segunda-feira, 29 de julho de 2019

EUA e Irão empancados no marco zero das negociações -- Pepe Escobar

Ponto de estrangulamento do Estreito de Ormuz (Flickr)

Tudo é possível em matéria de insanidade geopolítica, quando se tem o President of the United States (POTUS) a anunciar em altos brados que podia disparar primeiro ataque nuclear para pôr fim à guerra no Afeganistão e “varrer da face da terra” o país todo numa semana. Mas que prefere não fazer isso, para não matar 10 milhões de pessoas.

À parte o fato de que nem um ataque nuclear jamais derrubaria o já lendário espírito de luta dos pashtuns afegãos, a mesma lógica pervertida – ordenar primeiro ataque nuclear como alguém ordena que lhe tragam um cheeseburger – também se aplica ao Irão, em lugar do Afeganistão.

Trump mais uma vez atira contra o próprio pé, ao declarar que uma potencial guerra no Golfo Persa “pode ir para um lado ou para o outro, e por mim tanto faz para que lado vá” – para delícia dos psicopatas que mantêm relações com o Departamento de Estado, que espalham a ideia de que o Irã estaria suplicando para ser bombardeado.

Não surpreende que todo o Sul Global – para nem falar da parceria estratégica Rússia-China – tenha aprendido a não confiar em coisa alguma que saia da boca ou de tuítos de Trump, tiroteio ininterrupto operado como tática de intimidação.

Pelo menos, está bem clara agora a impotência de Trump diante de adversário determinado, como o Irão: “Cada vez mais difícil para mim querer fazer acordo com o Irã.” O que sobra são clichês ocos, como “o Irão tem-se comportado muito mal” e “estado terrorista número um no mundo” – os mantras de passeata que emanam de Telavive.

Nem a guerra económica – ilegal – sem limites e o total bloqueio contra Teerão parecem bastar. Trump anunciou sanções extras contra a China, porque Pequim “aceita petróleo cru” do Irão. As empresas chinesas simplesmente ignorarão quaisquer sanções.

Portugal | Golas e barretes


Susana Charrua | opinião

Desde o final da semana que passou que o governo anda a braços com o incendiário tema das golas antifumo que foram distribuídas às populações de localidades, aldeias e vilas que são visitadas pelos fogos florestais ou que estão sujeitas a isso. Golas cujo custo vai além dos 300 mil euros, a melhor saber.

As golas foram a cara chapada de mais um dos tais “ajustes diretos”, talvez pela urgência de enfiarem barretes aos portugueses, já tão massacrados deles. Certo é que os ditos barretes não foram encomendados. Só as golas foram distribuídas aqui e ali, mesmo nos locais onde não há fogo nem fumo, nem perspetivas disso, segundo os entendidos. Provavelmente em neve ou no alto mar.

Espanta que aquelas cabecinhas pensantes se considerem tão exceciconalmente iluminadas que só por isso estão na governança de um país repleto de parvos, atrasados mentais e/ou totós, que não sabem nadinha de matemática do mais básico que existe e que por isso não concluam que dois mais dois são quatro. Circunstâncias perfeitas para enfiar barretes… com as golas ou com outros ajustes diretos e/ou operações em que os tais barretes se enterram quase até ao pescoço.

Umas vezes é o CDS, outras o PSD, outras ainda o PS, partidos políticos intermitentemente no poder, nas governanças – com uns quantos a governarem-se. E bem, como se tem visto e sentido. Por ajustes diretos ou nem por isso. Até com autênticos valores que podemos considerar de jóias da coroa. Da República, melhor dizendo. E vem à memória uns tais submarinos, num caso, uns Pandur também? Umas amizades que em alguns exemplos até parecem que não correm bem para os que se esquecem que os poderes também falham nas impunidades que dizem oferecer e/ou oferecem. Mesmo assim, apesar de tudo e da clareza que se vem a revelar, a pildra é só para alguns, muito poucos. Com direito a conforto e mordomias, gente especial e superior mas que para os que enfiam os barretes aqueles não passam de chicos-espertos, de bandidos da alta, de colarinho branco. Curiosamente sempre bastante descarados e a afirmarem-se inocentes, vítimas de erros judiciais ou perseguições.

A semana das golas vai passar e esquecer. Nada se poderá provar, somente ver e sentir, ou cheirar. O compadrio é descarado e até impressiona a coisa com arquitetura tão evidente. Tão simples. Tão primária. Mas o certo é que vai dar em nada porque mesmo que fosse o caso de se admitir existir penalização seria considerado tão de faca e alguidar que era o dinheiro do pagode pagante que andava a ser esbanjado na justiça que é cara e que só está em saldos (sem direitos iguais) para os pobres, em saldos e com possível direito a povoar prisões. O que também não deixa de ser um grande barrete, por se constatar que existem duas justiças, uma dos de luxo e outra para os de lixo. De lixo mas com milhões de barretes enfiados nas cabeças que os tais iluminados julgam vãs, que nada percebem das manigâncias de artistas do amigo do alheio em operações de rapa e tira aos embarretados contribuintes, os mesmos de sempre.

Golas e barretes, desta feita. 300 mil euros ou mais… para nada, mas para alguém. E a seguir?

Portugal | E novidades, há?


Inês Pereira | AbrilAbril | opinião

Todos sabiam que o fim do serviço militar obrigatório (SMO) nos conduziria à situação actual. Quem decidiu não quis saber do impacto dessa decisão e, de resto, são os mesmos que hoje não têm solução para a resolução do problema.

Na semana passada assistimos ao retomar da chaga dos fogos na floresta e ao impacto da entrevista do Almirante Silva Ribeiro, Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas (CEMGFA), que refere ser «insustentável» a situação dos efetivos das Forças Armadas.

Em ambos os casos estamos em face de situações recorrentes de há muitos anos, causas e medidas para as superar conhecidas, mas que as velhas políticas de mais de 40 anos não superaram nem superarão.

A direita está órfã de ideias catalisadoras e de «diabos» que cavalguem a onda (que não se forma) por mais diferenciadas que sejam as ignições a que recorre, sejam as do alegado estado caótico na Saúde e na Justiça, do falhanço do regime ou do são todos iguais.

No caso das Forças Armadas, o PS mostrou-se incapaz de escolher um caminho diferente do anterior, com os resultados que se conhecem e a entrevista do almirante Silva Ribeiro, de alguma forma, ilustra.

Aliás, em relação às afirmações do CEMGFA relativas à situação dos efectivos, alguns sectores procuraram cavalgá-las, como se de uma novidade se tratasse e, porventura, na expectativa que o diabo pudesse vir fardado.

Oliveira Salazar, criminoso nazi-fascista, vai ter museu na sua “xanta-terrinha”


Ficámos a saber pelo jornal Público, no passado sábado (27.07), que o fascista Salazar e o seu regime ditatorial e monstruoso vai ter direito a museu na terra que o viu nascer, Santa Comba Dão (Vimieiro), saudosos que estão os de lá e mais alguns energúmenos – ditos estudiosos – daquela negra e nazi figura que assassinou portugueses, que os torturou, que os encerrou em campos de concentração e em prisões desse tal dito e tenebroso Estado Novo que por mais de 40 anos isolou o país, reprimiu e explorou o povo, votou-o à ignorância, ao trabalho de sol-a-sol e à fuga compulsiva para a emigração, para a liberdade, para países onde prevalecia a democracia ou pelo menos regimes mais brandos para com esses portugueses expatriados.

Afinal o monstruoso Salazar está vivo na mente de uns quantos seus pares do nazi-fascismo que a coberto de pretextos culturais e de estudo pretendem fundar na terra natal do criminoso-mor de Portugal e de portugueses lugar de culto ao causador de mortandade, dores e vivências perdidas a tantos portugueses. É expectável que Santa Comba Dão passe a ser o local em que os nazi-fascistas se reunirão a uivar em uníssono ao execrável homenageado, talvez santificado, Salazar. Estará então aquela santa-terrinha beirã, para os nazi-fascistas-salazaristas, como Fátima para os cristãos?

A promoção e adoração ao fascismo é patente na pretensão de construir aquele museu. Ou aquela lavandaria de quatro terríveis décadas de negação de direitos de cidadania democrática, de direitos humanos, de progresso e das liberdades implícitas, que só foram restauradas a partir de 25 de Abril de 1974 com o derrube do desumano e anacrónico chamado Estado Novo.

 Em tempos, pós-25 de Abril de 1974, e após a aprovação da Constituição da República Portuguesa, era explicito que o Portugal democrático não pactuava com o fascismo ou com as suas “relíquias”. Nem com aquela ideologia, que a proibia sob todo e qualquer pretexto. E agora? Agora, eis que os nazi-fascistas-salazaristas, a pretexto de estudos, anunciam a construção de uma espécie tenebrosa de santuário ao fascista Salazar, ao fascismo em toda a sua amplitude e promoção.

A isso, o brando e atual estado democrático, a branda Constituição, os brandos governos sempre infetados de semelhantes a Salazar, e por vezes infestados de falsos democratas, abre mão e estende a passadeira vermelha a homenagens e adulações ao mentor e autor-moral de crimes e atrozes ações ditatoriais contra o povo português por via da ideologia nazi-fascista-salazarista.

O branqueamento do regime fascista de António de Oliveira Salazar e do seu Estado Novo sempre esteve em curso e tem sido posto em prática por "estudiosos" e outros manhosos, ditos democratas - porque é como assenta bem dizer nesta já tão periclitante democracia. Nada há melhor que cobrir com pele de cordeiro os lobos para desse modo ludibriar os menos avisados e esclarecidos. Os que vão ser "comidos".

Leia a seguir a lavra do Público acerca do museu e dos “estudos” que se perspetivam serem objeto de "branqueamento-democrático", como habitual, como até agora e futuramente.

Mário Motta | Redação PG


Santa Comba Dão quer abrir museu do Estado Novo e Salazar no fim do Verão

Obras do Centro Interpretativo do Estado Novo estarão iminentes. Ideia do museu foi alvo de fortes críticas nas últimas décadas.

O Centro Interpretativo do Estado Novo deverá abrir dentro de três meses no Vimieiro, em Santa Comba Dão, terra onde nasceu António de Oliveira Salazar. A notícia é avançada este sábado pelo semanário Expresso. A ideia de um museu dedicado a Salazar em Santa Comba foi alvo de um inquérito em 2016 em que a maioria das vítimas do Estado Novo era contra o projecto.

“Este será um local para o estudo da história do Estado Novo. Não um santuário destinado a nacionalistas nem um museu onde se vai diabolizar o estadista de Santa Comba Dão”, diz o presidente da câmara de Santa Comba Dão, Leonel Gouveia, ao Expresso.

O autarca eleito pelo PS não revela qual a direcção científica do projecto museológico nem os seus responsáveis, aludindo de acordo com o semanário à ligação do centro interpretativo a uma “Rota das Figuras Históricas” que, dissera o responsável há meses à Lusa, é um projecto com uma associação de desenvolvimento local.

Já em Dezembro de 2018 a Agência Lusa avançara o plano do autarca Leonel Gouveia para a abertura do espaço em 2019 - o presidente da câmara acreditava então que o projecto trouxesse “não só visitantes, como estudiosos”.

O Expresso noticia este sábado que as obras na antiga Escola-Cantina Salazar, junto à casa do antigo presidente do Conselho de Ministros e rosto da ditadura do século XX português no Vimieiro, devem começar “dentro de duas a três semanas”, citando o autarca Leonel Gouveia.

A autarquia detém agora a totalidade do espólio, bem como a casa onde nasceu Salazar, a adega e a sua quinta – não sem a sua dose de polémica, com o sobrinho-neto do ditador Rui Salazar de Melo ainda a dirimir argumentosna justiça com a autarquia por incumprimentos contratuais quanto a um terço desse espólio — e prevê instalar no Centro Interpretativo do Estado Novo conteúdos multimédia e interactivos e não apostando tanto em mostrar objectos pessoais do ditador, que deverão ficar reservados para exposição nos imóveis que pertenceram ao governante após sua recuperação.

Em Dezembro de 2018, Leonel Gouveia disse à Lusa que o orçamento do centro interpretativo era de “170 mil euros para a requalificação do edifício” e primeira fase da obra, que queria que tivesse sido inaugurada no início de 2019.


O historiador Fernando Rosas, especialista na História do Estado Novo, diz ao Expresso ter sido contactado por Leonel Gouveia sobre o tema e rejeitar qualquer colaboração com “esse pseudo-centro interpretativo” que considera ser um mero “chamariz de turismo político”, aponta, “mesmo que seja feito com as melhores intenções”. A historiadora Irene Flunser Pimentel, também no semanário, não se opõe à criação de um museu sobre o tema, mas frisa a importância da equipa científica e das intenções da sua criação.

O projecto autárquico de um museu em torno da figura de Salazar é antigo e já em 2007 mobilizava activistas antifascistas em abaixo-assinados e petiçõespela oposição à sua criação. O Ministério da Cultura, então liderado por Isabel Pires de Lima, rejeitava a sua integração na rede nacional de museus.

Em 2016, o inquérito Memória da Oposição e Resistência ao Estado Novoquestionou 131 pessoas que foram detidas, exiladas, afastadas das suas profissões ou obrigadas a recorrer à clandestinidade e à deserção pelo regime do Estado Novo, que vigorou em Portugal entre 1933 e 1974.  Sobre a eventual construção de um museu dedicado a Oliveira Salazar em Santa Comba Dão, 51% dizem que não devia ser permitida e 23% são a favor. Vinte e seis por cento não tomaram qualquer posição.

Portugal | Como sobreviver aos incêndios em ano de eleições


Anselmo Crespo | TSF | opinião

Cá vamos nós outra vez. Com o verão chega o calor, com o calor chegam os incêndios, com os incêndios chegam as críticas à falta de meios de combate, com as críticas chegam as pseudopolémicas políticas. O país já assistiu tantas vezes a esta tragicomédia que já as incorporou e já as acha normais para esta altura do ano. Seja qual for o governo, o ministro, o líder da oposição ou o autarca.

A verdade é que nada disto devia já ser normal num país que arde todos os anos, com maior ou menor intensidade dependendo do humor do S. Pedro. Depois das tragédias de 2017 onde morreram mais de 100 pessoas e arderam milhares de hectares, todos meteram a mão no peito e juraram ter aprendido a lição. Que nada de semelhante se voltaria a repetir. Que as medidas eternamente adiadas, passariam a ser uma emergência nacional. Que os erros cometidos estavam todos identificados e iriam ser corrigidos. Houve pedidos de desculpa, peregrinações políticas às áreas mais afetadas pelos incêndios. Houve galas de solidariedade a favor das vítimas dos fogos, uma comoção nacional que rendeu milhares de euros para ajudar essas vítimas. No final, noves fora nada.

Do lado da prevenção, os relatórios técnicos independentes serviram para credibilizar meia dúzia de medidas avulsas, mas não mais que isso. O reordenamento da floresta - que não se faz de um ano para o outro, é verdade - continua a ser uma miragem e vai andando de projeto-piloto em projeto-piloto, sem que alguém perceba, verdadeiramente, qual é, afinal, o projeto. A limpeza dos terrenos avança de forma tão lenta que, quando estiver feita, já os terrenos precisam todos de ser limpos novamente. O cadastro das terras empancou nas obsessões ideológicas de alguns partidos políticos, mais preocupados em estancar a sangria do seu eleitorado, do que em prevenir os incêndios e salvar vidas. Afinal, as culpas vão sempre para quem está no poder.

Portugal | Melhorar o salário mínimo


Manuel Carvalho da Silva | Jornal de Notícias | opinião

Portugal precisa de uma política salarial valorativa do trabalho que temos e do trabalho que podemos e devemos ter, se houver uma estratégia para a melhoria do perfil da nossa economia e do desenvolvimento da sociedade.

A valorização do salário mínimo nacional (SMN) deve ser feita de forma articulada com outros aspetos centrais das políticas salariais e de emprego. A aposta na modernização e aproveitamento das capacidades das jovens gerações exige que se ponha fim à prática de aplicar o SMN como "salário padrão" para todos na entrada para o "mercado de trabalho". Por outro lado, a melhoria do SMN tem de ser acompanhada de uma revitalização quantitativa e qualitativa da contratação coletiva. É esta complementaridade que se exige, não a associação da melhoria do SMN a compromissos amplos e genéricos dos tradicionais acordos de concertação social de médio ou longo prazo, em regra muito desequilibrados.

O Ministério do Trabalho apresentou em Lisboa, na passada quarta-feira, em sessão pública, com debate entre dois economistas e uma reflexão do ministro Vieira da Silva, um estudo intitulado "Salário mínimo nacional - 45 anos depois". Nesse estudo é propiciada "uma visão global sobre o período de atualização mais recente" e procede-se, e bem, a uma análise alargada de impactos associados ao aumento desta retribuição mínima. Durante a atual legislatura, o Gabinete de Estratégia e Planeamento do Ministério foi produzindo, com regularidade, relatórios sólidos e devidamente contextualizados, sobre a evolução do SMN, que têm contribuído para que hoje exista um consenso consistente sobre a necessidade da sua regular atualização, e se tenham desmontado teses que atribuíam a atualizações dignas do SMN efeitos negativos sobre a criação de emprego, a competitividade e a economia.

Brasil | Índios denunciam invasão de garimpeiros e morte de cacique no Amapá


Índios denunciaram às autoridades públicas que garimpeiros invadiram a Terra Indígena Waiãpi, no oeste do Amapá, e que um cacique foi morto durante a invasão. Segundo relatos, os garimpeiros estavam acampados no interior da reserva.

O Conselho das Aldeias Waiãpi-Apina disse, em nota, que o cacique Emyra Waiãpi foi morto de forma violenta na última segunda-feira (22) na aldeia Waseity.

No entanto, a morte do líder não foi testemunhada por nenhum índio da etnia e só foi percebida na manhã de terça-feira. De acordo com a entidade, na sexta-feira (26), moradores da aldeia Yvytotô se depararam com um grupo de índios não armados e avisaram as demais aldeias pelo rádio. À noite, os invasores entraram na aldeia e se instalaram em uma das casas, ameaçandos os índios, que fugiram para outras aldeias da região.

Funai

Em nota, a Fundação Nacional do Índio (Funai) informou que acionou as autoridades competentes assim que soube da ocorrência, no sábado (27). O órgão indigenista, vinculado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, deslocou uma equipe para o local, considerado de difícil acesso. Equipes da Polícia Federal (PF) e do Batalhão de Operações Especiais (Bope), da Polícia Militar do Amapá, também estão na região para apurar o ocorrido.

Ontem mesmo, a Procuradoria do Ministério Público Federal (MPF) no estado instaurou uma investigação criminal para apurar a morte do indígena Waiãpi. Procuradores já pediram à PF informações a respeito das denúncias de invasão à terra indígena e sobre as providências já adotadas para “evitar o agravamento do conflito”. "Não é possível afirmar com certeza o que ocorreu até agora", disse o procurador da República Rodolfo Lopes.

Em vídeo divulgado ontem nas redes sociais pela prefeita de Pedra Branca do Amapari, Beth Pelaes (PMDB), o coordenador indígena do município Kurani Waiãpi relata que, segundo os Waiãpi, ao menos 50 garimpeiros fortemente armados estavam acampados já há alguns dias próximo à aldeia Mariry, no interior da terra indígena.

De acordo com a prefeita, os garimpeiros mataram um dos líderes indígenas da etnia na quarta-feira.

Brasil | Bolsonaro mostra a importância da Vaza Jato


Quando foram publicadas, nesta semana, notícias de que a Polícia Federal prendeu quatro suspeitos de hackear o Telegram de várias autoridades brasileiras e de enviar parte desse material ao Intercept, muitos de nossos leitores se perguntaram: qual o efeito que isso terá no jornalismo que estamos produzindo a partir desse arquivo?

A resposta, em uma palavra, é: nenhum. Não terá efeito nenhum.

O interesse público na divulgação desse material era óbvio desde o princípio: esses documentos revelam más condutas sérias e sistemáticas – e, o que nos parece claro, flagrantes ilegalidades – por parte do então juiz, agora ministro da Justiça, Sergio Moro, bem como do coordenador da operação Lava Jato Deltan Dallagnol e de outros procuradores da força-tarefa. As impropriedades cometidas por Moro e pelos demais e expostas pelas reportagens do Intercept são tão sérias que levaram alguns dos maiores aliados de Moro a abandoná-lo e exigir sua renúncia uma semana depois da publicação das primeiras matérias.

À medida em que novas revelações foram sendo publicadas – pelo Intercept e por nossos parceiros jornalísticos – eles recorreram à mesma tática empregada por autoridades no mundo todo quando vêem sua corrupção sendo revelada pela imprensa: distrair a atenção de seus atos, demonstrados pelas reportagens, preferindo fixar seu discursos contra os jornalistas e suas fontes.

É isso que Sergio Moro, se valendo se sua posição de ministro da Justiça e Segurança Pública, vem há semanas tentando fazer. Ele e seus defensores, em sua maioria do partido de Bolsonaro, falam constantemente dos supostos crimes cometidos pela fonte e insinuam que os repórteres e editores do Intercept e dos demais veículos trabalhando em cima desse arquivo são "criminosos" ou "cúmplices" devido ao papel que desempenhamos em expor a verdade. O blog que vem funcionando como porta voz oficial de Moro se refere a nós como "cúmplices", enquanto Moro nos chama de "aliados de criminosos".

Maduro: Venezuela está preparada para responder provocações de aeronaves dos EUA


O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse que seu país está preparado e continuará avançando, apesas das incursões de aeronaves espiãs dos EUA em seu espaço aéreo.

O chefe do Comando Sul dos EUA, Craig Faller, afirmou neste domingo que a Força Aérea dos EUA continuará voando "onde os padrões internacionais se aplicam".

"Hoje Craig reconheceu, eles descobrem o que está acontecendo na Venezuela através de um avião, eu os parabenizo, muito bem, continuem com a prepotência militar. No entanto, deixe-me dizer, não importa o que façam ou digam, nós estamos preparados, temos a força moral e espiritual, temos o poder de dizer que a revolução bolivariana, assim como o nosso povo, vai continuar avançando", declarou Maduro durante o encerramento da XXV edição do Foro de São Paulo em Caracas.

Nos últimos dias, o governo venezuelano denunciou a incursão de aviões de espionagem dos EUA na área do país sul-americano.

ONU: Poder supranacional?


María Alejandra Díaz* | Diário Liberdade | Tradução de Anisio Pires

O estágio intermediário entre guerra e paz, articulado juridicamente e institucionalizado na base do Pacto Briand-Kellogg e da Sociedade de Nações, deu origem à ONU. Isto converteu a paz numa ficção jurídica, pois, na prática, impuseram sua vontade e quebraram os demais estados com meios militares e extramilitares (coação económica). Tudo isto no marco de um direito comum global e de certo padrão constitucional comum, minando assim a soberania dos Estados-Nação

Nasce a ONU: centro supranacional real de transferência do direito soberano dos países a um “parlamento global” e suporte da soberania imperial, cúmplice da guerra mais aterradora que se realiza em nome da paz, da opressão mais terrível aplicada em nome da liberdade e da inumanidade mais atroz, levada a cabo somente em nome da humanidade (Schmitt).

Trata-se da máxima expressão da constitucionalização de um poder superestatal conhecido como justiça transnacional ou delegativa. Com esta, a soberania cede frente à validez desse direito que se impõe acima do Estado-Nação, no mais puro estilo Hobbesiano. Único meio capaz de superar a anarquia que, segundo eles, necessariamente produzem os Estados Soberanos.

Sequestros e torturas assombrosas. Que escondem prisões secretas da Ucrânia?


Agência Sputnik continua publicando materiais exclusivos sobre as prisões secretas que tem o Serviço de Segurança Ucraniano (SBU) ao longo de toda a linha de contato com as autoproclamadas repúblicas populares de Donetsk e Lugansk, onde as pessoas sequestradas sofrem torturas terríveis.

A Sputnik conseguiu encontrar um ex-funcionário do Ministério do Interior da Ucrânia, que coordenava a detenção de "separatistas" nos postos de controle das repúblicas autoproclamadas, e falou com ex-prisioneiros.

Sequestros de civis

Em meados de agosto de 2014, os combates das milícias da República Popular de Donetsk contra as forças de segurança ucranianas aproximaram-se da cidade de Ienakievo. Os habitantes locais começaram a abandonar a zona de combates.

Konstantin Afonchenko decidiu ir para Odessa, onde sua filha estava sendo tratada no hospital e sua esposa estava com ela. A viagem terminou logo no primeiro posto de controle ucraniano.

Alguns dos "nazik" (como são chamados os efetivos da Guarda Nacional da Ucrânia na região de Donbass) começaram a revistar o telefone de Afonchenko. No início dos contatos, na letra "A", encontraram um "Andrei", jornalista de um canal de televisão russo. Afonchenko o conheceu por acaso durante uns protestos em maio.

"Bem, sim, fui aos protestos. E quem não ía? Todo o país estava envolvido em comícios já havia um ano. Eu não era nenhum separatista, nem sequer sei o que isso é", diz ele.

Os "nazik" o espancaram e levaram para o aeródromo da vizinha cidade de Kramatorsk. Tudo o que era valioso lhe foi retirado. Eles anunciaram que todo o dinheiro, objetos de valor e o computador passavam para o fundo do exército, recorda Afonchenko.

EUA precisam de bases e bombas na Europa para controlar aliados e frisar supremacia


Análise

A presença de armas nucleares dos EUA na Europa, inclusive na Itália, não é uma notícia. Especialista comentou qual é o sentido de haver hoje em dia armas nucleares e bases americanas na Europa e quando as autoridades italianas prestarão aos cidadãos as informações sobre as que estão posicionadas no país.

Em entrevista à Sputnik Itália, Fabrizio Di Ernesto, autor do livro "Porta-aviões Itália. Sessenta anos da OTAN no nosso país", apontou que o relatório sobre a presença de armas nucleares dos EUA na Itália, cuja maior parte se encontra nas bases de Ghedi e Aviano, é um segredo que todo mundo conhece.

"Há vários anos que vem se falando da presença de ogivas nucleares americanas na Itália e na Europa, só que desta vez à notícia foi dado um enfoque significativo, já que, se você ler mais atentamente, irá ler 'presença de armas nucleares na Itália foi revelada por engano', em vez de 'na Itália há bombas nucleares'. Sendo assim, trata-se de uma tentativa de afastar para segundo plano o fato da presença de armas nucleares", apontou.

O analista disse que na Itália tal fato nunca chegou a ser confirmado por ser um segredo militar. Até mesmo o nome do tratado assinado por Roma e Washington, Stone AX, foi revelado pelos EUA em 2005, mas até agora a data exata da assinatura do tratado continua desconhecida.

"Até mesmo os tratados segundo os quais na Itália servem militares dos EUA e da OTAN são secretos, praticamente não se sabe nada deles. Os detalhes desses tratados são divulgados apenas em casos especiais. Podemos recordar, por exemplo, a catástrofe com o teleférico de Cavalese [em 1998, quando um avião militar dos EUA chocou com cabos de um teleférico que transportava esquiadores, matando 20 pessoas], quando o governo liderado por Massimo D'Alema precisou explicar por que os pilotos americanos, culpados pelo incidente, não podiam ser julgados na Itália", sublinhou Di Ernesto.

"Podemos supor que, quando se trata de tratados desvantajosos para a Itália, o nosso país simplesmente não quer mostrar até que ponto estamos submetidos aos EUA", frisou.

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