domingo, 16 de fevereiro de 2020

Moneyland | O estado máximo do ultraliberalismo


Jornalista britânico descreve como, por meio de sórdida rede de advogados e contadores, super-ricos se tornaram apátridas e propagam paraísos fiscais. Nada produzem, corrompem mercados e arrasam a economia de países empobrecidos


Oliver Bullough em entrevista a Ricardo Dudda, traduzido pelo IHU

Em 2019, completaram-se 75 anos do acordo de Bretton Woods. Nele, os líderes mundiais se comprometeram, após a Segunda Guerra Mundial, a não especular com as divisas, para garantir a paz e a estabilidade. Por que esse acordo foi tão importante?

O que aconteceu em Bretton Woods deve ser entendido no contexto da Segunda Guerra Mundial e da Grande Depressão. O enorme desejo de garantir que não houvesse mais guerras mundiais. A análise feita em Bretton Woods é que a liberdade absoluta de capitais para especular causou o crash de Wall Street e criou a miséria que fomentou o nacionalismo extremo. Penso que é uma análise muito acertada. A solução que propuseram era muito corajosa: mudar a maneira como funciona a economia global. É fácil se esquecer de como foi exitoso.

Nos anos 1950 e 1960, há crescimento económico, mais igualdade e prosperidade nos países ocidentais. É claro que houve perdedores, países comunistas como a China que ficaram à margem dessa prosperidade. Contudo, para as democracias liberais ocidentais foram as melhores décadas de sua história.

Para os ricos, ao contrário, Bretton Woods era ameaçador. Havia um grupo de pessoas constantemente lutando contra esse sistema de controle. E Moneyland é o que eles inventaram para escapar dele. Uma aliança poderosa foi criada entre banqueiros em Londres e bancos na Suíça para criar estruturas offshore (paraísos fiscais). Considero que esse conceito é pouco estudado e analisado. Talvez seja uma das invenções mais importantes da segunda metade do século XX, em termos de seu impacto no mundo. E, no entanto, existem muito poucos livros sobre isso. Nem mesmo os livros de economia falam disso.

A BOEING, UMA CORPORAÇÃO SEM ESCRÚPULOS


E se querem exemplos nacionais; olhem para os casos da nossa EDP ou da GALP!

Octavio Serrano* | opinião

Pelos piores motivos, a Boeing, o enorme fabricante norte americano de aviões, tem sido noticia; em Outubro de 2018 e Março de 2019, caÍram dois Boeings 737 Max 8, na Indonésia e na Etiópia; faleceram no primeiro acidente 189 pessoas e no segundo 157; e não se tratavam de chaços velhos; tratava-se do ultimo modelo do célebre 737, da Boeing.

Como se sabe, as investigações a acidentes aéreos são rigorosíssimas; e não demorou muito tempo a perceber-se, que se passava algo muito grave com o comportamento em voo desse modelo; pelo que de imediato foram suspensos os voos de todos esses aviões, em actividade; e mais tarde, foi a vez parar o seu fabrico, imposto pela Administração de Aviação Federal dos EUA; tinha de se descobrir o que se passava com o novo 737 Max8!

E descobriu-se! Que existiam erros de concepção do projecto do aparelho, que deveriam ter sido percebidos e corrigidos, após os testes nos túneis de vento; que o software, que serve para autonomizar o avião e para reduzir o numero de tripulantes, tinha erros, por ter sido desenvolvido sem os devidos cuidados; que o próprio simulador de treino de voo, não foi apetrechado com um software devidamente desenvolvido para o efeito; e por fim, que os próprios pilotos não foram preparados para pilotar a aeronave, com o argumento, de que como já sabiam pilotar o modelo 737 anterior, também estariam preparados para este. Incrível não é? Como é que um líder de mercado aeronáutico mundial, com meios financeiros ao seu dispôr, quase ilimitados, coloca o seu futuro em causa, através de pura cegueira dos seus gestores!

Portugal | Eutanásia, Pesporrência e Estupidez


O tema da animação do momento é a eutanásia. Os manipuladores da opinião pública, os que colocam as multidões a olhar para o Sol e convencem as ovelhas que ali está uma girandola incandescente ameaçam com fogueiras de inferno e penas de morte sem julgamento!


Vivemos tempos vazios de títulos de jornais e de reportagens de 6 às 9, o orçamento foi aprovado, já não há folhetim da Joacine, o Ventura já se viu que não passa de um rufiote suburbano que não chegará a D. Sebastião dos saudosistas do come e cala, a Isabel dos Santos, a conselho da Ana Gomes, já sacou o dinheiro que aqui tinha investido, levando-o para paragens mais seguras e de gente mais sensata, o juiz Alexandre já está imortalizado em pedra no processo Marquês, o futebol continha a entreter os fiéis enquanto turbina dinheiro com transferências de rapazes que chegam de todo a parte do mundo para mostrar o seu valor e ajudar o plantel e o mister, o presidente viaja e diz que existimos, na meteorologia andamos entre a seca e a chuva miudinha, o Marques Mendes mexerica, o aeroporto, esgotado o combustível em estudos que vêm do tempo do Estado Novo, aterrou no Montijo, à beira rio, mas isso também o novo Hospital da Cuf e a fundação Champalimaud lá estão e de boa saúde. Enfim isto está uma seca.

Estando numa seca é preciso animar a malta. Animar é dar ânimo. Nada melhor que meter medo da morte. A mercadoria dos demagogos. O Satanás está aí! Saiu a sorte grande à eutanásia, uma discussão que arrasta multidões, com igrejas especializadas em arrastar multidões crentes na vida eterna. A vida, a vidinha é o que temos. Agarremo-nos a ela. Passe a publicidade escrevi um romance a que dei o título Basta-me Viver. Basta-nos a todos. Nem temos mais nada que fazer, nem a fazer a não ser viver. Por mim, se for fora de qualquer rebanho melhor. Faço por isso.

O tema da animação do momento é a eutanásia. Os manipuladores da opinião pública, os que colocam as multidões a olhar para o Sol e convencem as ovelhas que ali está uma girandola incandescente ameaçam com fogueiras de inferno e penas de morte sem julgamento! Não matem os velhinhos, anuncia uma adolescente com um cartaz de papelão que alguém lhe pôs nas mãos numa qualquer sacristia. Faça a guerra, mate jovens e poupe os velhinhos! Mate gente saudável e deixe os incuráveis a penar, que esses dão lucro ao sistema de saúde, hospitais, laboratórios, lares.

Esta é a parte de arraial de discussão. De feira. Daqui a uns dias, como aconteceu no antecedente – e basta um “penalte que o Var não varou” – e a coisa saiu de antena. Restará a pesporrência e a estupidez que sustentam a discussão.

Portugal | CGTP: Trabalhadores "têm direito a ter vida para além do trabalho"


O AbrilAbril faz o resumo de dois dias de congresso, onde se abordaram temas como a precariedade, os direitos das mulheres, o poder local democrático e a escola pública, e se aprovaram as orientações para os próximos 4 anos.

Depois da eleição dos orgãos que teve lugar no final do dia de ontem, hoje terminava a discussão e votação dos documentos políticos. O programa de acção e a carta reivindicativa que definem as orientações da Intersindical para os próximos quatro anos foram aprovados, o primeiro com 56 abstenções e um voto contra, o segundo por unanimidade.

Os textos propõem a revitalização do aparelho produtivo nacional, o aumento geral dos salários e a valorização das profissões, o emprego com direitos e o combate à precariedade, bem como a redução dos horários e a melhoria das condições de trabalho.

Também a liberdade sindical como elemento fundamental para a conquista de direitos e para uma maior justiça social é defendida nestes documentos.

Compromisso da CGTP-IN continua «inabalável»

Na intervenção de encerramento, a nova secretária-geral, Isabel Camarinha, lembrou os 50 anos de luta permanente em que a CGTP-IN nunca abdicou dos seus princípios de «unidade, democracia, independência e solidariedade».

Se há mais de 20 anos os patrões falam de «competitividade», a verdade é que «o País continua amarrado a uma estrutura produtiva de baixo valor acrescentado, mais dependente do exterior, com menos meios e recursos para responder aos problemas de quem nele vive, trabalha e trabalhou», afirmou.

A dirigente sublinhou que os trabalhadores têm direito a ter «vida para além do trabalho» e que isso passa também pela garantia dos direitos laborais, do aumento geral dos salários, da regulação dos horários, da estabilidade dos vínculos, bem como da existência de serviços públicos de qualidade.

Portugal | Quanto vale a CGTP?


Domingos De Andrade* | Jornal de Notícias | opinião

É inatacável a importância da CGTP no país e no contributo para a maturidade da democracia. Ao longo dos últimos 50 anos, que agora comemora, a central sindical foi fundamental na regulação das relações laborais, mantendo mais equilibrado o sempre difícil braço de ferro entre empresas e trabalhadores e, por consequência, atenuando as desigualdades sociais.

Percebe-se, por isso, a intenção do primeiro-ministro quando anunciou que tenciona sugerir a Marcelo Rebelo de Sousa a condecoração do secretário-geral cessante, Arménio Carlos, pelo que fez para a "consolidação do diálogo tripartido em Portugal e por todo o trabalho desenvolvido em prol de um país mais justo".

Não vale a pena entrar aqui na discussão do beneficiário da condecoração e se ela deve, sim, ser dada à central. E muito menos sobre a aproximação entre a CGTP e o PS, ao mesmo tempo que a UGT, mais conotada com os socialistas, vai perdendo poder na sua área de influência. Relevante é perceber o que vai fazer com os seus 50 anos de história, ou se passa à história.

A carta reivindicativa aprovada no congresso deste fim de semana, que consagrou Isabel Camarinha como a nova secretária-geral, augura mais do mesmo, não querendo com isto, aqui, menorizar a relevância da luta pela redução do horário de trabalho para as 35 horas, o aumento do salário mínimo ou o combate à precariedade.

A questão, séria, e que parece não ser uma preocupação dos dirigentes, está nos desafios que as alterações radicais nas relações do trabalho hoje colocam ao movimento sindical, desde a digitalização da economia, à cada vez mais difícil contratação coletiva, quer pelos entraves dos empresários quer pelo crescente individualismo, acabando no poder em ascensão dos populismos.

Os movimentos sem rosto chamados inorgânicos que mobilizaram, em cada setor, professores, enfermeiros, polícias ou camionistas, que tomaram conta da agenda das estruturas sindicais, não são epifenómenos que desaparecem na espuma dos dias. Mas parece que as preocupações são diminutas.

O problema é que esse não é um problema só da CGTP. É do próprio Estado democrático.

*Diretor

Sobe para 1.665 número de mortos com o coronavírus na China continental


O número de mortes na China causadas pelo coronavírus Covid-19 subiu para 1.665, depois de a Comissão Nacional de Saúde daquele país ter anunciado hoje mais 142 casos fatais nas últimas 24 horas.

Já o número de infetados na China continental (que exclui Macau e Hong Kong) é agora de 68.500, verificando-se um aumento de 2009 casos nas últimas 24 horas.

No mesmo período em análise, 1.323 pessoas receberam alta hospitalar na China continental.

Só na província chinesa de Hubei registaram-se mais 139 mortes, elevando para 1596 os casos fatais naquela região, foco da epidemia detetada no final e 2019.

A comissão de saúde daquela província contabilizou ainda 1843 novos casos, aumentando o número de infetados na região para 56.249.

O terrorismo e a mãe de todas as mentiras

A 3 de Janeiro de 2020, em Bagdade, Iraque, o general Qassem Soleimani, comandante da Guarda Revolucionária do Irão e o maior inimigo operacional do Daesh (dito Estado Islâmico) e da Al-Qaeda, foi assassinado durante um ataque ordenado por Donald Trump, presidente dos EUA - AP Photo/ Evan Vucci/Office of the Iranian Supreme Leader

Suspeitava-se de que assim era, mas o apuramento mais pormenorizado de factos e circunstâncias confirmam-no: uma mentira esteve na base da recente escalada de violência no Médio Oriente.

José Goulão | AbrilAbril | opinião

Uma mentira esteve na base da recente escalada de violência no Médio Oriente que culminou com o assassínio do general iraniano Qasem Soleimani. Suspeitava-se de que assim era, mas o apuramento mais pormenorizado de factos e circunstâncias confirmam-no. O mainstream global evita abordar os acontecimentos segundo este novo ângulo – apesar de o New York Times o ter feito – porque seria obrigado a substituir toda a conveniente narrativa montada. Porém, o que na realidade aconteceu foi: os terroristas do Estado Islâmico realizaram a operação que serviu de pretexto a Trump e ao Pentágono para assassinarem o maior inimigo do Estado Islâmico – e da al-Qaeda.

Há uma mentira fundadora da torrente de falsidades que acompanhou a escalada desencadeada pelos Estados Unidos contra o Irão e o Iraque no início do ano. Serviços militares iraquianos, entre eles o sector de inteligência, explicam que era impossível um grupo armado xiita como o Khataeb Hezbollah, qualificado como «pró-iraniano», ter sido o autor do ataque de 27 de Dezembro contra a base norte-americana K-1 na província iraquiana de Kirkuk.

Citado pelo New York Times, o brigadeiro general iraquiano Ahmed Adnan afirma que «todas as indicações vão no sentido de ter sido o Daesh», ou Isis, ou Estado Islâmico, a realizar a operação. «Nós próprios, como forças iraquianas, não podemos sequer entrar na área de onde foi feito o ataque a não ser com forças de envergadura, porque não é seguro», acrescenta. «Como poderia um grupo xiita, que não conhece a zona, chegar ao local, tomar posições e desencadear o ataque»?

Os pressupostos da confirmação do militar iraquiano são simples, elementares mesmo. A zona de onde foi lançado o ataque com rockets contra a base K-1 situa-se numa região de população sunita controlada pelo Estado Islâmico. Não há conhecimento de qualquer presença de grupos armados xiitas na área desde 2004. Os militares iraquianos tinham, entretanto, informado as tropas norte-americanas de ocupação de que havia um recrudescimento das actividades do Estado Islâmico durante as semanas que antecederam o ataque. Além disso, a viatura pickup de onde foram lançados os rockets foi encontrada a 300 metros de um local onde membros deste grupo procedem a execuções.

Todas as circunstâncias apontam no mesmo sentido: só poderia ter sido o Estado Islâmico a atacar a base norte-americana.

Processo de Assange constitui ataque à liberdade de imprensa

Belmarsh mantem Assange refém
– Os media corporativos fazem silenciamento deliberado do caso Assange
– Mas muitas organizações de jornalistas omitem-se

Nozomi Hayase [*]

Na audiência de quarta-feira, em Westminster, em Londres, foi estabelecido o cronograma do caso de extradição [NR] de Julian Assange para os EUA. As equipes jurídicas de Assange nos EUA solicitaram que a audiência da extradição fosse dividida. Seu advogado de defesa, Edward Fitzgerald, enfatizou ao tribunal que não estarão prontos para apresentar o corpo principal das suas evidências até depois da primeira semana da audiência, a qual está marcada para começar no final de Fevereiro.

Prevê-se agora que a audiência de extradição de Assange prossiga em duas partes: a partir do início de 25 de Fevereiro, durante uma a duas semanas e depois continuará em 18 de Maio durante mais três semanas.

Assange foi indiciado por 17 acusações de espionagem pela publicação de documentos relativos às guerras dos EUA no Iraque e Afeganistão e de torturas na prisão da Baía de Guantánamo. Durante sua audiência anterior na segunda-feira, 13 de Janeiro, seu advogado, Gareth Peirce, levantou preocupação de que a falta de acesso de Assange a conselhos legais havia dificultado a preparação adequada da sua defesa, quando enfrenta sentenças de prisão de até prisão 175 anos.

Recentemente surgiram novas evidências mostrando que a CIA contratou a empresa de segurança espanhola US Global para espionar Assange dentro da embaixada do Equador em Londres, quando Assange ali vivia sob asilo político. Os alvos desta vigilância incluíram seus advogados, médicos e visitantes. Agora, três ex-funcionários da empresa apresentaram-se como testemunhas confirmando que o seu então chefe, David Morales, em Dezembro de 2017ordenou que trabalhadores instalassem novas câmaras de vídeo na embaixada com capacidade de registo áudio.

Fora do tribunal, após a audiência, o editor-chefe da WikiLeaks, Kristinn Hrafnsson, disse : "Agora, com as submissões e depoimentos apresentados pelos EUA, ficamos a saber... que eles não consideram que os de nacionalidade estrangeira tenham protecção da Primeira Emenda". Ele reiterou que isto é uma perseguição política a um jornalista e um grave ataque à liberdade de imprensa em escala mundial.

John Reed, representante de "Don't Extradite Assange", a campanha britânica criada pela WikiLeaks, também falou à imprensa:

"Se Assange for extraditado, será imediatamente colocado sob "Medidas Administrativas Especiais" . Isto significa que não poderá falar à imprensa ou ao público, e nem tão pouco a sua equipe jurídica... Ele será colocado num buraco negro...".

A seguir, alertou o público: "Isto é guerra ao jornalismo. Nenhum jornalismo pode ser seguro nesta presente perseguição. Se o julgamento de Julian Assange fosse autorizado a ir em frente, isso aconteceria. "

Advertências quanto à liberdade de imprensa

A equipe jurídica de Assange tem advertido para o alcance da ameaça à liberdade de imprensa por parte do governo dos EUA ao processar um jornalista estrangeiro pois trata-se de uma faca de dois gumes que em simultâneo nega a protecção da Primeira Emenda e aplica a Lei de Espionagem.

Aos media estabelecidos soou a mesma advertência quando as acusações contra Assange foram reveladas no final de 2018. O New York Times escreveu que "acusações centradas na publicação de informações de interesse público ...criariam um precedente com implicações profundas nas liberdades de imprensa". The Atlantic publicou um comentário que dizia : "Se o governo dos EUA puder processar o editor da WikiLeaks por publicar material classificado, então todos os meios de comunicação estarão em risco".

Agora, o "precedente Assange" parece estar a estender o seu alcance. Na terça-feira, Glenn Greenwald, jornalista de The Intercept, foi acusado de crimes cibernéticos no Brasil. Grupos de liberdade de imprensa rapidamente vieram em sua defesa, condenando o acto de criminalização do jornalismo por parte do governo brasileiro. James Jaffer, director do "Instituto Knight da Primeira Emenda", da Universidade de Columbia, destacou as semelhanças notáveis entre o caso de Greenwald e o de Assange:

"Terrível de ver isto. A teoria de que jornalistas podem ser processados por publicarem informações que outros obtiveram ilegalmente (que eu assumo ser a teoria aqui, apesar de volteios da acusação) é também, obviamente, a base para a acusação de Assange nos EUA".

À medida que o ataque à Primeira Emenda aumenta em todo o mundo, Assange, um prisioneiro desta guerra, permanece em completo isolamento na prisão de Belmarsh, em Londres. Desde 22 de Setembro de 2019, ele foi detido unicamente para atender à solicitação de extradição dos EUA.

O relator especial da ONU sobre tortura, Nils Melzer, levantou preocupações e recordou que Assange, cuja saúde entrou numa "espiral descendente" dentro da prisão, é uma vítima de tortura psicológica.

Este é o mais importante caso de liberdade de imprensa do século XXI. O público deve empenhar-se a fim de acabar com esta guerra ao jornalismo.

27/Janeiro/2020

[NR] A palavra "extradição" parece inadequada para o caso Assange pois ele não é cidadão dos EUA nem nunca esteve sob uma jurisdição dos EUA.   Assim, se Assange vier a ser enviado para os Estados Unidos isto não será uma decisão de justiça e sim o culminar de uma operação de sequestro de um jornalista estrangeiro.   A referida operação foi decidida e preparada há vários anos pelo Departamento de "Justiça" dos EUA, com a conivência activa dos governos e autoridades judiciais da Grã-Bretanha e Suécia.

Ver também:

[*] Ensaísta e autora de WikiLeaks, the Global Fourth Estate : History Is Happening . Siga-a no Twitter: @nozomimagine

O original encontra-se em consortiumnews.com/...

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ 

Varoufakis entrega no parlamento grego gravações do Eurogrupo em 2015


Presidente do hemiciclo considerou a sua iniciativa “inadmissível” e acrescentou que “quem quiser divulgar publicamente o conteúdo das gravações que fez em segredo, que o faça sob sua inteira responsabilidade”

O ex-ministro das Finanças grego, Yanis Varoufakis, entregou esta sexta-feira ao presidente do parlamento Konstandinos Tasulas, as polémicas gravações que manteve com o Eurogrupo no crítico primeiro semestre de 2015. "As mentiras sobre o que ocorreu em 2015 são utilizadas atualmente contra os trabalhadores. Por isso, vamos retirar-lhes o direito de mentir sobre o que ocorreu no Eurogrupo", sublinhou Varoufakis, deputado e líder do MeRA25, na sua intervenção durante um debate parlamentar sobre política laboral.

Ao justificar a sua decisão, referiu que a gravação das sessões foi "completamente legítima" porque os representantes da 'troika' de credores internacionais -- União Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional -- "queriam humilhar não apenas a esquerda, mas todo o povo grego".

Varoufakis entregou as gravações ao presidente do parlamento e pediu que as partilhasse com os restantes deputados. No entanto, Tasulas rejeitou as gravações e devolveu-as a Varoufakis. O presidente do hemiciclo considerou a sua iniciativa "inadmissível" e acrescentou que "quem quiser divulgar publicamente o conteúdo das gravações que fez em segredo, que o faça sob sua inteira responsabilidade".

Apesar de o combate pela transparência que promoveu nas altas esferas institucionais tenha sido decisiva para a sua afirmação como um "ícone" político, a revelação de que Varoufakis tinha gravado em segredo as reuniões do Eurogrupo em que participou provocou acesa polémica, na Grécia e a nível europeu.

As regras do Eurogrupo não impedem a gravação das reuniões, apesar de ser considerar adquirido que os participantes mantêm a sua confidencialidade. Num primeiro momento, Varoufakis negou ter gravado as sessões, mas depois reconheceu que registou o seu conteúdo numa entrada do seu blogue pessoal. Assegurou que tomou a decisão para informar "com frases exatas" o primeiro-ministro, a equipa governamental e o parlamento. "Gravo frequentemente as minhas intervenções e respostas no meu telefone móvel, especialmente quando improviso", assinalou.

A transcrição destas gravações serviu posteriormente de base para o livro de Varoufakis "Comportem-se como adultos" ("Adults In The Room: My Battle With Europe's Deep Establishment" na versão em inglês) e ao filme de Costa-Gravas "Adults in the Room". Em comunicado, o MeRA25 afirmou que a decisão do presidente do parlamento "confirma que o muro de opacidade do Eurogrupo foi e continua a ser conveniente para muitos, enquanto a verdade e a transparência lhes suscitam medo".

Expresso | Lusa

Sahara Ocidental | Novo intergrupo do Parlamento Europeu ”Paz para o povo saharaui”


PUSL.- O novo Intergrupo do Parlamento Europeu “Paz para o povo saharaui ” foi apresentado hoje na sede da UE em Bruxelas. O intergrupo tem mais de 100 deputados de quase todos os grupos políticos, da esquerda à direita.

A presidência do novo Intergrupo é ocupada pelo deputado europeu Joachim Schuster, do Partido Social Democrata Alemão.

Em representação da Frente Polisario, estiveram presentes Mohamed Sidati ex-representante na União Europeia e Oubbi Bucharaya Bachir, que foi nomeado este ano para a tarefa.

O deputado Joaquim Schuster, destacou a finalidade e os objetivos da formação do grupo e o papel que desempenhará no nível do Parlamento Europeu, bem como a necessidade de intensificar o trabalho, a fim de contribuir para o caminho do acordo internacional para promover uma solução que garanta ao povo saharaui o direito à autodeterminação, conforme estipulado nas resoluções relevantes da Assembleia Geral e do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Oubbi Bucharaya Bachir, novo representante da Frente Polisario na Europa e na União Europeia, apresentou os mais recentes desenvolvimentos a nível regional e internacional, à luz da recente cúpula da União Africana em Adis Abeba e dos resultados do último Congresso da Frente Polisario organizado em Tifariti, territórios libertados do Sahara Ocidental.

Mohamed Sidati, membro do Secretariado Nacional, e recentemente nomeado como representante da Frente Polisario em França, expressou a sua gratidão aos membros do grupo e ao importante papel desempenhado pelos eurodeputados nos últimos anos para levar a questão do Ocidente às sessões parlamentares.

Por un Sahara Libre - 13 Fevereiro 2020

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Sahara Ocidental | Até todos os africanos serem livres, ninguém é livre - Ramaphosa, UA


Presidente Ramaphosa assume presidência da União Africana 2020 e reafirma solidariedade com o povo do Sahara Ocidental

PUSL.- Dirigindo-se aos participantes da cimeiro da UA em Adis Abeba na tarde de domingo, Ramaphosa prometeu solidariedade com o povo da Palestina e do Sahara Ocidental.

O presidente da União Africana prestou homenagem ao ex-presidente Thabo Mbeki, que foi presidente da UA em 2002 e fundou a Nova Parceria para o Desenvolvimento da África (NEPAD).

“Também devemos lidar com as ações de outros países fora do nosso continente que estão a travar guerras por procuração e alimentando os conflitos em andamento”, disse Ramaphosa.

“O princípio de encontrar soluções africanas para os problemas africanos deve ser o nosso tema base na abordagem de todos os conflitos no nosso continente, enquanto trabalhamos dentro das estruturas da UA e das Nações Unidas”, acrescentou.

Ramaphosa disse que a África do Sul irá organizar uma cimeira extraordinária com o lema “silenciar as armas” em maio. Ele também reiterou inequivocamente a solidariedade da união com o Sahara Ocidental e a Palestina.

“Hoje reafirmamos o nosso apoio inabalável e solidariedade com o povo palestino na sua legítima busca por um Estado independente e soberano, bem como o direito do povo do Sahara Ocidental à autodeterminação. Devemos garantir que a nossa independência e liberdade como povos deste continente sejam universais ”, afirmou.

Ramaphosa disse que até todos os africanos serem livres, ninguém é livre.

Por un Sahara Libre -  9 de Fevereiro de 2020

O contorcionismo político santomense: o caso Saara Ocidental


Maria do Nascimento da Graça de Amorim.| Téla Nón | opinião

Eu tenho seguido ao longo desses largos anos, a evolução da política externa de S. Tomé e Príncipe (STP), muito em particular, o afrouxamento na defesa dos princípios que guiaram os dirigentes e o povo santomense na sua luta pela liberdade e independência nacional.

A política externa de STP deveria ser definida ao nível do Estado à partir da análise da realidade interna, da definição dos interesses nacionais e os eixos de intervenção. Planifica-se os objectivos à serem alcançados, e as acções que devem ser desenvolvidas tanto ao nível bilateral como multilateral.

Após a independência, em 12 de Julho de1975, STP foi solicitado pelos representantes de outros povos sob dominação colonial e apartheid para ser mais uma voz activa e solidária em defesa das suas lutas de libertação, nas diversas instâncias continentais e internacionais.

Foi o caso da Namíbia, Zimbabué, outrora Rodésia, Africa do Sul, Saara Ocidental e Timor Leste. As posições do Estado Santomense foram inspiradas no reconhecimento de um dos três princípios fundamentais da Carta da Organização de Unidade Africana, OUA, ou seja, a libertação total do Continente Africano do jugo colonial e de todas as formas de opressão.

Fiel a esse princípio orientador e grato pelo apoio solidário que recebeu da comunidade internacional durante a sua luta de libertação, STP defendeu sem reservas o direito inalienável desses povos na sua luta contra a opressão e o colonialismo.

Quando em Novembro de 1975 Marrocos através da “Marcha Verde” ocupou o Saara Ocidental sob dominação colonial da Espanha, em manifesto desrespeito do princípio de não violação das fronteiras herdadas do colonialismo, STP exprimiu o seu repúdio.

Quando Timor Leste foi invadido pela Indonésia, em Dezembro de 1975, STP condenou a ocupação, exigiu a retirada do ocupante e o reassumir das responsabilidades de Portugal na qualidade de potência administrante.

O Estado Santomense defendeu essa posição até a independência de Timor Leste. Por que razão essa constância não foi observada em relação ao Saara Ocidental?

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