sexta-feira, 31 de julho de 2020

Revolução colorida nos EUA – e quem a financia

F. William Engdahl [*]

Revolução colorida é a expressão utilizada para descrever uma série de notáveis operações de mudança de regime efectuadas pela CIA através de técnicas desenvolvidas pela RAND Corporation, ONGs pela "democracia" e outros grupos desde a década de 1980. Elas foram utilizadas de forma bruta para derrubar o regime comunista polaco no fim da década de 1980. Desde então as técnicas foram refinadas e utilizadas, juntamente com fortes subornos, para derrubar o regime Gorbachov na União Soviética. Para qualquer pessoa que tenha estudado estes modelos atentamente, está claro que os protestos contra violência policial conduzidos por organizações amorfas com nomes como Black Lives Matter ou Antifa são mais do que ultrajes morais puramente espontâneos. Centenas de milhares de jovens americanos estão a ser utilizados como um aríete não só para derrubar um presidente dos EUA como também, no processo, as próprias estruturas da ordem constitucional dos EUA.

Se voltarmos atrás em relação à questão imediata dos vídeos mostrando um polícia branco de Minneapolis a pressionar o seu joelho sobre o pescoço de um homem negro, George Floyd, e examinarmos o que se tem passado desde então por toda a nação, fica claro que certas organizações ou grupo estavam bem preparados para instrumentalizar o horrível acontecimento para a sua própria agenda.

Os protestos a partir de 25 de Maio começaram muitas vezes de modo pacífico sendo então capturados por bem treinados actores violentos. Duas organizações apareceram regularmente em conexão com os protestos violentos – Black Lives Matter e Antifa (USA). Vídeos mostram protestatários bem equipados vestido uniformemente em negro e mascarados (não por causa do coronavírus certamente), vandalizando carros da polícia, incendiando esquadras de polícia, partindo vitrinas de lojas com canos ou tacos de baseball. A utilização do Twitter e outros media sociais para coordenar ataques relâmpago em enxame de multidões em protesto é evidente.

O que se tem desdobrado desde o evento disparado em Minneapolia tem sido comparado à onda de tumultos de protestos dos guetos negros em 1968. Eu vivi aqueles acontecimentos em 1968 e o que está a acontecer hoje é muito diferente. Assemelha-se mais à revolução colorida na Jugoslávia que derrubou Milosevic em 2000.

O discurso por uma nova Guerra Fria

David Chan*, Macau | Plataforma | opinião

No passado dia 23 de julho assistimos a um discurso altamente anti-China por parte do secretário de estado norte-americano, Mike Pompeo.

Ironicamente, o local escolhido foi a terra natal de Nixon, uma decisão lamentável tendo em conta que a Biblioteca e Museu Richard Nixon são destinos populares entre muitos turistas chineses que visitam Los Angeles, Califórnia. O charme e valor histórico atraem visitantes de quase tantas partes do mundo como a Disneylândia.

A visita de Nixon à China veio pôr fim aos 25 anos de silêncio diplomático entre os dois países. Veio mudar o resto do mundo para sempre, dando oficialmente início às relações sino-americanas. Foi o momento mais importante da carreira de Nixon como presidente, marcando uma grande alteração na rivalidade entre os EUA e a União Soviética.

Para a população americana era impensável que o presidente e um líder chinês dessem um aperto de mão, mas Nixon tornou o impossível possível. Esta memória foi agora manchada quando Pompeo decidiu desonrar o antigo presidente republicano com um discurso apelidado de “Cortina de Ferro versão 2.0”.

China | Hong Kong adia eleições devido ao agravamento da pandemia

O adiamento das eleições para o Conselho Legislativo é anunciado um dia depois de as autoridades terem vetado doze candidatos da oposição.

A chefe do Governo de Hong Kong, Carrie Lam, anunciou hoje que as eleições legislativas, marcadas para o dia 6 de setembro, vão ser adiadas devido ao "agravamento da pandemia" de covid-19 na região.

"É a decisão mais difícil que tomei nos últimos sete meses, mas temos de garantir a segurança das pessoas e que as eleições decorram de forma livre e justa", afirmou Carrie Lam, em conferência de imprensa na região administrativa especial de Hong Kong.

O adiamento das eleições para o Conselho Legislativo é anunciado um dia depois de as autoridades terem vetado doze candidatos da oposição, entre os quais o dirigente do Partido Cívico, Alvin Yeung, e o líder estudantil Joshua Wong.

Esta sexta-feira, em conferência de imprensa, Wong disse que se trata de "uma caça às bruxas" referindo-se à desqualificação das candidaturas dos membros da oposição democrática.

"Podem vetar-nos, deter-nos e meter-nos na prisão. Até podem desmarcar as eleições e criar outro parlamento fantoche. Mesmo assim, a nossa voz vai continuar a ser forte. Impedir-me de me apresentar às eleições não vai fazer cair o nosso ideal democrático", disse Joshua Wong.

TSF

Polícia de Hong Kong ordena prisão de ativistas exilados


A polícia de Hong Kong ordenou a prisão de seis ativistas pró-democracia que vivem no exílio por suspeita de violarem a lei de segurança nacional, informou a mídia estatal chinesa na sexta-feira, mas a força local recusou-se a comentar.

Os seis incluem o proeminente jovem ativista Nathan Law, 27, que recentemente se mudou para a Grã-Bretanha depois de fugir de Hong Kong.

“A polícia de Hong Kong ordenou oficialmente a prisão de seis criadores de problemas que fugiram para o exterior”, disse a televisão estatal da CCTV.

A repressão ao movimento democrático de Hong Kong aumentou rapidamente no mês desde que Pequim impôs uma lei de segurança nacional abrangente à cidade inquieta.

Um olhar profundo sobre a ascensão da China

#Publicado e escrito em português do Brasil

As três fases de desenvolvimento, a partir da revolução. A articulação entre setor privado cada vez mais forte e a coordenação do Estado. As mudanças globais resultantes, segundo teóricos como Wallerstein e Giovanni Arrighi

Bruno Hendler, no A Terra é Redonda | em Outras Palavras

1.

A ascensão chinesa pode ser encarada por diversos ângulos que ora se complementam, ora se negam mutuamente. O esforço mais importante para quem busca interpretar esse processo é fugir das teses mais alarmistas (como o possível confronto militar entre EUA e China) e previsões imediatistas (como as que prenunciam, há décadas, que o regime político chinês está prestes a colapsar diante de uma crise econômica – que nunca chega).

Dois processos são fundamentais para se entender a ascensão chinesa na economia global. Um deles corresponde a uma mudança no padrão de acumulação doméstico em relação à Era Mao (1949-1976), a qual foi marcada por reformas de base, industrialização da zona rural e um plano quinquenal que causou milhões de mortes no campo. Dois anos após a morte de Mao Tsé-Tung, mais precisamente em 1978, sob a liderança de Deng Xiaoping, a China iniciou o que eles chamam de “período de reforma e abertura”. Abriu-se ao comércio, investimento e tecnologia estrangeiros e passou a experimentar fortes processos de urbanização, industrialização, investimento público, superávit comercial, exploração de mão de obra barata e um crescimento econômico acelerado que, se por um lado, manteve-se na média de 10% por cerca de três décadas, por outro, provocou forte desequilíbrio regional, social e ambiental.

Desde meados dos anos 2000 a economia chinesa entrou numa Terceira Era, na qual a indústria de manufatura voltada para as exportações tem sido ofuscada pelo setor de serviços, as atividades de baixo valor agregado têm dado lugar a trabalhos mais bem remunerados, mais sofisticados e menos insalubres e o crescimento a todo custo tem sido substituído por um novo contrato social com ampliação da renda e do consumo das famílias, alguma cobertura de previdência e saúde pública e certa preocupação ambiental. Vinte anos atrás seria absurdo imaginar que os Estados Unidos se retirariam de pactos globais de proteção ao meio ambiente e que a China se tornaria o país que mais investe em energias renováveis e que encabeça algumas discussões sobre mudanças climáticas.

O segundo processo é a transformação da aliança capital-Estado advinda com a consolidação de empresas nos setores de infraestrutura de energia, de transportes (a maioria estatal) e em setores de tecnologia de ponta e inovação (em geral privadas). Em ambos os casos, o governo exerce um papel crucial na tomada de decisão, na alocação de recursos, na oferta de subsídios financeiros e na criação de incubadoras de startups que congregam universidades, laboratórios, empresários e líderes políticos.

Ainda que a parcela da iniciativa privada tenha crescido muito nos últimos anos, principalmente entre as pequenas e médias empresas, muitos especialistas apontam para o dirigismo estatal como um fator crucial no fomento a tecnologia autóctone, na absorção de propriedade intelectual de empresas do Norte Global e na consolidação dos “campeões nacionais” em setores que o governo considera estratégicos, como siderurgia, petróleo, construção civil, ramos militares, tecnologia da informação etc. Em suma, há evidências de que a China não foi impulsionada à condição de grande potência graças a um choque de abertura do socialismo para o capitalismo neoliberal. Ao contrário, o capitalismo foi enquadrado por um projeto chinês de desenvolvimento de mercado no longo prazo.

Não obstante, os slogans de harmonia e do “sonho chinês”, preconizados por Xi Jinping, escondem várias contradições e disputas internas no jogo de poder no Partido Comunista. Há muita contestação dos novos milionários chineses em relação a projetos definidos pelo governo e a nova classe-média, mais rica e cosmopolita, tende a lutar por mais liberdades individuais e por novas agendas de gênero, de sexualidade e de minorias étnicas. Mas essas disputas têm um tempero particular da mentalidade chinesa, confuciana e asiática, e qualquer generalização a partir de um viés ocidental corre o risco de errar feio. As forças sociais da China profunda são muito diferentes de qualquer coisa que exista no Ocidente e replicar nossos modelos teóricos para entendê-las pode gerar visões muito distorcidas da realidade.

A acusação política a Julian Assange: vinho velho em garrafas velhas

*Publicado e escrito em português do Brasil

Binoy Kampmark [*]

O livro de horas sobre Julian Assange está a ser escrito agora. Mas os escribas estão longe de serem originais. Rituais repetidos de audiências administrativas que não têm outro objectivo senão encenar as coisas antes de descer o machado. Ultimamente, o homem mais habitualmente associado ao projecto de publicação da WikiLeaks não pode dele participar de maneira significativa, principalmente devido à sua saúde frágil e aos perigos representados pelo coronavírus. Já tendo feito um esforço para comparecer pessoalmente à audiência judicial, Assange deparou-se com um judiciário exótico, um espectáculo anormal alimentado pela juíza Vanessa Baraitser versão dura da Judge Judy . Foi-lhe recusado um pedido para escapar da sua caixa de vidro quando ele ainda podia comparecer pessoalmente, pois permitir que descesse e consultasse sua equipe de defesa numa sala do tribunal constituiria um pedido de fiança de algum risco. Esta leitura por parte da responsável judicial foi tão inovadora que intrigou até os promotores.

O que sabemos até à data é que restrições e grilhões no caso de Assange estão na ordem do dia. Processos restritivos que o impedem que procure aconselhamento e lhe permita que uma boa informação são típicos. Acima de tudo, o circo cerimonial expectável na justiça britânica à sombra ameaçadora da intimidação americana tornou-se tenebrosamente extenso. Em 27 de Julho, o circo representou mais um acto, outra performance coxa. Tal como antes, o local foi o Tribunal de Magistrados de Westminster, em Londres.

Durante a audiência, Assange apareceu através de um link de vídeo na prisão de Belmarsh, embora com uma hora de atraso e só por insistência da sua equipe jurídica. A reportagem de The Guardian sobre a sua presença lê-se como um relato de uma competição desportiva. "Vestindo um sweater bege e uma camisa rosa, [a imagem de] Assange na prisão de Belmarsh finalmente apareceu depois de uma tentativa anterior abortada".

Outros ficaram alarmados. Durante sua audiência, observou Martin Silk, da Australian Associated Press, "nem o australiano nem os seus guardas estavam usando máscaras. Não entendo o motivo disso, pois temos que usá-las dentro das lojas". Este ponto também foi destacado pela parceira de Assange, Stella Moris: "Belmarsh não forneceu a Julian uma máscara facial ao longo desta crise do Covid. Os guardas da prisão com quem ele interage também não as usam. Juan Passarelli, apoiante da WikiLeaks, também sentiu que Assange "estava tendo problemas para acompanhar o processo devido à juiza e aos advogados que não falarem suficientemente alto junto aos microfones".

Branquinho terá recebido 225 mil euros para influenciar autarcas de Valongo

Portugal

O Ministério Público (MP) assegura que Agostinho Branquinho recebeu 225 mil euros em contrapartida pela intervenção que teve junto de Fernando Melo, ex-presidente de Câmara de Valongo, dos ex-vereadores Carlos Teixeira e Maria Trindade do Vale, além de técnicos, todos também acusados, no âmbito do caso de tráfico de influências e prevaricação em torno da construção e instalação do Hospital de São Martinho (privado) de Valongo. O valor terá sido pago por Joaquim Teixeira, administrador da empresa PMV, dona do hospital, também arguido.

De acordo com a acusação, os 225 mil euros foram entregues em maio de 2007, através de transferência bancária. O dinheiro - refere o MP - destinou-se a "pagar os serviços já prestados e a prestar pelo arguido Agostinho Branquinho, pela influência movida juntos dos decisores políticos nos processos de licenciamento referentes ao Hospital de S. Martinho, e junto da Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte na pessoa do seu presidente, Alcino Barbosa (não é arguido), entidade responsável pela decisão de candidatura da PMV à Rede Nacional de Cuidados Continuados".

Branquinho é acusado de ter conseguido, através da obtenção fraudulenta do estatuto de interesse público municipal, contornar as regras do PDM para aumentar de quatro para sete pisos o edifício do hospital. A influência terá também permitido obter uma poupança de 36 mil euros em taxas municipais e ainda obter para a administração do hospital 424 mil euros, através de um protocolo com a ARS, ao tornar a unidade de saúde integrante da Rede de Cuidados Continuados.

O MP calcula que o imóvel obteve com os crimes uma valorização de 1,3 milhões de euros. O MP reclama 2,3 milhões aos arguidos, por vantagens dos ilícitos.v

Nega crimes

A mulher do ex-deputado e atual administrador do Hospital da Prelada disse à Lusa que "tudo irá fazer para repor a verdade", negando ilegalidades.

Câmara assistente

A Câmara de Valongo, liderada por José Manuel Ribeiro, vai constituir-se assistente e reclamar indemnização por prejuízos associados à violação do PDM.

Alexandre Panda | Jornal de Notícias | Imagem: Adelino Meireles / Global Imagens

Vigaro cá, vigaro lá… Realidade lusa deprimente

Cristina Figueiredo, no Curto do Expresso, salienta que “vão conhecer-se os dados do Instituto Nacional de Estatística sobre o impacto da pandemia na atividade económica do segundo trimestre (o do confinamento)”. Eis que já se sabe o impacto daquele referido trimestre. Foi brutal. Veja no Expresso, sob o título Economia portuguesa dá um trambolhão e cai 16,5% no segundo trimestre de 2020 

Também tu, bruto covid, dás pretexto para que nos ponham a pão e água? Não basta a Portugal a corrupção, os corruptos, os corruptores? Não nos basta o BES-Novo Banco e a “negociata” que envolve aquele banco-bom que tem sido e é tão mau? Não nos basta o regresso do fascismo por via da figura de proa Ventura? Tanta desgraça e azar não nos Chega? A nós, portuguesinhos formados nas artes do desenrascanço, que tratamos por tu a fome, a miséria, o trabalho escravo, as casa degradadas em que temos de sobreviver? Não basta saber e sentir na pele no estômago e nas carteiras (que nem temos) que em todas as horas, todos os dias, somos roubados… Promiscuidade entre políticos influentes e preponderantes… Enfim, o rol é imenso. E a ausência de vergonha aliada à indiferença de péssimos ordenados, abusos e permanentes carências sociais completam e são causa maior que nos leva a identificar as elites como os senhores que usam e abusam da corrupção, do conluio e do nepotismo… Dizer mais para quê, todos sabemos que assim é. Por mais que digam que não, por mais que mintam, assim é de facto. É o pão nossos de cada dia. 

“Isto está mau”, dirão. Agora é a crise filha do covid e o que está para resolver do transato – com mão de Passos, Cavaco e suas trupes… E depois?

Certo é que os ricos estão cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres. Esse é o indicador infalível, que nos faz visualizar as elites como negreiros deste século dito da modernidade. Certo é que nunca vimos tanto aldrabão, tanto vigarista.

Adiante, siga para o Curto. Antes fazemos a referência a Lena d'Água & Banda Atlântida e o som... sobre vígaristas... lusos e outros. E a UE? Oh, a UE... Tem muito que se lhe diga. O esquema está montado, os cidadãos são meras peças de um xadrez que tem por objeto vantagens para os das elites, enganos, ilusões e desprezo para a maioria dos restantes cidadãos... Lambe botas e/ou escravos da modernidade.

O cenário, a realidade, é deprimente.

Bom dia, apesar de tanta vigarice. Saúde (cousa em que do setor já se vê tristemente a miséria de um SNS decadente e permanentemente atacado por mafiosos da chamada iniciativa privada em conluio com certos e incertos políticos). Pois.

MM | PG

Portugal | Quatro em cada 10 deputados à AR foram eleitos pelo menos três vezes

Quatro em cada 10 deputados à Assembleia da República (AR) foram eleitos, pelo menos, para três mandatos entre 1976 e 2019, concluiu uma tese de pós-doutoramento realizada na Universidade da Beira Interior (UBI).

Jorge Fraqueiro, autor do estudo de pós-doutoramento "O Sistema Político Português - Renovação ou Estagnação do Deputados à Assembleia da República (1976-2019)", concluiu ainda que, "dos cerca de 3.600 lugares ocupados ao longo dos 44 anos, quase 1.500 permaneceram no lugar durante 12 anos".

"Apesar da considerável inclusão de novos nomes nas últimas duas eleições legislativas (2015 e 2019), os níveis de estagnação em Portugal, no Parlamento, continuam, em termos médios gerais, bastante elevados", sublinha o investigador e cientista político.

Jorge Fraqueiro, ex-jornalista, tinha já revelado dados sobre a estagnação dos atores políticos em Portugal, na sua tese de doutoramento defendida em 2014, tendo agora procedido à sua atualização no pós-doutoramento.

"De entre os parlamentares que mais contribuíram para o processo de estagnação, há mesmo um deputado que foi eleito 14 vezes, dois deles 13 vezes e quatro deles 12 vezes. Se a análise tiver por base os deputados que foram eleitos para quatro mandatos, chegamos aos 300 no período de tempo estudado", sustenta.

Portugal-Espanha | Central de Almaraz continua a funcionar. PAN apresenta queixa

O Pessoas-Animais-Natureza (PAN) apresentou queixa do estado espanhol à Comissão Económica das Nações Unidas para a Europa (UNECE) pela decisão de prolongar o funcionamento da central nuclear de Almaraz, justificando que contraria duas convenções internacionais.

"O PAN -- Pessoas -- Animais -- Natureza apresentou hoje duas denúncias à UNECE pelo incumprimento das Convenções de Espoo e Aarhus por parte do estado espanhol, no seguimento da decisão de prolongar o funcionamento da central nuclear de Almaraz até 2028, sendo que o seu ciclo de vida terminou em 2010", anuncia o partido em comunicado enviado às redações.

O partido assinala que "é a segunda vez" que denuncia "o incumprimento de ambas as convenções" por parte de Espanha", depois de em 2017 ter tentado "impedir a construção de um armazém de resíduos nucleares na central de Almaraz, que se situa a apenas cerca de 100 quilómetros da fronteira com Portugal".

"Apesar de essas denúncias terem resultado na nomeação de uma comissária para apresentar uma análise sobre o tema, não se apresentaram quaisquer desenvolvimentos nesta matéria", lamenta o PAN.

Portugal | Governo em crise fica "encostado" ao presidente, que "tende a apagar-se"

O chefe de Estado considera que o sistema semipresidencial português "tem funcionado bem", levando o Governo, em momentos de crise política, a ficar "encostado" ao Presidente, que por sua vez "tende a apagar-se" em períodos de estabilidade.

Marcelo Rebelo de Sousa assume esta posição no programa da Antena 1 'Serviço Público - Bloco de Notas', conduzido pela jornalista Maria Flor Pedroso, desenvolvido para ajudar os estudantes a prepararem-se para os exames nacionais dos 11.° e 12.° anos.

O Presidente da República e professor universitário de Direito jubilado participou em três episódios especiais, dirigidos aos alunos de História, sobre as constituições portuguesas, desde a de 1822 até à de 1976, o último dos quais vai ser transmitido hoje, a partir das 14:20, na Antena 1.

A propósito do sistema semipresidencial consagrado na atual Constituição da República Portuguesa, o chefe de Estado afirma: "Quando há estabilidade no sistema de partidos, o Presidente tende-a a apagar-se, e é o Parlamento ou o primeiro-ministro que assume maior relevo".

"Se, porventura, há crise entre o Governo e o Parlamento, ou entre partidos, ou na base de apoio do Governo, aí o Governo fica encostado ao Presidente da República e dependente do Presidente da República, que alarga o seu poder de intervenção", acrescenta.

Covid-19 | Bolsonaro com infeção pulmonar - México 'supera' Reino Unido

Portugal

Termina oficialmente, às 23h59 desta sexta-feira, o Estado de Calamidade que ainda vigora em 19 freguesias da Área Metropolitana de Lisboa (AML). A decisão foi tomada em Conselho de Ministros, que determinou que estas passassem para a Situação de Contingência, à semelhança do que já acontece em toda a Área Metropolitana de Lisboa (AML) desde o final de junho. O restante território nacional, sublinhe-se, vai manter-se em Estado de Alerta. 

De acordo com o mais recente boletim da Direção-Geral da Saúde, Portugal contabiliza 50.868 infeções confirmadas e 1.727 óbitos. Dos novos casos, 176 concentram-se na região de Lisboa e Vale do Tejo, ou seja 69%.

Resto do Mundo

O que Hong Kong pode fazer para evitar um bloqueio total e uma quarta vaga de casos do Covid-19? O jornal South China Mourning Post fez uma reportagem sobre o tema, depois de especialistas terem sugerido que a região chinesa está em estado crítico na lua contra a pandemia. Hong Kong carece de camas de cuidados intensivos, entre outros aspetos. 

07h07 - A Índia identificou 55.079 casos de covid-19 nas últimas 24 horas, um novo recorde diário no país, elevando para 1,6 milhões o total desde o início da pandemia, informaram hoje as autoridades.

06h56 - A Venezuela registou na quinta-feira um novo recorde diário de infetados com coronavírus ao identificar 701 novos casos em 24 horas, elevando para 17.860 o número de pacientes com o novo coronavírus.

06h55 -  O México atingiu as 46 mil mortes por covid-19 na quinta-feira e ultrapassou o número de óbitos registado no Reino Unido, tornando-se no terceiro país do mundo com mais vítimas fatais causadas pela pandemia.

06h30 - As grandes empresas do setor da tecnologia, as designadas GAFA (Google, Amazon, Facebook e Apple) divulgaram na quinta-feira resultados trimestrais que evidenciam efeitos diferentes da pandemia, um dia depois de os dirigentes terem sido ouvidos e criticados no Congresso.

06h24 - A China identificou, nas últimas 24 horas, 127 casos de covid-19, o terceiro dia consecutivo com mais de 100 casos, a grande maioria em Xinjiang, no noroeste do país, informou hoje a Comissão Nacional de Saúde.

06h20 - Os Estados Unidos registaram 1.347 mortos e 72.238 infetados com o novo coronavírus nas últimas 24 horas, segundo uma contagem independente da Universidade Johns Hopkins.

06h12 - O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, disse nesta quinta-feira que tem uma infeção pulmonar, depois ter recuperado do novo coronavírus, e afirmou que está a ser tratado com antibióticos.

Filipa Matos Pereira | Notícias ao Minuto | Imagem: © Getty Images

quinta-feira, 30 de julho de 2020

Nem Trump nem Biden realmente importam para a China ou a Rússia

#Original em inglês, traduzido para português do Brasil

 Finian Cunningham* | Strategic Culture Fundation

Bem, de acordo com a campanha de Trump, o rival democrata Joe Biden é o candidato a quem os líderes chineses estão torcendo para vencer a eleição presidencial em novembro. "Beijing Biden" ou "Sleepy Joe" seria um presente para a China.

Por sua vez, tentando enganar o candidato republicano, a campanha de Biden pinta Trump como sendo “suave” com a China e tendo sido “jogado” por colegas chineses sobre comércio, pandemia de coroa e alegações sobre direitos humanos.

Biden, ex-vice-presidente das administrações anteriores de Obama, prometeu impor mais sanções à China por alegações de violação de direitos. Ele afirma ser aquele que "se levantará" a Pequim se for eleito para a Casa Branca dentro de três meses.

Na semana passada, Biden declarou que estava "notificando o Kremlin e outros [China]" de que se eleito para a presidência imporia "custos substanciais e duradouros" àqueles que supostamente interferem na política dos EUA. Isso é conversa de guerra baseada em propaganda intelectual inútil.

Enquanto isso, Trump afirma que ninguém é mais difícil do que ele quando se trata de lidar com a China (e a Rússia).

Dada a política imprudente do governo Trump de aumentar a hostilidade contra a China nos últimos meses, isso levanta a questão: como um futuro governo de Biden poderia começar a ser ainda mais agressivo - antes de entrar em guerra?

As relações entre Washington e Pequim caíram em seus piores níveis desde a detenção histórica iniciada pelo presidente Richard Nixon no início dos anos 1970. A espiral descendente precipitada ocorreu sob a vigilância do presidente Trump. Então, como exatamente um possível presidente Biden poderia tornar o relacionamento mais contraditório?

A verdade é que Trump e Biden são igualmente vulneráveis ​​às críticas partidárias domésticas sobre suas respectivas relações com a China. A abordagem tardia que os dois estão tentando projetar é marcada por hipocrisia risível.

Hillary Clinton prepara os EUA para uma contestação da eleição presidencial

Dupla convidada, em 13 de Julho de 2020, no Daily Show (Comedy Central), Hillary Clinton defendeu o voto através da Internet. Segundo ela, é o único meio de permitir a jovens afro-americanos e hispânicos votar face à falta de vontade das administrações de certos estados. 

Ela rejeitou, com um sacudir das costas da mão, as objeções a uma possível manipulação digital no site Internet da eleição e garantiu que esse meio é confiável.

Segundo ela, o voto através da Internet torna a derrota de Donald Trump inexorável. Além disso, ela se questionou sobre sua possível recusa em deixar a Casa Branca; uma opção que devemos considerar e para a qual «devemos nos preparar».

Voltairenet.org

O culto ao egoísmo está matando os EUA

*

A direita transformou o comportamento irresponsável em um princípio fundamental

Paul Krugman | Carta Maior* 

A resposta americana ao coronavírus tem sido um projeto perde-perde.

O governo Trump e governadores como Ron DeSantis, da Flórida, insistiram que não havia contradição entre crescimento econômico e o controle da pandemia, e estavam certos – mas não da forma que imaginavam.

A reabertura prematura levou a um aumento de infecções: em números ajustados à população, a taxa de americanos morrendo atualmente de Covid-19 é cerca de 15 vezes a da União Europeia ou do Canadá. No entanto, a recuperação em forma de "foguete" prometida por Donald Trump se espatifou e está em chamas: o crescimento do emprego parece ter estagnado ou estar sendo revertido, especialmente nos estados que relaxaram de forma mais agressiva as medidas de distanciamento social, e as primeiras indicações apontam que a economia dos EUA está ficando para trás das economias das principais nações europeias.

Estamos, portanto, fracassando tristemente tanto na frente epidemiológica quanto na econômica. Mas por quê?

A primeira razão é que Trump e seus aliados estavam tão ansiosos para ver crescer o número de empregos que ignoraram tanto os riscos de infecção quanto a forma como uma ressurgência da pandemia minaria a economia. Como eu e outros dissemos, eles não passaram no teste do marshmallow, sacrificando o futuro porque não se dispuseram a ter um pouco de paciência.

Certamente há bastante verdade nessa explicação. Mas há mais fatores nessa história.

O fim do confinamento de deus -- Boaventura

Teologia cartesiana quis torná-lo “transcendente”. Mas se foi Espinosa quem o compreendeu, ele é tão mundano como a natureza e seus próximos — sacrificados todos no altar do dinheiro e do poder. Eclosão do vírus denuncia este suplício

Boaventura de Sousa Santos | Outras Palavras

Deus parece estar confinado. Pelo menos, desde que no século XVII se impôs a separação absoluta entre a natureza, enquanto res extensa, e os seres humanos, enquanto res cogitans. A prova da existência de deus está na mente humana, porque só ela pode conceber um ser perfeitíssimo, infinito. Sendo imperfeita, a mente humana só é capaz de tal concepção porque alguém a inscreveu nela. Esse alguém é deus. A natureza é incapaz de uma tal concepção, e aí reside a sua incomensurável inferioridade em relação à mente própria dos humanos. Com a demonstração da existência de deus ficou provada a impossibilidade da co-existência com ele no mesmo mundo. Deus é do “outro mundo”, o seu “reino não é deste mundo”. Deus é a transcendência.

Assim começou o confinamento de deus. Se até então já era difícil comunicar directamente com ele, daí em diante tornou-se impossível. Só os místicos o conseguiriam fazer, e sempre com altos custos pessoais. No mesmo processo em que deus foi humanizado, foi também desnaturalizado e, com ele, os seres humanos que o conceberam. E como não conseguem ser mente sem ser corpo natural, ao mesmo tempo que provaram a existência de deus, os seres humanos deixaram de o entender e deixaram de se entender entre si. Assim se desumanizaram. A humanização de deus redundou na desumanização dos seres humanos. O homo economicus (o homem económico) do capitalismo nascente, tal como o quase contemporâneo homo lupus homini (o homem lobo do homem) de Hobbes, são a expressão desta desumanização do humano. O ser competitivo, centrado no seu interesse individual, é um ser anti-social que vê nos semelhantes (nunca iguais) potenciais inimigos, e que só faz filantropia se dela resultar benefício próprio.

A incompreensão abissal do ser divino permitiu aos humanos dizer de deus tudo o que queriam e consoante as conveniências. A teologia sofreu então uma transformação qualitativa. Passou a tentar resolver o mal-entendido cartesiano, multiplicando as mediações que humanizavam falsamente deus. As ficções do “deus feito homem” ou o “corpo de deus” foram levadas ao paroxismo. O nazareno cruxificado do século XVIII barroco é um espetáculo visceral de primeira ordem, o espetáculo de um corpo cuja máxima exaltação é a mortificação e a morte. A economia da morte, em que o colonialismo e a escravatura prosperavam, encontrava nessas imagens um espelho cruel e um consolo desesperado. A exuberância das imagens escondia eficazmente as ficções teológicas. Escondia sobretudo as consequências trágicas dessas ficções, tal como muito antes as tinha vivido o jovem nazareno, ao concluir na cruz que nenhuma ambulância divina o viria salvar e afastar dele aquele “cálice”.

Portugal com mais 255 casos e dois mortos pela Covid-19

No total, o nosso país contabiliza 50.868 infeções confirmadas e 1.727 óbitos

Portugal registou, nas últimas 24 horas, 255 casos (um aumento de 0,50%) e dois mortos (uma variação de 0,12%) devido à Covid-19, revela o mais recente boletim epidemiológico divulgado esta quinta-feira pela Direção-Geral da Saúde (DGS). Dos novos casos, 176 concentram-se na região de Lisboa e Vale do Tejo, ou seja, 69%. No total, o nosso país contabiliza 50.868 infeções confirmadas e 1.727 óbitos

Quanto a recuperados, há 36.140 casos - mais 265 do que ontem. Há ainda 403 casos internados, sendo que, destes, 42 estão em Unidades de Cuidados Intensivos. 

Por regiões, Lisboa e Vale do Tejo contabilizou já 25.939 infeções e 596 óbitos. Em número de casos, segue-se o Norte, com 18.626 e 828 mortos. 

O Centro do país tem um total de 4.435 infeções e 252 óbitos, enquanto o Algarve conta 878 casos confirmados do novo coronavírus e 15 mortes. 

Por fim, o Alentejo soma 717 casos e 21 vítimas mortais. 

Nas Regiões Autónomas, os Açores contam 167 infeções e 15 óbitos. A Madeira contabiliza 106 casos confirmados e nenhuma vítima. 

Desde 1 de janeiro de 2020, Portugal já teve um total de 440.046 casos suspeitos. 

Consulte os mapas da evolução da pandemia do novo coronavírus em Portugal e no resto do Mundo.

[Notícia atualizada às 12h59]

Notícias ao Minuto | Imagem: © Getty Images

Portugal | Porque há racismo no homicídio de Bruno Candé?

Pedro Tadeu | TSF | opinião

O assassinato do ator Bruno Candé Marques foi um crime racista. Porquê?...

É verdade que, pelo que se lê nos relatos jornalísticos, a motivação próxima que levou um homem de 80 anos a disparar quatro tiros no ator negro nada parece ter a ver com racismo: foi o desfecho terrível de uma briga, com vários dias, por causa de uma cadela.

Não faço a mínima ideia quem tinha razão nessa discussão, não faço a mínima ideia como ela se iniciou, não faço a mínima ideia como escalou para o nível de violência que resultou em morte sangrenta no meio da via pública de Moscavide. Aparentemente ninguém sabe ou, pelo menos, não encontrei, nos vários trabalhos jornalísticos a que tive acesso, uma descrição pormenorizada dessa centelha de ira que deflagrou o crime fatal.

Sei que um relato, em comunicado, da família do ator informa que durante as primeiras discussões o futuro assassino utilizou várias vezes o insulto racista como arma de arremesso contra o seu oponente.

Ao trazer para a altercação a ideia de associar à cor da pele do seu antagonista uma hipotética deformação de carácter, como se fosse uma característica inata a todos os que têm o mesmo tom de pele, o homicida de Bruno Candé Marques, factualmente, acrescentou ao ódio pelo individuo com quem discutia não sei o quê sobre uma cadela, um preconceito racial contra os negros em geral - e isso é, como é óbvio, racismo.

O assassino talvez não tenha disparado quatro balas no corpo de Bruno Candé Marques por ele ser negro, mas usou a negritude do ator para o ferir psicologicamente durante a subida da tensão nervosa que o levou a cometer homicídio e, por isso, o quadro completo do crime não pode ser desenhado sem lhe acrescentar essa tinta estigmatizadora do racismo, que envenena a paz das nossas sociedades.

Portugal | Desemprego aumenta, governo cuida do grande capital

Desemprego, desemprego, desemprego, a cair sempre sobre os mesmos: os trabalhadores. Grande percentagem dessas vítimas nem vai ter direito a subsídio de desemprego – porque o sistema funciona assim, porque existem entidades patronais e um Estado Injusto e Cruel que se borrifa para os trabalhadores, a populaça.

Corrupção, corrupção, corrupção. Sabemos que não foi, nem é, só Ricardo Salgado adepto e dono da corrupção. Não sabemos porque optou alguém, com responsabilidades governativas, a preparar e concluir o “negócio” do Novo Banco com o fundo Lone Star. Um mau negócio para os portugueses pagantes eternos das falcatruas de grandes capitalistas, de grandes gestores/economistas, de grandes banqueiros, de grandes políticos… Todos eles são grandes enquanto o povoléu é pequenino e mirrado, anémico, devido a tanta roubalheira desses grandes ladrões que impunemente passam a vida nos “golpes e nos “cambalachos” que causam a vida negra aos portugueses, eternos pagantes.

Sindicalistas revelam porque têm tantas insónias: "Estamos muito preocupados", afirmou Isabel Camarinha, líder da CGTP.  "Assustados", acrescentou Lucinda Dâmaso, presidente da UGT.

"Há um perigo muito objectivo de aumento do desemprego", disse António Saraiva, líder da CIP… O Patrão Saraiva dorme que nem um pedregulho. Subiu na vida à custa de…? O que é que isso interessa!

Desemprego aumenta mas os ricos vão ficar ainda mais ricos. É sempre assim que acontece. Porque será? Não sabe? Mas olhe que devia saber!

Aqui temos a prosa e intervenientes no Expresso Curto de hoje. Não queremos pôr mais na escrita. Há interesses de temas diversos neste Curto que, segundo Cândido da Silva, o autor, trata de “Tudo (e mais alguma coisa)”. Depois de lerem concluam se falta algo ao “tudo” anunciado… Claro que falta. O jornalista não é a senhora Fátima, essa é que faz milagres. Sabem que há também muitos jornalistas à míngua? Precários, explorados nesses grandes grupos da média pomposa e tantas vezes esclavagista daqueles que amam a profissão e que a ela, se necessário, até dão a camisa. Ainda há profissionais assim. Cada vez menos profissionais desses, mas, como diz quem quem sabe: “desses ainda existem uns quantos e umas quantas”.

Bom dia, se conseguirem. O Curto, a seguir.

FS | PG

Portugal | Novo Banco – A saga continua

Paula Santos* | Plataforma | opinião

A receita do capitalismo para os desmandos da banca é pôr o povo a pagar. Nos vários processos de falências de bancos em Portugal, os prejuízos são nacionalizados e os bancos limpos são entregues aos privados.

A recente venda de património do Novo Banco a preço de saldo, quando há bem pouco tempo o Estado tinha transferido 850 milhões de euros, revela mais uma vez que são os trabalhadores e o povo a suportar a gestão danosa da banca.

O Novo Banco terá vendido 13 mil imóveis avaliados em 631 milhões de euros pelo valor de 364 milhões de euros, o que em qualquer parte do mundo seria um péssimo negócio. O comprador foi um fundo, que ninguém sabe quem está por detrás, com ligações às Ilhas Caimão. Mas a situação é ainda mais grave quando tudo indica que poderá ter sido o próprio banco a emprestar o dinheiro para a concretização da operação e que será o Fundo de Resolução a cobrir o prejuízo. Poderemos estar perante um caso de polícia e de um crime económico contra o Estado.

"O Governo PS deixa evidente a sua natureza de classe. Quando estão em confronto os interesses do capital e dos trabalhadores, opta sempre pela salvaguarda do capital"

No Projeto de Resolução n.º 471/XIV/1.ª, do PCP, que recomenda ao Governo a reversão da alienação do Novo Banco, a sua transferência para a esfera pública e o apoio especializado às micro, pequenas e médias empresas, de maio de 2020, já denunciávamos o facto de o Governo entregar “a um banco mais 850 milhões de euros para pagar vendas de imóveis e outros ativos ao desbarato (sem que se conheçam os adquirentes, cuja relação direta ou indireta com partes associadas à Lone Star ou a antigos acionistas do BES/GES não está posta de parte)”.

Não é despiciente referir que esta transferência ocorreu no período de combate ao surto epidémico, em que milhares de trabalhadores viram os seus salários cortados por via do lay-off, muitos ficaram sem qualquer rendimento e muitos perderam o posto de trabalho. Mais uma vez o Governo PS deixa evidente a sua natureza de classe. Quando estão em confronto os interesses do capital e dos trabalhadores, opta sempre pela salvaguarda do capital e dos grupos económicos em detrimento da defesa dos interesses dos trabalhadores e do povo.

Este é mais um episódio que só vem dar razão à proposta do PCP de integração do Novo Banco no sistema público bancário, que possa contribuir para o apoio às famílias e ao aparelho produtivo, em particular às micro, pequenas e médias empresas. No Projeto de Resolução supra identificado afirmámos: “Se é o Estado quem paga as contas do Novo Banco, deve ser o Estado a controlar os seus destinos”.

Quando o Governo decidiu vender o Novo Banco à Lone Star ao desbarato, alertámos que isso teria consequências lesivas do interesse público. Está agora demonstrada que a privatização do Novo Banco foi um erro e que os custos podem ultrapassar os 10 mil milhões de euros ao erário público.

É importante que se apurem os factos e as responsabilidades sobre tudo isto. Mas a questão de fundo que está colocada e a única solução para a salvaguarda da estabilidade do sistema financeiro e para a firmação do interesse nacional, recuperando uma alavanca da economia é o controlo público do Novo Banco.

*Deputada do Partido Comunista Português (PCP) – Portugal

A nova ordem mundial segundo Pequim

#Escrito e publicado em português do Brasil

Ascensão da China a potência mundial já é realidade há muitos anos, mas não está claro até onde vão as pretensões hegemônicas do gigante asiático, e que papel ele vai reivindicar para si.

Em outubro de 2017, durante o 19º congresso do Partido Comunista Chinês (PCC), o presidente Xi Jinping declarou que uma nova era havia se iniciado para a China, a qual, "dia após dia, se aproxima do centro do palco mundial".

Mas o que seria uma ordem mundial com a China no centro? "Minha impressão é que as próprias forças políticas em Pequim não sabem exatamente o que querem. Eu diria que elas experimentam segundo Deng Xiaoping", comenta o cientista político alemão Gu Xuewu.

O líder político Xiaoping (1904-1997), que introduziu as reformas econômicas na China na década de 80, cunhou o slogan "Atravessar o rio tateando, pedra após pedra".

Essa incerteza se manifesta também no debate – complexo e cheio de nuances –sobre o papel da China no mundo, conduzido pelos intelectuais do país. A gama das discussões vai desde a aceitação da atual ordem mundial até a ideia de que a China é uma nação predestinada, e o mundo inteiro deve se submeter a sua vontade.

A palavra final em todos os debates na China é sempre do partido, que não tem a ordem mundial como prioridade, analisa o ex-embaixador da Alemanha no país asiático Volker Stanzel. "Ou seja, não há um interesse primário numa ordem mundial reformulada ou no funcionamento da atual ordem mundial, mas em que a China possa se mover no mundo de modo que sejam implementáveis as pretensões do Partido Comunista, as quais servem à manutenção do poder."

Covid-19 | Uma segunda onda é inevitável

#Escrito e publicado em português do Brasil

Uma próxima onda do novo coronavírus certamente virá, inclusive na Europa. Ela não poderá ser evitada: será, na melhor das hipóteses, atenuada. A pandemia é agora ainda mais perigosa do que era no primeiro dia.

Fabian Schmidt | Deutsche Welle | opinião

Muitos países em todo o mundo reagiram à pandemia logo no início, com medidas rigorosas de bloqueio e um rastreamento consistente das cadeias de infecção. E foram bem sucedidos em fazê-lo.

Nesses países, a curva de infecção, que inicialmente havia subido exponencialmente, foi interrompida. As novas infecções estão agora em baixa. 

Exemplos disso são China, Coreia do Sul, Nova Zelândia e Taiwan, além de alguns Estados-membros da União Europeia. 

Após as experiências dramáticas dos últimos seis meses, foi possível manter os sistemas de saúde funcionando em quase todas as partes e fazer a economia funcionar novamente, apesar dos sérios reveses enfrentados.

Mas o lento retorno à normalidade em alguns países não pode nos levar ao descuido. A pandemia ainda está longe de ter passado no mundo. Pelo contrário: a curva das novas infecções globais continua a crescer exponencialmente. 

Portanto, dia após dia há cada vez mais pessoas recém-infectadas – e não menos. 

A pandemia é agora ainda mais perigosa do que era no primeiro dia.

Primeira fatalidade por Coronavirus nos acampamentos saharauis

Apesar das medidas extraordinárias de contenção implementadas pelas autoridades saharauis nos campos de refugiados, o coranavírus conseguiu entrar.

A ameaça de disseminação em massa pode causar uma catástrofe de saúde  numa população vulnerável de mais de 170.000 pessoas.

As  condições de saúde preexistentes nos campos são gravemente preocupantes e podem tornar este surto particularmente perigoso.  Cinquenta e dois por cento das mulheres que vivem nos campos são anêmicas, mais de onze por cento dos adultos têm diabetes e seis por cento vivem com doença celíaca, a maior prevalência do mundo.

Segundo o diretor da Oxfam na Argélia, Haissam Minkara: “Estas são as notícias que as pessoas aqui temem.  Os refugiados saharauis estão deslocados há 45 anos no duro deserto  argelino, onde a comida e a água são incrivelmente escassas e muitos sofrem de vulnerabilidades pré-existentes.  A infraestrutura de saúde nos campos é muito frágil para lidar com a catástrofe potencial que o COVID-19 pode trazer.

“A crise dos refugiados saharauis é negligenciada pela comunidade internacional há mais de quatro décadas e agora os riscos não podem ser maiores.  Organizações como a Oxfam estão a mobilizar recursos, mas não será suficiente.  A comunidade internacional deve apoiar as autoridades e agências locais a lidar com esse surto ou o resultado pode ser catastrófico ”, disse Minkara.

Apesar do surgimento desses casos, os esforços de prevenção das autoridades de saúde saharauis estão a conseguir registrar o menor número de COVIDs 19 nos países da União Africana.

Segundo Jira Bulai, Ministra da Saúde, no Twitter, existem 4 casos confirmados, dos quais um faleceu.  “A nossa situação de vulnerabilidade  obriga-nos a redobrar os nossos esforços para continuar o nosso caminho”, acrescenta Jira Bulahi.

Estamos a aguardar informações para confirmar a possível existência de mais falecidos.

PUSL

Palestina | O discurso da desesperança

#Escrito e publicado em português do Brasil

Como o pessimismo palestino poderia provocar uma rebelião muito necessária

O maior desafio da Palestina não é o fato de as pessoas não se considerarem um fator na libertação de sua própria terra e sim a incapacidade da sua liderança em reconhecer o imenso potencial de energia dos palestinos em toda a parte para um enfoque anticolonial, centrado e estratégico, uma campanha de libertação.

Ramzy Baroud [*]

Numa recente discussão televisiva, um respeitado jornalista pró-Palestina declarou que se alguma vez ocorrer uma mudança ou transformação positiva na trágica saga palestina, não seria agora, pois seria necessário uma geração completamente nova para conseguir uma mudança de paradigma... Tão inócua como possa parecer, a declaração incomodou-me muito. Escutei essa frase uma e outra vez, frequentemente reiterada por intelectuais bem-intencionados, cujas experiências ao investigar e escrever sobre o chamado 'conflito israelo-palestino' podem ter levado alguns deles ao pessimismo, se não a desesperança. O 'discurso da desesperança' é, talvez, compreensível se alguém examina a realidade tangível e desagradável sobre o terreno: a ocupação israelense cada vez mais arraigada, a anexação planejada da terra palestina ocupada na Cisjordânia, a vergonhosa normalização árabe com Israel, o silêncio ensurdecedor da comunidade internacional e a inutilidade da liderança palestina. Endossar essa lógica não é apenas contraproducente, é também a-histórico. Ao longo da história cada grande conquista que trouxe liberdade e um pouco de justiça a qualquer nação se realizou apesar de probabilidades aparentemente insuperáveis. De fato, quem teria pensado que o povo argelino fosse capaz de derrotar o colonialismo francês quando suas ferramentas de libertação eram tão rudimentares em comparação com os incríveis poderes do exército francês e seus aliados? A mesma noção se aplica a muitas outras experiências históricas modernas, desde o Vietnã até a África do Sul, desde a Índia até Cuba.

A Palestina não é a exceção. Entretanto, o "discurso da desesperança" não é tão inocente quanto parece. Ele se deve a persistente incapacidade de reconhecer a centralidade do povo palestino, ou qualquer outra pessoa, para o caso, em sua própria história. Ademais, supõe que o povo palestino é, francamente, ineficaz. Curiosamente, quando muitas nações ainda estavam lidando com o conceito de identidade nacional, o povo palestino já havia desenvolvido um sentido refinado de identidade coletiva moderna e consciência nacional. As greves gerais de massas e a desobediência civil que desafiam o imperialismo britânico e os assentamentos sionistas começaram há quase um século, culminando na greve geral de seis meses de duração de 1936. Desde então, a resistência popular, que está vinculada a um sentido definido de identidade nacional, tem sido um elemento básico na história palestina. Foi uma característica destacada na Primeira Intifada, o levantamento popular de 1987. O fato de que a pátria palestina se perdiesse, apesar da maior consciência das massas palestinas nesse momento, não é indicativo da capacidade do povo palestino para afetar os resultados políticos.

quarta-feira, 29 de julho de 2020

A multibilionária especulação com as vacinas

*Escrito e publicado em português do Brasil

A “Big Pharma” ganha nas pandemias. Imunizantes, que eram produtos marginais, agora geram lucros e valorizações fantásticos. EUA e Inglaterra já anunciaram: não venderão a preço de custo. E mais: as sequelas cardíacas da covid-19

Maíra Mathias e Raquel Torres* | Outras Palavras

DE VENTO EM POPA

Não sabemos quais vacinas vão se mostrar seguras e eficazes contra o coronavírus, nem quando. Mas a pandemia começou a turbinar as contas dos executivos e investidores das empresas envolvidas com a pesquisa muito cedo, bem antes que qualquer pessoa possa pensar em tomar uma dose: bastam as boas notícias sobre os resultados dos estudos, ainda que incipientes. Nos Estados Unidos, ser selecionada para a Operação Warp Speed (um programa de investimentos do governo federal para desenvolver imunizantes rapidamente) pode ser um verdadeiro passaporte para grandes lucros. E algumas companhias – muitas vezes pequenas, dependentes de apenas um medicamento – estão experimentando uma valorização inédita.

Em um grupo de 11 delas, a venda de ações já rendeu mais de US$ 1 bilhão desde março, segundo uma matéria do New York Times comentada na revista Época. Um exemplo é a Vaxart, que tem apenas 15 funcionários e jamais produziu uma vacina que tenha chegado ao mercado. Desde janeiro, quando começou a trabalhar em um imunizante contra covid-19, sua valorização foi de mais de 3.600%. No fim de junho, ela anunciou ter sido contemplada pela Operação Warp Speed. Em dois dias, as ações cresceram 300%. O valor do prêmio dos seus executivos subiu nada menos do que seis vezes, e o fundo multimercado que controla a maior parte de suas ações lucrou mais de US$ 200 milhões no ato. O mais interessante é que o investimento do governo americano nem foi tão significativo assim – a candidata a vacina da Vaxart foi apenas incluída em um ensaio clínico de uma agência federal, mas não houve apoio financeiro para produzir milhões de doses, com temos visto acontecer com empresas como Moderna e AstraZeneca. Mesmo assim, a manchete do comunicado à imprensa da companhia (“Vacina da Vaxart selecionada para a Operação Warp Speed ​​do governo dos EUA”) teve grandes efeitos. 

A história se repete com outras empresas. As ações da Moderna mais do que triplicaram desde que sua vacina começou a ter resultados na fase 1 (agora que os ensaios de fase 3 estão começando, subiram  mais 11% em um dia). A Novavax, que divulgou resultados preliminares de sua vacina e um acordo de US$ 1,6 bilhão com o governo Trump, viu o valor de suas ações pular de US$ 24 para mais de US$ 130.

O passado esclavagista do Partido Democrata dos EUA

A pedido da Presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi (Democrata, Califórnia), diversas estátuas deverão ser retiradas do Congresso devido ao facto desses homens terem voluntariamente servido nos exércitos confederados durante a Guerra da Secessão (HR 7573).

A Srª Pelosi faz equivaler os Confederados (opostos às taxas alfandegárias fixadas pelo Governo Federal) ao esclavagismo, de acordo com um entendimento errado da Guerra da secessão prevalente hoje

Louie Gohmert (Republicano, Texas) não deixou de o salientar. Indo mais longe na polémica, ele acaba de apresentar uma proposta de lei visando banir o Partido Democrata por causa do seu papel histórico em favor da escravatura.

UE | Von der Leyen, Sassoli e Merkel querem "rápida adoção" de acordo conjunto

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, a chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente do Parlamento Europeu, David Sassoli, apelaram hoje a uma "rápida adoção" do pacote de recuperação pós-pandemia acordado pelos líderes europeus.

Numa reunião realizada hoje à distância, por telefone, os três responsáveis discutiram "os próximos passos na adoção do pacote de recuperação da UE e do próximo Quadro Financeiro Plurianual", com Angela Merkel a participar no encontro dada a atual presidência alemã da União.

O objetivo do debate, convocado pela presidente von der Leyen ao abrigo do artigo 324.º do Tratado, era preparar as negociações interinstitucionais que se avizinham e permitir uma rápida adoção do pacote, com base no acordo alcançado na semana passada pelo Conselho Europeu e na resolução adotada pelo Parlamento Europeu a 23 de julho", refere uma declaração divulgada após o encontro à distância.

Na ocasião, von der Leyen, Merkel e Sassoli reafirmam, assim, "que alcançar rapidamente um bom acordo é a maior prioridade das próximas semanas e concordaram que não havia tempo a perder".

Vacina ainda em 2020? "Não devemos esperar um milagre"

Estão em diferentes estágios de desenvolvimento mais de 150 vacinas

A Alemanha atribuiu meios a três empresas de biotecnologia para ajudar no desenvolvimento das vacinas candidatas para combater o novo coronavírus. No entanto, a Ministra da Educação, Anja Karliczek, considerou "improvável" a existência de uma vacina amplamente disponível antes de meados de 2021.

"Não devemos esperar um milagre", disse a ministra, citada pela Reuters, durante uma conferência de imprensa, pedindo à população que mantenha o distanciamento social e use máscara de forma a evitar prejudicar os resultados que a Alemanha alcançou, até agora, no controlo da pandemia.

O país germânico reportou um aumento no número de novos casos de infeção pela Covid-19 nos últimos dias.

"Devemos continuar a assumir que as vacinas para a população em geral só estarão disponíveis a meio do próximo ano", acrescentou.

As empresas germânicas BioNtech, CureVac e IDT Biologika prometem vacinas candidatas para o novo coronavírus, mas "devemos sempre esperar percalços durante a fase de testes", alertou Karliczek, salientando que ter uma vacina eficaz é uma coisa, mas ter uma segura e que as pessoas querem, é outra. 

Estão em diferentes estágios de desenvolvimento mais de 150 vacinas. Esta quarta-feira, a Rússia afirmou esperar receber aprovação para uma vacina em menos de duas semanas.

Notícias ao Minuto | Imagem: © iStock

Visão estratégica de Costa Silva é uma “manta de retalhos contraditória”

O documento Costa Silva: uma manta de retalhos contraditória e sem coerência que ignora o país real

A “Visão Estratégica para o Plano de Recuperação Económica de Portugal 2020-2030” que o governo encomendou a Costa Silva é um extenso documento, repetitivo, com os chavões da moda, em que é manifesta a preocupação de referir tudo para contentar todos mas em que, não existindo qualquer priorização, se fica sem saber o que verdadeiramente o autor defende. Ignora o país real, que para Costa Silva não é o país em que os portugueses vivem mas um país em que ao Estado competiria unicamente servir, financiar e capitalizar as empresas privadas, nomeadamente as em sérias dificuldades.

O documento de Costa Silva, é um extenso documento (tem 142 paginas), de difícil leitura, em que se encontram repetidas várias vezes as mesmas afirmações, com a utilização de chavões que estão agora na moda (a revolução na robótica, a inteligência artificial, o Big Data parece ser para ele a solução milagrosa que resolveria todos os problemas do país quando não é capaz de apresentar soluções), em que as contradições entre o que se afirmou anteriormente e o que se diz depois são frequentes, em que é manifesta a preocupação de referir tudo para contentar todos, mas que depois, como não é possível fazer tudo (não há nenhuma avaliação custos/benefícios), nem qualquer priorização por onde começar fica-se sem saber o que verdadeiramente o seu autor defende. É um verdadeiro “conto de fadas” que ignora o país real, e é se levado a pensar que o país que Costa Silva fala não é o país em que os portugueses vivem. É isso que vamos mostrar seguidamente pois o espaço é limitado.

Logo no inicio, na “Introdução” , em relação a “Reindustrialização do país”, que Costa Pinto diz defender, afirma que ela terá de ser “baseada nos reforço do cluster das energias renováveis, no lançamento do cluster do hidrogénio, no desenvolvimento da bioeconomia sustentável, com a valorização da biomassa florestal e marinha , e com o desenvolvimento sustentável de alguns recurso minerais estratégicos” (pág. 5). Fora destes “clusters” parece que, para Costa Silva, a reindustrialização não é possível. E isto apesar de referir a “Reconversão industrial”, que parece também defender, “ligada à reorganização das cadeias logísticas e de produção” (pág. 5). Também na página seguinte (6) reconhece que “a reorganização das cadeias de produção industrial e das cadeias logísticas é um objetivo crucial para o relançamento e recuperação da economia portuguesa e europeia”. Mas isto, se fosse feito, não levaria também à reindustrialização através da produção no país de bens e matérias primas que agora são importadas? É uma questão para reflexão do leitor. Depois, na pág. 70, Costa Silva enumera aquilo que designa por “EIXOS ESTRATÉGICOS” para a recuperação económica de Portugal e que são, segundo ele, sete a saber: (1) Uma rede de infraestruturas indispensáveis; ; (2) A qualificação da população , a aceleração da transição digital, e infraestruturas digitais; (3) Reforço do setor saúde (não é o mesmo que SNS); (4) A reindustrialização do país com os clusters de recursos minerais estratégicos, energias renováveis, hidrogénio , biomassa sustentável e o cluster do mar (sem isto não haveria reindustrialização, insistindo no mesmo erro); (6) Reconversão industrial com reorientação das cadeias logísticas e de abastecimento, a fabricação de máquinas e equipamentos e economia circular (para Costa Silva, isto não é reindustrialização do país); (7) Transição energética e a eletrificação da economia; (8) A coesão do território , com a inclusão do interior na economia, e a dinamização da agricultura e da floresta; (9) Um novo programa para as cidades e mobilidade sustentável; (1) Cultura, serviços e comercio.

Eugénio Rosa  | O Diário.info

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