quarta-feira, 6 de maio de 2020

Há mais 15 mortes e 480 infetados por Covid-19 em Portugal


Nas últimas 24 horas morreram mais 15 pessoas com covid-19 em Portugal. O total de vítimas mortais desde o início da pandemia é agora de 1089. Há ainda mais 480 casos confirmados em 24 horas.

Face ao dia anterior, houve um pequeno aumento no número de mortes: na terça-feira foram registadas mais 11 vítimas mortais, esta quarta-feira foram 15. O total de mortes desde o início da pandemia é agora de 1089. Ainda segundo o boletim diário da Direção-Geral da Saúde, o número de infetados teve um aumento substancial: ontem existam mais 178 doentes, hoje são mais 480. No total, 26182 pessoas ficaram infetadas em Portugal.

O número de recuperados é também positivo. Há mais 333 doentes recuperados da infeção do novo coronavírus, o que perfaz um total de 2076 esta quarta-feira.

Há também 838 pessoas internadas (um aumento de 20 pessoas face a ontem) e há mais duas pessoas em cuidados intensivos nas últimas 24 horas (136 no total). Mais de 24 mil pessoas estão a recuperar em casa e 2492 aguardam ainda os resultados do teste à Covid-19.

A região Norte continua a deter o maior número de mortes com 623 vítimas mortais e 15256 infetados. Lisboa e Vale do Tejo regista 226 mortes e 6641 doentes, a seguir vem o Centro com 3505 infetados e onde 213 pessoas morreram com covid-19. O Alentejo continua a registar uma vítima mortal com 220 doentes. O Algarve regista 13 mortes e 342 contágios.

Nas regiões autónomas, o número de mortes mantém-se no arquipélago dos Açores (13) e na Madeira (0). As duas regiões juntas têm 218 pessoas com o novo coronavírus.

Rita Neves Costa | Jornal de Notícias

Portugal | O Estado que vamos herdar


Pedro Ivo Carvalho | Jornal de Notícias | opinião

O retrato publicado há dias neste jornal sobre o número de portugueses que dependem do Estado para viver é ao mesmo tempo assustador e reconfortante. Assustador porque, se a cifra já era expressiva antes da pandemia (cerca de 5,6 milhões de pessoas), evoluímos entretanto para patamares invulgares: sete milhões de cidadãos contam agora com algum apoio público para se manterem à tona. Mesmo considerando que possa haver duplicação de prestações sociais, falamos de dois terços da população. É esmagador. Mas estes números acabam também por nos trazer algum conforto, na medida em que, apesar da nossa pequenez geográfica e fragilidade económica (a que devemos somar a teia burocrática que agrilhoa tantos serviços públicos), ainda fomos capazes desta proeza. Na gigante Espanha, estima-se que durante a pandemia "só" 40% dos cidadãos estejam a ser apoiados.

Ora, escusado será dizer que nenhum Estado aguenta muito tempo um nível de esforço desta magnitude. Mas, chegados aqui, também é escusado dizer que esta crise maldita tornou evidente que não temos grande alternativa ao Estado quando tudo o resto falha. Não enquanto as famílias não recuperarem rendimentos que lhes permitam escapar à miséria. Não enquanto a atividade económica e as empresas não começarem a respirar um pouco melhor.

Sobre isto, vale a pena recordar o que disse o economista José Reis: "Tudo o que estava protegido pelo trabalho ficou desprotegido. E o único instrumento que temos hoje é o Estado. Não são as empresas, nem o capital, nem a Banca, nem os offshores. Andámos anos a tecer loas ao capitalismo e, afinal, quem não falhou foi o Estado". A claque dos liberais empedernidos dirá que é para isto que pagamos impostos. A claque dos socialistas efervescentes rejubilará com a imagem do "sonho bolivariano" tornado realidade.

A verdade, porém, é bem mais complexa do que qualquer dicotomia ideológica primária. Nem os recursos públicos são infinitos, nem a nossa capacidade de pagar impostos é inesgotável. Portanto, o que quer que seja o Estado depois disto, terá de ter ainda mais em conta o difícil equilíbrio entre estes fatores. Sairemos mais pobres desta borrasca e, porquanto, forçados a aprimorar não só os mecanismos de financiamento dos cofres públicos, como (e mais importante) os critérios que definirão os destinatários preferenciais do nosso esforço contributivo. Salvemos vidas e empregos no imediato, mas não nos esqueçamos de que haverá, no futuro, mais portugueses para salvar. Sobretudo os mais frágeis de entre nós, para quem o Estado é mesmo a única família.

*Diretor-adjunto

O CAPITAL EM COMA INDUZIDO


José Martins [*]

Daqui para a frente os capitalistas de todo o mundo sentirão mais intensamente o gosto amargo da lei do valor. Desta lei da gravidade da teoria económica que determina que só o tempo necessário socialmente médio de trabalho humano produz valor.

Ora, o que é o capital senão um valor em processo, um valor que procura se valorizar? Um valor que sai da esfera da circulação, entra na esfera da produção para se valorizar, se multiplicar, e, fechando o ciclo, volta para a circulação para se realizar e se perpetuar?

Portanto, sem trabalho humano, nada de capital. Sem o emprego de massas de força de trabalho industrial assalariado sendo ininterruptamente consumidas nas linhas de produção de mercadorias, nada de capital.

Sem classe operária internacional sendo explorada nas linhas de produção globais pelas diferentes classes burguesas nacionais, nada de capital.

É pensando nestes fragmentos teóricos elementares que não poderia passar despercebida a inimaginável explosão dos pedidos de seguro desemprego nos EUA nos últimos trinta dias.

Que continuaram a aumentar absurdamente na última semana. É o que informava nesta quinta-feira (09/Abr) o Departamento do Trabalho dos EUA: mais 6,6 milhões de americanos entraram com pedidos de desemprego pela primeira vez na semana passada.

Isso eleva o total de pedidos nas últimas três semanas para mais de 16 milhões desempregados. Comparando-se esses pedidos com as 151 milhões de pessoas em folha de pagamento (população economicamente ativa) no último relatório mensal de emprego, isso significa que os EUA perderam 10% da força de trabalho em três semanas. Isto é inédito na história econômica mundial.

Veja no gráfico abaixo a evolução no longo prazo (desde 1970) dos pedidos semanais de seguro desemprego nos EUA


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