quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Portugal | Transporte de matérias perigosas: lobos e ovelhinhas?


Além das medidas de apoio às PME, é também necessário mais licenciamento e regulação e acrescida eficácia do controlo da concorrência desleal e do dumping social.
“Nós também fizemos as nossas contas e podemos dizer que estes aumentos salariais são possíveis de cumprir, desde que o Governo e o Estado cumpram as suas obrigações e fiscalizem a aplicação da lei no terreno. O problema é que o sector está uma balbúrdia porque toda a gente ganha com isto, menos quem trabalha”.

“Das mais de 8000 empresas apenas 26 são consideradas grandes, que depois subcontratam serviços “em condições draconianas às pequenas e médias empresas”.

“Não sei a quem interessa que se continue a olhar para o lado”.

Cito Domingos Pereira, um empresário da indústria de transportes de mercadorias e dirigente de uma das associações patronais do sector (União de Transportadoras Portuguesas – UTP), a partir de um artigo recentemente publicado no Público (jornalista Luísa Pinto), com o título: “Raio X dos transportes de mercadorias: um sector fragmentado e dominado por PME”i.

Não se vai aqui emitir opinião sobre o conflito, em si. Muito há por aí escrito sobre isso.

Mas porque tal se considera (também) importante numa perspectiva da resolução mais estrutural e permanente desse conflito, tenta-se aqui suscitar alguma reflexão inerente e pertinente (premente, mesmo) a propósito deste artigo e, sobretudo, das declarações deste dirigente patronal sobre a situação das pequenas empresas na indústria de transportes de mercadorias (e não só).

Portugal | Militares da GNR "aliciados" com ajudas de custo para conduzirem camiões


Associação Sócio-Profissional Independente da Guarda (ASPIG/GNR) mostra-se preocupada com o facto de militares sem experiência estarem a conduzir camiões com produtos inflamáveis.

Nos dois primeiros dias da greve dos motoristas de matérias perigosas e de mercadorias, o transporte de combustível foi assegurado por 28 veículos pesados de mercadorias perigosas, numa operação que envolveu 49 elementos da Polícia de Segurança Pública e da Guarda Nacional Republicana.


Nesta senda, fonte da GNR denunciou ainda ao Notícias ao Minuto que os militares que estão a fazer o transporte dos combustíveis, desde que foi decretada a requisição civil, foram “aliciados” com o valor das ajudas de custo que vão ser pagas.

Portugal dos camionistas | ANTRAM desafiada pelo sindicato a "sentarem-se à mesa"


O anúncio desta manhã de que os motoristas iam parar e não prestariam serviços mínimos, decisão tomada em plenário e aprovada por unanimidade, segundo Pardal Henriques, não se verificou na plenitude. Há camiões a proceder ao fornecimento de combustíveis um pouco por todo o país, sem algumas falhas.

Das declarações de Pardal Henriques surge então o desafio que fez à ANTRAM para se “sentarem à mesa amanhã, quinta-feira. Da ANTRAM ainda não se conhece resposta.

Do Notícias ao Minuto extraímos para o PG as declarações do ministro Matos Fernandes e o secretário de estado João Galamba em conferência de imprensa marcada para as passadas 13:00 horas. Desde essa hora até agora eis o que por parte do governo foi atualizado e também o que por parte do representante dos grevistas foi anunciado. A seguir. 

Redação PG


Sindicato desafia ANTRAM para se sentarem 'à mesa' amanhã

Decorre esta quarta-feira o terceiro dia de greve dos motoristas, numa paralisação por tempo indeterminado e depois de o Governo ter aprovado uma requisição civil parcial, logo no primeiro dia da paralisação.

O terceiro dia de greve começou agitado, com o vice-presidente do Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP), Pedro Pardal Henriques, a anunciar que os trabalhadores não vão cumprir os serviços mínimos, nem a requisição civil. 


Também na terça-feira o sindicato denunciou a troca de combustível em descargas feitas por militares das Forças Armadas e da GNR, uma situação desconhecida pelo regulador do setor energético

Acompanhe, ao minuto, os desenvolvimentos mais recentes da greve:

16h09 - Pardal Henriques quer terminar com a "palhaçada" e lança um desafio à ANTRAM. O líder sindicalista quer sentar-se 'à mesa' amanhã, às 15h, na DGERT. O SNMMP está disponível para negociar, mas, para já, não cancela a greve. 

16h06 - Pardal Henriques critica reação do Governo: "Mais uma vez os ministros insistem uma requisição civil que é ilegal", reage Pardal Henriques, no seguimento das declarações do ministro do Ambiente, Matos Fernandes, sobre a possibilidade de a requisição civil vir a ser alargada. "É acabar com o direito à greve", acrescentou. 

Questionado sobre a possibilidade de não terem sido cumpridos os serviços mínimos, Pardal Henriques disse apenas que os trabalhadores decidiram que "se um iria preso, então iriam todos", fez saber. 

"Temo pelo direito laboral de todos os portugueses. O que está aqui a ser feito é um tubo de ensaio quanto ao que pode ser feito em relação às próximas greves", disse ainda Pardal Henriques. 

15H38 - Há mais de cinco centenas de postos sem gasolina. E o gasóleo? A esta hora, há 575 postos de abastecimento sem gasolina, 818 postos sem gasóleo e, ainda, 68 sem GPL, de acordo com os dados da plataforma 'Já Não Dá Para Abastecer', da VOST Portugal, onde é possível ir verificando a atualizaçãocontínua do cenário dos postos de abastecimento.

14h05 - Confrontado com a possibilidade, admitida pelo ministro Augusto Santos Silva, O ministro do Ambiente disse que a decisão de alargar a requisição civil será tomada ao final do dia, indicando que a situação "mais preocupante" de incumprimento se regista em Aveiras de Cima, no distrito de Lisboa. "A avaliação dos serviços mínimos não se faz de hora a hora".

13h30 - O ministro do Ambiente, Matos Fernandes, acompanhado pelo secretário de Estado João Galamba, voltou a falar aos jornalistas, garantindo desde logo que "houve serviços mínimos até às 7h00". Mas entre as "7h e as 10h foram afetados".

Neste momento, anunciou o governante, há "nove equipas das Forças Armadas a fazer o transporte de combustível para o Aeroporto de Lisboa", mas sobre balanços "só no final do dia será possível fazer". Ainda assim, Matos Fernandes revelou que há "um caso grave de incumprimento" que aconteceu no transporte de Loulé para aeroporto de Faro, "os seis camiões faltaram todos aos trabalho".

Matos Fernandes assegurou ainda que "83% postos" da rede REPA "têm todos os combustíveis" e que há no país "197 postos vazios". Porém, reforçou, "da rede REPA não existe nenhum".

Beatriz Vasconcelos | Notícias ao Minuto | Foto de topo: Pardal Henriques / Global Imagens

Zizek: por que os EUA podem guinar à esquerda

Alejandra Ocasio-Cortez e Bernie Sanders

Nos preparativos para eleições cruciais de 2020, são os Socialistas Democráticos que desafiam Trump. Para fazê-lo propõem redistribuir riquezas, ampliar serviços públicos e nova articulação entre feminismo, antirracismo e justiça social

Slavoj Žižek | Outras Palavras | Tradução: Antonio Martins

Nos Estados Unidos, muitos dos chamados membros “moderados” do Partido Democrata preferem que Donald Trump mantenha a presidência, a uma vitória de Bernie Sanders ou de outro autêntico partidário de posições à esquerda. Neste sentido, são espelhos dos republicanos ligados ao establishment — como George W. Bush e Colin Powell –, que expressaram publicamente seu apoio a Hillary Clinton, nas eleições de 2016.

Num dos debates acalorados prévios à escolha do candidato democrata, semana passada, o ex-governador do Colorado, John Hickenlooper, advertiu que “poderíamos entregar a eleição para Donald Trump”, caso o partido adote posições radicais – como o Green New Deal, o programa de assistência médica pública e gratuita para todos, proposto por Bernie Sanders e outras iniciativas que mudam paradigmas.

O debate que se seguiu expôs claramente os dois campos no Partido Democrata: os “moderados” (que representam o establishment do partido, cuja face principal é Joe Biden) e os democratas socialistas (Bernie Sanders, talvez Elizabeth Warren e as quatro congressistas apelidadas por Trump de “esquadrão democrata” [Dem Squad], cuja face mais popular é agora Alexandria Ocasio-Cortez.

Esta disputa é provavelmente a mais importante batalha política que ocorre hoje, em qualquer parte do mundo.

Poder parecer que os moderados têm uma posição convincente. Afinal, os socialistas democráticos não são, claramente, radicais demais para conquistar a maioria dos eleitores? A verdadeira batalha não é pelos eleitores indecisos (e moderados), que nunca apoiariam uma muçulmana, como Ilhan Omar, cujos cabelos são cobertos por um véu? E o próprio Trump não sabe disso, tendo inclusive atacado o “esquadrão” e obrigado o conjunto do Partido Democrata a solidarizar-se com as quatro garotas, elevadas ao status de símbolos partidários?

Para os centristas do Partido Democrata, o importante é livrar-se de Trump e retornar à hegeonia normal, liberal-democrata, que as eleições de 2016 desfizeram.

Argentina | Os mercados cercam a democracia


Nas urnas, população goleou política quase idêntica à de Bolsonaro. Um dia depois, oligarquia financeira deflagra crise cambial e sugere: “agora, quem vota somos nós”. Vêm aí lances decisivos para o futuro da América do Sul

Antonio Martins | Outras Palavras

Por que permanecem firmes os governos que, a exemplo do brasileiro, perdem apoio popular, mantêm ou agravam a crise social, devastam o parque produtivo e vomitam por todos os poros incivilidade e patifaria? Qual a relação entre as políticas ultracapitalistas, tramadas nos salões elegantes dos bancos e das empresas de consultoria globais, e as falas de latrina de um Bolsonaro, um Trump, um Duterte – ou, ainda pior, a rápida erosão das liberdades civis e o avanço das milícias e esquadrões da morte? Pode um político neoliberal disfarçar-se de populista e contar com o apoio explícito do FMI? Como vencer este casamento de conveniências – porém, de sinistras consequências – entre defensores extremados da “liberdade” dos mercados e protofascistas?

Nada como a experiência, para encontrar as respostas. No último domingo (11/8), os argentinos – que em 2001 repudiaram uma dívida externa avassaladora e produziram o maior defaultfinanceiro de todos os tempos – protagonizaram outro evento inédito. Pela primeira vez, um governo instalado na onda atual de ascenso da ultra-direita foi batido nas urnas. Os peronistas Alberto Fernández e Cristina Fernández (Kirchner) arrasaram Maurício Macri, vencendo-o por 15 pontos percentuais (47,7% x 32,2%) em primárias gerais. Embora não sejam as eleições definitivas (marcadas para 27/10), as primárias atraíram 75% dos eleitores, foram realizadas pela Justiça Eleitoral segundo as mesmas normas e procedimentos do pleito e são consideradas por todos como indício de derrota quase certa do candidato neoliberal.

Na segunda-feira, os mercados deflagraram sua resposta. Os grandes aplicadores iniciaram uma fuga cambial em massa, que fez a moeda argentina despencar 30% em poucas horas. O dólar chegou a valer 60 pesos (caindo para 57,30 depois de três intervenções do Banco Central, que torraram mais US$ 106 milhões). Na bolsa de Buenos Aires, as ações também desabaram, com o Índice Merval recuando também 30%. A onda de pessimismo repercutiu pelo mundo e derrubou as cotações de outras moedas na periferia do sistema: a lira turca, o rand sul-africano, o real brasileiro. Mas a oligarquia financeira, que apoiou Macri durante todo o seu mandato, julgou-se em condições de fazer exigências… a Alberto Fernández. O candidato peronista “precisa enviar uma mensagem para os mercados, que o enxergam com desconfiança”, disse Rodrigo Álvarez, diretor da consultora Analytica, ao diário portenho Clarín.

NO MORE TRUMP! -- Martinho Júnior



… “Os lóbis do armamento e da energia, que tradicionalmente e no quadro da aristocracia financeira mundial suportam o lado republicano dos mecanismos do poder dominante no quadro do império da hegemonia unipolar, como já não podiam exercer a plasticidade dum Obama, ou duma Hillary Clinton (que mesmo assim tiveram múltiplos reveses), só podiam, ao fazer cair as máscaras, adoptar um exercício fascizante nos relacionamentos internacionais, que se casasse com o capitalismo proteccionista protagonizado pela campanha e início da actividade presidencial de Donald Trump e a “tradicional excepcionalidade” estado-unidense, qualquer que fosse o grau dos crimes em evidência.”… - https://paginaglobal.blogspot.com/2019/05/grotesco.html

01- A 10 de Agosto de 2019, na Embaixada da Venezuela Bolivariana em Luanda, assinei a petição dirigida ao Secretário-Geral da ONU, António Guterres, contra as sanções e o bloqueio dos Estados Unidos à Venezuela Bolivariana, segundo o “diktat” de Trump, o republicano de turno cuja administração exerce hoje na Casa Branca!

Juntei-me assim a milhões de patriotas venezuelanos, a largos milhares de cidadãos do mundo e aos angolanos que têm consciência de quanto essas sanções e esse bloqueio põem em causa os relacionamentos internacionais, contra a essência da própria Organização das Nações Unidas! (https://lux24.lu/2019/08/11/venezuela-13-milhoes-assinam-manifesto-para-levar-a-antonio-guterres/).

Fi-lo com meu nome próprio, na qualidade de antigo combatente e veterano da pátria de Agostinho Neto, o Presidente-fundador do Estado Angolano, ele mesmo coerente anti-imperialista enquanto dirigente de um dos mais decisivos movimentos de libertação em África e enquanto esteve, até ao fim de sua vida, à frente da República Popular de Angola! (https://paginaglobal.blogspot.com/2019/07/o-pensamento-de-agostinho-neto-e-um.html).

Sem essas convicções anti-imperialistas, recordo, seria impossível em África vencer-se colonialismo e “apartheid”!...

O fracasso total da diplomacia de Washington


Strategic Culture Foundation

Aparentemente já não há qualquer tentativa, ou simulacro, de diplomacia por parte de Washington. Sanções e agressões são exercidas com descaramento. A Rússia, a China e mesmo os supostos aliados europeus dos Estados Unidos são sujeitos a sanções por Washington – numa rejeição arrogante a qualquer diálogo para resolver alegados diferendos.

O presidente dos EUA, Donald Trump, evoluiu para uma certa atitude maximalista estridente nas relações internacionais. Ela pode ser resumida assim: do meu modo ou de modo nenhum.

Um exemplo recente é a imposição de sanções ao ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão, Mohammad Javad Zarif. Isto indica que os EUA amputaram qualquer possibilidade de uma desescalada negociada de tensões no Golfo Pérsico.

Zarif, do Irão, revelou nesta semana que quando estava numa visita diplomática aos EUA no mês passado foi-lhe dito por autoridades que era aguardado na Casa Branca para uma reunião com o presidente Trump. Se Zarif recusasse a "oferta" ele seria então colocado numa lista de sanções, informaram-no. Sob estas circunstâncias de coerção aparente o principal diplomata iraniano declinou o convite, só para descobrir posteriormente que fora na verdade punido com sanções. Que espécie de diplomacia americana é esta? Soa como uma oferta do tipo máfia, que não pode ser recusada.

Portugal | Democracia no litoral


Pedro Ivo Carvalho | Jornal de Notícias | opinião

Vagarosamente, o território continua a espreguiçar-se para o litoral. Vão as pessoas, os empregos, a economia, o progresso e as oportunidades. E vai também a democracia. As decisões. O novo mapa eleitoral mostra-nos que, nas eleições legislativas de 6 de outubro, quase metade (40%) dos deputados escolhidos pelos portugueses representarão os círculos de Lisboa e do Porto. O primeiro passa de 47 para 48 mandatos; o segundo ascende aos 40, mais um do que nas legislativas de 2015. Conclusão: nos dois maiores núcleos urbanos está um terço da força do voto.

Ora, se quisermos ensaiar uma extrapolação arriscada, mas não impossível, podemos afirmar que bastaria a um partido ser esmagador no Porto, em Lisboa, Aveiro (16 mandatos) e Braga (19 mandatos) para atingir os 123 deputados, o que chega e sobra para uma maioria absoluta. Se somarmos a estes os mandatos de Setúbal (18), ficamos com cinco círculos eleitorais a decidir as orientações políticas de um universo de 22.

Portugal | Sindicato anuncia que motoristas vão deixar de cumprir serviços mínimos


Motoristas não gostaram que mais de uma dezena de colegas tivessem sido notificados e possam ser detidos por não cumprir a requisição civil. Em protesto, o sindicato anunciou que mais nenhum trabalhador irá cumprir os serviços mínimos.

O porta-voz do Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP), Pedro Pardal Henriques, anunciou esta manhã que os motoristas vão deixar de cumprir a requisição civil e os serviços mínimos.

A decisão surge depois de o Governo ter revelado, na última noite, que 14 trabalhadores estariam a ser notificados por não terem cumprido a requisição civil decretada durante a greve.

"Foi-nos comunicado [pelas empresas] o não-cumprimento da requisição civil por parte de 14 trabalhadores", disse o ministro do Ambiente e da Transição Energética, João Pedro Matos Fernandes, em conferência de imprensa.

O ministro informou que a 11 desses trabalhadores "já foi feita a devida notificação", referindo que primeiro é feita a "notificação do incumprimento e depois é que há a notificação de estarem a cometer um crime de desobediência". Em relação aos restantes três trabalhadores, estão ainda "por encontrar e notificar", acrescentou João Pedro Matos Fernandes.

Em solidariedade com os colegas - que podem vir a enfrentar uma pena de até dois anos de prisão pelo crime de desobediência -, os motoristas vão, esta quarta-feira, parar todos os serviços.

"O sr. ministro veio dizer que há 11 pessoas que vão ser detidas e três pessoas que estão foragidas. Nós não aceitamos", declarou o porta-voz do sindicato dos motoristas. "Ver representantes do nosso país ameaçar trabalhadores com pena de prisão é uma vergonha."

"Estes homens, em solidariedade com os seus colegas, não vão sair daqui hoje. Ninguém vai cumprir nem serviços mínimos nem requisição civil. Não vão fazer absolutamente nada", assegurou Pardal Henriques.

O representante dos motoristas afirmou que "é um por todos e todos por um" e que se um motorista for detido, terão todos de o ser.

"Se um motorista vai ser preso, então o sr. ministro tem de trazer grandes autocarros para levar os 800 motoristas do país", atirou Pardal Henriques.

Portugal está, desde sábado e até às 23:59 de 21 de agosto, em situação de crise energética, decretada pelo Governo devido a esta paralisação, o que permitiu a constituição de uma Rede de Emergência de Postos de Abastecimento (REPA), com 54 postos prioritários e 320 de acesso público.

A greve que começou na segunda-feira, por tempo indeterminado, foi convocada pelo Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) e pelo Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM), com o objetivo de reivindicar junto da Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (Antram) o cumprimento do acordo assinado em maio, que prevê uma progressão salarial.

Ao fim do primeiro dia de paralisação, o Governo decretou a requisição civil, alegando o incumprimento dos serviços mínimos.

Rita Carvalho Pereira | TSF

Foto: Motoristas estão concentrados na Companhia Logística de Combustíveis, em Aveiras de Cima / © Pedro Rocha/Global Imagens

Leia também em TSF:
Catorze motoristas não cumpriram a requisição civil

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Portugal | Há falta de combustível porque motoristas não trabalharam por dois -- sindicato


Os motoristas estão a cumprir as oito horas diárias de trabalho. Ainda que se dividissem os 800 motoristas de matérias perigosas por dois turnos - um que se inicia de manhã cedo, outro ao início da tarde -, as situações de carência manter-se-iam, afirmou Pedro Pardal Henriques. (ontem)

O advogado do sindicato de motoristas de matérias perigosas, Pardal Henriques, considera uma "vergonha nacional", e "um ataque violentíssimo à lei da greve", o Governo substituir motoristas que já cumpriram oito horas diárias de trabalho por militares.

Em declarações à agência Lusa, Pedro Pardal Henriques defendeu que "substituir estas pessoas, que já garantiram o trabalho delas, e colocar militares a trabalhar da parte da tarde é uma vergonha nacional, é um ataque violentíssimo à lei da greve", acrescentando que "praticamente 100%" dos motoristas de matérias perigosas estão a ser escalados pelas empresas, "sem o conhecimento do sindicato", para começarem a trabalhar às 06h00.

"Aberração", chegou mesmo a dizer, indignado com a possibilidade de colocar militares a cobrir o resto das horas.

"Eu estou expectante para saber se o primeiro-ministro vai colocar o exército numa tentativa de furar o direito à greve", disse o representante do SNMMP.

"Depois não venham o senhor ministro ou o responsável da ANTRAM [Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias] dizer que não existem pessoas para trabalhar da parte da tarde, porque elas já trabalharam de manhã, já esgotaram as oito horas de trabalho", acrescentou o assessor jurídico do Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP).

Pedro Pardal Henriques voltou a sublinhar que a requisição civil parcial não se justifica "de maneira nenhuma", já que, no decorrer do primeiro dia de greve, "os serviços mínimos foram assegurados integralmente".

No entanto, o advogado frisou que os motoristas estiveram ao serviço durante oito horas, as quais, argumenta, não são suficientes, tendo isso mesmo ficado provado, para todas as tarefas requeridas aos motoristas. "Habitualmente fazem 14 ou 15 horas, e recebem muito próximo daquilo que é o salário mínimo nacional. Como cada pessoa não fez o trabalho de duas pessoas, houve postos sem combustíveis", apontou.

Deixou também críticas à ANTRAM, associação que acusa de ter requisitado os serviços diretamente aos trabalhadores, em vez de ter feito os pedidos ao sindicato.

"A desorganização é total", acrescentou Pardal Henriques que afirma também que o Governo quer demonstrar que tudo está a correr bem. "Por isso, escalam motoristas para as seis da manhã", referiu, "para além de todo o aparato policial".

O sindicalista também assinalou que, por serem chamados para as seis da manhã, ao início da tarde, os motoristas entram nas horas de descanso, visto que só estão a apresentar serviço das oito horas diárias.

Pardal Henriques referiu que os motoristas têm cumprido e que têm coberto os seus horários de oito horas diárias.

No entanto, afirmou o representante sindicalista, ainda que se dividissem os 800 motoristas de matérias perigosas por dois turnos - um que se inicia de manhã cedo, outro ao início da tarde -, as situações de carência manter-se-iam.

TSF, com Lusa - ACOMPANHE TODOS OS DESENVOLVIMENTOS – em TSF

Foto: Rui Duarte Silva/Expresso

Portugal | Governo desafia motoristas e ANTRAM a voltar a negociar


O ministro do Trabalho, da Solidariedade e da Segurança Social desafiou os motoristas em greve e a Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM) a voltarem à mesa de negociações.

Chegou o momento das partes, provavelmente até teria sido melhor que tivesse chegado mais cedo, assumirem a responsabilidade por encontrar uma alternativa a este conflito e a alternativa tem que ser a negociação", disse Vieira da Silva, em entrevista à SIC Notícias, na terça-feira à noite.

"Aquilo que hoje já podemos verificar é que esta greve tem efeitos prejudiciais, não apenas para os setores em causa, que essa é a função da greve e a greve é um direito constitucional incontestável, mas está a produzir efeitos negativos em zonas críticas da nossa economia e da nossa sociedade", sublinhou.

Vieira da Silva defendeu que o Governo tem mostrado "uma enorme contenção", definiu serviços mínimos e não avançou com uma requisição civil preventiva.

"Não o fez, esperou para ver se as partes se entendiam", sublinhou, acrescentando que "só avançou para a requisição civil quando identificou zonas onde [os serviços mínimos] não estavam ser cumpridos".

Ataque ao Irão seria ataque à Rússia -- Pepe Escobar


Pepe Escobar, Asia Times

A Rússia está avançando meticulosamente nos movimentos sobre o tabuleiro de xadrez eurasiano, movimentos que têm de ser observados em conjunto, com Moscovo propondo ao Sul Global abordagem diametralmente oposta às sanções, ameaças e guerra económica que lhes faz o ocidente. Aqui vão três exemplos recentes.


Moscovo destaca que “o trabalho prático de lançar o processo para criar um sistema de segurança no Golfo Persa” deve começar com “consultas bilaterais e multilaterais entre partes interessadas, incluindo países da região e também de fora dela,” além de organizações como o Conselho de Segurança da ONU, Liga Árabe, Organização de Cooperação Islâmica e Conselho de Cooperação do Golfo.

O passo seguinte deve ser uma conferência internacional sobre segurança e cooperação no Golfo Persa, seguida do estabelecimento de organização dedicada à tarefa – com certeza nada que se assemelhe à imprestável Liga Árabe.

A iniciativa russa deve ser interpretada como uma espécie de contrapartida e ainda mais como complemento da Organização de Cooperação de Xangai, que finalmente começa a desabrochar como corpo de segurança, económico e político. Conclusão inevitável é que os principais agentes da OCX – Rússia, China, Índia, Paquistão e, em futuro próximo, Irão e Turquia – serão fortes agentes influenciadores na direção da estabilidade regional.

O Pentágono não vai gostar.

Fim do tratado INF 'abre caminho perigoso para inverno nuclear', diz especialista


Após meses de acusações apresentadas contra a Rússia, os EUA abandonaram o tratado de Foças Nucleares de Alcance Intermediário (INF) assinado entre a URSS e os EUA em 1987.

Ao dar este passo, e com um único acordo de controle de armas nucleares ainda permanecendo, o Tratado de Redução de Armas Estratégicas (Novo START), é deixado pendente um grande ponto de interrogação sobre o destino de todo o nosso planeta.

Sexta-feira (2) marcou o fim oficial do tratado INF entre os EUA e Rússia, apesar dos apelos de Moscou ao diálogo durante os últimos meses.

Como se não bastasse, John Bolton, assessor de Segurança Nacional dos EUA, disse durante um discurso na conferência anual de estudante conservadores que o Novo START seria o acordo seguinte a cancelar.

"Ele [tratado] não abrangeu as armas nucleares tácticas de curso alcance ou os novos sistemas portadores russos. O tratado deverá expirar em fevereiro de 2021 e, enquanto não foi tomada qualquer decisão, é improvável que seja prorrogado. Para que devemos prolongar o sistema defeituoso só para dizer que temos um tratado?", perguntou retoricamente John Bolton.

China e sua carta na manga: que faria Pequim com os títulos da dívida americana?


Guerra comercial entre a China e os EUA retoma forças. Pequim poderia ameaçar vender seus títulos da dívida dos EUA em caso extremo.

Em maio deste ano a China era o maior titular da dívida pública americana. O país detinha 1,12 triliões de dólares em títulos, como publicou o Departamento do Tesouro dos EUA.

Em 5 de agosto, o governo chinês desvalorizou sua moeda a ponto de 1 dólar valer mais de 7 yuanes. Como consequência, as bolsas dos EUA entraram em queda.

Ao que tudo indica, o confronto financeiro e comercial entre os dois países está longe de terminar.

A posição de maior credora dos EUA dá à China uma carta na manga. Se o país desejar vender seus títulos da dívida a consequência será a desvalorização deles. Isso implicaria sua queda nas bolsas americanas e o aumento da taxa de juros no país, noticiou a CNN.

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