terça-feira, 22 de janeiro de 2019

Ronaldo e os guetos do “estado democrático e exclusivista”


Ronaldo no banco… dos réus. Por tentativa de fintar o Fisco de Espanha. Falhou, não marcou golo. Esta é a verdadeira mentalidade dos senhores dos milhões. Nunca lhes chegam esses milhões, querem sempre mais, nem que os consigam na trapaça, no calote, na demonstrada falta de cidadania correta de contribuir em conformidade com a lei. E vai daí o povinho, os plebeus e os fanáticos aplaudem, endeusam-nos… Assim a modos como o fizeram (e fazem?) com os denominados DDTs que se acham e são Donos Disto Tudo.

Felizmente que Espanha é menos República das Bananas, com um povo banana e instituições bananas, governos bananas, deputados bananas, juízes bananas. Espanha tem um pouco mais de garbo e carrega sobre os faltosos, os que atingem a glória por via das fintas e outras jogatanas. Soou o apito e a falta foi de Ronaldo, o deus da bola e o orgulho nacional de Portugal naquela coisa que ele tão bem sabe fazer no relvado mas que tentou fazer fora das quatro linhas. Não adianta atirar-se para o chão a exclamar ai ais porque desta não escapa com fitas para enganar otários. A ganância, neste caso, não compensou.

A seguir, em referência de “última hora”, vem o Bairro da Jamaica aqui no Curto que se segue pela pena leve do jornalista de sociedade, Rui Gustavo, do Expresso. Violência, racismo, xenofobia, alergia aos guetos que o estado português por via das Câmaras Municipais constrói para controlar os excluídos, sejam eles de tez branca, achocolatada, amarela, vermelha ou que até possuam riscas multicolores. Porque são carne para canhão, mercado baratíssimo para os que exploram o trabalho e o que mais der para explorar, como por exemplo a prostituição, a droga, o crime e o que mais convier aos que neste século de modernidade se adaptam ao esclavagismo moderno e outras trapaças.

Vimos (ouvimos) hoje nos jornais, rádios e televisões parangonas sobre o acontecido no Seixal (Jamaica). “Coisas de pretos”, dirão os plebeus ainda com resquícios do colonialismo para que viveram, assumiram e beneficiaram. Alguns já velhos e decrépitos, outros nem por isso. E até será nesses que os sentimentos racistas e xenófobos mais abundam. Nuns quantos conscientemente e noutros a aguardar revelar-se exponencialmente, ainda em estado subliminar.

O resultado nestes confrontos dos excluídos e moradores em guetos estatais (quais campos de concentração) com a PSP, tem por vítimas os protagonistas, os que vimos nas redes sociais e em manchetes da comunicação social à porrada, a fugirem, a ferirem-se, a matarem-se se acaso tiver de acontecer, em cenas de ódio que se bem analisarmos têm origem nas sementes plantadas pelos políticos que se sentam nas cadeiras dos poderes, sejam eles de âmbito governamentais, parlamentares, autárquicos ou outros nas ilhargas. Eleitos ou nomeados pelos eleitos, é indiferente. São esses os responsáveis pela existência dos guetos, pelas complacências e amiguismos ou cumplicidades com negreiros, esclavagistas, chulos e ladrões que abundam na dita sociedade dos mais dotados financeira, universitariamente e etc do mesmo jaez. Destinando-se em milhentos casos para servirem o financismo, os detentores do capital conseguido tantas vezes pela 'porta do cavalo', por truques e fintas com offshores ou sem esses tais.

Polícias e plebeus agridem-se porque o sangue ferve, porque não investem no diálogo que lhes permitiria identificarem os verdadeiros agressores que nababamente se sentam nas cadeiras dos poderes e controlam as “escadas rolantes” que lhes permitem subirem na vida e ditarem quem – degraus abaixo deles – sobe na vida por paga dos serviços que lhes prestam e lhes alimentam as ganâncias…

Basta. O assunto daria pano para mangas se acaso fosse encarado a sério, com honestidade e partindo do principio de que somos todos da mesma raça: humanos. Somos ou devíamos assim ser corretamente considerados. Mas isso só se os desviantes desumanos permitissem ou, então, os milhões de humanos se revoltassem e assim exigissem ser tratados, considerados e todos desfrutarem das mesmas oportunidades de evolução intelectual, do conhecimento e comportamental e outras. Sem violência. Oh, oh… a acontecer seria uma grande chatice e sinónimo de “prejuízos” para os que são donos e lacaios disto tudo. Até de nós, os humanos.

Bom dia, boas festas aos animais inofensivos que abundam e que pejam os passeios de fezes por falta de fiscalização. Antes, ainda, por falta de primor na cidadania. Não tardará muito para que um qualquer iluminado dos poderes “invente” o policiamento da merda, quando, na verdade, o que importa e urge é educar os donos. Pronto, e aqui no Curto acabamos com uma conversa de… merda. Sem odores. Desculpem qualquer coisinha menos agradável, senhores dos poderes e dos guetos. Inté.

Agora o Curto, onde não falta a cultura. (MM | PG)

Bom dia este é o seu Expresso Curto

Ronaldo senta-se no banco

Rui Gustavo | Expresso

Cristiano Ronaldo vai sentar-se hoje no único banco pior do que o banco dos suplentes: o dos réus. O futebolista português, capitão da seleção e talvez o compatriota mais conhecido no mundo inteiro, vai ser presente a um juiz da Audiência Provincial de Madrid para responder por quatro crimes fiscais. O desfecho já é sabido: Ronaldo vai declarar-se culpado e pagar 18.8 milhões de euros ao fisco espanhol, evitando assim uma pena de prisão efetiva. Em junho do ano passado já se tinha declarado culpado e aceitado uma condenação de dois anos de prisão com a pena suspensa. O acordo com o fisco tem agora de ser validado em tribunal, um pouco à semelhança do que acontece em Portugal com processos como a Operação Furacão. Ronaldo pretende ainda que a pena suspensa seja comutada em multa.

“Não entendo muito disto, tenho apenas o sexto ano de escolaridade e a única que coisa que sei fazer bem é jogar futebol, se os meus assessores dizem Cris não há problema, eu acredito neles”, justificou-se CR7, como a imprensa desportiva gosta de o chamar. Mas havia. A questão está relacionada com a criação de uma sociedade off shore usada para “gerir” os direitos de imagem que Ronaldo recebe a nível mundial. O jogador disse em tribunal que o sistema foi criado e usado em Inglaterra, quando jogava no Manchester United e que nunca tinha tido qualquer problema.

Os problemas começaram quando Ronaldo se transferiu para o Real Madrid, no final de 2010. Ao abrigo da lei Beckam (o internacional inglês também teve de enfrentar a capacidade de marcação homem-a-homem da autoridade tributária espanhola), o jogador português optou por um regime fiscal em que apenas 24 por cento dos seus rendimentos seriam tributados em Espanha. Depois, de acordo com as autoridades espanholas, terá simulado a cedência dos direitos de imagem à Tollin (parece o nome de um jogador estónio) que as cedeu a outra sociedade irlandesa controlado pelo português. O objetivo: evitar o pagamento de 14.768,897 euros, contas do fisco espanhol. Em tribunal a conta subiu para 18,8 milhões mais dois anos de pena suspensa.

Ronaldo quis evitar publicidade indesejada e, segundo o El Mundo, terá pedido ao juiz do processo para entrar pela garagem, evitando o banho de multidão e de jornalistas que se vai juntar à entrada. O magistrado compreendeu as razões de segurança alegadas pelo astro português mas disse “no”. Nalgumas coisas somos todos iguais: todos pagamos impostos e todos morremos.

OUTRAS NOTÍCIAS

Notícia de última hora: a esquadra da PSP da Belavista, em Setúbal, foi atacada com cocktails Molotov. Não houve feridos, mas há danos numa viatura policial e noutra civil. Houve ataques semelhantes contra viaturas civis na Póvoa de Santo Adrião, tendo sido detido um suspeito. A situação deverá estar relacionada com a manifestação de ontem de moradores do bairro Jamaica que acabou com a intervenção da polícia.

Os quatro manifestantes detidos ontem pela PSP em Lisboa quando protestavam contra uma ação policial no bairro Jamaica que acabou com pedradas à polícia e bastonadas nos habitantes do bairro, vão ser hoje presentes a um juiz. São suspeitos de terem apedrejado agentes da autoridade e de terem danificado carros de civis e de policias. A polícia respondeu com balas de borracha. A indignação era justificada com a intervenção, horas antes, de alguns agentes da PSP do Seixal que, segundo os habitantes, terão usado de força excessiva quando se confrontaram com alguns civis depois de uma festa que durou até ao raiar do dia. Os polícias dizem que usaram a força necessária e que foram recebidos com pedras. Um vídeo amador mostra uma versão que parece dar razão aos moradores do bairro mas a PSP, que ordenou a abertura de um inquérito, diz que não foi tudo filmado. Não estará longe o dia em que a polícia vai ter de filmar cada intervenção que fizer, como acontece nos Estados Unidos, por exemplo. Para sua própria defesa.

Mas hoje também há desportistas notícia pelas razões certas: João Sousa qualificou-se para as meias-finais do Open da Austrália em ténis. Ao lado do argentino Leonardo Mayer, o tenista português venceu a dupla Venus – Klaasen – a sexta melhor do mundo - e está a um passo de chegar à final de um torneio do Grand Slam, um feito incrível para quem já está história por ter ganhado três títulos ATP e ter conseguido a melhor classificação de sempre de um português na tabela ATP.

Antes desta vitória, o espanhol Carreño Busta também conseguiu um lugar na história com a pior birra de sempre num court, superando o insuperável John McEnroe (se calhar não, devo estar a exagerar). Depois de perder com Nishikori (que afastou o português no torneio de singulares) o espanhol atirou com o saco das raquetas para o meio do campo enquanto insultava o árbitro aos gritos e em espanhol, agastado com uma decisão desfavorável. Depois chorou lágrimas de arrependimento.

No ténis a sério, Stefano Tsitipas venceu Bautista Agut e está nas meias-finais do torneio. Há 12 anos que um tenista tão novo não chegava a esta fase de um torneio. E já eliminou Roger "Deus" Federer.

As autoridades espanholas esperam acabar hoje a escavação do túnel que permitirá chegar ao fundo do poço onde Julen, um bebé de dois meses, caiu há nove dias. Os bombeiros escavaram um túnel paralelo ao poço com sessenta metros e apesar de ser difícil estar otimista numa situação destas, resta esperar que o melhor aconteça. Um milagre.

Theresa May apresentou no parlamento britânico o plano B para o brexit que é mais ou menos igual ao plano A. Só por milagre será aprovado, mas a primeira-ministra vai iniciar agora negociações com o próprio partido para conseguir a aprovação. Por agora, o limbo continua.

A ASFIC, a associação sindical da PJ, anuncia hoje uma greve dos inspetores. Depois de juízes, procuradores, funcionários judiciais e guardas prisionais era este o grupo profissional do sector da Justiça que faltava entrar em greve. Vida difícil para Francisca Van Dunem que ainda esta semana em entrevista ao Expresso explicava que há reivindicações “que não fazem sentido, não são aceitáveis”. Estava a falar de aumentos salariais, que são quase sempre o objetivo último das lutas sindicais.

Enfermeiros e, precisamente, funcionários judiciais fazem hoje greve. Tal como os bombeiros sapadores que protestam contra o aumento da idade de reforma e a diminuição do ordenado.

Vão ser hoje conhecidas as nomeações para óscares de 2018. Dos filmes que vi, aposto em Blackkkansman, do regressado Spike Lee, para o melhor filme e em Rami Malek, que compôs Freddy Mercury irrepreensível para melhor ator. A acreditar nos relatos me chegaram (ainda não vi o filme) Lady Gaga deve ganhar o Óscar de melhor atriz. A um mês da cerimónia não há ainda apresentador depois de o comediante Kevin Hart se ter afastado devido às críticas por comentários homofóbicos.

Notícias do mundo skynet: um robô para as indústrias automóvel e aeroespacial é testado hoje no Porto. É a última demonstração de um projeto europeu que contou com um orçamento de 4,3 milhões de euros para desenvolver soluções robóticas. O robô chama-se ColRobot, e vai fazer uma demonstração num veículo da Renault. Não consigo imaginar melhor início para um filme de ficção científica apocalíptica. Mas é só uma realidade que se aproxima cada vez mais: o homem substítuido pelo robô.

Na Venezuela o apocalipse é só com humanos: um grupo de militares apelou a uma sublevação mas foi detido antes que a revolução se espalhasse. Houve confrontos entre a polícia e manifestantes que apoiavam os revoltosos.

FC Porto e Benfica disputam hoje, em Braga, a primeira meia-final da Taça da Liga, a competição mais recente do futebol português que começou por ser menos prezada mas que se tivermos em conta os jogadores convocados e o facto de as quatro melhores equipas disputarem as meias finais, significa que já é levada a sério. Amanhã Sporting e Sporting de Braga jogam a outra meia final.

WhatsApp vai reduzir de vinte para cinco o número de reenvios do conteúdo de grupos de mensagens. Ou seja, cada pessoa poderá enviar no máximo uma mensagem a 1280 destinatários, enquanto dantes podia enviar a 5120 pessoas. O objetivo é controlar a disseminação de notícias falsas, as fake news. Este curto não tem nenhuma e sinta-se convidado a partilhá-lo com quem quiser.

Manchetes

No JN, o destaque vai para Rui Pinto o "Hacker dos e-mails suspeito de espiar governantes". O português está detido em Budapeste e está a ser investigado por uma tentativa de extorsão à Doyen. é também suspeito deter tido acesso aos e-mails do Benfica. No CM, o pai do suspeito diz que o filho "vive do football leaks, não éum criminoso". O diário faz manchete com "Créditos ruinosos dão prémio a banqueiros". a notícia é sobre a CGD e já tinha sido avançada ontem pelo Expresso Diário. O Público continua a seguir a história da possível nacionalização dos CTT e diz que o "Estado teria de pedir autorização a Bruxelas para entrar nos CTT". O DNconta "as três versões" da ação policial no Bairro Jamaica. O Observador faz manchete com o ataque à esquadra da Belavista da PSP.

O Negócios também pegou na história da CGD e explica "como se abriu um enorme buraco na Caixa". O Jornal Económico diz que João Pereira Coutinho "vende SIVA sem receber um Euro". O ECO conta que a "CGD perdeu 1.200 milhões em créditos de risco".
Os desportivos fazem manchete com o Benfica Porto de logo.

FRASES

"Estou a acompanhar mas não me pronuncio"
Marcelo Rebelo de Sousa sobre a nacionalização dos CTT, a quebra do sigilo bancário para contas com mais de 50 mil euros e o aumento da taxa de mortalidade infantil.

"A nossa obrigação é implementar o resultado do referendo"
Theresa May, sobre o plano B para o brexit

"Isto começa a parecer-se com o Groundhog day"
Jeremy Corbyn, líder da oposição britânica

"O trabalho duro compensa"
João Sousa, depois de chegar às meias finais do Open da Australia em pares

"O aumento está dentro da média. Não é alto nem é baixo"
Graça Freitas, diretora geral de Saúde sobre o aumento da taxa de mortalidade infantil.

"É preciso apurar as causas"
Miguel guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos, sobre o mesmo tema.

O que ando a ver

Margot Robbie

Lembrava-me mal desta atriz australiana que fez de mulher do Leonardo Dicaprio em o “Lobo de Wall Street”, de Martin Scorcese e foi a Arlequin de “Suicide Squad”, um filme mauzinho do universo Batman. Agora, numa semana, vi-a a no cinema como rainha Isabel de Inglaterra, a Némesis de “Maria, rainha dos escoceses”; e na televisão em “Eu, Tonya”, uma biografia da patinadora artística Tonya Harding, banida da modalidade por se ter envolvido num ataque à rival Nancy Kerrigan. “Mary, queen of the scots”, no original, é um 6 em 10, com algumas liberdades históricas (as duas rivais nunca se encontraram ao contrário do que o filme mostra, é duvidoso que no século XVII houvesse embaixadores da coroa britânica negros ou que um homossexual pudesse ser o secretário particular da rainha) e que se salva pelo desempenho das duas principais atrizes: a já descrita Robbie e a ainda mais jovem Saoirse Ronan, que já tinha visto em Lady Bird. As duas são um festival de representação e parece impossível que ainda não tenham ganhado um Óscar, mas a Academia insiste em desiludir-me desde 1977 quando “Rocky” levou ao tapete “Taxi Driver”. “I, Tonya” é outro campeonato, um 9 em 10. A história é tão delirante e os protagonistas tão imbecis que parece saída da cabeça dos irmãos Coen mas na realidade aconteceu mesmo. O registo é documental e como as versões dos envolvidos são tão diferentes o realizador opta por mostrá-las, sem concluir ou sugerir quem é que está a dizer a verdade. Robbie é excelente mas seria superada na corrida aos óscares por Allison Janney, a atriz que faz o papel da odiosa mãe. E pensar que neste ano o Óscar do melhor filme foi para aquela fita com o homem peixe.

O que ando a ler

“Sempre mais alto, ainda para além da morte”

Cristina Margato

Grande história da edição desta semana da E, a revista do Expresso. A reportagem da Cristina Margato conta o amor entre Maria Lamas, uma das grandes figuras do jornalismo e do feminismo em Portugal e Ferreira de Castro, o escritor de “A Selva”. Os dois viveram um amor impossível e deixaram ordens expressas para que as cartas que trocaram fossem publicadas trinta anos depois da morte do último. A correspondência foi depositada na biblioteca nacional mas desapareceu misteriosamente, contrariando mais uma vez a vontade dos amantes, amordaçando um amor imortal.

Por hoje é tudo. Se puder, viva o amor e acompanhe a atualidade no site do Expresso, no Expresso Diário, na Vida Extra e na Tribuna.

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