segunda-feira, 27 de maio de 2019

EUA x China: o que pode tirar o sono de Trump


Ao ordenar à Google sabotar a Huawei, ele revela um Ocidente rancoroso e dominador — mas abre um flanco. Chineses recorrerão ao software livre. E se resgatarem a lógica de circulação de saberes que marcou a internet em seu início?

Pablo Romero, no Público | Tradução: Rôney Rodrigues | Outras Palavras

A guerra comercial entre EUA e China está se convertendo em escalada. Uma das últimas consequências foi a suspensão, pelo Google, de uma significativa parte de seu negócio com a Huawei, depois da inclusão dessa companhia na lista estadunidense de empresas que representariam uma “ameaça à segurança nacional”. Prova-se, mais uma vez, como é arriscado deixar nas mãos de empresas de outros países elementos essenciais de determinado produto, como o “software”: uma decisão da Casa Branca pode prejudicar cidadão de todo o mundo.

Essa decisão do governo Trump, que ataca diretamente a próspera divisão de celulares da fabricante chinesa, presume que a Huawei perderá acesso à maioria dos “benefícios” do gigante estadunidense. Seus celulares, a partir de agora, deixarão de ter acesso ao Google Mobile Services, a plataforma que aglutina serviços como o Google Play Store (a “loja” de aplicativos), o Gmail, o aplicativo do Youtube e o navegador Chrome para celular: os novos telefones não poderão oferecer esses “apps”.

O recado das urnas europeias contra o establishment político


Com avanço de verdes e populistas, conservadores e social-democratas devem perder maioria no Parlamento Europeu, e alianças devem ser cruciais. Comparecimento às urnas foi o maior das últimas duas décadas.

A maior surpresa das eleições para o Parlamento Europeu foi a grande participação nas urnas. Entre 23 e 26 de maio, cerca de 51% dos 420 milhões de eleitoras e eleitores da União Europeia (UE) entregaram seu voto, oito pontos percentuais a mais do que no último pleito, cinco anos atrás, e do que nas últimas duas décadas.

Protestos contra a política climática, estudantes em greve e rechaço aos partidos populistas de direita e antieuropeus aparentemente mobilizaram a população, avaliou Janis Emmanouilidis, especialista em política do European Policy Centre de Bruxelas, em entrevista à DW.

Na opinião da liberal dinamarquesa Margrethe Vestager, atual comissária europeia para a Concorrência, os cidadãos reconheceram que votar é poder. "Deve-se utilizar esse poder e dizer que há coisas em jogo. Candidatam-se partidos que querem destruir a UE, partidos que se denominam nacionalistas, mas vendem seu país aos russos. Isso fez as pessoas pensarem que desta vez é preciso realmente ir votar."

REFLEXOS CONDICIONADOS!...

 Martinho Júnior, Luanda

COM O DEDO NA FERIDA

A guerra psicológica da NATO contra Angola ao serviço dos interesses de exclusividade da hegemonia unipolar, explora vários conteúdos, recorrendo a expedientes próprios, incluindo os de índole ideológica, com vista a fazer reflectir manipulações que conduzem aos fins em vista: no seu horizonte enquanto objectivo, estão os parâmetros dum modelo condicionado de democracia que pretendem induzir no país alvo que é Angola, com recurso a ingredientes de ordem económica, financeira, jurídico-institucional e até administrativa trabalhados a partir da conexão portuguesa explorando os fenómenos da lusofonia e da CPLP… (https://paginaglobal.blogspot.com/2019/02/angola-na-ala-dos-namorados.html).

Um dos mais persistentes exemplos dessa guerra psicológica é a avassaladora campanha que sistematicamente tira partido dos acontecimentos do 27 de Maio de 1977 em Angola com intensa emissão de continuados sinais mensageiros em Portugal! (https://paginaglobal.blogspot.com/2018/06/a-guerra-psicologica-do-imperio-da.html).

1- É altura de começar a fazer um inventário sério dos pronunciamentos que socorrem essa esteira de pressões em campanha, seja as de ordem humana (e sobretudo psicológica), seja as de ordem física (autores e editores) que infestam desequilibradamente os relacionamentos bilaterais entre Angola e Portugal, “em nome do mercado” e dos lucros que só ele pode propiciar!

É um processo lento, em fogo lento, nos limites dos “brandos costumes” típicos da “ocidental praia lusitana” e nos limites até do raio-de-acção dos que veiculam ideias na língua de Camões! (http://www.dw.com/pt-002/27-de-maio-de-1977-e-nito-alves-o-tabu-da-hist%C3%B3ria-de-angola/a-15925292)

Resultado eleitoral enfraquece a soberania nacional


Com a manutenção de uma maioria de deputados entre PS e PSD no Parlamento Europeu mantém-se um cenário representativo de uma maioria que não defende a soberania nacional e as populações.

Com os resultados praticamente apurados, o PS elege nove eurodeputados, o PSD seis, o BE dois, a CDU dois, CDS-PP e PAN um cada, num quadro em que faltam ainda apurar resultados de consulados mas sem influência na distribuição de mandatos.

A principal conclusão a retirar destas eleições é a manutenção de uma maioria de deputados ao Parlamento Europeu (PE) que tem desenvolvido a sua actividade em consonância com a política definida nas instituições europeias, com todas as consequências negativas para o País, de que são exemplos o Memorando da Troika ou os pactos de estabilidade e crescimento.

Eleições PE | PS não elege 10.º deputado. CDU garante dois lugares no Parlamento Europeu


O PS obtém nove mandatos, o PSD seis, o BE dois, a CDU dois, o CDS-PP um e o PAN também um, no universo dos 21 eurodeputados de Portugal no Parlamento Europeu.

CDU vai eleger um segundo deputado ao Parlamento Europeu, concluiu a secretaria-geral do Ministério da Administração Interna, numa altura em que o escrutínio no território nacional estava fechado e faltava apurar apenas sete consulados no estrangeiro.

De acordo com a secretaria-geral daquele ministério, o PS obtém nove mandatos, o PSD seis, o BE dois, a CDU dois, o CDS-PP um e o PAN também um, no universo dos 21 eurodeputados de Portugal no Parlamento Europeu.

A mascarada da União Europeia

Thierry Meyssan*

Para Thierry Meyssan, os Europeus estão cegos porque não querem ver. Persistem em acreditar que a União Europeia significa paz e prosperidade, apesar dos fracassos incontestáveis nestes dois domínios. Eles imaginam que existe uma oposição interna entre patriotas e populistas, quando estes dois grupos se colocam debaixo do Pentágono contra a Rússia. A estratégia internacional do pós-Segunda Guerra Mundial é prosseguida sem que eles disso tenham consciência e em seu detrimento.

Na sequência da sua vitória comum na Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos e o Reino Unido adoptaram a visão sobre o seu aliado soviético descrita pelo Embaixador dos EUA em Moscovo, George Kennan. Segundo eles, a URSS era um Império totalitário que tentava conquistar o mundo. Deram, pois, um volte-face e conceberam a estratégia da contenção (containment). O mundo podia ser dividido em três: a parte já esmagada pelos Soviéticos, o mundo ainda livre, e o mundo a descolonizar que era necessário preservar do ogre soviético.

No início, esta análise podia parecer certa com Stalin ainda deportando populações para o gulag. Mas, pelo menos, após a sua morte ela já era obviamente errada. Deste modo, Che Guevara, Ministro da Economia cubana, escreveu um livro contra o modelo soviético, e continuou a Revolução em África sem aí se referir aos soviéticos, embora contando sempre com o apoio deles.

Seja como for, os Estados Unidos e o Reino Unido decidiram proteger a Europa Ocidental do jugo soviético criando, para tal, os «Estados Unidos da Europa». Este projecto lembra o dos Europeus do início do século XX, de se unirem em vez de fazer a guerra uns aos outros, mas acontece que ele é de natureza completamente diferente. Pelo contrário, deve-se compará-lo aos da Liga Árabe ou da Organização dos Estados Americanos, que foram edificados ao mesmo tempo.

Washington retoma as acusações da Alcaida contra Damasco


Departamento de Estado dos EUA prossegue suas alegações de que o governo da República Árabe Síria (dito «regime de Assad») suprimiria a revolta de sua população utilizando armas químicas.

Em uma declaração [1], ele se questiona sobre um ataque que teria ocorrido, em 19 de Maio de 2019, em Idlib. A acusação que emite foi formulada pelo Hayat Tahrir al-Sham (atual nome da Alcaida em Idlib) [foto]. O próprio nome deste grupo indica que ele não tem o objetivo de derrubar a República Árabe Síria, mas todos os governos da região. Com efeito, significa «Organização de Libertação do Levante» (isto é, a Anatólia Turca, Israel, a Jordânia, a Mesopotâmia iraquiana e a Síria). Ele é o herdeiro direto da Frente al-Nusra (ou mais precisamente da «Frente para a Vitória das Gentes do Levante»), que reivindicava, mais claramente, sua lealdade à Alcaida.

No mesmo comunicado, o Departamento de Estado responde às acusações da Rússia e da Síria segundo quem os ataques químicos jamais teriam sido perpetrados por Damasco mas, antes, por jiadistas, particularmente com a ajuda dos Capacetes Brancos. Se trata segundo ele, apesar das inúmeras provas publicadas, de uma desinformação.

Finalmente, o Departamento de Estado lembra que, segundo a ONU, o «regime de Assad» realizou, ele próprio, quase todos os ataques verificados com armas químicas. Ora, este ponto é falso. O Departamento refere-se ao Mecanismo de investigação conjunta da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) e da ONU cujos relatórios foram rejeitados pelo Conselho de Segurança por causa de sua metodologia, e que acabou dissolvido.

Voltaire.net.org | Tradução Alva

Nota:
[1] “Alleged Use of Chemical Weapons by the Assad Regime”, Voltaire Network, 21 May 2019.

Nova Nakba?



O martírio do povo palestiniano dura há 71 anos, e está longe de ter terminado. Os falcões da guerra estão ao ataque. Os governos dos EUA e Israel rasgam ostensivamente todos os acordos, as resoluções da ONU, a legalidade internacional. No Médio Oriente, o Irão é anunciado como novo alvo de uma política assassina que ameaça arrastar todo o mundo a uma monstruosa catástrofe.

Nos 71 anos da Nakba, a limpeza étnica que acompanhou a criação do Estado de Israel, adensam-se nuvens negras sobre a Palestina, o Irão, e não só. Os falcões da guerra estão ao ataque. Os governos dos EUA e Israel rasgam ostensivamente todos os acordos, as resoluções da ONU, a legalidade internacional. Os EUA deitaram para o caixote do lixo o Acordo Nuclear (multilateral) com o Irão, reconheceram Jerusalém como capital de Israel e a anexação israelita dos Montes Golã sírios, cortaram os financiamentos à UNRWA, a Agência da ONU para os milhões de refugiados palestinos. Israel bombardeia sistematicamente território sírio e a Faixa de Gaza e massacra manifestantes indefesos. Netanyahu anuncia a anexação formal dos ilegais colonatos israelitas nos territórios palestinos ocupados.

Acumulam-se nuvens tempestuosas de recessão


Na Índia tal como em muitos outros países sob o capitalismo neoliberal

Prabhat Patnaik [*]

O índice de produção industrial, pela primeira vez desde Junho de 2013, contraiu-se em termos absolutos em 0,1 por cento no mês de Março de 2019, em comparação com um ano atrás. Isso acontece depois de um aumento de apenas 0,07% em Fevereiro, um aumento de 1,7% em Janeiro, um aumento de 2,6% em Dezembro e um aumento de 0,3% em Novembro. O crescimento industrial, em suma, vem desacelerando há algum tempo e o último dado reafirma enfaticamente essa tendência. 

Dentro da produção industrial, o sector manufactureiro, que tem um peso de 77,6%, declinou 0,4% em Março em comparação com o ano anterior, e isso ocorreu devido a um declínio de 8,7% nos bens de capital, uma queda de 5,1% nos bens de consumo duráveis, uma queda de 2,5% nos bens intermediários e um aumento de 0,3% em bens não duráveis. Para o ano financeiro de 2018-19 como um todo, o crescimento do índice de produção industrial foi de apenas 3,6%, inferior aos 4,4% de 2017-18; mas foi nos últimos meses do exercício que a recessão ganhou força.

Esta recessão, em certo sentido, é inevitável. É um sintoma do facto de que a economia indiana, como outras economias do mundo, está presa em um limbo, com o neoliberalismo tendo chegado a um beco sem saída e nenhum outro regime económico baseado no mercado doméstico ter vindo substituí-lo.

Eleições | Os números e o mesmo de sempre, com os mesmos de sempre


Os números estão à vista, as contas estão feitas, a evidência é que apesar de somente cerca de 30% de eleitores se expressarem e elegerem deputados, tudo continua na mesma e Portugal dispõe de 21 deputados no Parlamento Europeu. Até podiam somente 20 ou 10 por cento de eleitores terem votado que o resultado seria o mesmo. Tudo continuaria na mesma, como agora.

Ficou provado que o sistema está organizado de modo que por muito poucos que votem serão sempre eleitos deputados, nas eleições europeias ou mesmo na eleições legislativas... E os partidos e as clientelas ficam sempre na mó de cima, ignorando os cartões vermelhos que lhes são mostrados. É sempre a mesma coisa. O que muda só parece que muda, porque no final de contas não muda.

As análises que abundam na comunicação social são de uma pobreza e de uma hipocrisia enormes, mas prevalece o que diz nos manuais, que eles leram e lhes foram ditados por um sistema grandiosamente viciado à laia de máfias. A honestidade foi esquecida, já não se usa. O que é absolutamente natural num país, numa Europa, num mundo ocidental e num sistema em que o banditismo de elites vence sempre, em que é premiada a vigarice, o esbulho, o esclavagismo, a exploração selvagem dos que trabalham no duro para desfrutarem apenas da miséria ou muito próximo dela, mas iludidos de que alcançarão dias melhores...

Esses que esperem, sentados, para que não se cansem, até que morram de fome e de  falta de tudo que é implícito a uma verdadeira democracia...

Mário Motta | Redação PG

*Quadro em JN, adaptado a PG

Portugal/UE | Votar para quê?


Domingos de Andrade* | Jornal de Notícias | opinião

Há duas formas de olhar para este dia eleitoral e agir em conformidade. A primeira, é conversa de café e reza mais ou menos assim. Votar para o Parlamento Europeu, longe de nós, numa instituição perpetuadora dos eurocratas que só se lembram dos territórios de origem quando precisam do exercício temporário da democracia, pouco mais é do que ajudar a carimbar uma viagem de luxo para 21 felizardos durante uma mão cheia de anos. É um pensamento que tem como ação não votar e gozar o domingo soalheiro.

A segunda exige mais de cada cidadão. Vivemos momentos absolutamente decisivos para o futuro de uma Europa acossada por extremismos, com dores de crescimento e fortemente marcada pela descredibilização da classe política, decorrente de processos de corrupção e de povos que não se sentem representados nas instâncias nacionais ou de Bruxelas.

Está assim criada a perceção perigosa de que "os políticos são todos iguais" e de que estamos melhor sozinhos do que fazendo parte da construção europeia, um edifício que tem brechas sérias, que precisa de uma reforma profunda, mas que é ainda o melhor sonho de subsidiariedade e de união entre povos e culturas.

Eleições europeias | Abstenção, brancos e nulos atingem mais de 75% em Portugal


Nas eleições realizadas ontem, domingo, os portugueses expressaram-se do modo esperado e que maioritariamente revela, cada vez mais, que não confiam nos políticos que os representam ou se propõem representá-los no Parlamento Europeu. Mais de 75% dos eleitores portugueses decidiu demonstrar isso mesmo.

Contas feitas, somados os que nem foram às urnas de voto (68,6%), os que votaram em branco ou que anularam os boletins de voto (6,9%), foram mais de 75% optaram por se abster. Os 21 deputados portugueses no PE, ontem eleitos, só têm o mandato expresso por um pouco menos de 25% dos portugueses. 

Apesar disso, tudo continua na mesma e uns dizem-se vencedores enquanto outros, apresentando atenuantes esfarrapados, falam em terem sido derrotados. Afinal foram todos derrotados, incluindo os portugueses, porque não se viram nem se vêem devidamente representados no Parlamento Europeu, na UE. Cerca de três quartos dos portugueses é aquilo que sente. Foi e é assim nestas eleições europeias.

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