domingo, 18 de agosto de 2019

Moçambique | Junta Militar da RENAMO considera nulo acordo de paz

Membros da Junta Militar da RENAMO na Gorongosa
Braço armado do partido acusa o atual líder, Ossufo Momade, de estar a serviço da FRELIMO e promete usar violência se não houver acordo com o Governo. Grupo também ameaça impossibilitar as eleições de 15 de outubro.

A autoproclamada Junta Militar da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) considerou nulo este sábado (17.08) o Acordo de Paz e Reconciliação assinado entre o Governo moçambicano e o principal partido de oposição no país.

O braço armado da RENAMO liderado pelo major-general Mariano Nhongo acusa Ossufo Momade de estar ao serviço do Governo da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) e de violar o espírito dos acordos de paz celebrados pelo líder histórico do partido opositor Afonso Dhlakama, falecido em 2018.

"A Junta Militar da RENAMO determina e manda publicar oficialmente a partir de hoje a destituição imediata do atual presidente da RENAMO, Ossufo Momade, e anuncia a nulidade de todos os acordos que Momade assinou com o Governo da FRELIMO", lê-se numa nota do grupo, que está reunido na Gorongosa, no centro de Moçambique, para eleger um novo líder.

Na nota, o grupo que se descreve como uma estrutura militar da RENAMO "entrincheirada nas matas" com 11 unidades militares provinciais reitera que não vai entregar as armas no quadro do acordo de paz assinado com o Governo sob a liderança de Ossufo Momade, acrescentando que vai assumir oficialmente todos os poderes de decisão e administração ligados à Desmilitarização, Desarmamento e Reintegração (DDR) da RENAMO.

O general Mariano Nhongo, que lidera a auto-proclamada junta militar, diz que o grupo vai decidir se há condições ou não para a realização das eleições de 15 de outubro, e garantiu que o grupo é capaz de impossibilitar o escrutínio.

Moçambique | Negociações sobre dívidas ocultas só recomeçam em março de 2020


Consultora Eurasia prevê que o Governo de Moçambique só vai voltar à mesa de negociações em março do próximo ano, quando o Parlamento retomar as atividades oficiais. Imbróglio jurídico atrasa eventual programa do FMI.

A consultora Eurasia considera que o Governo de Moçambique só vai voltar à mesa das negociações sobre as dívidas ocultas em março de 2020. O embróglio jurídico pode atrasar um eventual programa do Fundo Monetário Internacional (FMI).

"Só quando o Parlamento moçambicano retomar a atividade oficial, em março de 2020, é que os debates sobre as propostas de reestruturação deverão começar", escrevem os analistas numa nota sobre a evolução de várias economias africanas.

Os analistas acreditam que "o imbróglio jurídico sobre o escândalo da dívida vai provavelmente adiar a reestruturação da dívida", que está em curso e já mereceu um acordo por parte dos credores da dívida soberana.

"Isso, por seu turno, vai adiar um programa do FMI e prejudicar a estabilidade macroeconómica a médio prazo", acrescentam, notando que "os procedimentos legais simultâneos na África do Sul, em Moçambique, nos Estados Unidos e no Reino Unido evidenciam a complexidade da situação e a resposta confusa do Governo moçambicano".

Angola | Cruzada e encruzilhada


Víctor Silva | Jornal de Angola | opinião

O tempo caminha a passos largos para registar dois anos de governação do Presidente João Lourenço, facto que marca uma mudança política de grande impacto e não apenas uma mera substituição na liderança do país.

O país vivia uma realidade mascarada, fantasmagórica, escondendo os seus reais problemas e potenciando feitos que, na verdade, eram quase nada quando confrontados com a real dimensão das dificuldades estruturais e estruturantes que vivíamos. Dir-se-á que vivíamos uma vida que não era nossa. A vida do imaginário e da ficção de quem julgava que Angola se resumia a uma área geográfica delimitada entre a Ingombota, Talatona e a Vila Alice. Mesmo para os que assumiam que o país era a sua capital, as fronteiras eram curtas, não passavam a Luanda real que está mergulhada numa montanha de problemas, desde o sobrepovoamento a todas as carências que isso arrasta, da falta de água, energia, saneamento, mobilidade, habitação, saúde e educação, para só citar estes, e que depois se reflectem, naturalmente, na vida da sua reduzida dimensão citadina.

As prioridades foram sendo invertidas na velocidade da saciedade dos apetites vorazes de uma elite, que se foi estruturando e consolidando locupletando-se dos dinheiros públicos, à custa do sacrifício da maioria, ignorada e entregue à sua sorte, seguindo o famoso slogan do “débrouillez-vous” copiado do antigo ditador do grande vizinho do Norte e Leste.

Os planos e aparentes boas intenções em buscar soluções para os problemas esbarravam nessa ganância de enriquecer a todo o custo que se enraizou na sociedade e que fez perder princípios e valores idiossincráticos que nos são caros desde as guerras contra a ocupação colonial e que foram apressadamente substituídos pela avareza, na triste política de acumulação primitiva de capital que servia quase que em exclusivo uma minoria depredadora, com os restantes cidadãos a olharem para cima e procurarem imitar hábitos e práticas. Era a institucionalização da corrupção, a grande e a pequena, e da impunidade, onde apenas os pilha-galinhas e ladrões de telemóveis e botijas de gás enchiam as cadeias enquanto os responsáveis pela morte de milhares de cidadãos por desvios de verbas de programas de saúde, de saneamento, de assistência alimentar, ou outros, continuavam a passear-se entre a opulência e o concurso de ostentação sobre quem tem ou apresenta mais.

Angola | PRIVATIZAÇÕES, ISABEL E O ALERTA DOS MERCENÁRIOS


O programa de privatizações lançado em Angola vai ser um teste ao executivo de João Lourenço e à confiança mútua entre investidores e Governo, defende o advogado Bruno Xavier de Pina, desde 2010 sócio da empresa de advogados PLMJ responsável por Angola.

Com uma extensa lista de 195 empresas públicas angolanas de vários sectores a privatizar até 2022, Bruno Xavier de Pina realçou que a concretização bem-sucedida deste programa inédito, apresentado na terça-feira, terá “um grande impacto na economia”, mas a última palavra será dos investidores. Por isso, o sucesso do programa vai ser também um teste para o Governo e à confiança recíproca entre o executivo e os investidores.

“É um grande teste. Pode correr muito bem e ser 100% cumprido com a entrada de privados em todas estas empresas, mas sabemos que é muito difícil acontecer”, disse o sócio coordenador da Angola Desk da PLMJ, salientando que “o ónus está no Governo angolano” e na sua capacidade de atrair investimento para Angola.

“É uma questão de interesse dos investidores e, para isso acontecer, o ambiente de negócios de Angola tem de consolidar-se e os investidores têm de confiar no país”, afirmou, aludindo a “uma série de questões que vão ser testadas” e se reflectirão na concretização do programa como a estabilidade da moeda, mobilidade, repatriamento dos capitais ou a melhoria do sistema de saúde.

Para Bruno Xavier de Pina, este é um programa “essencial” para a sustentabilidade da economia angolana que é difícil conceber “sem investimento privado musculado e transversal”.

São Tomé | PJ queimou cocaína antes de desaparecer dos cofres dos Tribunais e do MP


Na última semana a Polícia Judiciária de São Tomé Príncipe incinerou 32 quilos de droga. A maior parte cocaína. Segundo Maribel Rocha, Directora da PJ, dos 33,5 quilos havia também alguma quantidade de heroína.

Nos últimos anos tornou-se rotineira a apreensão pela Polícia Judiciária de importante quantidade de droga, principalmente a cocaína no aeroporto internacional de São Tomé e Príncipe. A maior apreensão aconteceu na segunda semana do mês de Julho último, mais de 30 quilos.

No momento da incineração da droga, a Directora da Polícia Judiciária disse à imprensa que as drogas apreendidas constituem provas de crime, mas devem ser incineradas mesmo antes do julgamento dos traficantes.

No entanto a polícia só pode executar a queima após autorização dada pelas instâncias judiciais, nomeadamente pelo ministério público.

A queima da última semana de cocaína apreendida, foi inédita nos últimos anos, e terá contribuído para evitar perigos maiores.

São Tomé e Príncipe no meio do perigo


São Tomé e Príncipe, está localizado no meio do Golfo da Guiné. Uma posição geográfica estratégica numa região rica em petróleo e outros recursos naturais.

Há cerca de duas décadas que as autoridades projectam o desenvolvimento do arquipélago, como uma plataforma de prestação de serviços na região do Golfo da Guiné.

Uma região marítima que no entanto se transformou nos últimos anos, na mais insegura do mundo. O anúncio do Golfo da Guiné como sendo o epicentro da pirataria marítima mundial, foi feito na última quinta – feira pelo Centro de Informação sobre Pirataria do Bureau Marítimo Internacional(BMI).

Noel Choong, responsável do Bureau Marítimo Internacional, disse a imprensa internacional que a região do golfo da Guiné regista 72% dos sequestros no mar ocorridos em todo mundo. Mais ainda, 92% de tripulantes de navios feitos reféns por piratas, são registados no golfo da Guiné.

George Soros é acusado de desestabilização da Guiné Equatorial


O bilionário George Soros é acusado pelo representante da Guiné Equatorial na ONU de investir na desestabilização do país para favorecer um possível golpe de Estado.

Por meio da ONG Amnistia Internacional, financiada pela Open Society, Soros estaria trabalhando em prol de interesses económicos como a exploração de recursos petrolíferos, florestais e marítimos do país, denunciou o representante do país na ONU, conforme matéria no site Expresso das Ilhas.

“Querem impor um Presidente que faça o que eles querem, para explorar os recursos como querem”, acusou o diplomata comentando conflitos violentos que acontecem no país. Sua tese é de que por meio da ONG Amnistia Internacional, Soros estaria criando um “clima de terror” ao dar destaque mundial para temáticas de violência política no país, visando gerar uma crise.

Um empresário maior que um país

Até 2014 o PIB da Guiné Equatorial era menor que a fortuna do bilionário George Soros, estimado em 25 bilhões de dólares. Se no Brasil de dimensões continentais o financiamento de fundações como Open Society, a Ford já chama atenção, mostrando-se capaz de influenciar gravemente definições políticas, legais e culturais, afetando os rumos do país, imagine o impacto que um financiamento internacional tem em um país pequeno e carente, com menos de 1 milhão de habitantes.

O tamanho do país também ajuda a compreender melhor alguns dos interesses que fundações internacionais podem estar nutrindo ao movimentar milhões de dólares em ações que, sob pretexto de fazerem filantropia, obtêm cada vez maior poder na estrutura da sociedade.

Marlon Derosa | Estudos Nacionais

Médico do Hospital de Aveiro é um herói na Guiné-Bissau


Foi com uma recepção calorosa que o médico do Centro Hospitalar do Baixo Vouga (CHBV) José Manuel ln-Uba se deparou quando chegou, no início deste mês, à sua terra natal, a aldeia de Bindoro, em Mansoa, na região de Oio, situada no norte da Guiné-Bissau.

Com tanto que tem feito por aquela comunidade em vários sectores, como o ensino ou a educação, todos quiseram agradecer o esforço, solidariedade e dedicação dos últimos anos.

Veio para Portugal quando era jovem, licenciou-se em Medicina na Universidade do Porto e, para além de trabalhar no CHBV, tem uma clínica, mas nunca esqueceu o lugar onde cresceu.

Desde o ano de 2000, o médico já criou seis escolas na aldeia de Bindoro, aproveitando espaços que lhe foram cedidos, e paga do seu próprio bolso os ordenados dos professores que ensinam, actualmente, cerca de 600 crianças em armazéns de arroz que foram convertidos em salas de aula em que as secretárias são tábuas de madeira pousadas sobre estruturas de cimento. Ali, aprendem Português, Ciências Sociais e Matemática.

Diana Cohen | Diário de Coimbra

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Guiné-Bissau: Mário Vaz pede tempo para decidir sobre candidatura


Presidente guineense diz que precisa de "mais uns dias" para decidir se vai ser candidato às presidenciais de 24 de novembro. Jomav terminou mandato em 23 de junho e vai permanecer no cargo até a eleição de um sucessor.

O Presidente da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, pediu este sábado (17.08) aos seus apoiantes mais uns dias para anunciar se será candidato às eleições presidenciais, marcadas para 24 de novembro.

"Peço mais uns dias", disse o Chefe de Estado guineense num encontro que reuniu centenas de apoiantes provenientes de várias regiões da Guiné-Bissau, organizado pela Plataforma de Apoio a Jomav.

"Peço-vos só uns dias e daremos uma resposta. Daremos uma resposta em função de tudo aquilo que aqui disseram", salientou o Presidente.

O Presidente guineense terminou o mandato em 23 de junho, mas vai permanecer no cargo até à eleição de um novo chefe de Estado. A primeira volta das presidenciais na Guiné-Bissau está marcada para 24 de novembro. Caso nenhum candidato obtenha a maioria dos votos, a segunda volta está prevista para 05 de janeiro.

Dos vários possíveis candidatos às presidenciais do país, até ao momento, já confirmaram a sua candidatura dois antigos primeiros-ministros do país, nomeadamente Carlos Gomes Júnior, como independente, e Umaro Sissoco Embalo, candidato do Movimento para a Alternância Democrática, partido criado em 2018 e que foi o segundo mais votado nas legislativas de 10 de março.

Deutsche Welle | Agência Lusa, kg

Guiné-Bissau | Artistas juntam-se para combater abandono escolar de raparigas


Na Guiné-Bissau, as raparigas são quem menos frequenta o sistema de ensino. E as raparigas da região de Biombo precisam urgentemente de uma escola digna. Por isso, vários músicos juntaram-se em solidariedade.

A cantora guineense Karina Gomes deu a cara a uma nova iniciativa de solidariedade para angariar fundos para a construção de uma escola para as raparigas de Biombo, uma das regiões mais pequenas da Guiné-Bissau. E vários músicos juntaram-se a ela, incluindo Eneida Marta.

É preciso combater o abandono escolar de raparigas nas escolas guineenses, diz a artista.
"Infelizmente, ainda vivemos na Guiné-Bissau esse flagelo das meninas que não vão para a escola, porque, por uma questão cultural, acham que elas não precisam da escola e que só precisam de saber os deveres de casa para o casamento e essas coisas", afirma Eneida Marta em entrevista à DW África.

Estima-se que 23% das crianças guineenses não vão à escola. As meninas são as que menos frequentam o sistema de ensino na Guiné-Bissau. A taxa de abandono escolar ronda os 18%.

E é "claro, como uma mulher, uma menina tem tanto direito como um rapaz, um homem. Então, estamos a batalhar todos os dias", acrescenta a cantora.

Viagem ao mundo da verdade única


Para aos dirigentes europeus só existem a verdade de Bruxelas e a mentira do Kremlin. É preto ou branco, quem discorda de Bruxelas concorda com o Kremlin e com os terroristas islâmicos.


Uma viagem ao mundo da «estratégia de comunicação» da União Europeia e respectivas emanações é uma experiência indispensável para confirmar os indícios de que os dirigentes europeus convivem cada vez mais desconfortavelmente com a liberdade de opinião. Na verdade, como ilustra essa incursão, já encaram a informação como propaganda, o contraditório como um abuso e a liberdade como um delito. Está aberto o caminho para a imposição da opinião única, em que se baseiam todas as formas de censura, desde a dos coronéis à dos «fact-checkers» contratados a peso de ouro por Bruxelas.

As poucas linhas introdutórias que o leitor acaba de consultar são uma «desinformação», à luz da «estratégia de comunicação» que a União Europeia tem vindo a por em prática desde que os chefes de Estado e de governo declararam a sua necessidade, numa cimeira em Março de 2015.

Uma «desinformação» porque, segundo a definição oficial chancelada pelos órgãos europeus, «distrai e divide, semeia a dúvida através da deformação e falsificação de factos para criar a confusão, mina a confiança das pessoas nos media, nas instituições e nos processos políticos estabelecidos».

A simples menção de que a União Europeia continua a dar mostras de uma propensão censória, fruto de uma opinião fundamentada de um jornalista, é inegavelmente uma «desinformação» porque pode «minar» a confiança dos leitores «nas instituições e nos processos políticos estabelecidos».

Contra isso age a União Europeia, defendendo-se através da sua «estratégia de comunicação», uma «abordagem coordenada em total conformidade com os nossos valores europeus e os nossos direitos fundamentais». Entre os quais figura, por ironia do destino, o direito de opinião.

Portugal | A greve em curso e o futuro


"O Governo não fez na área laboral, durante a legislatura, aquilo que era imprescindível. Neste conflito procurou tenuemente abrir caminhos novos, mas optou em vários aspetos importantíssimos pela aliança com o patronato: assumiu excesso de sintonia com a ANTRAM, por vezes dureza gratuita com os trabalhadores em luta e recorreu aos serviços mínimos e à requisição civil com excessos, nomeadamente a utilização de militares e polícias, o que dá força ao ataque à lei da greve..."

Manuel Carvalho Da Silva | Jornal de Notícias | opinião (ontem)

Os motoristas do transporte de matérias perigosas merecem solidariedade por razões bem objetivas: i) ficou comprovado que são injustas as condições de remuneração e de trabalho que lhes foram impostas, bem como à generalidade dos trabalhadores do setor, ao longo de muitos anos; ii) é preciso encontrar uma saída justa que lhes assegure dignidade e salvaguarde a sua confiança nas lutas laborais para melhoria das suas vidas pessoais e familiares e para o desenvolvimento do país - o sindicalismo teve (e continuará a ter) vitórias e derrotas, mas não poucas vezes transformou desaires imediatos em êxitos futuros; iii) a razão não está do lado dos patrões, apesar de muitos pequenos empresários estarem esmagados pelas condições que lhes são impostas pelo poder de mercado do cartel das petrolíferas, entidade que devia estar a ser confrontada, mas se distanciou com a subcontratação da distribuição; iv) no rescaldo deste processo importa que passe para a ordem do dia o debate sobre como melhorar as condições de vida e de trabalho da generalidade dos trabalhadores que laboram neste país e se trave o ataque antilaboral em curso.

O Governo não fez na área laboral, durante a legislatura, aquilo que era imprescindível. Neste conflito procurou tenuemente abrir caminhos novos, mas optou em vários aspetos importantíssimos pela aliança com o patronato: assumiu excesso de sintonia com a ANTRAM, por vezes dureza gratuita com os trabalhadores em luta e recorreu aos serviços mínimos e à requisição civil com excessos, nomeadamente a utilização de militares e polícias, o que dá força ao ataque à lei da greve e a direitos fundamentais no trabalho, por que anseiam forças políticas e económicas retrógradas e outros adeptos do neoliberalismo.

As análises da maioria dos comentadores e de alguns jornalistas assentam na priorização do imediatismo, do ver tudo só a preto e branco conforme os objetivos do dia, na ausência de reflexões baseadas em conhecimento (que não têm) sobre o que são e como se organizam os sistemas de relações laborais, sobre os conflitos, a sua resolução e as técnicas de negociação, sobre as diferenças entre especialização e qualificação no trabalho.

A FECTRANS tem a responsabilidade de procurar construir um contrato de trabalho digno para as dezenas de milhares de trabalhadores que nele laboram e não apenas para um subsetor profissional. O compromisso a que chegou é uma opção ajustada que abre a perspetiva do reforço da solidariedade entre todos os trabalhadores do setor (e não só) e traz mais justiça e melhores condições de vida e de trabalho.

Não é preciso alterar-se a lei da greve, mas sim estabelecerem-se compromissos para travar e fazer regredir a flexibilização generalizada do trabalho, regular melhor os horários e as remunerações, tornar rigorosos os descontos patronais para a Segurança Social, dar meios e poder à Autoridade para as Condições de Trabalho com vista a uma fiscalização eficaz, dinamizar a contratação coletiva sempre na ótica da harmonização no progresso, combater a precariedade e valorizar o emprego dos jovens.

Aproveite-se a campanha eleitoral, que até agora é muito pobre, para travar manobrismos perigosos e a gula do Partido Socialista, para forçar o investimento em setores como o ferroviário, para assegurar progresso.

*Investigador e professor universitário

Portugal | Ao sétimo dia de greve, é dia de decidir futuro em plenário de motoristas MP


A greve que arrancou dia 12, por tempo indeterminado, foi convocada pelo Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) e pelo Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM). Ao quarto dia, o SIMM desconvocou o protesto e chegou a acordo com a ANTRAM.

A greve dos motoristas de matérias perigosas entrou este domingo no sétimo dia, com as atenções voltadas para um plenário de trabalhadores, que deverá decidir sobre a continuidade da paralisação.

O plenário está marcado para as 16 horas, em Aveiras de Cima (Lisboa), depois de ter falhado um acordo mediado pelo Governo numa reunião que durou cerca de 10 horas e que terminou na madrugada de sábado.

No sábado, a associação das empresas de transportes de mercadorias (Antram) disponibilizou-se para integrar um processo de mediação junto da Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho, afirmando ser convicção da "associação que um processo de mediação, realizado em clima de paz, poderá conduzir à solução do problema".

De seguida, o porta-voz do sindicato de motoristas de matérias perigosas, Pedro Pardal Henriques, disse ver com agrado a disponibilidade da associação, mas ressalvou ser necessário que a base de entendimento já debatida seja aceite.

Dados demonstram "crescente normalidade da situação"

A requisição civil relativa à greve dos motoristas de matérias perigosas foi cumprida (sábado) e os serviços mínimos "superados", com o último balanço a demonstrar "uma crescente normalidade da situação", avança o Ministério do Ambiente e Transição Energética.

"Ao longo do dia de hoje, sábado, 17 de agosto, a requisição civil foi cumprida e os serviços mínimos superados", indica em comunicado o ministério liderado por João Pedro Matos Fernandes.

A Rede de Emergência de Postos de Abastecimento (REPA) apresentava às 17 horas de hoje "os 'stocks' mais elevados desde o início da greve e, em conjunto com o aumento do número de cargas, demonstram uma crescente normalidade da situação", avança a mesma fonte.

A REPA exclusiva apresentava níveis de preenchimento de 'stocks' de 60,75% no gasóleo e de 93,45% na gasolina.

Por sua vez, a REPA não exclusiva apresentava 62,26% de gasóleo e 45,50% de gasolina.
A título de exemplo, o ministério indica que das 101 cargas previstas em Leça de Palmeira, foram realizadas 127 (126%).

Já em Sines, das 33 cargas previstas foram cumpridas 40 (121%) e, em Aveiras, das 102 cargas previstas realizaram-se 146 (121%).

"Note-se que estes valores excedem largamente os previstos nos serviços mínimos, o que traduz o facto de serem muitos os trabalhadores que não se encontram em greve", sublinha o ministério liderado por João Pedro Matos Fernandes.

Por sua vez, continua a mesma fonte, os serviços de abastecimento nos aeroportos "foram os previstos" e as Forças de Segurança e as Forças Armadas "só foram pontualmente solicitadas para conduzir as viaturas de transporte carburante".

Diário de Notícias (ao minuto)

Portugal | Do outro lado do mundo


Se há coisa a greve dos camionistas revela é que os jornalistas,  mais uma vez, não parecem entender o que está em causa.

João Ramos de Almeida*

A greve dos motoristas tem todos os contornos para ser considerada estranha:

1) um grupo profissional que esteve "parado" durante 20 anos, de repente "acorda" e é capaz de fazer greves por tempo indeterminado (como se não precisassem dos salários) e durante um período pré-eleitoral, em que está em julgamento um governo apoiado à esquerda; 2) uma greve que surge mesmo após outra greve por tempo indeterminado - a dos enfermeiros dos blocos operatórios - que afectou apenas hospitais públicos (nos privados não havia blocos operatórios?) e que foi financiada por um fundo de greve pouco transparente, em que, nalguns dias, entravam a cada hora centenas de euros; 3) um sindicato dos motoristas que nasceu com um dirigente que é advogado, especialista em offshores e até há bem pouco tempo desconhecido do movimento sindical; 4) e em todas as lutas, numa e noutra, com um apoio maciço das suas centenas de profissionais, capaz de ter efeitos generalizados sobretudo sobre a população e capaz de desestabilizar um país, tudo cheirando a demasiada organização,  com traços semelhantes a outras manobras que já se viram noutros países, como no Chile em 1973, visando derrubar o governo legítimo do socialista Salvador Allende. 

Por isso,  primeiro, sente-se o seu embaraço. Em geral, os jornalistas andaram ao colo com os novos "sindicatos independentes" - que eram genuínos e renovados -, desvalorizando o velho papel sindical, sobretudo dos sindicatos "afectos" (não são capazes de usar a palavra filiados) a uma central sindical, a CGTP.  Mas agora parecem assustar-se. Hoje de manhã, o pivot da SIC designou-os como os sindicatos "ditos independentes" e em crónicas várias quase que se pede o regresso dos "civilizados" sindicatos "afectos" ao PCP. E não foram precisos muitos meses.

Antes, sentia-se que estavam a favor das lutas desses sindicatos independentes - talvez porque atingiam o Governo socialista. Antes da greve, um outro pivot da SIC, noutra emissão, quase trucidou em entrevista o representante da ANTRAM. Agora, aceitam a requisição civil que, claramente, dá força a um dos lados do conflito e põe em causa o direito à greve, mesmo que respaldado num parecer do conselho consultivo da Procuradoria-Geral da República, favorável à ideia da requisição preventiva,  coisa que não existe no ordenamento jurídico

Como se fossem escravos


Paula Ferreira | Jornal de Notícias | opinião

As atenções viram-se para Matteo Salvini, ministro do Interior de Itália: o homem que recusa receber no porto de Lampedusa um barco com 134 migrantes a bordo. Ontem, obedecendo a uma ordem do primeiro-ministro, Giuseppe Conte, não escondendo a má vontade, Salvini autorizou o desembarque de 27 menores que viajavam sem companhia. Uma atitude de pura desumanidade, mais uma do governante de extrema-direita.

Parece cómodo, todavia, voltarmos as nossas atenções unicamente para o indesculpável Matteo Salvini. É hora de se reclamar algo mais dos responsáveis políticos europeus. Não basta, pontualmente, ir aceitando receber migrantes como deverá acontecer neste caso - Portugal, França, Alemanha, Luxemburgo, Roménia e Espanha já se disponibilizaram - e depois continuar, como se nada fosse, até à próxima emergência ou tragédia.

UE | Desaceleração da economia é sinal de alerta para a Alemanha


Após longa fase de aquecimento, a economia alemã vai a passo de tartaruga, segundo dados recentes. Mas não é hora de pânico, e sim de ação estratégica, tanto por políticos quanto por empresários, opina Henrik Böhme.

É possível falar tão mal do estado de uma economia nacional, que ela fica ruim. Por isso, todos evitam empregar a maldita palavra "recessão". Mas também de nada adianta querer negar a verdade. Na indústria alemã, um importante pilar da economia nacional, há muito impera a recessão: um número cada vez maior de firmas pretende reduzir sua produção nos próximos meses, os pessimistas suplantam os otimistas.

Há diversos motivos para tal, e todos os conhecem: principalmente conflitos comerciais; mas também a crise mundial da indústria automobilística; a probabilidade crescente de um Brexit sem acordo; recentemente, o roçar de sabres da China em direção a Hong Kong. Uma mistura explosiva.

Por isso não é nenhuma surpresa a cifra divulgada nesta quarta-feira (14/08) pelo Departamento Federal de Estatísticas: no segundo semestre de 2019 a economia da Alemanha contraiu 0,1% em comparação com o trimestre anterior.

Claro que é válido partir do princípio que a situação não melhorará nada no trimestre em curso. Quando chegar a próxima cifra negativa, a sentença será: a economia alemã está "oficialmente em recessão". Pois, em algum momento, os economistas estabeleceram a fórmula segundo a qual, após dois trimestres negativos seguidos, se fala de uma "recessão técnica".

Petroleiro iraniano em Gilbratar entra em limbo após EUA emitir mandato de captura


Um mandado de última hora dos EUA para capturar o petroleiro iraniano que está se preparando para deixar Gibraltar depois de semanas de detenção lançou dúvidas sobre sua partida neste sábado (17), prolongando uma disputa diplomática entre Teerão, Londres e Washington.

O Departamento de Justiça dos EUA alega que a embarcação faz parte de um esquema "para acessar ilegalmente o sistema financeiro dos EUA para apoiar remessas ilícitas para a Síria a partir do Irão pelo Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica", que Washington classifica como organização terrorista estrangeira.

Não houve comentários da Grã-Bretanha ou Gibraltar, seu território ultramarino.

Qualquer ordem de detenção precisaria vir da Suprema Corte de Gibraltar. Até agora, isso não aconteceu e o navio ainda está livre para navegar.

Richard de la Rosa, diretor da Astralship, agente de navegação da embarcação, disse à AFP que o navio está se preparando para partir.

"Nos próximos dois dias, ela estará indo", disse. "Eles estão realizando mudanças na equipa. Ela precisa de novos membros", disse ele, acrescentando que novos tripulantes indianos e ucranianos devem chegar no domingo.

Sputnik | Foto: © Reuters / Jon Nazca

Comandante iraniano revela o que trava inimigos de invadir Irão


EUA estão formando uma coligação para patrulhar e garantir a segurança de navegação marítima no golfo Pérsico e no estreito de Ormuz, mas até agora só o Reino Unido e Israel mostraram interesse em aderir.

O poder defensivo fornecido pela indústria militar nacional iraniana obrigou os "inimigos" do país islâmico a reconsiderarem suas ameaças contra Teerão, disse o chefe da Organização da Indústria Naval do Ministério da Defesa, contra-almirante Amir Rastegari, relata Mehr News.

Rastegari recordou na sexta-feira (16) o estado deplorável da indústria de defesa do país antes da Revolução de 1979, apontando para a forte dependência do Irão do equipamento militar estrangeiro e de milhares de assessores estrangeiros. Hoje, depois de quatro décadas de sanções, o país atingiu a autossuficiência no campo da defesa.

"Todos os armamentos fabricados ao longo da última época se baseiam nas capacidades nacionais iranianas. Os filhos desta pátria fabricaram mísseis balísticos, superfície-superfície, superfície-ar, superfície-mar", disse o comandante, enumerando os diversos sistemas de armas desenvolvidos pelos engenheiros iranianos ao longo da última década, incluindo tanto equipamento de engenharia reversiva como sistemas totalmente novos que, segundo o contra-almirante, estão em condições de igualdade perante o equipamento das principais potencias militares do mundo.

Coreia do Sul propõe reunificação com Coreia do Norte em 2045


Presidente sul-coreano Moon Jae-in declarou estar disposto a reunificar as Coreias em 2045. Declaração foi feita durante celebração dos 74 anos do fim do domínio japonês na Coreia.

Em 2045 as Coreias irão comemorar os 100 anos do fim do domínio japonês. Além disso, foi exatamente em 1945 que a Coreia se dividiu em Norte e Sul.

Hoje (15), o presidente da Coreia do Sul, em discurso de celebração dos 74 anos da libertação das Coreias do domínio japonês, Moon Jae-in, comentou as vantagens de uma Coreia unida e os planos para a reunificação.  

Presidente sul-coreano Moon Jae-in declarou estar disposto a reunificar as Coreias em 2045. Declaração foi feita durante celebração dos 74 anos do fim do domínio japonês na Coreia.

Em 2045 as Coreias irão comemorar os 100 anos do fim do domínio japonês. Além disso, foi exatamente em 1945 que a Coreia se dividiu em Norte e Sul.

Kim Jong-un supervisiona teste de 'nova arma' da Coreia do Norte


A Agência Coreana de Notícias (KCNA), estatal norte-coreana, informou no sábado que o mais recente teste de míssil foi observado pelo presidente Kim Jong-un.

O líder norte-coreano "guiou o fogo de teste de [uma] nova arma mais uma vez na manhã de sexta-feira", informou KCNA.

"Os cientistas da defesa nacional também mostraram um resultado perfeito no teste de fogo e ajudaram a consolidar uma maior confiança neste sistema de armas", acrescentou a agência.

O teste desta sexta-feira foi o segundo na mesma semana e o sexto desde 25 de julho. Durante os testes anteriores, dois foguetes foram disparados contra o mar do Japão.

Não está claro ainda qual é novo sistema de armas lançado, já que nenhuma inteligência identificou publicamente os projéteis de sexta-feira.

Segundo o noticiário local, tratou-se de um míssil balístico de curto alcance.

As armas são capazes de penetrar os sistemas de defesa antimísseis sul-coreanos.

Pyongyang declarou que os testes são um protesto contra a participação de Seul em exercícios militares com os Estados Unidos.

De acordo com Pyongyang, os exercícios violam o acordo de normalização entre as três nações.

Sputnik | Foto: © AP Photo / Pyongyang Press Corps Pool

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