domingo, 20 de janeiro de 2019

O “grande jogo” das bases em África


Manlio Dinucci*

Criada em 2007, como resultado de um estudo israelita, o AfriCom (Comando dos Estados Unidos para África) nunca conseguiu instalar o seu quartel general no continente. A partir da Alemanha, esta estrutura leva - com a assistência da França na região do Sahel – operações anti-terroristas. Em troca, as multinacionais americanas e francesas detêm um acesso privilegiado às matérias primas africanas.

Os soldados italianos, em missão no Djibuti, doaram algumas máquinas de costura à organização humanitária que ajuda os refugiados neste pequeno país do Corno de África, situado em posição estratégica e localizado na rota comercial fundamental da Ásia-Europa, até à embocadura do Mar Vermelho, em frente ao Iémen. Aqui a Itália tem a sua própria base militar que, desde 2012, “fornece apoio logístico às operações militares italianas que se desenvolvem na região do Corno de África, no Golfo de Aden, na bacia da Somália e no Oceano Índico". Portanto, no Djibuti, os militares italianos não se ocupam, apenas, de máquinas de costura.

No exercício Barracuda 2018, realizado aqui, em Novembro passado, os atiradores escolhidos das Forças Especiais (cujo comando está em Pisa) treinaram em condições ambientais diversas, mesmo de noite, com armas de precisão altamente sofisticadas, capazes focar o objectivo a 1 ou 2 km de distância. Não se sabe em que operações militares as Forças Especiais irão participar, visto que as suas missões são secretas; no entanto, é certo que elas ocorrem principalmente num âmbito multinacional, sob comando USA. Em Djibouti, existe Camp Lemonnier, a maior base USA na qual opera, desde 2001, a Task Force Conjunta - Corno de África, composta por 4.000 especialistas em missões altamente secretas, incluindo assassinatos por meio de comandos ou drones assassinos, em particular, no Iémen e na Somália. Enquanto os aviões e os helicópteros para as operações especiais partem de Camp Lemonnier, os drones têm estado concentrados no aeroporto Chabelley, a uma dezena de quilómetros da capital. Aqui estão a erguer-se outros hangares, cuja construção foi confiada pelo Pentágono a uma empresa de Catania, já contratada para outros trabalhos em Sigonella, a base principal dos drones USA/NATO para as operações em África e no Médio Oriente.

No Djibuti há também uma base japonesa e uma francesa, que abrigam tropas alemãs e espanholas. A estas foi adicionada, em 2017, uma base militar chinesa, a única fora do seu território nacional. Apesar de ter um objectivo logístico fundamental, como pousada para as tripulações dos navios militares que escoltam os navios mercantes e como depósito de suprimentos, ela representa um sinal significativo da crescente presença chinesa, em África. Presença essencialmente económica, à qual os Estados Unidos e outras potências ocidentais se opõem, contrapondo com uma presença militar crescente. Daí a intensificação das operações conduzidas pelo Comando África, que tem, em Itália, dois comandos subordinados importantes: o U.S. Naval Forces Europe-Africa, no quartel de Ederle, em Vicenza; as Forças Navais Europa-África (Forças Navais USA para a Europa e a África), cujo quartel general fica na base de Capodichino, em Nápoles, formada pelos navios de guerra da Sexta Frota, baseados em Gaeta.

No mesmo quadro estratégico, existe outra base norte-americana de drones armados, que está a ser construída em Agadez, no Níger, que o Pentágono já usa para drones - a base aérea 101, em Niamey. Presta assistência às operações militares que os USA têm realizado há anos, juntamente com a França, na África do Sahel, especialmente no Mali, no Níger e no Chade. A estes dois últimos, chega amanhã o Presidente do Conselho, G. Conte. Estão entre os países mais pobres do mundo, mas riquíssimos em matérias-primas - coltan, urânio, ouro, petróleo e muitas outras - explorados pelas multinacionais americanas e francesas que, cada vez mais, temem a concorrência das empresas chinesas, que oferecem condições muito mais favoráveis aos países africanos.

A tentativa de impedir o avanço económico chinês, através de intervenções militares em África e noutros lugares, está a fracassar. Provavelmente, até as máquinas de costura doadas em Djibuti, pelos militares italianos aos refugiados, são "made in China".

Manlio Dinucci | Voltaire.net.org | Tradução Maria Luísa de Vasconcellos |  Fonte Il Manifesto (Itália)


Na foto: Em Junho de 2018, Nancy Lindborg, Directora do Instituto da Paz dos EUA (USIP), visitou o quartel general da AfriCom em Estugarda. O USIP é o equivalente do NED para o Departamento de Defesa. Desenvolve acções “humanitárias” como a NED promove a “democracia”. Não se trata, obviamente, de uma fundação filantrópica do Pentágono, mas de um utensílio dos Serviços Secretos.

Os satélites estão a mudar de sol


Intensificação das contradições interimperialistas

Ángeles Maestro [*]

O objetivo estratégico que presidiu a todos os planos do imperialismo, desde a vitória da Revolução de Outubro até ao afundamento da URSS, em 1991, foi a derrota do comunismo. A finalidade comum de destruir o primeiro Estado proletário tornou possível a luta conjunta contra ele de todas as potências capitalistas que se confrontaram nas duas guerras mundiais. Perante este objetivo superior, as contradições interimperialistas apareciam secundarizadas e a hegemonia de Washington assegurada.

No cenário internacional irromperam recentemente factos aparentemente surpreendentes. Quando, no passado mês de novembro, se celebrava em Paris o centenário do armistício da I Guerra Mundial, Trump, com o objetivo de atacar a França e a Alemanha e de recordar o papel hegemónico dos EUA na Europa, disse que " quando os americanos desembarcaram na Normandia, em 1944, os franceses estavam a aprender a falar alemão ". Mais do que um desejo tão pouco sedutor de conseguir que os países europeus aumentassem a sua participação económica e militar na NATO, essa afirmação deve interpretar-se como mais um exagero na escalada dos confrontos entre os EUA e a UE, que, nessa altura, culminaram com a decisão de esta última criar um exército europeu independente.

São só desafinações de Trump, ou existem, desde há algum tempo, mudanças importantes nas relações interimperialistas?

Há bastante tempo que a Red Roja concentra as suas análises da atual fase do capitalismo precisamente nas contradições interimperialistas entre a UE – e sobretudo da potência hegemónica, a Alemanha – e os Estados Unidos. Esse interesse corresponde à necessidade de conhecer o melhor possível os confrontos que se dão entre as cúpulas do poder, agudizadas em épocas como as atuais de crise geral do capitalismo. Na luta pela conquista do poder político, o fator decisivo que define a correlação de forças é a debilidade do inimigo.

O objetivo estratégico que presidiu a todos os planos do imperialismo, desde a vitória da Revolução de Outubro até ao afundamento da URSS, em 1991, foi a derrota do comunismo. A finalidade comum de destruir o primeiro Estado proletário tornou possível a luta conjunta contra ele de todas as potências capitalistas que se confrontaram nas duas guerras mundiais. Perante este ojetivo superior, as contradições interimperialistas apareciam secundarizadas e a hegemonia de Washington assegurada.

Depois da II Guerra Mundial, o interesse de Washington, como grande potência vencedora e herdeira do imperialismo britânico, concentrava-se em controlar a Europa. Os seus instrumentos para construir uma Europa ocidental a reboque dos interesses do EUA e totalmente dependente dos seus interesses no plano militar foram o Plano Marshall e a NATO.

A meta histórica da Casa Branca, que agora abre brechas, era controlar o continente euroasiático, o " pivô do mundo". Para isso, havia que impedir o surgimento de uma potência europeia com vontade própria, com suficiente poder económico e militar para ser capaz de se opor aos EUA, que pudesse estabelecer relações com a URSS (ou, atualmente, com a Rússia) de forma soberana e contra os seus interesses. O procedimento foi desenhar de forma reiterada confrontos entre os países do Coração Continental, de forma que nenhum pudesse chegar a ser suficientemente forte para ser um obstáculo para a hegemonia anglo-saxónica.

A confrontação entre as duas grandes potências socialistas, a URSS e a China, o posterior desaparecimento da primeira e a instauração na segunda de parâmetros capitalistas, o estabelecimento de bases da NATO na maior parte dos países europeus (sendo as principais na Alemanha e no Kosovo depois da liquidação da República Federal da Jugoslávia), ou a integração na Aliança Atlântica de boa parte dos países do extinto Pacto de Varsóvia, pareciam assegurar um futuro luminoso aos planos norte-americanos.

E pur si muove [1]

A derrota do movimento comunista e a enorme crise geral que afeta o capitalismo, desde o início da década de 70 do século passado, e cujo penúltimo safanão se iniciou em 2007, está a ter consequências económicas, políticas e sociais que pressupõem mudanças qualitativas nessa ordem mundial estabelecida a partir de 1945.

A leitura desta crise realizada por organizações políticas e sindicais da socialdemocracia (PSOE-IU-PCE, Comissiones Obreras, UGT, e agora o Unidos Podemos) sempre dispostas a prestar ajuda ao capital, foi a contraposição do capitalismo europeu " social e humano " ao norteamericano, " selvagem e brutal ". Este discurso de " regresso ao Estado do bem-estar " prestou enormes favores à burguesia espanhola e à de fora. Agora, essas declarações de lavagem da face ao capitalismo correm por toda a parte e a sua superestrutura política vai abrindo brechas à medida que o descrédito do sistema e a correspondente radicalização de posições ocupam com força crescente o cenário internacional.

Luta pelos mercados e as matérias-primas. Sanções e desdolarização

A poderosa irrupção da indústria chinesa e a ocupação dos principais mercados em praticamente todos os setores conduziu à queda a pique da economia produtiva norte-americana. A resposta da Casa Branca foi a imposição de importantes obstáculos às importações chinesas e ao estabelecimento de novas sanções à Rússia. Ao assédio económico sucedeu-se o cerco militar: ampliação das bases militares dos EUA na Ásia e o acossar da NATO contra a Rússia ao longo de todas as suas fronteiras europeias.

Enquanto se desenhava a derrota dos EUA e da UE (sobretudo a França e a Grã-Bretanha) na Síria, às mãos do Eixo da Resistência (Hezbollah, Síria, Resistência Palestiniana e Irão), apoiado pela Rússia, abria-se caminho para um novo confronto económico interimperialista.

O acordo nuclear com o Irão e o levantamento de sanções em 2015 foi deliberadamente preparado pela Alemanha. Imediatamente depois de ser assinado, Berlim desenvolveu as suas relações comerciais com Teerão, abrindo caminho a outros países da UE. A Casa Branca ficava secundarizada na competição para converter o território do inimigo "xiita" em campo de negócios.

Washington, pressionado pelos seus sócios na região (Israel e Arábia Saudita), e já em franca retirada da Síria e do Iraque, no passado mês de novembro impôs novas sanções contra o Irão e a qualquer empresa ou país que negocie com ele. Uma mal dissimulada tentativa de impedir o aproveitamento comercial por parte dos concorrentes da UE do novo e poderoso mercado iraniano.

O resultado de todo este complexo processo não pode ser mais nefasto para os EUA. Desde a Turquia ao Estado espanhol – para referir os exemplos mais claros na história de Estados intervencionados pelos EUA – as declarações foram rotundas e insólitas. " Não aceitamos imposições do imperialismo dos EUA ", declarou Erdogan, " Isso de estar por mim ou contra mim pertence a outra época e Espanha não vai permitir esse tipo de conceções ", asseverou o lacaio Borrel, que reapareceu repentinamente.

Se os satélites se manifestam assim não é por lhes ter dado um ataque repentino de soberania e independência, mas porque estão a mudar de sol.

Merkel, em nome da UE dirigiu-se ao Irão, contundente: " Mantenham os vossos compromissos que nós manteremos os nossos ".

A ameaça das sanções tem tido como consequência que uma crescente lista de países se declarem insubmissos e decidam realizar as suas transações em moedas diferentes do dólar. As repercussões para a Europa, que começam apenas a manifestar-se, são graves e afetam toda a sua estrutura de dominação.

O imperialismo é uma relação de poder que pode ser exercida sempre que os países subordinados a aceitem. Tudo indica que o coquetel de sanções, juntamente com a desdolarização progressiva, ameaça tornar-se para o império ianque " não um tiro nos pés, mas mais acima ".

O germe do novo exército europeu

Esta escalada de tensão entre os EUA e a UE tende a crescer porque se baseia nos interesses económicos em confronto que, por sua vez, favorecem a aproximação desta última com a Rússia. Os últimos episódios aprofundam a confrontação: o apoio dos EUA ao Brexit, para debilitar a UE, ou a tentativa – condenada ao fracasso – de impedir que se materialize, através do Nord Stream [2] . a compra de gás natural russo pela UE.

Parece estar a terminar o longo período em que as contradições euro-norte-americanas se conciliavam debaixo do chapéu de chuva da NATO.

O estouro da URSS anulou a necessidade de " proteção perante a ameaça comunista " e a crise geral do capitalismo manifesta-se como uma luta feroz pelos mercados e as matérias-primas, com o objetivo de controlar a queda crescente da taxa de lucro.

E, efetivamente, o confronto económico interimperialista terá as suas consequências militares. Merkel declarou em maio que " A época em que podíamos confiar que os EUA nos protegessem acabou-se. A Europa deve tomar o seu destino nas próprias mãos ".

O projeto PESCO (Cooperação Estruturada Permanente em Segurança e Defesa) dotado de um orçamento inicial de 12 000 milhões de euros, inicia a criação de um exército estritamente europeu e uma base de produção de armamento e inovação tecnológica a partir exclusivamente de empresas europeias e explicitamente independente dos EUA.

Luta de classes e relações interimperialistas 

A decadência económica relativa dos EUA, que também pode ter consequências para a manutenção da sua descomunal estrutura militar, com cerca de 1000 bases militares no planeta, não supõe que a sua capacidade agressiva diminua. A relativa independência da UE em relação aos EUA e à NATO não se concretizou nem, em caso de concretizar-se, supõe que o imperialismo europeu seja " bom " ou " humano ".

São orientados exatamente pelos mesmos objetivos na luta de morte para concorrer nas melhores condições na selva do capitalismo, erguida sobre a exploração – sem mais limites do que a luta de classes – da classe operária e da natureza.

Por aqui não há nenhuma esperança. O dilema continua a ser: socialismo ou barbárie. A conquista do poder político pela classe operária, única possibilidade de destruir o monstro capitalista que aniquila a humanidade, exige conhecer as suas debilidades e, sobretudo, as suas divisões e as suas discordâncias. 

18/Janeiro/2019

Notas da autora 
[1] Estes aspetos foram analisados em Maestro, A. (2016) Las contradicciones entre el imperialismo estadounidense y el europeo. Controlar el "pivote mundial" [As contradições entre o imperialismo norte-americano e o europeu. Controlar o "pivô mundial].    www.redroja.net/... 

[2] O documento da Red Roja intitulado El mito de la vuelta al estado del Bienestar. Otro capitalismo es imposible [O mito do regresso do Estado do bem-estar. Outro capitalismo é impossível], escrito no início das convulsões da crise (2012), tinha o objetivo de desfazer a enésima tentativa de colocar a "reforma" da UE e o regresso ao "Estado do bem-estar" como objetivo das mobilizações populares contra a colocação do peso brutal das consequências da crise sobre as classes populares. Depois do 15 de março, pretendia-se impor estas palavras de ordem, a partir de uma chamada Cimeira Social, formada pelas Comissiones Obreras, a UGT, o PSOE, a IU e os seus satélites. Desta vez, não alcançaram o objetivo. As Marchas pela Dignidade surgiram um ano depois, colocando no centro do seu programa o Não Pagamento da Dívida e o questionamento do euro e da UE, entre outras coisas.    www.redroja.net/.. 

[3] A lista de países e empresas que realizam o seu comércio em moedas diferentes do dólar está em crescendo. Destacam-se a compra de armas à Rússia por países como a Índia, o Paquistão, o Qatar ou a Turquia, aliados incondicionais dos EUA durante décadas. 

[4] No passado dia 12 de dezembro, a Câmara dos Representantes dos EUA aprovou uma resolução contra a entrada em funcionamento do Nord Stream 2, com a qual ameaça a Rússia de novas sanções e apela à Europa que faça o mesmo. O Nord Stream 2 é um gasoduto de 1.200 km que une a Rússia e a Alemanha através do Mar Báltico; quer dizer, sem passar pela Ucrânia. Além da Gazprom russa, participam nele os grupos energéticos alemães Uniper e Wintershall, a austríaca OMV, a francesa Engie e o gigante anglo-holandês Shell.

Notas do editor 
[1] E pur si muove: E, no entanto, [a Terra] move-se – frase atribuída a Galileu, obrigado a renegar pela Inquisição a sua teoria heliocêntrica.
[2] Nord Stream: também conhecido como Gasoduto Russo-Alemão e Gasoduto do Mar Báltico, é um gasoduto submarino para o transporte de gás natural entre Vyborg, na Rússia, e Greifswald, na Alemanha.

[*] Médica, responsável pela Red Roja.

O original encontra-se em redroja.net/...
e a tradução em pelosocialismo.blogs.sapo.pt/os-satelites-estao-a-mudar-de-sol-57459


Este artigo encontra-se em http://resistir.info/

Portugal | Capacidades destruídas e novos problemas


Manuel Carvalho da Silva* | Jornal de Notícias | opinião

Na passada quarta-feira, intervindo como convidado num almoço da Associação 25 de Abril, o primeiro-ministro, António Costa, afirmou como "importante precaução" para o futuro a necessidade de se "continuar" a garantir "equilíbrio" entre as respostas aos problemas com que os portugueses se deparam, a redução da dívida e dos seus encargos e o assegurar de "contas certas".

Este objetivo político pressupõe que durante a atual legislatura esse equilíbrio foi garantido, questão a merecer uma atenta análise para se observar se foram justos, e os mais favoráveis para o país, os termos em que foi assegurado. Por outro lado, é hoje evidente que o cenário económico que se perspetiva no plano internacional pode colocar o país perante problemas novos, nomeadamente: redução do crescimento (no quadro da guerra comercial de Trump) em alguns dos principais mercados das exportações portuguesas, impactos negativos vindos do Brexit e o aumento das taxas de juro. No plano nacional tornaram-se prementes grandes investimentos nas áreas da saúde, da habitação, das mobilidades, do ensino e da justiça, bem como na recuperação geral das capacidades do Estado. Nestas áreas já não chegam pequenos acertos como o Governo fez (e bem) nesta legislatura. Vai ser preciso optar entre garantir direitos fundamentais aos portugueses, ou sermos simpáticos para com as imposições europeias e agradarmos aos mercados.

António Costa disse que, na saúde, o Governo "repôs todos os cortes" que tinham sido feitos no setor, provavelmente a pensar só no número total de trabalhadores e contando que serão cumpridas as promessas de recrutamento entretanto anunciadas. Há que dizer que os obstáculos a vencer de forma alguma se esgotam aí. Nos últimos oito anos os problemas agravaram-se muito e surgiram novos: o setor público foi desestruturado e os privados ganharam posições, há degradação e falta de equipamentos porque não houve o investimento necessário, os profissionais da saúde foram maltratados e escorraçados, desfizeram-se e enfraqueceram-se equipas multidisciplinares imprescindíveis, a população envelheceu exigindo agora mais e novas valências nos serviços, e os avanços científicos e técnicos trouxeram a necessidade de outros investimentos que nos permitem viver mais tempo e com melhor saúde.

O setor da habitação oferece um outro exemplo eloquente de como a resolução dos desequilíbrios causados pelo abandono de vários domínios da política social não se consegue fazer com políticas de pequenos acertos. Sobre este tema crucial, o Observatório sobre Crises e Alternativas promove, no próximo dia 22, em Lisboa, na Fundação Calouste Gulbenkian, um oportuno debate 1 .

O hiato entre os rendimentos das pessoas e os preços de aquisição, ou de rendas das casas, é um obstáculo que se agudiza a cada dia que passa. Ele agrava os problemas da mobilidade nas áreas metropolitanas, expulsa os pobres que ainda restavam no centro das grandes cidades e as classes médias para as periferias, limita as aspirações dos jovens em vários planos. Tornaram-se insuportáveis, para milhares de famílias, os custos da habitação de um estudante nas principais cidades do país, quando é imperioso muitos mais jovens acederem ao Ensino Superior.

As políticas de incentivos e isenções fiscais para os proprietários, recentemente anunciadas para estimular o mercado de arrendamento, não resolvem o problema. A manutenção de todos os outros incentivos de atração do capital financeiro estrangeiro para o imobiliário através de programas como o Regime de Autorização de Residência para Atividade de Investimento (vistos dourados), só acentua a crise habitacional. Na habitação o Governo tem uma escolha crucial a fazer: promover um mercado imobiliário internacional especulativo ou optar por uma política de provisão de habitação para os habitantes das grandes cidades, ao mesmo tempo que trata de outros problemas do setor, associados ao reordenamento do território.

A recuperação de capacidades destruídas e a resposta a novos problemas entretanto surgidos exigem políticas de alcance estratégico - não chegam pequenos acertos.

1 https://ces.uc.pt/eventos/habi- tacao-em-portugal

*Investigador e professor universitário

Portugal | 'Negócios nas Câmaras: Urbanismo e Boys' marcam primeiro encontro do MI

Paulo Morais será apresentado por Joaquim Jorge
Depois da apresentação pública, a plataforma Matosinhos Independente (MI) volta a juntar-se para o debate e convida o antigo candidato à Presidência da República, Paulo Morais. No encontro, marcado para este sábado, será também dado o pontapé de saída rumo à candidatura à Câmara Municipal.

Apresentou-se com “antecedência” no final do ano passado como candidato às autárquicas de 2021 com o objetivo de acabar com o “continuísmo, uma ameaça perigosa” na cidade de Matosinhos e na política portuguesa. E para começar o novo ano a fazê-lo, caberão a Paulo Morais ‘as honras da casa’.

O antigo candidato à Presidência da República, e uma personalidade que se tem notabilizado pelo combate à corrupção, marcará presença numa conferência, moderada pelo fundador do MI, Joaquim Jorge, onde se debaterá o tema ‘Negócios nas Câmaras: Urbanismo e Boys’.

A partir das 17h deste sábado, no Sea Porto Hotel, em Matosinhos, vai falar-se sobre o mundo da política, onde “há quem tudo faça para se manter no poder, construindo grupos de interesse e de entreajuda, que se defendem e atacam, usando as amizades e uma rede clientelar nociva ao regime democrático”.

Numa segunda parte deste primeiro encontro do MI será apresentado publicamente, por Joaquim Jorge, o 1.º proponente da candidatura. Falamos de Maria Lídia Viterbo Silva Cruz, licenciada em Filologia Românica, professora de português do ensino secundário no Agrupamento de Escolas Abel Salazar, em S. Mamede Infesta. E será dado início a “um dos passos do processo de candidatura com a declaração das proposituras”.

O MI apresenta-se como uma “candidatura da sociedade civil” que quer “construir uma alternativa de poder independente ao PS”, que reclama “um bom uso dos impostos” e recusa “o status quo, a tirania do subsídio e o medo”.

Notícias ao Minuto

Sporting venceu por 2 - 1 |Moreirense trocou as voltas a Keizer, mas desfecho foi o desejado


Sporting podia ter conquistado uma vitória tranquila. Complicou as coisas, sofreu e houve jogo até final.

Foram duas partes completamente distintas. Numa, o Sporting foi para cima, quis marcar, quis controlar e quis mandar. Na outra limitou-se a gerir o tempo de jogo e a vantagem (mínima) construída na 1.ª parte. Ainda assim, os leões alcançaram uma vitória sobre o Moreirense, que pagou caro os golos sofridos logo nos primeiros 25 minutos de jogos.

Nani e Bruno Fernandes marcaram os golos que valeram os três pontos ao Sporting. Heriberto marcou para os forasteiros. Foi uma primeira parte agitada, que fazia antever uma segunda parte recheada de emoção. Mas ficámos pelas promessas…

No segundo tempo, o jogo das duas equipas foi um deserto de ideias, mas houve um ascendente maior por parte do Moreirense que, ainda que timidamente, tentou ir atrás do empate. No final do jogo, Marcel Keizer admitiu que para a gestão da equipa, teria sido melhor que depois do segundo golo, o Sporting conseguisse ter chegado ao terceiro. O Moreirense não permitiu e desgastou os leões num jogo em que, claramente, o treinador do Sporting já estaria a pensar na próxima quarta-feira, dia em que terá pela frente o Sp. Braga na final four da Taça da Liga.

Os primeiros 10
Na zona de entrevista rápidas, o holandês questionou o jornalista: “Acha que temos muitos jogos?”, sorrindo depois, numa clara alusão de que a sobrecarga de encontros é, para si, uma preocupação neste momento. Este é, talvez, o factor que melhor explica o ritmo baixo e lento a que o Sporting jogou na segunda parte frente ao Moreirense. Não podendo trocar, desde cedo, os jogadores pretendidos, a equipa verde e branca optou pela estratégia de gestão, contando que Alvalade continua a ser um talismã: 10 jogos em casa, 9 vitórias.

Ao 10º jogo em casa, o Sporting conquistou a 9ª vitória no campeonato. Os leões só perderam pontos esta época em casa frente ao FC Porto, na 17.ª jornada da Liga (0-0).

Notícias ao Minuto

Brexit | É possível que o Reino Unido desista de se separar e fique na União Europeia?


Por enquanto, o Reino Unido segue rumo à saída da União Europeia (UE) em 29 de março, mas o cenário está mais caótico do que nunca.

Na terça-feira (15), o Parlamento britânico votou contra o acordo de saída negociado entre o bloco e a primeira-ministra Theresa May, que nesta quarta sobreviveu a mais uma moção de desconfiança contra seu governo. O "voto de desconfiança" permite que os parlamentares decidam se querem que o governo continue.

May teve uma vitória de 325 votos a 306, mas com um placar tão apertado e a derrota de seu acordo por 432 votos a 202 (uma derrota governista recorde), a maneira pela qual se dará a saída do país da UE (conhecida como Brexit) ainda é uma incógnita.

Com tantas dúvidas e incertezas, os opositores do Brexit começam a ver alguma possibilidade de que a saída não se realize. É possível que após, tanta crise e discussão, o Reino Unido desista do Brexit e acabe ficando na União Europeia?
Novo referendo?

Se o governo superar a moção de desconfiança, ele tem uma série de caminhos que pode seguir.

Um deles é escolher por fazer um segundo referendo para saber se a população mudou de ideia sobre o Brexit.

A saída da UE foi escolhida pelo povo britânico em uma votação apertada em junho de 2016, com 51.9% dos votos a favor do Brexit.

Desde então, as consequências da saída foram ficando mais claras, e pesquisas apontam que a opinião dos eleitores pode ter mudado. Segundo uma pesquisa da YouGov feita no mês passado, 49% dos britânicos acham que a escolha pelo Brexit foi um erro.

Outra pesquisa feita pelo mesmo instituto mostrou que 64% dos eleitores são a favor de um segundo referendo. Há muitos políticos que defendem essa ideia também. Para a primeira-ministra da Escócia, Nicola Sturgeon, um novo referendo é "a única opção possível".

Se o governo decidir seguir esse caminho, vai precisar pedir uma extensão do prazo de saída para a União Europeia, já que não há tempo para fazer a votação antes de 29 de março. Isso só seria concedido se os 27 países no Parlamento Europeu aprovassem o aumento ao prazo determinado pelo artigo 50 do Tratado de Lisboa, que trata da saída de um país do bloco.

Se a UE não concedesse um prazo maior para o Brexit, o governo não seria capaz de fazer um segundo referendo e seria obrigado a considerar suas outras opções, como sair sem acordo.


Nova legislação

Se conseguisse um maior prazo com a União Europeia, o Reino Unido teria que aprovar uma nova legislação para determinar as regras dessa nossa votação, como quem pode votar, por exemplo.

Além disso, a comissão eleitoral precisaria ter tempo para analisar e dar seu parecer sobre a questão.

Depois que uma nova lei do referendo tiver sido aprovada, caso essa alternativa avance, seria preciso aguardar mais um tempo até que a votação pudesse ser realizada. É o chamado "período de referendo".

Especialistas na área constitucional da Universidade College de Londres sugerem que o tempo mínimo para todos esses prazos seria cerca de 22 semanas.

Mas a maneira como a contagem de votos seria feita teria grande influência na decisão, principalmente se o referendo tiver mais de duas possibilidades de resposta (com os eleitores escolhendo uma primeira e uma segunda opção entre três respostas possíveis).

Para determinar o resultado do segundo referendo, é possível escolher o caminho que foi votado como primeira opção por maior número de pessoas; é possível escolher o caminho mais votado como um todo (considerando primeira e segunda opção) e é possível comparar as escolhas dois a dois para ver quem se sai melhor.

Segundo a revista britânica The Economist, o mesmo conjunto de votos poderia dar três resultados diferentes dependendo da maneira da fazer a contagem. O país teria que escolher qual seria o sistema de contagem antes da votação.

Se população votasse pela desistência do Brexit no referendo, essa possibilidade de fato poderia se concretizar.

Decisão sem consulta à população

Há, no entanto, outra possibilidade de permanecer na União Europeia que não envolve um referendo.

Seria um cancelamento total do Brexit feita pelo governo do Reino Unido sem consultar a população.

Em dezembro, o Tribunal de Justiça da União Europeia deixou essa porta aberta ao determinar que o país pode frear o processo de saída a qualquer momento antes de 29 de março, cancelando inteiramente o artigo 50 do Tratado de Lisboa unilateralmente – embora os outros 27 países da UE precisem concordar para alterar o artigo 50 (para aumentar o prazo), para cancelá-lo inteiramente essa aprovação não é necessária.

No entanto, considerando a atual composição do governo, que está comprometido com o Brexit, e o fato de que a população já votou pela saída diretamente, esta opção é vista como a mais improvável – muito provavelmente um novo referendo ou uma mudança de governo teriam que acontecer antes do artido 50 ser revogado.

BBC

Suécia isola a extrema direita

O primeiro-ministro sueco Löfven conseguiu se manter à frente do governo
Após meses de impasse, partidos chegam a acordo para manter social-democrata como premiê no país escandinavo e deixar populistas longe do poder. Sobrevive assim um dos últimos governos de centro-esquerda da Europa.

O social-democrata Stefan Löfven tomará posse nesta segunda-feira (21/01) para mais um mandato como primeiro-ministro da Suécia, após um pacto no Parlamento, na sequência de quatro meses de paralisa política, para isolar a extrema direita do poder. 

O impasse político na Suécia se estendia desde setembro, quando o Partido Social-Democrata, do premiê Löfven, obteve seu pior resultado em um século nas urnas, em meio à ascensão dos Democratas Suecos, uma legenda de origem nazista e retórica anti-imigração.

Como ficou definido em apertada votação no Parlamento na sexta-feira, Löfven vai liderar um frágil governo de minoria, em parceria com o Partido Verde. Para se manter no poder, ele obteve apoio de parte de uma aliança opositora de centro-direita.

"Nota-se como partidos populistas e racistas fortaleceram suas posições ao redor do mundo”, disse o deputado liberal Jan Bjorklund, que apoiou a formação do governo, citando França, Estados Unidos e Hungria como exemplo. "Mas nós, na Suécia, escolhemos outro caminho.”

Na Suécia, o primeiro-ministro pode governar em minoria, desde que não haja uma aliança majoritária contra ele. "Serão quatro anos difíceis”, afirmou Löfven.

As eleições de setembro na Suécia geraram um Parlamento em que os blocos de centro-direita e centro-esquerda ficaram com cerca de 40% das cadeiras cada, insuficientes para que governassem de forma independente.

Os populistas de direita obtiveram 17% dos votos na eleição, e nenhum partido aceitou fazer aliança com eles. Com a formação do novo governo, os Democratas Suecos ficam como a terceira maior força de oposição, com 62 dos 349 deputados do Parlamento.

Com 10 milhões de habitantes, a Suécia concedeu refúgio a cerca de 160 mil pessoas em 2015 – maior número de refugiados per capita na Europa, tema que polarizou os eleitores durante a campanha para o pleito de setembro. 

Os números de 2015 exacerbaram temores sobre o sistema de bem-estar social da Suécia, que, na visão de muitos eleitores, já estaria em crise, apesar da queda contínua no número de refugiados a entrar no país desde então.

As crescentes filas para cirurgias críticas no sistema de saúde, a falta de médicos e professores, assim como o fracasso da polícia em lidar com a violência de gangues têm, na visão de especialistas, abalado a fé no "modelo sueco", baseado na promessa de inclusão social.

Como parte do acordo para dar sobrevida a um dos últimos governos de centro-esquerda da Europa, social-democratas e verdes assinaram uma declaração de intenções de 73 pontos, que incluí uma série de pautas de legendas conservadoras. Entre os itens, está a obrigatoriedade de teste de língua sueca para se tornar cidadão; corte nos impostos; e flexibilização das leis trabalhistas. Também foi descartada qualquer influência do partido A Esquerda, herdeiro do antigo Partido Comunista sueco.

RPR/afp/ap | Deutsche Welle

Espanha | O impasse do Podemos e os limites da “nova política”

Manuela Carmena, prefeita de Madri, e Pablo Iglesias, líder do Podemos: agora, rompidos
Cinco anos depois de surgir, partido-movimento tem dificuldades de formular programas e estratégias para Espanha em crise. Por isso, pode dividir-se. Eleições de maio parecem decisivas.

João Telésforo | Outras Palavras

O Podemos e o “Ahora Madrid” — “plataforma cidadã” integrada pelo partido e outras forças políticas, que elegeu a ex-juíza Manuela Carmena para a prefeitura da cidade, em 2015 — romperam de vez, na capital da Espanha.

Os Anticapitalistas — corrente mais de esquerda do Podemos, que o antecede e foi importante para vertebrar o partido em sua fundação — já tinham anunciado no ano passado que não apoiariam a candidatura da Prefeita à reeleição, acusando-a de não governar nos marcos de um municipalismo efetivamente democrático.

Agora, Carmena e Íñigo Errejón — ex nº 2 do Podemos, que vem em disputa encarniçada com o Secretário-Geral do partido, Pablo Iglesias, faz cerca de três anos — lançaram uma carta com uma nova “marca”, a plataforma “Más Madrid”, para aglomerar cidadãos “além das legendas” (mesmo discurso de fundação do Podemos e do Ahora Madrid, há cinco e quatro anos respectivamente). Em reação, os Anticapitalistas pressionam a direção do Podemos (isto é, Pablo Iglesias e seu núcleo) a não se juntarem a essa nova plataforma, e se engajarem na construção de uma candidatura alternativa, “verdadeiramente coletiva, democrática e participativa”. Iglesias anunciou ontem (17/1) que, com efeito, o Podemos lançará, com seus aliados (Izquierda Unida, notadamente), uma candidatura alternativa à de Manuela e Íñigo, em Madri, dada a ruptura unilateral protagonizada por estes. As eleições municipais ocorrerão, em toda a Espanha, em 26/5 — junto com a escolha de deputados para o Parlamento Europeu.

Além das disputas de egos e aparatos, há também políticas distintas. Errejón e Carmena são mais moderados do que a direção do Podemos, mais simpáticos a possíveis alianças com o PSOE e mais focados na disputa de sua base social (PSOE é uma centro-esquerda domesticada, que há muito acatou postulados neoliberais e a tutela da Troika [FMI-Banco Central Europeu-Comissão Europeia], ainda que seu atual líder, Pedro Sánchez, tenha feito uma leve inflexão progressista).

Já Pablo Iglesias, depois de irromper como uma vociferante figura anti-sistema (ainda que sem usar essa expressão) com apelo para além da esquerda, tem dificuldades de manter esse discurso depois de ter se integrado, com o Podemos, ao Parlamento (em alguma medida, portanto, à “casta” que confrontava). Forjou aliança com a Izquierda Unida, o partido que sempre foi a alternativa minoritária à esquerda do PSOE, mas enfrenta o desafio de não ficar restrito a esse espaço ideológico, pouco dotado da tão decantada “transversalidade”. Como retomar o projeto de criar uma esquerda com vocação de aglutinar maiorias e ser alternativa de poder?

O Podemos não tem dado conta desse desafio, e enquanto isso vai crescendo a extrema-direita (o partido “Vox” que tem crescido no legislativo e se coloca principalmente anti-imigração e antifeminista — qualquer semelhança não é mera coincidência), alimentando-se da crise sistêmica, em seus componentes social, econômico, político e territorial (conflito sobre a Catalunha, notadamente).

Na era do “capitalismo de plataforma”, a crise já não é somente mais da forma partido, mas também da forma “plataforma cidadã”. A política institucional segue no ritmo alucinante do capitalismo financeirizado e digitalizado — líquido, pra quem gostar da metáfora do Bauman. A crise já não é mais uma circunstância, e sim parte da governabilidade. As “novas plataformas” também espelham isso.

Uma “nova política” é necessária, mas o apelo vago ao “novo” não nos levará longe. Até pode servir para se inserir no jogo, ao se amparar no sedutor fetiche da ideologia dominante com a “inovação”. Na primeira esquina, porém, a vida real traz dificuldades e desafios que exigem muito mais substância de organicidade e inteligência coletiva, enraizamento social, estratégia e programa.

Não se trata de jogar fora as experiências do Podemos e das plataformas municipalistas na Espanha, nem de se refugiar numa postura tão arrogante quanto derrotista, de desprezo a tudo que é tentado. Trata-se justamente de aprender com essas experiências, com o que têm de potências e limites. Menos deslumbramento e oba-oba, mais armas da crítica e pé no chão. Espero que os(as) companheiros(as) na Espanha encontrem os melhores caminhos para fazer frente à ordem neoliberal e à extrema-direita que começou a ganhar força. O fortalecimento do movimento feminista no país – inserido numa onda internacional — é uma bússola fundamental para isso.
¡Sí, se puede!

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Censura | Facebook removeu mais de 500 perfis ligados à Rússia


Sputnik qualifica como censura a remoção de suas contas no Facebook

As ações do Facebook, que removeu mais de 500 perfis ligados à Rússia, incluindo sete contas da agência Sputnik, têm motivos políticos e, de fato, correspondem à censura, informou a assessoria de imprensa da agência.

A assessoria de empresa informou que foram também bloqueadas sete páginas das redações da Sputnik nos países vizinhos da Rússia e considera tais ações “claramente políticas” e "de censura".

"As redações da Sputnik se dedicam às notícias, e fazem isso bem. E se o bloqueio é a única reação do Facebook ao trabalho de qualidade da mídia, não temos perguntas – tudo é evidente. Mas há a esperança de que o bom senso vença, leia a Sputnik", comentou a assessoria de imprensa.

Na quinta-feira (17), Nathaniel Gleicher, diretor do departamento de política de segurança cibernética do Facebook, informou que a empresa “removeu 364 páginas do Facebook envolvidas na coordenação do comportamento inautêntico como parte de uma rede que se originou na Rússia e opera nos países Bálticos, Ásia Central, Cáucaso, Europa Central e do Leste”.

Além disso, a empresa removeu 107 páginas no Facebook e 41 contas no Instagram, porque “os indivíduos por trás dessas contas se passaram primeiramente por ucranianos e operaram uma série de contas falsas para divulgação notícias de tópicos diversos, tais como previsão do tempo, protestos, OTAN e condições sanitárias nas escolas”. Segundo a declaração da empresa essas contas também estão ligadas à Rússia.

A conta da Sputnik Brasil no Facebook não funciona desde 14 de dezembro.

Sputnik

Conheça quais são os países com maior poderio militar


A edição Business Insider preparou o ranking dos países com o maior poderio militar. Os EUA lideraram o ranking, tendo a Rússia no segundo lugar. O Brasil ocupou a 14ª colocação, em penúltimo. O último país (15º) é a Indonésia.

Para elaborar o ranking, a edição levou em consideração a diversidade dos armamentos em serviço, orçamento militar, totalidade da população e assim por diante.

Com Sputnik, em Infográficos (clique a imagem para ampliar)

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