domingo, 24 de fevereiro de 2019

“Guerra ao Terror” e Império em desarranjo


Desde 2001, EUA têm presença militar em 80 países – onde espionam e combatem. Força bruta é debilidade: Washington matou um milhão, gastou US$ 5,9 trilhões e sofre derrotas vexatórias, como na Síria e Afeganistão

Stephanie Savell | Outras Palavras

Quando eu comecei a mapear todos os lugares no mundo onde os EUA ainda estão lutando contra o terrorismo, tantos anos depois, não achei que seria tão difícil assim fazê-lo. Isso foi antes do incidente em 2017 no Níger, no qual quatro soldados dos EUA foram mortos em uma missão de contra- terrorismo e os norte-americanos puderam suspeitar do quão longe esta “guerra” pode realmente chegar. Imaginei um mapa que iria destacar o Afeganistão, Iraque, Paquistão e Síria – os lugares que muitos norte-americanos automaticamente pensam estar associados com a guerra ao terror – bem como talvez uma dúzia de países menos notáveis, como Filipinas e Somália. Eu não tinha ideia de que estava embarcando em uma odisseia de pesquisa que iria, em sua segunda atualização anual, mapear as missões de contra-terrorismo dos EUA em 80 países em 2017 e 2018, ou 40% das nações neste planeta (um mapa primeiramente publicado na revista Smithsonian).

Como co-diretora do Projeto Custos da Guerra, no Instituto Watson para Questões Internacionais e Públicas na Brown University, estou bem ciente dos custos que acompanham tal alastramento da presença no exterior. Nossas pesquisas mostram que, desde 2001, a guerra ao terror dos EUA resultou na perda — estimada conservadoramente — de mais de um milhão de vidas somente no Iraque, Afeganistão e Paquistão. Ao fim de 2019, nós também estimamos que a guerra global de Washington irá custar aos contribuintes dos EUA nada menos que U$5,9 trilhões já gastos e ao compromisso com cuidados de veteranos da guerra ao longo de suas vidas.

Moçambique | Prendam os deputados também


@Verdade | Editorial

Diante das detenções que têm vindo a acontecer no âmbito das dívidas contraídas ilegamente pelo Governo da Frelimo, já se deveria quebrar a imunidade dos deputados da banca parlamentar da Frelimo na Assembleia da República. Pois, os deputados da Frelimo mostraram, várias vezes, que não estão na Assembleia da República em representação do povo moçambicano, mas sim para acomodar interesses pessoais de um grupo de gananciosos.

Os moçambicanos assistiram aos deputados do partido Frelimo, “em consciência”, a legalizarem as dívidas inconstitucionais e ilegais das empresas EMATUM, Proindicus e MAM. Este bando votou à favor do projecto de Resolução que aprova a Conta Geral do Estado de 2015, usando o argumento segundo a qual os deputados acreditam no empenho do Governo de Nyusi em corrigir as falhas deixadas.

Na verdade, os deputados da Frelimo usaram argumentos falaciosos para justificar a inclusão das Garantias que o Governo de Armando Guebuza concedeu na Conta Geral do Estado de 2015, dentre os quais o dinheiro dos empréstimos foram usados para o desenvolvimento do país.

Moçambique | Caravana da Anadarko atacada em Cabo Delgado

Um grupo desconhecido atacou esta quinta-feira uma caravana da petrolífera norte-americana Anadarko, em Cabo Delgado, no norte de Moçambique. Quatro pessoas ficaram feridas, mas não correm perigo de vida.

O ataque ocorreu por volta das 16:50, quando a caravana seguia para o acampamento da multinacional em Palma, que continuava retida no local sob escolta das Forças Armadas de Defesa e Segurança, informou à Lusa fonte ligada à empresa e que integrava a caravana.

O grupo desconhecido, que integrava cerca de 15 homens, vestidos de preto, disparou contra a caravana, tendo ferido quatro pessoas, e obrigado os carros a seguirem caminhos diferentes, acrescentou a fonte.

"O nosso carro ficou retido na estrada, porque há informações de que eles estão espalhados por aqui. As Forças de Defesa chegaram", explicou na altura a fonte, acrescentando que os feridos estavam a ser assistidos por médicos na ambulância da caravana.

Angola | Cabindas criam novo movimento apesar de detenções


Dezenas de ativistas ligados ao Movimento Independentista de Cabinda, que reivindica a autodeterminação e a independência do enclave angolano, continuam presos.

As autoridades angolanas detiveram, no passado dia 28 de janeiro, 63 ativistas ligados ao Movimento Independista de Cabinda (MIC), uma nova organização que reivindica a autodeterminação e a independência do Enclave angolano rico em petroleo.

Os ativistas foram detidos nas suas residências, sem qualquer mandato judicial, dias antes da realização da uma marcha que visava relembrar o "Tratado de Simulambuco", assinado a 1 de fevereiro de 1885, entre a colónia portuguesa e as autoridades do reino de Cabinda de então. Naquela altura , o território de Cabinda não fazia parte do resto do território da Angola continental.

São Tomé | Aumentam casos de malária


De acordo com o ministro da saúde são-tomense, desde 2014, foram registados, em média, mais 290 a 300 casos de malária por ano. Ministro considera situação "preocupante".

Os casos de malária em São Tomé e Príncipe aumentaram nos últimos quatro anos, registando-se três centenas de casos por ano, disse aos jornalistas o ministro da saúde, Edgar Neves.

"Desde 2014, [a malária] tem aumentado. Nós temos o trabalho feito, conhecemos os números e em média foi aumentando 290 a 300 casos por ano", avançou Edgar Neves, frisando que "é importante que as populações estejam informadas, porque só assim poderão também exercer o seu papel. É importante não ocultar informação nenhuma sobre qualquer patologia, mas também é muito importante não criar falsos alarmismos que não conduzem a lado nenhum", defendeu.

O ministro da Saúde considera a situação "preocupante", prometendo investimento do governo no combate e prevenção da doença. "Nós somos um país eleito entre os dez destinos turísticos do mundo e é extremamente importante que nos acautelemos", disse.

Fim da cooperação com Taiwan

Em declarações à Lusa, fonte do Ministério da Saúde afirmou que o aumento de casos acentuou-se após o fim da cooperação do país com Taiwan. O número de casos começou a aumentar "poucos dias depois de a missão médica de Taiwan ter deixado o país", começou por afirmar a mesma fonte, explicando que "houve grande intervalo entre a saída dos taiwaneses e entrada dos chineses nas campanhas que se vinha fazendo de controlo da doença". 

Agência Lusa | em Deutsche Welle

São Tomé e Príncipe | Golpe de Estado de 2003 sob investigação


Em São Tomé e Príncipe, ex-primeiro-ministro, Patrice Trovoada, terá sido financiador do golpe de Estado de 2003. Assembleia Nacional criou uma comissão de inquérito para investigar denúncias.

A Assembleia Nacional de São Tomé e Príncipe criou uma comissão de inquérito para investigar as denúncias de Peter Lopes. Segundo o ex-mercenário do extinto Batalhão Búfalo, na África Sul, o ex-primeiro-ministro são-tomense, Patrice Trovoada, terá sido o financiador do golpe de Estado ocorrido em 2003 nas ilhas, e que visava eliminar fisicamente os antigos Presidentes Manuel Pinto da Costa e Fradique de Menezes e o ministro da Defesa, Óscar de Sousa. 

A comissão parlamentar de inquérito vai investigar o eventual envolvimento do ex-primeiro ministro são-tomense. O grupo foi criado na quinta-feira passada (14.02), com 30 votos a favor das bancadas do partido no poder MLSTP/PSD e da coligação PCD-MDFM-UDD e 22 contra da Ação Democrática Independente (ADI).

A mentira americana de Varsóvia


António Abreu* | opinião

As intenções enunciadas na Conferência de Varsóvia da semana passada, mesmo com as reservas da UE, constituem um pesado risco para a paz.

A mentira revelada

Nos dias 13 e 14, os EUA e Israel, com o apoio do anfitrião polaco, montaram uma operação que visava retirar os EUA do isolamento em que colocara a sua diplomacia no Médio Oriente na sequência de se ter retirado, em maio de 2018, do acordo nuclear com o Irão. Registe-se a ausência do areópago dos estados-membros da EU – à exceção da Inglaterra – da Rússia, Turquia, Catar, Líbano, dos rebeldes houtis do Iémen e da Autoridade Palestiniana, e da responsável da política externa da UE, Federica Mogherini, e as declarações catastróficas de Benjamin Nethanyahu antes dele ter início. Para já, Gordon Sondland, o embaixador dos EUA na UE, afirmou que a não comparência dos líderes europeus teria sido “um ato inútil".

A ausência dos estados europeus, deveu-se à mentirola anterior dos EUA, logo retificada, de que não pretendiam uma mudança de regime em Teerão, à falta de convite ao Irão para participar, e à existência de uma agenda escondida sobre os objetivos da conferência, que se chamava “Futuro da Paz e da Segurança no Médio-Oriente”, mas que pretendia, de facto, prejudicar a vontade da UE em preservar esse acordo com o Irão.

Venezuela | Assembleia Internacional dos Povos arranca este domingo em Caracas


A solidariedade com o governo de Nicolás Maduro e o povo venezuelano motivou a escolha da data para a realização da iniciativa participada por mais de 500 representantes mundiais. Hoje há concerto pela paz.

Membro da comissão coordenadora da Assembleia Internacional dos Povos, João Pedro Stedile, dirigente nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e coordenador da Via Campesina Internacional, afirmou ao Brasil de Fato que a data escolhida para realização do evento simboliza a solidariedade à Venezuela.

«Levamos dois anos a preparar-nos e marcámos justamente a Assembleia para ser realizada aqui em Caracas, nesta data, como uma forma de solidariedade de todas as organizações do mundo com o governo de Nicolás Maduro e ao povo da Venezuela», salientou Stedile.

Ao online, a representante da Espanha, Marga Ferré, reconheceu que, apesar do reconhecimento de Juan Guaidó por parte de alguns governos europeus, designadamente o espanhol, a maior parte dos cidadãos desses países rejeitam a intervenção e a violência.

Venezuela | O fracasso de uma enorme provocação


A enorme provocação orquestrada pelo imperialismo no dia 23 de Fevereiro fracassou – a Venezuela venceu. 

A CIA, o NED, o Departamento de Estado e o Departamento da Defesa dos Estados Unidos utilizaram todos os meios de que dispunham: provocações torpes no plano diplomático, político, militar e terrorista, com utilização de lumpens e marginais, bem como de governos vassalos da América Latina e da União Europeia. 

Até um deputadozeco do PSD português, sr. Paulo Rangel, resolveu comparecer ao show mediático da "ajuda alimentar" organizado na fronteira com a Colômbia. 

Mas nada disso resultou:   as Forças Armadas da Venezuela permaneceram e permanecem firmes e unidas ao lado do governo bolivariano e o regime trumpiano sai desmoralizado disto tudo. 

No dia 23 a lavagem cerebral orquestrada nos media corporativos de todo o mundo atingiu o paroxismo, com o descaramento de ocultar os factos reais:   aqueles que agora encenam o show da dita "ajuda" são os mesmos que roubaram milhares de milhões de dólares da Venezuela – desde as barras de ouro depositadas no Banco da Inglaterra até o congelamento de contas da PDVSA e o apresamento da Citgo, distribuidora de refinados nos EUA. 

A ruptura de relações diplomáticas com a Colômbia é uma consequência da conivência descarada e activa do governo de Ivan Duque nestas provocações.


Fotos: 1 - Fronteira Venezuela-Colômbia e respetivos militares de ambos os países; 2 - Paulo Rangel, o "deputadozeco" português, do PSD, na UE.

Portugal | Inconsistências e cheiro a esturro


Manuel Carvalho da Silva* | Jornal de Notícias | opinião

No quadro de regras europeias que são "estúpidas" e que o Governo português diz querer mudar - diga-se, sem grande empenho no objetivo e acima de tudo sem que o consiga fazer -, está provado ser impossível fazer uma governação que ao mesmo tempo comprima o défice, reponha rendimento disponível para a esmagadora maioria dos portugueses que dele carecem, e reforce o investimento público.

E, daqui para a frente, num cenário em que se perspetiva menor crescimento e em que a ganância do grande poder financeiro e económico é crescente, pior ainda. Este facto retira consistência ao discurso do Governo e é justo e necessário colocar em evidência aquela impossibilidade.

Entretanto, quando analisamos os discursos da Direita, por exemplo no debate da moção de censura ao Governo apresentada pelo CDS, constatamos que as suas propostas são ainda bem mais inconsistentes. PSD e CDS pretendem que, ao mesmo tempo, se comprima ainda mais o défice para pagar a dívida, se reduzam os impostos e se aumente o investimento público. Como é que tal objetivo poderia ser atingido? A Direita não revela mas advinha-se o que faria para conseguir tal "milagre".

Portugal | Juiz afirma que militares podem ter sindicatos


Associações portuguesas das Forças Armadas viram aceite inclusão do termo "sindicatos militares" no nome da organização europeia EUROMIL.

Os militares das Forças Armadas portuguesas podem constituir sindicatos, como há noutros países da UE, embora a lei possa restringir alguns dos seus direitos, afirma ao DN um juiz jubilado do Supremo Tribunal de Justiça (STJ).

António Bernardo Colaço é taxativo nessa questão: "O militar português, enquanto cidadão em uniforme, goza do direito ao sindicalismo, podendo este direito apenas ser restringido [...] mas nunca proibido."

Falando à margem da reunião extraordinária desta quinta-feira, em Lisboa, da cúpula dirigente da organização europeia representativa de militares das Forças Armadas(EUROMIL), o juiz jubilado acrescenta: "Qualquer restrição que venha a ser imposta nunca pode ser de molde a descaracterizar este direito, sob pena de produzir o efeito próprio de uma proibição e assim violar a Constituição."

Portugal: Um livro contra o silêncio sobre a guerra colonial


As vivências e os efeitos traumáticos da guerra colonial continuam a ser um assunto tabu em Portugal. Contra o silêncio, o psicólogo Vasco Luís Curado acaba de lançar um livro com memórias de horror, sofrimento e perda.

Há poucos ex-combatentes portugueses que aceitam falar dos traumas da guerra nas antigas colónias em África, nomeadamente nas frentes de Angola, Moçambique e Guiné-Bissau. São memórias de momentos traumáticos, que muitos evitam recordar ou tornar público. Mas Vasco Bastos, hoje com 71 anos de idade, fá-lo sem tabu.

O soldado do então Batalhão 2909 da Companhia de Cavalaria 2690 revela à DW África um dos mais dramáticos acontecimentos ocorridos durante a missão que cumpriu no norte de Angola, na região dos Dembos, província do Bengo, entre 1970 e 1972.

Guiné-Bissau | Investigador considera "progresso" afastamento de militares da política


O investigador francês Vincent Foucher classificou hoje como "um progresso" o afastamento de militares da cena política na Guiné-Bissau nos últimos anos, no contexto das eleições legislativas de 10 de março.

"O aspeto mais positivo desde 2012 é o facto de, atualmente, os militares não terem lugar [na cena política]. Não há assassínios políticos, não há golpes de Estado. É um progresso", sustentou.

O investigador, especialista em Estudos Africanos, do Instituto Sciences Po Bordeaux, França, falava à agência Lusa, em Lisboa, à margem de uma conferência internacional sobre o conflito de Casamança, promovida pelo Centro de Estudos Internacionais do Instituto Universitário de Lisboa (CEI-IUL).

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