.

Netanyahu deixou anteriormente no ar a possibilidade de assumir um comportamento definitivo e exterminador em relação ao povo palestiniano, para já em Gaza, onde diz que «não existe solução diplomática».

Outros, de Lieberman à oposição praticada por Ehud Barak, acusam-no de ser «frouxo», «complacente», certamente por não ter passado imediatamente das palavras aos actos depois de chegar ao impasse «diplomático». De facto, há muita gente cada vez mais apressada quanto à solução final capaz de trazer «a paz a Israel». Por exemplo, o deputado Naftali Bennet, considerado «mais extremista» que Lieberman, explicou a Netanyahu que ou «o aceita como ministro da Defesa ou a coligação governamental cairá». Ou ainda a ministra da Justiça, Ayelet Shaked, para quem o chamado «Acordo do Século», através do qual Trump e Netanyahu pretendem impor «a paz aos palestinianos», é «uma perda de tempo». «Também eu quero a paz», acrescenta, «mas não acredito que seja possível qualquer acordo». Logo…

Neste contexto não surpreende que o Parlamento tenha aprovado uma lei que facilita a aplicação da pena de morte aos palestinianos que sejam acusados «de terrorismo», expressão que Israel aplica a todos os que resistem à expansão brutal do seu domínio sobre a Palestina. Uma lei que se segue à aprovação da «Lei do Estado Nação», que institui o regime de apartheid a todos os que não sejam considerados «judeus» e escancara as portas da Palestina a quantos, vivendo em qualquer lugar do mundo, com a nacionalidade que tiveram, sejam considerados «judeus».

Compreende-se, deste modo, por que o primeiro-ministro de Israel ilibou Hitler da responsabilidade maior pelo Holocausto. A culpa foi dos árabes; o nazismo não foi mau, maus foram e são os árabes; é aos árabes que deve cobrar-se a factura.

Tudo isto é Israel, hoje.

Leia também O Lado Oculto – antídoto para a propaganda global

Portugal | “Marcelo, amigo, a malta está contigo”


Marcelo Rebelo de Sousa diz que está preocupado com o estado a que chegou a comunicação social portuguesa, falou até na possibilidade de um “acordo de regime” para salvar o setor, interrogou-se alto e bom som se "o Estado não tem a obrigação de intervir" face à crise da comunicação social.

Não pondo em causa a boa-fé das intenções de Marcelo, não é possível deixar de anotar que os seus antigos “patrões” não diriam melhor. Que “patrões”? Aqueles que o alimentaram durante anos e anos de comentários políticos nas pantalhas da RTP e da TVI ou aqueles que, antes disso, fizeram dele diretor de jornais e ministro de governos. Esses mesmo.

Ou seja, Marcelo não pode evitar que, neste tema, seja alvo de alguma suspeição de estar a defender causas próprias, uma vez que, parece evidente, tem uma antiga e profícua relação com o setor e com alguns dos patrões do setor.

Uma ajuda estatal vinha mesmo a calhar para o velho Balsemão que acumulou uma dívida bancária superior a 180 milhões de euros, não acham? E a TVI, mesmo sendo líder de mercado nos últimos anos, não escapa também a uma dívida superior a 100 milhões. Para referir só mais um caso, falo da Cofina (dona da CMTV, Record e Correio da Manhã) que já foi notícia por ter sido alvo de penhora da Segurança Social por causa das dívidas, também...

Se Marcelo conseguir influenciar o governo ou a Assembleia da República vai ter uma estátua no hall de várias empresas de comunicação social, o que não quer dizer que as pessoas passem a ver mais televisão ou a ler jornais. Ou seja, a crise pode ter remédio, mas não será com subsídios estatais.

Quanto aos jornalistas, não duvido que a grande maioria não se importaria nada em perder independência editorial para manter o empregozito: “Marcelo, amigo, a malta está contigo”.

#comunicaçãosocial | Carlos Narciso – Jornalista | em Facebook

Austeridade, ponto e vírgula


Miguel Guedes* | Jornal de Notícias | opinião

Há uma santa propensão do entendimento para os assuntos caseiros, aqueles que nascem, sucedem ou padecem perante os nossos olhos.

É quase uma cruzada pelo autoconhecimento nos lugares onde já conhecemos tudo. Onde fica fácil. Mas a relevância das lembranças não pode ficar presa ao voto na reunião de condomínio, na sede da vizinhança ou nos nossos veneráveis lugares-comuns. Como João César Monteiro ou John Cage, o preto-a-negro da imagem, a alegoria do silêncio. Ou como Yves Klein e a galeria de arte desocupada em 58. A imagem de ausências. O salto no vazio é ainda mais válido 60 anos depois. O vazio para encher, um vazio para encher de verbos. Sangrar o amor.

A pose de equilíbrio que procuramos é sempre mal disfarçada. E por isso pouco sabemos acerca do que não sabemos automaticamente. Há uma errónea noção sobre a distância de quilómetros que nos separa do nosso metro quadrado. E não fosse essa ditadura da vizinhança, algo mais saberíamos sobre a notícia mais relevante da semana: a proposta para a transposição das regras do Tratado Orçamental para o direito comunitário foi rejeitada e, através de um empate técnico em sede de votação na comissão de Assuntos Económicos e Monetários do Parlamento Europeu, é possível equacionar que não haja coragem da Comissão Europeia para propagar - à revelia dos parlamentos nacionais - a aberração das regras de austeridade excessiva que definharam a economia europeia, impondo-a a cada um dos países da União. A regras do défice e da dívida não podem ser repetidas e perpetuadas.

Esta inesperada votação internacionalizou a geringonça. O voto de Marisa Matias (BE), de Miguel Viegas (PCP) e de Pedro Silva Pereira (PS), deputados portugueses na Comissão, permitiu uma enorme vitória política à autonomia e à admissão de alguma razoabilidade no projecto europeu. Assim perceba a Comissão Europeia que não pode haver atropelamento de tantos votos convergentes. Embora muitas dúvidas recaiam sobre a idoneidade política e moral da Comissão Europeia, Marisa Matias (relatora-sombra do documento) acredita que o Tratado Orçamental "deve começar a morrer depois deste voto". O magnífico trabalho que em tantas frentes encetou e definiu, dizem muito sobre a urgência das escolhas que teremos que fazer nas próximas eleições europeias. Aquela distância de quilómetros que nos separa do nosso metro quadrado já não existe.

*Músico e jurista

O autor escreve segundo a antiga ortografia

Benfica | Rui Vitória promete: "Vão haver mudanças"


Fique com as declarações de Rui Vitória, um dia depois de o seu lugar ter estado em risco

Depois da goleada sofrida em Munique, diante do Bayern, por 1-5, para a quinta jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões, o Benfica regressa, este sábado, ao campeonato nacional, para defrontar o Feirense.

Antes disso, esta sexta-feira, Rui Vitória passou pela sala de imprensa do estádio da Luz, onde falou da sua posição atual. O jogo da 11.ª jornada do campeonato nacional acabou por ficar para 2.º plano.

Fique com o essencial das palavras do técnico encarnado.

Como viveu esta semana: "Vivi de forma intensa. Tivemos um jogo importante que não nos correu bem. A partir de ontem, depois da decisão que foi pública e transmitida pelo presidente, foi preparar o jogo de forma afincada. Como sempre o faço, da melhor forma possível. Estou pronto para a luta e para a batalha de amanhã."

Treinador a prazo: "Não sinto isso. Deixe-me enquadrar: Era muito fácil não estar aqui e estar a apanhar um avião para outro lado. Depois de uma reflexão sentimos que esta era a melhor solução. Comecei um projeto aqui há 3 anos com um objetivo muito claro. Ganhar e mudar o paradigma do Benfica. Há um trabalho para fazer e não estou preocupado com prazos. Era a solução que queríamos. Ainda tenho muito para ganhar com o Benfica."

Jogar à Benfica e não lento, lento: "Quero dar os parabéns ao presidente pela franqueza de ontem. Percebo perfeitamente as suas palavras. Até meados de outubro fomos a melhor equipa portuguesa. Há quatro provas em que estamos competir e não estivemos bem. Uma coisa posso dizer: Quem perdeu orgulho em ser do Benfica, vai voltar a ter. Quem tem fraquezas ao olhar para a equipa, vai voltar a ter certezas. De uma vez por todas, nós temos de estar unidos. Se nós não nos unirmos estamos a dar forças aos adversários. O Benfica quando está unido dentro e fora do campo é mais forte e é difícil ser derrotado."

Elementos a quererem a saída: "Nós trabalhamos de forma honesta e sincera. Ontem era fácil para qualquer das partes e seria treinador de outra equipa qualquer. Não tenho compromisso com pessoa A, B ou C. Foi uma reflexão conjunta e entendeu-se que era a melhor solução. Não foi por qualquer dinheiro que eu fiquei no Benfica. O meu compromisso é com o projeto. Sempre soube o que as pessoas pensavam."

Jogadores em sub-rendimento?: "Ontem foi um dia importante para todos nós e há mudanças claras. Primeiro de tudo, há que haver uma mudança interior. Todos os jogadores têm de sentir isto. Ganhar um tetra custou muito. Quem está a chegar tem de saber o que é representar o Benfica. Qualquer jogador tem de perceber isso rapidamente, senão não está aqui a fazer nada."

Alguma vez disse ao presidente que não tinha condições para continuar: "Nunca disso isso ao presidente. Refleti e discutimos a situação em conjunto. Depois disso, sabem o que fizemos pela primeira vez? Demos um abraço muito sentido."

Reencontro com o plantel: "Sinto o grupo com vontade de mudar. Por isso é que estou aqui sentado e não está outro. Sei o que os jogadores podem dar e claramente há mudanças a fazer. Começando por mim e por mudanças interiores. Quando eu aponto o dedo a alguém, tenho três a apontar para mim. Os meus jogadores estão envolvidos e o objetivo é ganhar o jogo de amanhã. E digo-vos uma coisa: Amanhã vou ser o primeiro a subir ao relvado e a bater palmas aos jogadores quando eles entrarem."

Reação dos adeptos: "São livres de pensarem o que entendem. Mas reforço... Quanto mais desunidos estivermos, mais fortes ficam os nossos adversários. Eles não podem estalar um dedo e enfraquecer-nos. O Benfica já mostrou que quando está unido é muito difícil. O desafio que eu deixo é apoiem esta equipa e estes jogadores. Temos quatro competições pela frente.

Acreditar na mudança repentina: "Há momentos na vida que nos fazem refletir, pensar, mudar... É preciso às vezes haver uma tempestade para as coisas mudarem. Aquilo que me trouxe ao Benfica, nós temos cumprido. O Benfica vai continuar a ganhar. Estes jogadores estão imbuídos neste espírito. Garanto-vos que a entrega é muito grande para o jogo de amanhã e para o futuro."

Proposta de outro clube e indemnização: "É irrelevante nesta altura. Não são questões financeiras que me ligam ao Benfica. Nunca é por dinheiro que me oriento."

Prenda envenenada da direção? Reação de Tiago Pinto, diretor-geral: "O que vos posso dizer é que estamos na presença de um profissional de grande categoria. De resto, se eu fosse olhar para todos esses pormenores, era muito fácil eu não estar aqui. De um lado uma mala cheia de dinheiro, do outro uma série de treinadores a vir para aqui, porque esta cadeira é apetecível."

Mudanças: "É evidente que não vou especificar mudanças do dia-a-dia. Temos de ser ainda mais exigentes, mais rigorosos. Mais união, mais laços... Começo já por dizer: Para o jogo de amanhã vão estar 18 convocados. Nem mais um."

Decisão do presidente: "É claramente uma decisão do presidente, mas foi algo que resultou de uma reflexão conjunta. Esta foi uma decisão de ontem, quanto ao passado não sei. Temos uma equipa que precisa de algumas intervenções, e vai tê-las. Estou envolvido e não vou abandonar o projeto."

Mercado:" Podem sair jogadores sim. É possível que haja mudanças em janeiro."

Notícias ao Minuto | Foto: Global Imagens

Fim de semana está aí. Saiba o que pode ver à borla em Lisboa e no Porto


Espreite as borlas culturais que pode aproveitar por estes dias na Grande Lisboa e no Grande Porto. Dezembro já se chegou à frente e há borlas para aproveitar.

Com o Natal já a fazer-se sentir nas ruas, há muitos eventos para aproveitar na Grande Lisboa e no Grande Porto que são belos presentes para aproveitar.

Como já é hábito, o Notícias ao Minuto esteve à procura de eventos amigos da carteira. Há exposições e música em andamento por Lisboa, a Norte há música à fartazana, com o Natal a dar o mote para as festividades.

É hora de abrir a agenda e começar a planear o que fazer por estes dias.

Grande Lisboa

Há Curtas no Metro

A estação de metro do Cais do Sodré é a 'casinha' das curtas este domingo, 2 de dezembro. O Gerador juntou esforços ao Metropolitano de Lisboa para mais uma mostra de curtas de animação. A curadoria é da Bang Awards – International Animation Awards e há sete curtas (quatro delas portuguesas).

Bandas Filarmónicas desfilam na Avenida

A Avenida da Liberdade recebe este sábado um evento que já vai virando tradição. São mais de 30 bandas filarmónicas em passo harmonioso Liberdade abaixo, com o desfile a partir da Estátua dos Combatentes da Grande Guerra. A festa só acaba lá em baixo na Praça dos Restauradores.

Fotografia, a minha viagem preferida

O Arquivo Municipal de Lisboa conta com nova exposição: 'Fotografia, a minha viagem preferida' conta com registos de Helena Corrêa de Barros, uma coleção fotográfica com imagens de viagens recolhidas entre 1947 e 1972 que a família doou ao Arquivo para que todos as possamos ver.

Arena Live 2018

Esta é uma exceção, porque é às segundas-feiras que vai decorrer. Mas fica a nota: O Casino de Lisboa está a oferecer uma série de dez concertos para ouvir até ao final do ano na Arena Lounge. A entrada, como se quer, é livre. No dia 3 de dezembro há  HMB para ouvir. Saiba tudo aqui.

É Natal no Mercado de Alvalade

O Mercado de Alvalade vai estar uma vez mais em festa: no dia 1 de dezembro, sábado, convidamo-lo a assistir, às 10h30, a uma atuação do Coro ADECAM. Aproveite para descobrir a árvore de Natal do mercado, que cada ano apresenta uma decoração diferente. Saiba mais aqui.

Yoga na Quinta das Conchas

Até fevereiro, aos domingos de manhã, pelas 10h30, há Yoga ao livre para experimentar na Quinta das Conchas, um dos maiores espaços verdes da capital. É a oportunidade ideal para descobrir esta prática antiga, ao ar livre e em boa companhia. Saiba mais aqui.

Grande Porto

Música em dose dupla na Fábrica Nortada

A Fábrica Nortada (Rua de Sá da Bandeira, 210) conta com espectáculos de covers. Esta sexta-feira, dia 30, há The Cover Van Duo para ouvir a partir das 22h. Já no sábado, dia 1 de dezembro, há tributo a Bob Marley por descobrir com Soul Rebel a atuar a partir das 22h30. A entrada, como se quer, é livre.

Natal com António Zambujo em Matosinhos

As festividades natalícias em Matosinhos têm início no dia 30 de novembro, pelas 17h30, com o acender das iluminações de Natal, que se vão manter até 6 de janeiro. Nesta mesma sexta-feira, pelas 21h30, António Zambujo dá um concerto que marca o início das festividades para as próximas semanas. Espreite todo o programa aqui.

Há música no Mercado do Bom Sucesso

O Mercado do Bom Sucesso tem contado com animação musical para os mais variados gostos. O espaço está numa das zonas nobres da cidade e convida ao passeio. Este sábado há música dos H1 para descobrir. Música brasileira, pop, reggae e rock num espetáculo de entrada livre. Saiba mais aqui.

Dominguinhos no MAR Shopping

O MAR Shopping continua a dar-nos Dominguinhos, manhãs de domingos com animação a pensar na pequenada.Os workshops são educativos e fazem as delícias dos mais pequenos. Este domingo, pelas 11h, há Teatro de Fantoches - o atraso do Pai Natal. É gratuito mas será necessário fazer a inscrição. Clique aqui!

Portobello... Porto Belo

Todos os sábados,o histórico e mundialmente conhecido mercado londrino de Portobello tem uma versão a pensar no 'relax' na Invicta. Eis o Porto Bello, que conta com bancas variadas. As compras terão de ser pagas com o esforço da carteira, o passeio nem por isso.

Onde
Praça Carlos Alberto
Quando

Todos os sábados, entre as 10h e as 19h

Bom fim de semana e boas ofertas culturais!

Notícias ao Minuto

Artistas portugueses apelam ao boicote de Portugal à Eurovisão em Israel


Vários artistas portugueses apelaram, numa carta aberta dirigida à RTP, responsável pela escolha do representante nacional no concurso, ao boicote de Portugal ao Festival Eurovisão da Canção, que em 2019 irá decorrer em Telavive, Israel.

"Pedimos à RTP que aja dentro da EBU-União Europeia de Radiodifusão para que o festival seja transferido para um país onde crimes de guerra - incluindo assassinatos de jornalistas - não são cometidos e, caso contrário, se retire completamente do Festival de 2019", lê-se na carta, endereçada esta semana à RTP, responsável pela candidatura portuguesa ao concurso.

A lista de signatários inclui, entre outros, a escritora Alexandra Lucas Coelho, a artista plástica Joana Villaverde, a cantora Francisca Cortesão, os atores João Grosso, Maria do Céu Guerra e Manuela de Freitas, a pintora Teresa Dias Coelho, a cineasta Susana Sousa Dias e o fotógrafo Nuno Lobito.

Além disso, assinaram também a carta aberta artistas portugueses como o músico José Mário Branco e o diretor artístico do Teatro Nacional D. Maria II, Tiago Rodrigues, que tinham subscrito uma missiva de apoio a um apelo de organizações culturais palestinianas para o boicote ao Festival Eurovisão da Canção 2019, caso decorra em Israel, divulgada em setembro no jornal britânico The Guardian.

Na carta dirigida à RTP, os artistas portugueses, referindo que "Eurovisão não combina com Apartheid", defendem que a estação pública, ao anunciar a participação de Portugal no concurso em Israel em maio, "confirma a sua disposição, em nome do entretenimento, de encobrir a ocupação israelita do território palestiniano e a contínua negação dos direitos humanos do povo palestiniano".

Os signatários defendem que "Israel declarou-se efetivamente um Estado de apartheid ao adotar este ano a 'Lei do Estado-Nação Judeu'".

"Aos seus cidadãos palestinianos é agora negada constitucionalmente a igualdade de direitos. Este apartheid determina até mesmo que secções da população sob o controle de Israel poderão participar na Eurovisão. Ao ser anfitrião da Eurovisão 2019, Israel branqueia este apartheid e utiliza a Eurovisão de forma desavergonhada como parte da sua estratégia oficial Brand Israel, que pretende mostrar a 'face mais bonita de Israel' para desviar deles a atenção do mundo dos seus crimes", lê-se na carta.

Os artistas que assinam a missiva, recordando que "inspirados pelos artistas que em consciência rejeitaram o Sun City no apartheid sul-africano nos anos 80, organizações culturais e artistas palestinianos apelaram a que se pressione Israel de forma não violenta através do boicote até que sejam cumpridas as suas obrigações segundo a lei internacional", tornam público o seu apoio "a este apelo, ao lado de milhares de artistas pelo mundo fora".

"Porque não queremos tornar-nos cúmplices das violações dos direitos humanos do povo palestiniano. Queremos antes chamar a atenção do mundo para a colonização, que a cada ano se torna mais violenta", sustentam.

A Lusa pediu uma reação à RTP, mas tal não foi possível em tempo útil.

A carta aberta divulgada em setembro foi subscrita por artistas internacionais como Brian Eno, The Knife, Wolf Alice e finalistas da Eurovisão, incluindo os vencedores de 1994, os irlandeses Paul Harrington e Charlie McGettigan, os cineastas Alain Guiraudie, Ken Loach, Mike Leigh, Aki Kaurismäki e Eyal Sivan (israelita).

Israel recebe o Festival Eurovisão da Canção em 2019 depois de ter vencido a edição deste ano, em Lisboa, com o tema 'Toy', interpretado por Netta Barzlilai.

Esta será a terceira vez que Israel acolhe o concurso, depois de 1979 e 1999, em Jerusalém, por ter vencido nos anos anteriores. Em 1980, embora tenha vencido em 1979, o país declinou a oportunidade de organizar o concurso pela segunda vez consecutiva, acabando por passar para a Holanda.

Em maio passado, quando venceu o concurso em Lisboa, a cantora israelita Netta Barzlilai celebrou a vitória dizendo que em 2019 o festival seria em Jerusalém, algo que o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, imediatamente reforçou, para mais tarde recuar.

A referência a Jerusalém foi feita numa altura em que os israelitas comemoravam, em maio, os 70 anos do nascimento do Estado de Israel, e o festival acabou por ser tornar num argumento de discussão política e diplomática sobre os estados judeu e palestiniano, quando as conversações de paz internacionais entre ambos continuam num impasse.

A situação política foi ainda acompanhada pela transferência da embaixada dos Estados Unidos em Israel de Telavive para Jerusalém.

Em junho, a União Europeia de Radiofusão, organizadora do festival, fez saber que pretendia um lugar "menos controverso" do que Jerusalém, cidade dividida entre israelitas e palestinianos desde 1967, e Benjamin Netanyahu concordou que o governo se afastaria da escolha da cidade.

Ao mesmo tempo, diversas organizações culturais palestinianas apelaram ao boicote ao concurso.

Lusa | em Notícias ao Minuto

Foto: Gaza, crianças assassinadas por Israel, mais um crime de guerra.

Portugal | Uma oposição que desapareceu


Ana Alexandra Gonçalves* | opinião

Em democracia tanto tem importância quem governa como quem faz oposição. É elementar. E em Portugal existe claramente um problema: a oposição desapareceu.

Governo, apoiado pelos partidos à sua esquerda, vai fazendo o seu caminho sem grandes sobressaltos, apesar de nem sempre se posicionar à esquerda, em consonância com quem o apoia, como se viu com a gestão da greve dos estivadores. Ainda assim, vai fazendo o seu caminho.

Os partidos mais à esquerda, vão garantindo esse suporte, apesar de alguns pecados cometidos pelo Executivo de Costa, o último dos quais a referida greve de trabalhadores precários no Porto de Setúbal, alguns arrastando consigo perto de 20 anos de precariedade - os grilhões do século XXI.

Quanto aos partidos de direita - a oposição - assiste-se ao espectáculo deplorável apresentado pela líder do CDS, ora mostrando uma realidade inexistente, ora esquecendo convenientemente os anos de ministra no Governo de Passos Coelho. E o PSD vai fingindo saber o que faz, enquanto boa parte das hostes laranjinhas aguardam ansiosamente pelo regresso do Messias Pedro Passos Coelho - o grandioso Pedro que voltará para correr com a esquerda do poder e aplicar as receitas neoliberais. Até lá, não há oposição. O CDS não chega, é demasiado poucochinho em todas as acepções da palavra e o PSD simplesmente não existe.

*Ana Alexandra Gonçalves | Triunfo da Razão 27.12.18

Foras-da-lei. Vitória no Benfica. A taxa sacana da comunicação


Bom dia e bom fim-de-semana com tracinhos ao modo antigo porque ainda pode o diabo tecê-las e ler só ‘bom fim’ porque o resto se sumiu. Aliás, quantos portugueses é que nem sabem o que é gozar um fim-de-semana? Milhões. Quantos são os que trabalham aos sábados e domingos semanas a fio? Se não são milhões serão pelo menos milhentos. Arre porra! Diriam os nossos avós. Esses sim, porque trabalhavam de sol a sol. Até no chamado “dia do senhor” (domingo) mas alguém pagava a multa ao padreco lá do burgo. Isso era antes. Agora é a modernidade "democrática do consumismo". Adiante e repare no pedaço a seguir.

Investigação às agressões em Alcochete contrariou a lei, denunciam os investigadores da PJ”. Título na TSF. Os senhores da PJ denunciam a contrariação da lei. A não observância da dita. A ilegalidade. Pois. Perguntamos porquê ou nem merece questionar e seguimos tal qual carneirinhos a balirmos mé…mé….? Que é o que mais se faz por este Portugal e por esses países do tal mundo a que pertencemos para ser enganados, comidos e mal pagos. Não. Não perguntemos. O melhor é ler e guardar mais uma na coleção desta espécie de justiça e leis que é baralhada de propósito para ficarmos a ver navios no deserto dos tais do quero, posso e mando. Foras-da-lei, salafrários e semelhantes.

Em baixo têm o Curto do Expresso. Muito do futebol para todos que queiram. Rui Vitória, Vieira e Benfica à força toda, após pesada derrota com o Bayern… O Vitória fica na Luz, disse Vieira. Chama-se a isso coerência e honestidade comportamental e ética. Ou luz. Boa. Melhores tempos virão para a águia. Não se pode ganhar sempre e estar às vezes na mó de baixo até é útil, para aprendermos como combater as eternidades nessa situação ou evitá-las.

A taxa, sacana e inteligente 

Seguimos para o Curto e o resto é da lavra do Ricardo Costa diretor da SIC do tio Balsemão Bilderberg, senhor-tio que parece andar pela sucapa a fazer lobie para sermos cravados em contribuição abusiva e permanente (taxa sacana e inteligente) a favor dos negócios dele, Impresa, do Belmiro do Público & Sonhai. Tudo o que mais houver por aí adiante. Marcelo PR já falou… numa ajudinha. Falta saber se a questão do paga mas não bufa vai ser transparente ou nas nossas costas cegas para ficarmos a ver navios e “ajudar” os mais que ricaços deste país da tal dita “comunicação social” cheia de pasquins a falar das cicatrizes da Malacueca, do filho nascido da Babá Clariotes, da vagina reformulada da Tucatuca Abanarabo… e tantos outros e outras que transportam desertos de futilidades e estupidificações aos magotes.

Adiante, que se faz tarde.

Siga para o Curto do senhor televisão Costa. Ah, e esta, hem!? (MM | PG)

Bom dia este é o seu Expresso Curto

Terna é a noite

Ricardo Corta | Expresso

Todos sabemos o valor de uma noite de sono. Mas ontem ficámos a saber que pode mudar a vida de milhões de adeptos e salvar a cadeira de sonho de um só homem.

Rui Vitória já pode mandar tatuar no braço esquerdo a frase “nada como uma boa noite de sono”. E deixar para o braço direito a expressão “a noite é boa conselheira”. Ou trocar a camisola da Emirates pela do Valdispert.

A sabedoria popular tem mais frases à volta desta ideia e é natural que o treinador do Benfica já as saiba de cor. Foi salvo por uma noite sono e o país foi deitar-se a saber disso.

A conferência de imprensa de Luís Filipe Vieira foi pouco habitual, por várias razões. Porque vinha desmentir notícias que tinham sido verdadeiras, porque contrariava tudo o que o próprio tinha pensado e dito (aos seus colaboradores) na véspera e porque teve uma sinceridade verbal desconcertante.

“Foi uma luz que me deu”. Sim, leu bem.

Esta frase está na capa dos jornais, com um tom quase místico. Vieira não teve uma aparição a meio da noite, mas viu uma luz e teve um feeling, isso mesmo, um feeling. Vai daí, dormiu pouco – eu, por muito menos, nem durmo – e às 7 da manhã já estava a dizer a colaboradores seus que Rui Vitória afinal não saía.

Há alguma explicação, além da noite, da luz e do feeling?Claro que sim e é extremamente simples: o Benfica dispõe hoje da melhor academia de futebol portuguesa e tem uma linha de produção de jovens talentos que pode garantir por muitos anos o equilíbrio financeiro do clube. E quem os põe a jogar na equipa principal em vez de os despachar ao 19 anos via Jorge Mendes para o Valência, Mónaco e outros destinos habituais? Rui Vitória.

Foi por isso que ele foi contratado há uns anos e foi por isso que agora ficou. Porque o projeto empresarial de Luís Filipe Vieira e Domingos Soares de Oliveira (de longe o melhor gestor que uma SAD já viu em Portugal) já não quer camionetas de sérvios e argentinos. Quer que seja a carreira do Seixal a fornecer a equipa principal da Luz e que daí só saiam jogadores a valerem fortunas.

Estão certos? Sim, mas têm um problema. É que as noites dos sócios e adeptos são passadas a pensar em golos e títulos. Nenhum sócio acorda a meio da noite a pensar no cashflow operacional ou nas contas consolidadas. Quer é ganhar. Pois bem, a almofada de Vieira não pensa como a dos adeptos.

Guardem os lenços brancos. Foi para o lado que ele dormiu melhor.

Vamos ao resto do Expresso Curto, que me fez dormir pouco e não me trouxe nem um raio de luz. Só um feeling de que ainda tenho muito que escrever. Vamos a isso.


Outras notícias

Até parece de propósito, mas vou ter que arrancar com uma notícia bizarra de futebol. O jogo entre os argentinos do River e os argentinos do Boca, que foi sucessivamente adiado por graves razões de segurança, vai jogar-se em Madrid no domingo, dia 9.

Porque é que esta notícia é bizarra? Porque uma cidade, Buenos Aires, e um país, Argentina, que não consegue organizar uma final de futebol, recebe este fim de semana a cimeira do G-20. Extraordinário.

Estejam atentos, não vai ser uma qualquer cimeira. Primeiro, já foi notícia porque Donald Trump cancelou o encontro a dois, programado com Vladimir Putin, por causa dos seus tiques de Romanov em águas do Mar Negro.

Putin vai ser olhado de lado na Cimeira mas está cheio de sorte porque há um convidado para quem só se olha de esguelha. Mohammed bin Salman, o príncipe saudita que é suspeito de ter ordenado o assassinato de um jornalista crítico na Turquia, chegou a Buenos Aires na quarta-feira.

Quem apertará a mão em público a MbS, o acrónimo porque é conhecido o líder de facto do Reino Saudita? Provavelmente todos, a selar o célebre jogo “eu vendo-vos o meu petróleo, vocês vendem-me as vossas armas”. Theresa May já disse que o vai confrontar, Erdogan garante que não esquece a afronta e Trump , claro, há de fazer das suas.

O ponto chave da Cimeira é o que ocorre no encontro entre o Presidente dos EUA e Xi Jinping. Em plena guerra comercial, com os dois países de armas desembainhadas, há sinais de que as tréguas podem estar a chegar. Mas é difícil antever algo de sólido, porque Trump só confia nos seus instintos e vem de umas eleições intercalares onde perdeu gás nos estados do Sul. E o medo do papão chinês é uma poderosa arma eleitoral em muitos estados americanos.

Vamos ver o que nos preparam os dois homens mais poderosos do mundo.

Já agora, Angela Merkel deve chegar atrasada porque o avião em que viajava teve problemas técnicos quando sobrevoava a Holanda e aterrou de emergência em Colónia.

Ainda na frente Trump, mais uma grande dor de cabeça para o presidente americano. Michael Cohen, o seu ex-advogado – e que durante dez anos foi o “fixer” de todos os problemas jurídicos de Trump – assumiu que tinha mentido no Congresso sobre as relações de Trump com a Rússia por causa da construção de um edifício em Moscovo, e tudo isto já durante a campanha eleitoral.

“Fiz essas declarações para serem consistentes com as declarações políticas do Individuo 1 e por lealdade para com o Indivíduo 1”. Esta é uma das frases agora ditas perante um tribunal. O Indivíduo 1 é Donald Trump.

Por cá, o Correio da Manhã faz manchete com um ex-Indivíduo 1, agora a viver na Ericeira. E diz que a casa onde está José Sócrates foi comprada pelo seu célebre primo, José Paulo.

O Expresso já adiantou muita informação sobre o caso. E é mesmo assim: um dos dois alegados testas de ferro de José Sócrates no processo Operação Marquês, acusado de dois crimes de branqueamento de capitais, é o dono do apartamento na Ericeira para onde o ex-primeiro-ministro se mudou em novembro.

O empresário em Angola e primo direito do antigo líder do PS, José Paulo Bernardo Pinto de Sousa passou a ser o proprietário do imóvel na Ericeira a 16 de outubro de 2018, através de uma dação em pagamento, num formato que não implicou qualquer transferência de dinheiro.

O Público puxa para manchete um tema grave e que mostrou uma nova face do Parlamento: a dos deputados vacinadores. Ouviu vários ex-ministros e todos denunciam que sofreram pressões da indústria farmacêutica para introduzirem vacinas como obrigatórias. Mas o que agora aconteceu é novo. Talvez os deputados queiram passar a andar de bata…

O JN revela que o governo congelou a lei que previa ajudas e comparticipação nos tratamentos termais, atirando a solução lá mais para a frente.

Economistas propõem 35 medidas para que peritos e cidadãos consigam entender o Orçamento do Estado. É a manchete do site do Expresso hoje de manhã. É que estes Economistas do Institute of Public Policies/ISEG querem acabar com a alegada opacidade do Ministério das Finanças e aumentar a transparência, o rigor e a responsabilidade política pelo Orçamento do Estado. Boa sorte.

A China suspendeu as investigações do cientista que reclama ter criado bebés geneticamente manipulados. O vice-ministro da Ciência e Tecnologia de Pequim, Xu Nanping, condenou ontem a o trabalho da equipa de cientistas que revelou esta semana ter criado os primeiros bebés geneticamente manipulados. O incidente “violou as leis chinesas e as barreiras éticas”, disse: “É chocante e inaceitável”.

Está-se mesmo a ver que o cientista vai ter que ir a pé rumo à Mongólia para pensar na vida, mas ficámos todos s saber que a manipulação pode ser feita e que, mais tarde ou mais cedo, vai ser feita.

Frases (especial LFV – late fluent vintage)


“Fui visitado por um feeling, uma luz".

"Esta foi uma decisão que foi muito amadurecida durante a noite”.

“Dormi no Seixal e meditei bastante. Dormi muito pouco e a pessoa que primeiro soube da decisão foi o Tiago Pinto, as 7h30, que ficou perplexo"

O que eu ando a ler

Vou recomendar pela segunda vez um artigo da Revista brasileira Piauí. Nas últimas semanas, a atenção ao Brasil e a Bolsonaro diminui, o que é pena. Este artigo de Malu Gaspar, com o título “Hora de Acordar” é uma crítica poderosa e realista ao falhanço do jornalismo na cobertura do fenómeno Jair Bolsonaro, antes e agora.

É um texto muito importante e contra-corrente, que merece ser lido por todos e não apenas por jornalistas, polítcos ou académicos interessados por estes temas.

Malu Gaspar parte desta simples pergunta: “Será que nós, jornalistas, vamos continuar a repetir, no governo Bolsonaro, os mesmos erros cometidos na campanha eleitoral?”

A repórter da Piauí diz que há muita autocrítica a ser feita pela imprensa quanto à cobertura das eleições, mas é frontalmente contra a ideia que responsabiliza a imprensa pela ascensão ou normalização de Bolsonaro. E explica bem pique os jornalistas e muitos críticos da imprensa “não estão entendendo nada”.

Deixo apenas o parágrafo final deste magnífico texto.

“Há uma nova ordem política emergindo, por força das urnas, e o jornalismo não pode mais perder tempo se escandalizando com ele. Que a esquerda (brasileira) esteja perdida ou em crise de identidade é compreensível e natural. Mas o jornalismo profissional não tem (ou não deveria ter) nada a ver com isso”.

“O trabalho diante de nós é gigantesco, e tem de começar com uma reflexão sobre os vacilos, os pré-julgamentos, os erros e a (auto)complacência que turvaram a nossa visão nos últimos tempos. Só assim poderemos aprender com o que aconteceu e não mais deixar a história desfilar na nossa frente como se fosse um vídeo bizarro do YouTube”.


Não me lembro de um texto tão bom sobre o jornalismo e ascensão de Trump ou a vitória do Brexit.

Boa sexta-feira. Já sabe, amanhã há Expresso nas bancas, mas até lá o mundo roda e há uma noite que nos pode trazer conselhos surpreendentes.

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