O imperialismo norte-americano
acentuou uma acção global contra regimes que tinham garantido importantes
conquistas na América do Sul, mas os povos de vários países levantaram-se e não
desistem de mudanças.
António Abreu | AbrilAbril |
opinião
Em poucas semanas, o imperialismo
norte-americano acentuou uma acção global contra regimes que tinham garantido,
com os seus povos, importantes conquistas na América do Sul. Essa acção,
presente há muito neste continente, foi também uma reacção a progressos e
afirmações políticas das forças de esquerda neste período. Mas os povos de
vários países, com regimes de direita e ligados a oligarcas, a grupos de
indústria extractiva, com bandoleiros contratados para o crime político,
levantaram-se e não desistem de mudanças que melhorem as suas condições de
vida, a democracia e a participação efectiva nela dos cidadãos, que resistem
aos desastres ambientais que multinacionais promovem.
Na Bolívia, as imagens que nos
chegam são de grande violência de grupos de direita contra as pessoas que
protestam contra o golpe e querem o regresso de Morales e das liberdades. A 6 de Novembro a presidente da câmara de Vinto foi assaltada,
cortaram-lhe o cabelo, agrediram-na e simularam o seu estrangulamento,
derramaram sobre ela tinta1.
E tudo isto, invocando Deus e Jesus Cristo!… Estas milícias estão ligados a
movimentos pentecostais reaccionários armados.
A 11 de Novembro, já depois de
Evo Morales ter renunciado, queimaram as casas do presidente e de seus familiares, bem
como as de dirigentes dos partidos que os apoiam e de ministros.
Evo acabou por sair do país e pedir asilo ao México. Fê-lo
em declaração que a nossa imprensa, rádios e TV ignoraram no seu significado. É
que, depois de ser pressionado pelo chefe da polícia e das forças armadas para
resignar, Evo fê-lo para evitar um banho de sangue contra os populares e que o
atingiria necessariamente a ele e família.
É preciso chamar a isto golpe de
estado, denunciar os seus autores e quem está por detrás deles (latifundiários,
banqueiros, grandes meios de comunicação social, capital estrangeiro
norte-americano e europeu).