sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

Angola | Norberto Garcia é réu e general “Nunda” absolvido


O julgamento do caso “mega burla à Tailandesa” começou ontem, na Câmara Criminal do Tribunal Supremo, que no despacho de pronúncia decidiu manter a prisão domiciliar aplicada ao ex-director da Unidade Técnica para o Investimento Privado (UTIP), Norberto Garcia, um dos dez réus no processo.

O Tribunal “despronunciou” Geraldo Sachipengo “Nunda”, ex-chefe do Estado -Maior General das Forças Armadas Angolanas (FAA), por inexistência de elementos indiciários.

No despacho de pronúncia, o Tribunal concluiu que os autos não trazem elementos indiciários suficientes que permitissem que Geraldo Sachipengo “Nunda” fosse pronunciado nos crimes pelos quais foi acusado pelo Ministério Público.

O Tribunal referiu não estarem claros os supostos indícios e não constituem factos jurídicos penalmente relevantes “o facto de ter sido fotografado junto dos tailandeses”. Tratando de questões da cooperativa que por inerência do cargo que à época exercia nas Forças Armadas, era admissível que num dia normal de trabalho e no rigor castrense tenha participado uniformizado no referido encontro, sem qualquer intenção criminosa, argumenta o colectivo de juízes. 

A realização do encontro nas instalações das FAA era, por excelência à época, acrescenta, o seu local habitual de trabalho e que por isso  “não se vislumbram nos autos indícios bastantes que o ligam à suposta afectação de um motorista para apoiar a deslocação dos tailandeses, além de que tais actividades não têm dignidade penal para serem catalogadas como infracções penais”. 

Em face disso, o general Nunda não foi pronunciado por quaisquer infracções, e em relação ao mesmo, o tribunal ordenou que os autos fossem arquivados.

Já Norberto Garcia, Celeste Marcelino de Brito e Cristian Albano de Lemos e José Arsénio Manuel foram pronunciados nos crimes de associação criminosa, cúmplices no tipo de crime de burla por defraudação sob a forma frustrada, crime de tráfico de influência, um crime de promoção e auxílio à imigração ilegal e falsificação de documentos, em relação à ré Celeste de Brito. 

Em relação à situação carcerária de Norberto Garcia, o Ministério Público (MP) pediu que fosse mantido sob prisão domiciliária e termo de identidade e residência. Para o MP é, neste momento, a medida de coacção pessoal que melhor se adequa. 
 
Raveroj Ritchoteanan, considerado líder do grupo dos tailandeses, foi acusado dos crimes de associação criminosa, fabrico e falsificação de títulos de crédito, um crime continuado de falsificação de documentos e uso de documento falso e um crime de defraudação pela forma frustrada.

Manin Wanitchanon e Theera Buapeng foram pronunciados nos crimes de associação criminosa, fabrico e falsificação de documentos e crime de burla por defraudação pela forma frustrada. Andre Roy e Million Isaac Haile foram pronunciados nos crimes de associação criminosa, cúmplices no crime de burla e defraudação pela forma frustrada e um crime de exercício ilegal de funções públicas ou profissão titulada, em relação ao réu Million Isaac Haile.

Celeste de Brito nega participação nos crimes

Carlos Salumbungu, advogado  de defesa de Celeste de Brito e do grupo de tailandeses, negou as acusações que pesam sobre a sua constituinte. O advogado explicou que  a sua constituinte foi motivada pela capacidade de investimento estrangeiro apresentada pela Centennial Energy à Unidade Técnica  para o Investimento  Privado (UTIP).

“Tudo o que a minha cliente fazia era seguido pelos técnicos da  Unidade  Técnica  para o Investimento Privado (UTIP)”, argumentou. 

Carlos Salumbungu  frisou que Celeste de Brito não pode ser responsabilizada pelo crime de facilitação à imigração ilegal, porque não foi ela que pediu a prorrogação do visto  de permanência do grupo e  nunca teve conhecimento do plano criminoso seu. O seu afastamento e a denúncia que fez se deveram às irregularidades que constatou, tendo alertado a Unidade Técnica para o Investimento Privado. 

O advogado argumentou não existirem nos autos provas que indicam falsificação da assinatura do actual Vice-Presidente da República pela sua constituinte. O advogado pediu a revisão da situação carcerária da mesma, visto que é mãe de dois filhos menores que padecem de autismo.

 Evaristo  Maneco, advogado  de Norberto Garcia, contestou a acusação, afirmando que o seu cliente  actuou como servidor público e não pode ser acusado  de associação criminosa. Na fase  do suposto investimento, conheceu o grupo na veste de um servidor público  e não sabia das reais intenções dos tailandeses.

O advogado salientou ainda que o seu constituinte não pode ser responsabilizado porque nunca teve conhecimento do plano criminoso da referida organização e do cheque falso.
 
Sérgio Raimundo, advogado de José Arsénio Manuel, disse que o seu constituinte não cometeu os crimes de que é acusado  e considerou o  processo como uma prova da inocência do seu cliente, pedindo a absolvição do mesmo. 

Quanto ao crime de associação criminosa frisou que não foi o réu  que convidou  os  supostos investidores para virem investir em Angola, visto que  José Arsénio Manuel  acreditou na capacidade financeira do grupo de tailandeses,  porque a cooperativa que  dirige, a “Njango Yetu”, recebeu um convite  da UTIP sobre “Investimento Privado”. Foi neste evento em que o réu conheceu o grupo tailandês.

O que José Arsénio Manuel fez, acrescentou, foi em  representação da cooperativa “Njan-go Yetu”,  seguindo as instrução da UTIP e a Lei  de Investimento Privado, no sentido de procurar estabelecer parcerias para a construção de casas sociais para os antigos combatentes. 

O advogado considerou o crime “impossível”, porque os cofres do Estado estão vazios. “Não se pode burlar um carro a quem só tem uma bicicleta”, sublinhou. Sérgio Raimundo, também advogado do réu André Roy Loy, considerou o empresário um especialista em construção de edifícios, tendo referido que o seu cliente foi convidado a participar no projecto,  devido ao seu vasto conhecimento e participação  em vários projectos no Canadá, Ghana e Camarões. O réu não faz parte do grupo de investidores  tailandeses.

Defesa e MP

O julgamento de ontem, na Câmara Criminal do Tribunal Supremo, em Luanda, foi presidido pelo juiz Domingos Mesquita, que teve como adjuntos os juízes Daniel Modesto e Aurélio Simba. O Ministério Público (MP) é representado por Adão Pedro e dois outros magistrados.

A defesa dos réus José Arsénio Manuel e André Roy, representada pelo advogado Sérgio Raimundo, apresentou uma questão prévia que se prende com a incompetência territorial e funcional do MP.
O causídico argumentou que o magistrado do MP que conduziu a instrução preparatória não pode ser o mesmo que promove a acusação. 

O representante do MP refutou o argumento de Sérgio Raimundo, afirmando que os artigos mobilizados pelo advogado reportam-se a regras da competência do Tribunal e que o Ministério Público não está sujeito ao princípio da imparcialidade aplicado ao magistrado judicial, segundo o qual o juiz de instrução não deve ser o mesmo do julgamento.

BNI: cheque bilionário é falso

O Ministério Público apresentou ontem um documento no qual o Banco de Negócios Internacional (BNI) dá como falso o cheque de 50 mil milhões de dólares da alegada empresa tailandesa Centennial Energy. 

O BNI contactou a congénere das Filipinas através de mensagem swift, solicitando informações do referido título de crédito e o perfil do beneficiário. Em resposta, o Banco Central das Filipinas, que terá supostamente emitido o cheque, respondeu pela mesma via e de forma expressa que não se trata de uma prática da instituição emitir qualquer tipo de crédito em nome de pessoas singulares ou a favor de grupos empresariais. Por isso, o banco filipino não reconhece tal transacção e a empresa em questão não tem conta em dólares em banco. Refere que o cheque não foi emitido pelo banco, estando o seu objecto restringido à tramitação com instituições financeiras sob sua supervisão. 

No documento, lido no final da audiência de discussão e julgamento e datado de 15 de Janeiro de 2019, o BNI esclarece que a alegada sociedade Centennial Energy Comapany Lda, através dos seus representan-tes, contactou o banco a 6 de Dezembro de 2017, no sentido de procederem a abertura de uma conta bancária. A referida conta foi aberta naquela data, tendo sido condicionada a  movimentação da mesma a débito até à apresentação do legalmente exigido. 

Na mesma data, recebeu da parte da empresa para efeitos de autenticação e certificação por via do sistema de compensação internacional "swift" um cheque no valor de 50 mil milhões de dólares do Banco Central das Filipinas, com data de emissão de Dezembro de 2017 à favor da Centennial Energy.

O BNI, perante tais factos e no cumprimento dos procedimentos e dos deveres plasmados na Lei de Combate ao Branqueamento de Capitais, encetou diligências no sentido de apurar a legalidade da operação. No dia 15 de Dezembro de 2017 encerrou a conta bancária da sociedade e formalizou a participação à Unidade de Informação Financeira (UIF) para efeitos de investigação.

Breve historial dos factos

Segundo a acusação, a 27 de Novembro de 2017, o grupo constituído pelo tailandês Raveroj Ritchoteanan, criador de uma alegada fundação com objectivos humanitários de erradicar a pobreza, promover a educação de qualidade e dar abrigo aos necessitados, bem como da Centennial Energy, convidou os seus compatriotas a viajarem para Lu-anda para fazerem investimentos no país. 

Os mesmos entraram no território nacional com visto de fronteira e contaram com a colaboração da angolana Celeste de Brito, que estudou na Tailândia. Manteve contacto com Raveroj, que terá mandado cópia de um cheque de cinco mil milhões de dólares para fazer prova da capacidade financeira da Fundação e a carta de confirmação datada de Outubro de 2017. Com estes documentos, a arguida Celeste de Brito terá alegadamente marcado audiência com o então director da UTIP, Norberto Garcia, a quem apresentou uma carta supostamente assinada pelo então ministro da Administração do Território, a dar nota de que o investimento era bem vindo. 

Estes documentos viriam a servir de convite para a vinda do grupo, constando a informação de que havia condições no país para absorver a quantia subscrita para o investimento. Os documentos foram partilhados por email entre os membros do grupo, sendo nesta altura em que Raveroj e os compatriotas forjaram o cheque de 50 mil milhões de dólares como sendo emitido pelo Banco Central das Filipinas, datado de 24 de Novembro de 2017. 

Foi nesta fase que Norberto Garcia solicita o visto do grupo tailandês através da empresa de Celeste de Brito. Postos em Luanda, ficaram hospedados no Hotel Alvalade, onde as contas de cerca de 15 mil dólares foram pagas pelo empresário canadense Andre Roy. Mais tarde transferiram-se para outros hotéis e as contas, desta vez, ficaram a cargo de Arsénio Manuel, da cooperativa “Njango Yetu”. 

A acusação refere que investidores sérios não falsificariam a assinatura do Vice-Presidente da República e não se hospedariam em hotéis sem fundos próprios e sem capacidade para custear necessidades básicas. O MP considerou como sendo também duvidoso que estando num país estrangeiro detenham um outro cheque de 90 mil milhões de dólares.

João Dias e Kílssia Ferreira | Jornal de Angola

Imagem: Abertura no Tribunal Supremo do julgamento do “caso dos 50 mil milhões de dólares” | Fotografia: Dombele Bernardo | Edições Novembro

HRW: Repressão política continua na Guiné Equatorial


Repressão política e violação de direitos humanos mantiveram-se na Guiné Equatorial, em 2018, sem sinais de melhorias de vida das populações, denuncia a Human Rights Watch.

"Corrupção, pobreza e repressão de direitos civis e políticos continuaram a minar os direitos humanos na Guiné Equatorial. Vastas receitas do petróleo serviram para financiar o exuberante estilo de vida da elite política, tendo sido feitos poucos progressos na melhoria do acesso da população a cuidados de saúde primários e educação", conclui o relatório anual da Human Rights Watch, apresentado esta quinta-feira (17.01).

Segundo a HRW, há "alegações credíveis" de que persistem a má gestão de fundos públicos, a corrupção ao mais alto nível e as violações de direitos humanos, incluindo a repressão das atividades de grupos da sociedade civil e de opositores políticos, tortura e julgamentos sumários.

O relatório aponta a detenção, em finais de 2017, de 147 membros do partido que detinha o único lugar de oposição no Parlamento, tendo 28 deles sido condenados a 30 anos de prisão.

O partido foi dissolvido por um tribunal, consolidando o poder do Partido Democrático, do Presidente Teodoro Obiang, num Parlamento com 170 lugares.

Os advogados alegaram que os detidos, entretanto perdoados pelo Presidente Obiang em outubro de 2018, foram vítimas de abusos físicos e tortura, tendo um deles morrido na cadeia.

"A maioria da comunidade internacional continua relutante em criticar o Governo por causa destes acontecimentos", considera a HRW.

Entre o luxo e as limitações à liberdade de expressão

O relatório destaca também a apreensão, em setembro, de relógios no valor de 15 milhões de dólares e 1,5 milhões de dólares em dinheiro ao filho mais velho do Presidente Teodoro Obiang e vice-Presidente do país Teodoro Nguema Obiang Mangue, conhecido como "Teodorin", acusado de tentar introduzir ilegalmente estes valores no Brasil. 

Esta é a mais recente de um conjunto de acusações de corrupção, lavagem de capitais e fraude de que é alvo o filho do Presidente equato-guineense em países como a França ou os Estados Unidos.

A HRW assinala ainda que os poucos meios de comunicação social privados são controlados por pessoas próximas do Presidente Obiang e que a liberdade de expressão, manifestação e reunião se mantêm limitadas.

Denunciando perseguições e intimidação a ativistas sociais, a HRW destaca o caso de um cartoonista político conhecido pelos seus desenhos sobre o Presidente, que foi detido e multado, em 2017, por suspeitas de falsificação.

O caso viria posteriormente a ser arquivado por um juiz depois de a principal testemunha de acusação ter admitido que prestou falsas declarações por ordem das autoridades.

Ponto positivo

O relatório indica como ponto positivo a ratificação pela Guiné Equatorial da convenção das Nações Unidas contra a corrupção, uma exigência do Fundo Monetário Internacional (FMI) para a aprovação de um empréstimo.

Por outro lado, aponta que o Governo realizou apenas um encontro com a sociedade civil no âmbito do seu compromisso de adesão à Iniciativa para a Transparência nas Indústrias Extrativas, um pacto anticorrupção que requer aos governos e às empresas de recursos naturais que forneçam informação relacionada com a gestão do petróleo, gás e minas.

A Guiné Equatorial, que tem uma população estimada de um milhão de pessoas, é um dos cinco principais países produtores de petróleo na África subsaariana, ocupa 141.º lugar em 189 países no Índice de Desenvolvimento Humano e regista o maior fosso entre o rendimento "per capita" e o desenvolvimento.

Apesar deste registo, o país ocupou, em janeiro de 2018, para um mandato de dois anos, um dos lugares rotativos no Conselho de Segurança das Nações Unidas, com uma campanha centrada no desenvolvimento sustentável.

A Guiné Equatorial, antiga colónia espanhola, aderiu à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) em 2014 mediante um roteiro de adesão, que incluía os compromissos de promover e difundir a língua portuguesa e a abolição definitiva da pena de morte.

As autoridades de Malabo impuseram uma moratória sobre a pena máxima em 2014, aquando da adesão, e garantem que desde então não houve mais execuções, mas a Justiça da Guiné Equatorial continua a ter prevista a pena de morte no seu quadro legal.

Agência Lusa | em Deutsche Welle

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A secretária-executiva da CPLP defende que os Estados-membros devem apoiar a integração da Guiné Equatorial no seio da comunidade lusófona. Entretanto, Maria do Carmo Silveira diz que a organização não dispõe de mecanismos para obrigar qualquer Estado a cumprir decisões.

Partido populista de direita na mira da inteligência alemã


Departamento de Proteção à Constituição da Alemanha avalia se AfD ameaça a democracia do país. Esta é primeira vez que um partido representado no Bundestag é monitorado.

O partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD) está na mira do Departamento de Proteção à Constituição da Alemanha (BfV), o serviço de inteligência interno do país. O órgão federal classificou nesta terça-feira (15/01) o partido como um "caso a ser investigado", um estágio preliminar para um possível monitoramento oficial.

De acordo com a imprensa alemã, o presidente do BfV, Thomas Haldenwang, apresentou nesta terça-feira um estudo que serviu de base para classificar a AfD como um "caso a ser investigado". Segundo ele, existem "os primeiros indícios reais" de uma política direcionada contra a ordem fundamental liberal-democrática (conjunto de princípios que fundamentam a democracia alemã) e a Lei Fundamental (Constituição). Nesta fase, instrumentos de inteligência como agentes infiltrados ainda não podem ser usados.

O BfV ainda declarou como "casos suspeitos" (um estágio além de "caso a ser investigado") a ala nacionalista Der Flügel da AfD, organizada em torno do líder partidário do estado da Turíngia, Björn Höcke, e a organização juvenil "Junge Alternative (JA)" (Jovem Alternativa).

Esta é a primeira vez que um partido representado no Bundestag é monitorado pelo BfV.

Em "casos suspeitos", já é permitida a coleta de dados pessoais e, em casos excepcionais, o uso de recursos de inteligência. Segundo o BfV, tanto em relação à Der Flügel quanto à JA há indícios de aspirações extremistas contrárias aos princípios democráticos.

A JA é acusada de não respeitar o princípio constitucional da dignidade humana ao menosprezar outras etnias. Já a Der Flügel coloca em risco o princípio da democracia e do Estado de Direito e relativiza o nazismo, disse Haldenwang.

O órgão afirmou, no entanto, que a AfD é um "partido grande, com uma diversidade em suas declarações políticas". Por isso ainda não foi possível verificar adequadamente se os indícios encontrados são característicos dos objetivos e da orientação de todo o partido. E é exatamente isso que o BfV pretende esclarecer com a análise mais aprofundada.

O Departamento de Proteção à Constituição da Alemanha declara como "caso a ser investigado" organizações que não são claramente extremistas, mas nas quais há indícios de atividades que violam a Constituição. O órgão tem como principal função monitorar grupos que possam oferecer um risco à democracia e ao Estado de Direito na Alemanha.

Em setembro, o órgão responsável pela proteção constitucional na Turíngia havia classificado a ala estadual local da AfD como um "caso a ser investigado". As razões para a decisão incluíam a participação de Höcke numa marcha convocada após o suposto assassinato de um homem por requerentes de refúgio em Chemnitz, no leste do país.

A ala da Turíngia da AfD anunciou em meados de dezembro uma ação judicial contra um possível monitoramento oficial pelo Departamento de Proteção à Constituição da Alemanha. O partido e o grupo parlamentar entraram com uma ação no Tribunal Constitucional de Weimar contra o presidente do braço estadual do BfV na Turíngia, Stephan Kramer, e o ministro do Interior desse estado alemão, Georg Maier.

No início de novembro, a Jovem Alternativa dissolveu sua associação estadual na Baixa Saxônia depois de ter sido considerada inconstitucional pelas autoridades. Em Bremen e Baden-Württemberg, a organização juvenil é monitorada pelos departamentos estaduais de proteção constitucional.

PV/lusa/afp/dpa | em Deutsche Welle

UE-Grécia | Os chamados "Dias de estudo" do GUE/NGL | Análises lacrimosas da "extrema-direita"


A verdade quanto ao papel da tal "esquerda dominante"

Elissaios Vagenas [*]

Recentemente tiveram lugar em Nicósia [Chipre] os chamados "Dias de estudo", organizados pelo grupo euro-parlamentar de "esquerda" denominado European United Left/ Nordic Green Left (GUE/NGL). Como é bem sabido, o KKE retirou-se deste grupo em 2014 uma vez que é – em sua essência – o "braço" parlamentar da estrutura oportunista do chamado "Partido da Esquerda Europeia" (PEE). O KKE na Europa coordena sua acção com 30 Partidos Comunistas e Operários que participam na "Iniciativa Comunista Europeia".

Voltando àquele evento, os "Dias de estudo" do GUE/NGL, vale a pena dar uma olhadela à declaração do vice-presidente do Parlamento Europeu e chefe da delegação do SYRIZA, Dimitris Papadimoulis, o qual apresentou o tema "A extrema-direita na UE. A resposta da esquerda".

É certamente audacioso da parte do GUE/NGL organizar uma discussão "sobre a luta contra a extrema-direita" e designar para apresentar este tópico o representante do SYRIZA o qual já há quatro anos co-governa a Grécia com o partido de extrema-direita Gregos Independentes (ANEL).

As causa do fenómeno e o silêncio culpado da "esquerda dominante" 

Na sua intervenção, o representante do SYRIZA considerou que a causa da ascensão da extrema-direita se encontra no "neoliberalismo que aumentou as desigualdades" na nossa sociedade.

Para dizer a verdade, é interessante ler estas linhas do representante de um partido que durante os seus quatro anos de governação implementou todas as duras medidas anti-populares que os governos anteriores de "direita" e social-democrata conseguiram descarregar sobre as costas do povo, sobrecarregando-o com novas medidas adicionais com o objectivo de aumentar os lucros das grandes empresas. Esta política anti-popular que foi implementada pelo governo "de esquerda" do SYRIZA também levou 46,3% da população a viver abaixo da linha de pobreza.

Realmente, como podem as "lágrimas" do SYRIZA quanto à ascensão da extrema-direita e do fascismo corresponderem com excursões conjuntas dos seus membros do parlamento com aquelas da "Aurora Dourada" nazi a Kastellorizo? [1] Como é que o seu governo convida representantes da Aurora Dourada para uma série de festas e eventos celebratórios? Como é que este governo "de esquerda" não tomou o passos necessários a fim de concluir o julgamento das dúzias de líderes do Aurora Dourada que tem tramitado durante os últimos cinco anos, em que aqueles em julgamento foram acusados de assassínio e outros crimes graves?

Talvez o vice-presidente do Parlamento Europeu não saiba que o parlamento que ele representa tomou uma série de decisões que "levam água ao moinho" da revisão da História e da justificação dos nazis juntamente com aqueles que com eles colaboraram.

Não sabe ele que a própria UE, a qual as forças do SYRIZA sempre apoiaram e que o GUE/NGL embeleza, cultivando a confusão com o mito acerca da "correcção" desta organização imperialista, elevou o anti-comunismo ao nível de uma ideologia oficial, estimulando assim a extrema-direita e forças fascistas?

Não sabe ele que com o apoio da UE numa série de países os partidos comunistas são proibidos, ou enfrentam enormes obstáculos que bloqueiam sua acção política?

Esqueceu-se ele que uma das primeiras viagens do presidente do SYRIZA, A. Tsipras, como primeiro-ministro, foi a sua visita à Ucrânia e a sua reunião como presidente P. Poroshenko que pouco antes subira ao poder através de um golpe contra a liderança do país, apoiado pelas forças fascistas.

Naturalmente ele sabe tudo isto! Assim como sabe muito bem que todo ano o GUE-NGL participa na "celebração" dos "Prémios Sakharov" anti-comunistas que foram instituídos pelo Euro Parlamento.

Portanto, a hipocrisia da forças da chamada "esquerda governante" é grande, pretendendo eles não saberem nada acerca do crime no qual eles próprios participam, administrando o capitalismo, implementando políticas anti-povo.

Anti-comunismo e anti-sovietismo, combinados com revisão da História e justificação dos nazis, juntamente com o refutar de esperanças que foram semeadas pelos governos sociais-democratas (velho e novo), são factores que "preparam o terreno" para o desenvolvimento de forças nacionalistas de extrema-direita e fascistas.

Os serviços providenciados pelo SYRIZA ao capital e ao euro-atlantismo reforçam o nacionalismo.

Além disso, o objectivo do governo SYRIZA-ANEL de servir os interesses do grande capital e suas alianças internacionais com os EUA, NATO e a UE foi o que levou ao chamado "Acordo Prespes" [2] . O objectivo é claro: Promover a integração do FYROM e dos Balcãs Ocidentais como um todo dentro da NATO e de associações imperialistas como a UE a fim de "esmagar" os interesses competitivos de outras potências imperialistas que procuram fortalecer suas posições nos Balcãs.

O "Acordo Prespes" que o governo SYRIZA assinou para apoiar planos Euro-atlantistas, preservando as sementes do irredentismo, fortalece o nacionalismo em ambos os lados das fronteiras. Ele prova mais uma vez que o cosmopolitismo burguês, no qual o SYRIZA é mestre, adequa-se perfeitamente às forças que cultivam o nacionalismo.

Quem constitui um dissuasor? 

Acerca disto, naturalmente, o sr. Papadimoulis não disse nem uma palavra em Chipre. Ao contrário, ele defendeu que o "antídoto" para o fortalecimento da extrema-direita é uma "esquerda unida" que possa organizar "grandes alianças progressistas".

Estas "grandes alianças progressistas" são nada mais do que o sonho de combinar novas e velhas forças sociais-democratas, as quais, como enfatizámos, têm enorme responsabilidade no fortalecimento da extrema-direita e do fascismo. Naturalmente estas forças, que estão integradas dentro sistema capitalista, que apoiam as associações imperialistas da UE e da NATO, os planos dos EUA, não podem de qualquer maneira contribuir para confrontar a extrema-direita e o fascismo. Elas enganam os trabalhadores disfarçadas sob o manto do "anti-fascismo" e das "frentes progressistas e anti-fascistas".

Brecht escreveu que "o fascismo só pode ser combatido como o capitalismo na sua forma mais crua e opressiva" e é irrefutavelmente verdadeiro que o fascismo nasce do capitalismo.

Pode ele ser combatido e derrotado? 

Só [com] as forças que têm claro que a questão não é o método de gestão do sistema, como afirma a nova social-democracia do SYRIZA e seus aliados, mas o próprio sistema capitalista.

Os partidos comunistas e operários que criaram uma frente contra o capital, as forças imperialistas como as dos EUA, bem como as associações imperialistas da NATO e da UE, e não aquelas da nova social-democracia que participa activamente nos seus desígnios.

Só os comunistas que mantêm uma frente contra o capitalismo, os monopólios, as uniões imperialistas, que travam uma batalha para a formação da Aliança Social da classe trabalhadora com os outros estratos populares e que enviarão para o caixote do lixo da História o ventre de onde nasce o fascismo, o sistema capitalista. 

NT
[1] Kastellorizo: Ilha turística grega.
[2] Acordo entre a Grécia e a antiga República Juguslava da Macedónia (FYROM), assinado por Tsipras.

[*] Membro do CC e responsável pela Secção de Relações Internacionais do KKE 

O original encontra-se no jornal Rizospastis, de 12-13/Janeiro/2019,
e a versão em inglês em inter.kke.gr/,,,

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/

Portugal | PSD, a novela segue dentro de… Boas festas aos animais que não mordam


O Curto não foge à regra. A regra é a “crise” no PSD, que ontem no Porto, ficou adiada até que os passistas, com Montenrgro, ganhem novo fôlego e voltem à carga. A direita mais à direita, que descaracteriza o PSD, pertence a Passos Coelho e seus ‘muchachos’. Eles andam por aí. Independentemente dos estragos que causem estão obstinados em regressar ao poder e às políticas do antigamente. A novela segue dentro de semanas, meses ou… Estamos avisados e esclarecidos.

Cristina Peres serve hoje o Curto em Expresso a escaldar. O frio sentido agradece tal combate. Deixamos correr o marfim e as prosas com espinhos e rosas. Jornalistas isentos lá pelos lados das formações já não vimos que sejam paridos… Ou talvez alguns. O problema é que a baralhação é mais que muita e quase já nem se sabe quem é quem e o que é quem. É a democracia, dizem. A democracia? Pois. Fruto de tantas vezes mau jornalismo para garantir as sopas nas mesas e todos os outros encargos carotes. Ao que isto chegou.

Saia daqui direitinho para o que se segue no Curto. Curto e fino, é o que é. Com alguma qualidade, apesar de tudo. O costume. Se está com pressa pode ler tudo na diagonal. Quase que vai ficar a saber o mesmo. E assim sempre poupa os olhos, para ver as misérias e desgraças que tantas vezes nos surgem na paisagem social, política e etc. e tal. Pois.

Bom dia. Boas festas aos animais que se nos cheguem perto e carentes. Que não mordam. Pois. (MM | PG)

Bom dia este é o seu Expresso Curto

Não se pode mudar o princípio. Mas pode partir-se do ponto onde se está e mudar o fim*

Cristina Peres | Expresso

Foi o Conselho Nacional mais dramático da história recente do PSD*, ocasião que registou momentos insólitos e momentos inéditos, escreve o Expresso concluindo uma noite de reportagem em direto. “Agora é preciso paz” e que “o ruído acabe no PSD”, dizia Rui Rio citado pelo Público depois de ter visto votada a moção de confiança a seu favor por 75 votos contra 50, o equivalente a 60% dos conselheiros nacionais. Voto secreto/voto de braço no ar, depois de Rui Rio ter aceitado o voto secreto, Paulo Mota Pinto, presidente da mesa, decidiu pôr à votação dos conselheiros se a moção de confiança devia ser votada por voto secreto, o que levou membros do Conselho de Jurisdição a abandonar o recinto em protesto contra o presidente da Mesa.

À saída do Conselho, Rui Rio descia as escadas do Palace Hotel, no Porto, um líder reforçado. “PS pode perder, temos de construir a possibilidade de o PSD ganhar” foi o que, segundo o JN, RR disse já perto das 4h da madrugada, acrescentando que o partido tem de remar agora todo na mesma direção. Luís Montenegro falará hoje aos órgãos de comunicação social ao meio-dia quando a resposta ao repto poderá ser conhecida, conclui o diário do norte.

Passadas as dez horas que durou este Conselho, que captou a atenção do media, eis as manchetes do dia: “Impostos representam quase metade do valor de uma casa”, Público; “Os clubes têm sede de controlar a AR, os tribunais, a comunicação social”, diz Rui Santos em entrevista ao i; “Estado falha nos apoios aos cuidados continuados”, JN; “Governo vai medir risco de corrupção em novas leis”, Negócios; “João Pereira Coutinho vende SIVA sem receber um euro”, Jornal Económico; “Tabelas do IRS dão folga nos salários”, CM.

OUTRAS NOTÍCIAS

A propósito do tema que não sai da abertura dos jornais ingleses nem dos outros, um tweet inspirador do primeiro-vice-presidente da Comissão Europeia, Frans Timmermans: “You can’t go back and change the beginning. But you can start where you are and change the ending.” (Não se pode mudar o princípio. Mas pode partir-se do ponto onde se está e mudar o fim) C.S. Lewis* a propósito do Brexit. Hoje, The Guardian escreve que o líder trabalhista, Jeremy Corbyn, enfrenta a revolta das suas fileiras e arrisca-se a perder boa parte dos seus pares caso apoie “o voto do povo”, ou seja, a realização de um segundo referendo para sair da crise.

Quatro meses passados sobre as legislativas, a Suécia está em vias de conseguir ter um primeiro-ministro. Bloqueados pelo partido de extrema-direita, Democratas Suecos, que obteve 18% dos votos, nem a esquerda nem a direita conseguiu até agora formar governo. Espera-se que o Parlamento aprove hoje novo mandato para Stefan Löfven, o social-democrata que tem liderado o país desde 2014.

Crescem os protestos populares na República do Sudão que começaram em Cartum e chegaram agora a Kassala, perto da fronteira com a Eritreia. As forças de segurança prenderam dezenas de manifestantes e dispararam gás lacrimogéneo para dispersar as centenas de pessoas naquela cidade a leste onde foi declarado o estado de emergência desde o início do ano. Tudo começou em meados de dezembro com uma revolta contra o aumento do preço do pão e transformou-se num grito nacional pelo fim do regime repressivo de Omar al-Bashir.

Contados os 21 mortos do ataque de terça-feira ao DusitD2 do complexo de Riverdale, Nairobi, Quénia, eis o balanço dos acontecimentos pelo jornal queniano The Standard. E a história de um homem que escapou ao ataque às Torres Gémeas em 2001 para morrer em Nairobi, noutro ataque terrorista, pouco antes de completar 41 anos.

Kim Yong Cool, o negociador chefe para o nuclear da Coreia do Norte, encontra-se hoje com o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, em Washington. Supõe-se que vão discutir as condições para a realização de uma segunda cimeira EUA-Coreia do Norte. O vice-presidente Mike Pence admitiu esta semana que ainda se esperam “passos concretos” de Pyongyang. Nove minutos depois de a CNN ter ontem à noite em direto uma funcionária da Casa Branca que garantia o interesse do Presidente Trump numa segunda cimeira com a Coreia do Norte, a agência Reuters lançava a notícia: o POTUS revelou uma estratégia reforçada de defesa de mísseis que chamava à Coreia do Norte uma contínua “ameaça extraordinária”. Passavam sete meses sobre a declaração presidencial segundo a qual se garantia que “a ameaça de Pyongyang tinha sido eliminada”…

No mesmo espírito, o cartoon de Kal que sai todas as edições na página 7 da revista “The Economist” mostra esta semana uma lotaria com a “escolha diária da política para a Síria”. A roda é manipulada por Donald Trump e as opções são: “Vamos”, “Não vamos, não”, “Entregar o país ao Putin”, “Bombardear alguma coisa”, “Quem são estes curdos?”, “Perguntar à Fox News”… A realidade mostra que a brincadeira é séria depois de quatro americanos, entre 19 mortos, terem sido os alvos de um ataque suicida em Manbij, no nordeste da Síria. A Aljazeera faz manchete com a necessidade de haver uma melhor cooperação entre a Turquia e os Estados Unidos. O site da TV do Qatar escreve que as forças americanas precisam de um esquema anti terrorismo “transformada”. Um eufemismo para o insucesso da estratégia norte-americana no terreno. Um conselheiro do PR turco adianta que os EUA não são parceria de fiar: “Políticas inconsistentes dos EUA e cacofonia em Washington são culpadas pelos problemas entre os aliados da NATO”.

Scott Morrison, o primeiro-ministro australiano, está de périplo pelas ilhas nesta primeira semana de trabalho de 2019. Ilhas do Pacífico. Voou ontem de Vanuatu para as Fiji em três dias dedicados a aumentar a influência do país na vizinhança, já que, em dez anos, a China passou de praticamente zero a 1.3 mil milhões de investimento, tornando-se o maior investidor bilateral na região. Desde novembro que Camberra está atenta, altura em que lançou um banco regional de infraestruturas, uma força de treino de defesa permanente e cinco novas embaixadas nas ilhas. Casa roubada, trancas à porta…

Milhares de pessoas tentam todos os anos entrar no Iémen, um país em guerra e com pobreza persistente, em busca de oportunidades de trabalho. Em 2018, chegaram ali mais “migrantes irregulares” do que os que atravessaram o Mediterrâneo em direção à Europa, conta a Margarida Mota.

Canábis recreativa não passará. O Bloco insiste que o seu projeto deve ser votado hoje no Parlamento, mas as contas são fáceis de fazer e há muita gente a votar contra. O Público explica. Do lado contra, o argumento da irresponsabilidade. Do lado a favor, o da hipocrisia, explica a Mariana Lima Cunha.

O Governo afasta presidentes de 15 hospitais, uma decisãototalmente inesperada.

Os trabalhadores andam estafados e as empresas perdemcom isso mais de €300 milhões ao ano.

Grandes expectativas para a Netflix, o “grande” que se segue a revelar o nível de lucros em 2018, que está a assustar os maiores competidores do setor. Chamam-lhe o titã do streaming e isto diz quase tudo. Aqui ficam as previsões dos analistas. Aqui fica o número de novos subscritores nos últimos meses de 2018: nove milhões. Se a Netflix fosse um país seria o nono mais populoso do mundo!, compara a CNN.

O príncipe Filipe não ficou ferido no acidente de automóvel em que esteve envolvido ontem perto de Sandringham quando conduzia um Range Rover. Ileso, mas abalado, o duque de Edimburgo foi acudido pelas testemunhas do acidente no local e o Palácio de Buckingham não confirmou se Philip conduzia sozinho. Aos 97 anos.

FRASES

“Lamento verdadeiramente a minha lealdade cega a um homem que não a merece”, Michael Cohen, ex-advogado pessoal de Donald Trump referindo-o e confessando ter pago a uma firma para manipular os resultados das sondagens em linha, segundo “ordens e para exclusivo benefício de” Trump

“Não é que esteja a rebentar uma crise financeira como a de 2007/2008 ou que o mundo esteja novamente à beira de uma nova Grande Depressão como a que se viveu há dez anos. O que há, isso sim, são sinais de abrandamento da economia que, com alguma probabilidade, podem ser o prenúncio de uma recessão.”, João Silvestre, em “Utilidade Marginal”, Expresso Diário

“Cada vez há menos comboios e menos correios, sobretudo no interior. Vão construir um enorme segundo aeroporto para Lisboa. Que mensagem é que Portugal está a querer transmitir aos portugueses que lá vivem?”, Miguel Esteves Cardoso, em “Ainda Ontem”, Público

“A poesia da minha mãe mete medo às pessoas”, Maria Andresen de Sousa Tavares, filha primogénita de Sophia de Mello Breyer Andresen que está a organizar as comemorações do centenário do nascimento da poeta (6 de novembro 2019)

O QUE ANDO A VER, A USAR E VOU LER

“We are the European family, protect the European Union” é uma da série de frases que o fotógrafo alemão Wolfgang Tillmans tem usado na que será a sua maior campanha pró-UE. Isto a seguir à que criou imediatamente antes da votação do Brexit no Reino Unido, em 2016, e na qual apelava ao Remain. O resultado desse voto foi o contrário do que Tillmans desejava e ele mantém o seu trabalho ligado à realidade política nesta nova série: “Protect the European Union”. Comprei o saco na Hamburger Bahnhof-Museum für Gegenwart, o Museu de Arte Contemporânea de Berlim, mas pode encontrá-lo à venda em muitos sítios na Alemanha. Dá literalmente para “transportar” a mensagem.

Também lá comprei o último livro do filósofo norte-americano Daniel C. Dennett, “From Bacteria to Bach and Back - The Evolution of Minds” (Penguin 2018). Ainda só tive tempo de ler a introdução e sei que vai ser irresistível. É o homem da consciência e deixo-lhe aqui esta TEDTalk de 2003. Depois não diga que não avisei.

E por hoje é tudo, é boa ideia manter-se informado porque o mundo logo à tarde já mudou. Não se esqueça que amanhã há Expresso em papel, um acontecimento semanal. O resto está em linha em expresso.pt, Expresso Diário, a tribuna.pt, a vidaextra.ptblitz.pt... Passe um ótimo fim de semana, respire fundo e beba água fresca.

PCP acusa TVI de "gratuita provocação" e considera que canal promove o fascismo


Canal de televisão emitiu reportagem na qual é avançado que empresa do genro de Jerónimo de Sousa foi contratada pela câmara de Loures por ajuste direto, chegando a receber dezenas de milhares de euros por mês.

O Partido Comunista Português (PCP) acusa a TVI de ter promovido uma "gratuita provocação" ao partido e ao seu secretário-geral, Jerónimo de Sousa, através de uma reportagem emitida na noite desta quinta-feira, na abertura do Jornal das 8 . Entende o partido que o trabalho jornalístico é uma "abjecta peça de anticomunismo sustentada na mentira, na calúnia e na difamação".

Na peça, é revelado que a Câmara Municipal de Loures, uma autarquia com liderança comunista, celebrou vários contratos - por ajuste direto - com uma empresa unipessoal que pertence ao genro do secretário-geral do PCP. No trabalho da TVI, é explicado que os valores destes contratos foram subindo a cada nova assinatura, chegando a empresa em questão a receber um pagamento de mais de 22 mil euros pelo trabalho de dois meses, uma média de 11 mil euros por mês, conforme se pode ler no contrato mais recente.

No comunicado publicado no seu site , o PCP defende que a estação de televisão transforma, "sem escrúpulos", "um contrato publicamente escrutinável a uma empresa unipessoal" na "escolha de uma pessoa". O trabalho desta empresa consiste na manutenção de equipamentos municipais como paragens de autocarros e troca de cartazes publicitários. Num dos meses em que recebeu 11 mil euros, a mesma empresa limitou-se, segundo a TVI, a mudar oito lâmpadas e dois casquilhos.

Perante esta situação, os comunistas consideram que "a peça da TVI e os interesses que a comandam revelam até que ponto pode chegar a mercenarização do papel jornalístico e o atrevimento inqualificável de uma estação televisiva", aproveitando para criticar a "conhecida promoção da extrema-direita e da reabilitação de Salazar e do regime fascista" que acusam a estação de televisão de levar a cabo.


Jerónimo de Sousa, confrontado com a situação durante a reportagem, afirma que "não se usa a família como arma de arremesso seja contra quem for", negando qualquer aproveitamento por parte do genro. Essa é uma ideia reforçada no comunicado do partido, onde se lê que "o nível rasteiro do ponto de vista deontológico, que a generalidade dos jornalistas rejeitará, é de tal monta que, em si mesmo, não mereceria resposta nem notas de esclarecimento. Mas porque uma mentira não desmentida pode ser tida como verdade, cumpre dar nota pública de que os serviços referenciados na reportagem decorrem de um contrato publicamente escrutinável a uma empresa unipessoal (que a TVI transforma, sem escrúpulos e falsamente, em escolha de uma pessoa), a exemplo do que, para a mesma actividade, foi feito para outra empresa e de milhares de contratos idênticos a que as autarquias, incluindo a de Loures, recorrem para prestação de serviços com objectivos diversos."

Também o presidente da Câmara Municipal de Loures, Bernardino Soares, garante que os preços pagos à empresa "são os do mercado", reforçando que a ideia de que o município está a pagar a uma pessoa e não a uma empresa é falsa. Ainda segundo a mesma reportagem da TVI, o pagamento é feito a uma só pessoa e da fatura consta um número de contribuinte particular.

No fecho do comunicado, o partido reforça que "a insidiosa invocação da relação entre uma empresa e as relações familiares do Secretário-Geral do PCP só pode ser vista como uma gratuita provocação", reforçando que "aqueles que, como a TVI, pensam que com o silenciamento, a difamação e a perseguição podem calar o PCP estão profundamente enganados."

Por último, o partido promove uma comparação entre o presente e o passado, garantindo que não se deixa intimidar "hoje, como não se deixou intimidar no passado, incluindo com as mais torpes e soezes difamações e perseguições movidas pelo regime fascista que a TVI agora branqueia."

Gonçalo Teles | TSF | Fotos: 1 - Logo TVI com fotomontagem; 2 - Jerónimo de Sousa, por Filipe Amorim/Global Imagens

Football Leaks | Hacker ou denunciante? Rui Pinto "expôs corrupção bem entrincheirada"


A eurodeputada Ana Gomes questiona se o hacker responsável pela divulgação de informação confidencial do Benfica é um pirata informático ou um denunciante.

A eurodeputada Ana Gomes, eleita pelo PS, comentou a detenção do hacker português Rui Pinto, responsável pela divulgação dos e-mails internos do Benfica.

Nas redes sociais, a eurodeputada socialista sublinhou que o pirata informático "expôs corrupção bem entrincheirada".

Antes da afirmação, Ana Gomes deixou uma questão sobre o assunto: "Pirata ou "Whistleblower?", numa referência à denúncia de informação relevante.

O hacker Rui Pinto foi detido na quarta-feira na Hungria, na sequência de uma Mandado de Detenção Europeu.

Em comunicado, a Polícia Judiciária revelou que em causa estão factos suscetíveis de integrarem crimes de extorsão qualificada na forma tentada, acesso ilegítimo, ofensa a pessoa coletiva e violação de segredo".

Guilherme de Sousa | TSF

Na foto: Rui Pinto

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Portugal | As televisões e os jornais andam num afã a contratarem mais opinadores de direita

Jorge Rocha | opinião

Se Ricardo Costa, Sérgio Figueiredo ou Manuel de Carvalho, respetivamente responsáveis pela falta de qualidade da SIC, da TVI ou do Público, andam a despedir comentadores e a contratar outros, não têm apenas a rentabilidade como objetivo: os seus patrões - donos dos meios de (des)informação em causa - já compreenderam que o desgaste do governo e dos demais partidos da maioria parlamentar não será conseguido apenas com o concurso da Cofina ou do Observador. Apesar da má imprensa e do concurso de muitas greves motivadas por mesquinhos interesses corporativistas, António Costa e os partidos, com que pretenderá prosseguir coligado depois de outubro, vão, de acordo com as sondagens, mantendo uma média de 20 pontos acima da soma dos que se lhes opõem à direita.

Razão para quererem tornar constante um discurso direitista fiando-se nos pressupostos de Goebbels a propósito dos «méritos» das mentiras mil vezes repetidas. Como a que Marques Mendes emitiu sobre a redução da despesa no Serviço Nacional de Saúde, destinada a ser retomada pela Cavaca da Ordem dos grevistas cirúrgicos e seus concertados altifalantes, mas que é rigorosamente falsa, como o demonstrou o comunicado dos Ministérios das Finanças e da Saúde, que enalteceu o ter-se ultrapassado pela primeira vez os 10 mil milhões deeuros no setor em 2018, ou seja mais de mil milhões acima do que se gastava em 2015. No entanto as televisões e os jornais darão sempre maior relevo às mentiras do anão da SIC do que ao esclarecimento fundamentado do governo.

Ao contratarem gente da estirpe de António Barreto ou Paula Teixeira Pinto para se juntarem ao casal Moniz e a outros figurões e figuronas dignos de autêntica galeria de horrores, o que os manipuladores da realidade pretendem é multiplicar essa disseminação de mentiras de forma a ocultarem o mais possível os números indesmentíveis do Instituto Nacional de Estatística e outras instituições mais ou menos independentes. Mas convirá, igualmente, estar atento ao que delas provirá, porque até mesmo o Banco Mundial veio agora desculpar-se por ter falsificado os indicadores chilenos, agravando-os quando estava Michelle Michelet na presidência e empolando-os quando era o seu rival de direita, Piñera.

Às vezes lamento a excessiva passividade com que as esquerdas reagem a tudo isto não arregaçando as mangas para contrariar ativamente o presente estado das coisas na comunicação social. O escândalo já é tão evidente, que deixá-lo tal qual está é um convite para ver piorado o que já é suficientemente mau...


Nota PG: Também nas rádios se constata o pendor favorecido de presenças e “peças” da direita portuguesa, dos conservadores e dos mais radicais, em detrimento de presenças de esquerda.

Portugal | Passos Coelho pode voltar, diz Miguel Descredibilizado Relvas na TSF


Miguel Relvas diz que Passos pode voltar "se as novas gerações falharem"

Miguel Relvas não exclui que Passos Coelho possa voltar a candidatar-se à liderança do PSD mas só se as novas gerações falharem. O ex-dirigente olha para Luís Montenegro como um ativo importante da nova geração, considera que "foi corajoso" mas preparou-se mal.

Numa manhã de nevoeiro ou noutro dia qualquer. Poderá Passos Coelho voltar a um lugar onde já foi feliz? "Não está inibido" , responde Miguel Relvas. E se há alguém que conhece o ex-primeiro ministro é o homem que o ajudou a chegar à liderança do partido e que o acompanhou no governo. Nem Passos Coelho, "nem Paulo Portas", explica o ex-secretário geral do PSD, que num olhar retrospetivo, faz uma avaliação "muito positiva do que fizeram pelo país."

Mas em que circunstâncias pode Passos voltar ao PSD? Relvas acredita que esse cenário só se coloca "se as novas gerações não estiverem à altura das suas responsabilidades e se não forem capazes de se assumirem", afirmou no programa da TSF, "Às Onze no Café de São Bento."

Um cenário pouco provável, acrescenta Miguel Relvas, já que "o centro-direita e a direita têm dois ativos que, a qualquer momento, podem ajudar (o partido) a recuperar: Miguel Pinto Luz e Luís Montenegro."

Para já, foi Luís Montenegro que marcou uma posição ao desafiar Rui Rio. E "fez bem", considera Miguel Relvas, que elogia o "ato corajoso" do ex-líder da bancada do PSD, ainda que lhe aponte um crítica: "devia ter-se preparado melhor."

Ainda assim, Relvas considera que a experiência pode ser útil a Montenegro no futuro. "Gostaria que as novas gerações tivessem a sua oportunidade." É a lei da vida, sublinha Relvas: "os que saem só voltam se os que lhes sucedem, falharem."

Para os mais velhos - em idade e na política - haverá sempre outros lugares, considera Miguel Relvas: "Passos Coelho pode vir a ser um candidato a Presidente da República, nos próximos anos, ou Marques Mendes", conclui.

Sandra Xavier | Sandra Xavier | TSF

Rio entrou contestado no Conselho Nacional do PSD e saiu reforçado


Deixem-me trabalhar. Rio ganha o primeiro round a Montenegro e promete mudanças

O líder social-democrata venceu a moção de confiança por 25 votos e começou a falar dos atos eleitorais que se avizinham: "já é claro que o PS pode perder as próximas eleições, o que ainda não é claro é que o PSD as possa ganhar."

Rui Rio pediu e o Conselho Nacional decidiu. Estada dada a confiança política de que o líder precisava para se manter como líder. Foram precisas mais de 10 horas de debate para Rio ​​​​​​​ver aprovada uma moção de confiança com 75 votos a favor, 50 contra e um voto nulo. Uma vitória que se traduz numa percentagem de 59,5%.

Depois de duas semanas de grande agitação para o PSD, o líder quer agora um pouco de "paz" para "construir uma alternativa ao Governo do PS." Já com as eleições em mira de vista, Rui Rio saiu do Conselho Nacional com o foco apontado ao PS. O presidente do PSD já acredita que os socialistas podem perder as eleições mas continua com dúvidas sobre a capacidade dos sociais-democratas de as vencerem: "Costumo dizer isto e acho que é claro: quem está no poder tem de primeiro perder para os outros poderem ganhar. Neste momento, já é claro que o PS pode perder as próximas eleições, o que ainda não é claro é que o PSD as possa ganhar. É isso que temos de fazer, é essa a tarefa que temos pela frente. Metade está feita, o PS pode perder, disso não há dúvidas. Agora, temos de construir a possibilidade de as ganhar."

À saída da reunião, e questionado sobre a legitimidade para continuar à frente do partido, Rio foi perentório: "legitimidade para liderar o partido tive sempre, porque ganhei as diretas. Naturalmente, face a todo este tumulto que houve muito recentemente, este é um resultado importante porque é um pouco superior ao que foram as diretas", que venceu com 54,37% dos votos, há um ano.

Agora que "arrumou" Luís Montenegro a um canto (pelo menos para já), Rui Rio começa a ensaiar o discurso de uma nova estratégia do PSD, para as eleições que se avizinham: "A estratégia tem etapas e o que se faz a dois anos de umas eleições é uma coisa, o que se faz a um ano é outra e o que se faz em cima de eleições é ainda uma outra coisa diferente. Vamos ter eleições para o Parlamento Europeu já em maio, naturalmente que a forma de fazer oposição e de a conduzir é um pouco diferente em cima de eleições. Tudo isto tem uma lógica. Não pode ser a política do bota-abaixo permanentemente, nem as pessoas aceitam isso, não é o meu estilo."

A Luís Montenegro e a todos os críticos, Rio pede apenas que o deixem "fazer o trabalho com alguma tranquilidade" e que "não haja permanente ruído como tem havido." O presidente do PSD lembra - e espera - que "este Conselho Nacional e esta moção de confiança, para esse efeito, sejam clarificadores."

Significa isso que a liderança de Rui Rio sai reforçada? "Não é só evidente, é também la palisse." Num conselho nacional que foi tudo menos pacífico, o homem que entrou líder, saiu Presidente e..."agora com licença, que já não é cedo."

Gonçalo Teles | TSF | Foto: Pedro Granadeiro/Global Imagens

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