Reportagem da "Folha de
S.Paulo" com base em mensagens obtidas pelo "Intercept" aponta
que o ex-juiz impôs condições para aceitar acordo de delação que ainda estava
sendo negociado pelos procuradores da Lava Jato.
Mensagens atribuídas a
procuradores da operação Lava Jato apontam que em 2015 o então juiz Sergio Moro
interferiu nas negociações das delações de dois executivos da empreiteira
Camargo Corrêa.
Segundo o conteúdo das mensagens,
obtidas pelo site The Intercept Brasil e publicadas em parceria com o
jornal Folha de S.Paulo nesta quinta-feira (18/07), Moro teria
alertado os procuradores que só aceitaria homologar as delações se eles
propusessem sentença de pelo menos um ano de prisão em regime fechado para os executivos
Dalton Avancini e Eduardo Leite.
De acordo com a Folha, Moro,
que hoje é ministro da Justiça, desprezou os limites da atuação
de um juiz ao impor essas condições enquanto os advogados dos executivos
ainda negociavam as delações com os procuradores. O jornal citou que a Lei das
Organizações Criminosas, de 2013, determina que juízes devem manter distância
das negociações e só podem verificar a legalidade dos acordos após sua
assinatura.
De acordo com as mensagens, os
integrantes da força-tarefa da Lava Jato demonstraram incômodo com a
interferência do magistrado e divergiram sobre a melhor forma de utilizar essas
delações no processo.