sábado, 16 de maio de 2020

Fascismo e “regime de sonho”


José Goulão | AbrilAbril | opinião

Vivemos os dias de hoje envolvidos em promessas irrealistas, declarações de boas intenções e embalados pelo slogan de culto a dizer-nos que «vai ficar tudo bem».

Completaram-se 75 anos sobre a derrota militar do nazi-fascismo. Então, as chamadas democracias liberais juntaram-se às «democracias iliberais» em redor da agenda de comemorações estabelecida por estas e que apaga da História o decisivo contributo da União Soviética para a vitória – ditando assim a segunda morte das mais de 26 milhões pessoas sacrificadas neste país para que ela fosse possível. Não foi uma celebração, foi uma vingança.

Nada mais natural. O fascismo latente e em exercício nas nossas sociedades não iria tolerar que se assinalasse com rigor histórico, humanista e libertador o dia da sua derrocada. Num momento em que os herdeiros políticos dos vencidos já têm de novo rédeas de poder e ditaram o ambiente político-ideológico-económico da abordagem do epílogo da Segunda Guerra Mundial seria contra-natura qualquer evocação patrocinada pelo «espírito» da NATO que reflectisse seriamente sobre as causas e consequências da derrota do nazi-fascismo.

Os episódios associados à efeméride confirmam a influência que as tendências fascistas voltaram a exercer sobre a sociedade ocidental e a maneira como algumas importante correntes políticas não-fascistas, arrastadas pelo vigor da ditadura económica, se vão rendendo aos avanços do autoritarismo.

Não é um fascismo de botas cardadas, de impressionantes e militarizadas mobilizações de massas e apoiado no terror espalhado por grupos de choque – embora estes andem por aí, como se percebe nos Estados Unidos, no Brasil, na Colômbia, na Hungria. É um fascismo aparentemente mais polido, movendo-se ainda entre as baias da democracia política formal, insidioso, até bem-falante e elaborado na expressão do racismo e da xenofobia.

E não se pense que o fascismo que nos cerca é apenas o de grupos e movimentos facilmente identificáveis como tal na sua demagogia, no racismo primário, nas saudades por expressões fascistas de outros tempos, no restauracionismo animado por ânsias de vingança. O novo fascismo não se assume como tal, está ainda em rivalidade com essas correntes, digamos, tradicionais, e tem ambições globalizantes.

Portugal | Que tempo novo vem aí?


Vai-se desenhando um novo tempo carregado de velharias e armadilhas

Carvalho da Silva | Jornal de Notícias | opinião

Só uma forte politização da crise, um debate político que evidencie as contradições, injustiças e irracionalidades do regime socioeconómico em que vivemos pode descobrir formas de travar os descalabros e o sofrimento que se desenham no horizonte, e gerar lastro para mudanças positivas. O susto "simétrico" produzido pela pandemia no seu início já é passado. Muitas juras de solidariedade são esquecidas e apresentam-se de volta o egoísmo e o utilitarismo.

É preciso remar contra a maré que está a encher. A última semana confirma que não podemos ficar à espera de solidariedade da União Europeia (UE). Dali não se perspetiva mais que uma montanha de crédito (aumento da dívida), acompanhado de algumas subvenções para disfarçar, na certeza de que tudo pagaremos com língua de palmo. A hegemonia do euroliberalismo, assumida pelas maiores forças políticas e económicas nacionais, impõe-nos o seguidismo face aos poderes dominantes na UE e o perigoso adiamento da preparação do país para os desastres europeus que pairam no ar. Este fechamento favorece o avanço das forças ultraconservadoras e fascistas que agora procuram engordar cavalgando aspetos dolorosos da crise. Esta evidência, todavia, não afasta o velho vício de alcunhar de antieuropeísta quem afirma ser preciso pensar em novas soluções.

A profundidade dos bloqueios do país na sua matriz de desenvolvimento, no perfil da economia, nas insuficiências do Estado para assegurar os direitos fundamentais às pessoas, no desequilíbrio das relações laborais em desfavor dos trabalhadores, na falta de coesão territorial, na rutura de solidariedades e nas desigualdades, estão muito para além dos rombos provocados pela pandemia: são estruturais. Mas quando se ensaia a retoma da atividade ressurge em força a defesa de velhas políticas geradoras desses bloqueios.

Com a agressividade típica de quem se fecha por falta de razão, o velho centrão de interesses ressurge em força, e os seus porta-vozes tentam o espezinhamento intelectual e político de quem busca alternativas. Quem questiona a entrega de mais 850 milhões de euros ao Novo Banco antes de uma informação clara é chamado de irresponsável, de colocar o povo a odiar a Banca. O que o povo detesta é a corrupção, os roubos feitos a partir da gestão e de resoluções desastrosas, a sacralidade dos compromissos com a Banca em detrimento dos cidadãos. Ora, quando não há respostas claras fica exposto um enorme campo de manipulação para oportunistas.

Perspetiva-se o enfraquecimento dos compromissos para consolidar o SNS, o sistema de ensino, a proteção dos mais pobres e dos trabalhadores. A grande prioridade colocada ao Estado e ao Orçamento do Estado pelo centrão é salvaguardar os direitos de propriedade e consolidar a coletivização dos prejuízos. O Estado ter posições decisivas em setores estratégicos da economia, nem pensar. Até o primeiro-ministro é criticado se diz que meter dinheiro na TAP deve ter como contrapartida o Estado ficar com poder decisivo na empresa. A CIP reclama um fundo público para salvar empresas, mas acrescenta logo que o Estado não pode meter o nariz na gestão.

Dos defensores desta conceção de regime socioeconómico não se espera nada de novo.

* Investigador e professor universitário

Covid-19 | Mais 13 mortes, 227 infetados e quase 500 recuperados em Portugal


Portugal registou, nas últimas 24 horas, mais 13 vítimas mortais por covid-19. Na sexta-feira, o número de óbitos tinha sido seis. No total, o novo coronavírus já matou 1203 pessoas no país.

De acordo com o boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS) enviado este sábado, há mais 13 mortes por covid-19 em Portugal. Desde o início da pandemia, o novo coronavírus já matou 1203 cidadãos.

De sublinhar ainda que os internados voltaram a baixar: são agora 657, menos 16 do que ontem (673). Nos cuidados intensivos estão mais três pacientes (115 no total).

Foram registadas, nas últimas 24 horas, mais 494 recuperações. Há, agora, 3822 pessoas consideradas curadas desde o início do surto em Portugal.

No que toca às regiões, o Norte permanece como o mais afetado pelo vírus: são 684 (mais sete) mortes e 16282 (mais 64) doentes. Segue-se Lisboa e Vale do Tejo com 267 (mais cinco) vítimas mortais e 8097 (mais 146) infetados e o Centro com 221 mortes (as mesmas de ontem) e 3609 (mais 11) pessoas com o novo coronavírus.

No Algarve, registam-se 15 mortes (mais uma) e 356 (mais um) infetados. No Alentejo mantém-se apenas um óbito e 241 (mais um) infetados.

Desde o início do surto, morreram 618 (mais quatro) mulheres e 585 (mais nove) homens, a maior parte deles com mais de 80 anos.

Tiago Rodrigues | Jornal de Notícias

Portugal | Apoio de Costa a Marcelo gera críticas à esquerda

RECANDIDATA-SE?
António Costa deu como garantido que Marcelo Rebelo de Sousa vai ser reeleito presidente e as palavras não caíram bem a certos setores socialistas. Francisco Assis e Paulo Pedroso criticaram a atitude do primeiro-ministro; a "presidenciável" Ana Gomes já deu a entender, no Twitter, que reprova as declarações.

"Isto não é uma questão menor: decidir sobre o presidente da República não é o mesmo que decidir sobre um presidente da Junta, com todo o respeito", disse Francisco Assis, ao Expresso, esta sexta-feira. O socialista, um dos primeiros a lançar o nome de Ana Gomes na corrida às eleições presidenciais de janeiro, declarando-lhe o seu apoio, reiterou que o PS deve ter um candidato próprio.

Também Paulo Pedroso defende essa visão. Ao JN, o ex-socialista - que deixou o partido criticando a estratégia de António Costa para com os sindicatos - disse que "não é bom para o sistema democrático que se crie a ideia de que há um consenso de regime entre o Governo e o presidente da República", já que isso faz com que "qualquer candidato que apareça esteja a defrontar o sistema".

Pedroso lembrou que as diferenças ideológicas não acabaram por hoje haver uma pandemia e que é "saudável" para a democracia que existam várias sensibilidades em disputa nas urnas.

"Da escola pública ao SNS, o posicionamento histórico do professor Marcelo Rebelo de Sousa não é o dos setores mais progressistas da sociedade", considerou o antigo ministro da Segurança Social. Se o PS não apoiar um candidato "progressista e abrangente", estará a dizer que a esquerda deve "abdicar de fazer ouvir a sua voz".

Portugal | PCP diz que queda do PIB revela necessidade de mais medidas do Governo


O PCP considerou hoje que a queda do PIB no primeiro trimestre devido à pandemia da covid-19 revela a necessidade de o Governo tomar medidas em defesa dos trabalhadores e das pequenas e médias empresas.

Numa curta declaração em vídeo, divulgada pelo PCP, o deputado Duarte Alves afirmou que estes são "dados do primeiro trimestre de 2020" e que a "redução do PIB ainda não revela a real dimensão dos problemas com que o país está confrontado".

"Mas revela já que o Governo precisa de tomar opções que ainda não tomou para a salvaguarda dos rendimentos dos trabalhadores, para o apoio às micro, pequenas e médias empresas, para o investimento público, que será essencial também para a dinamização da produção nacional", afirmou Duarte numa declaração de 22 segundos.

O Produto Interno Bruto (PIB) português caiu 2,4% no primeiro trimestre do ano face ao mesmo período de 2019, devido aos efeitos económicos da pandemia de covid-19, divulgou hoje o Instituto Nacional de Estatística (INE).

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 302 mil mortos e infetou mais de 4,4 milhões de pessoas em 196 países e territórios.

Em Portugal, morreram 1.190 pessoas das 28.583 confirmadas como infetadas, e há 3.328 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Notícias ao Minuto | Lusa | Imagem: © iStock

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Portugal | Centeno foi de "uma deselegância". Marcelo “deve ter ficado furioso”


Francisco Louçã criticou, esta sexta-feira, a atitude e palavras do ministro das Finanças, perante a polémica relacionada com o Novo Banco.

Como não podia deixar de ser, visto que, foi um dos assuntos que marcou a atualidade política esta semana, Francisco Louçã comentou, esta sexta-feira, no seu espaço semanal na SIC Notícias, a polémica que envolveu Mário Centeno, a injeção de 850 milhões euros ao Novo Banco, a troca de palavras entre o ministro das Finanças, o primeiro-ministro e o Presidente da República.

Apesar de o programa se chamar 'Tabu', o Conselheiro de Estado não teve nenhum problema em criticar a "desautorização" de Centeno a Costa e de dizer mesmo que, numa situação normal, ou seja, sem pandemia e sem uma crise económica a espreitar, o ministro das Finanças teria sido demitido.

"Há aqui um conflito político. António Costa comprometeu-se com a necessidade de uma audição, Mário Centeno afirma que tem de se pagar a conta, pagou a conta sem os resultados da audição. Normalmente, deveria ter sido demitido do Governo. O primeiro-ministro percebeu, no entanto, que era uma situação muito difícil neste contexto e que criar uma crise neste momento era problemático", garantiu Louçã.

De acordo com o fundador do Bloco de Esquerda (BE), ao injetar no Novo Banco 850 milhões de euros, depois do compromisso público do primeiro-ministro", feito desde o dia 22 de abril, Centeno "está a dizer que o primeiro-ministro fez um compromisso 'irrazoável' ao país e, por isso, está a montar um ataque ao primeiro-ministro".

E mais, sublinha Louçã, mesmo depois da "habilidade manhosa" do comunicado lançado depois da reunião na quarta-feira, entre os dois ministros, originada pelas palavras de apoio a António Costa por parte de Marcelo Rebelo de Sousa, Mário Centeno voltou ao 'ataque', mas desta vez ao Presidente da República.

"O ministro da Finanças levou esta afirmação da sua posição ainda mais longe porque, no dia seguinte, tornou público que o Presidente da República lhe teria pedido desculpas, o que Marcelo desmentiu. O Presidente da República deve ter ficado furioso, e com razão. Isto é de uma deselegância institucional, é uma pura vingança pessoal", frisou o antigo líder do BE.

Notícias ao Minuto | Imagem: © Global Imagens

Portugal | SAUDADES DE CENTENO


José Soeiro | Expresso | opinião

Cruzei-me pela primeira vez com as ideias de Mário Centeno quando estava a fazer o meu doutoramento na Faculdade de Economia, em Coimbra. O pensamento de Centeno, especialista em economia do trabalho, seria divulgado ao grande público através de uma obra publicada em 2013, pela Relógio d’Água e pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, que fala por si. Em pleno período de austeridade, a sua tese assentava, entre outros, nos seguintes pressupostos: i) Portugal tem um problema de “imobilismo” no mercado de trabalho; ii) a legislação laboral “introduz restrições na eficiente afetação dos trabalhadores aos postos de trabalho” (p.24); iii) cabe ao legislador “remover estas distorções e fazer com que estes fluxos ocorram de forma eficiente” (p.35); iv) “infelizmente, nem com a oportunidade política de assistência externa as estamos a desmantelar” (p.38); v) a segmentação do mercado de trabalho deve-se ao facto de a flexibilidade assentar na “dualidade contratual” que faz com que “os mais precários paguem, sob a forma de salários mais baixos, a proteção do emprego permanente” (p. 45); vi) “as dificuldades dos jovens decorrem da legislação de proteção ao emprego” (p. 69); vii) “a recente revisão da legislação do sistema de subsídio de desemprego [referia-se à revisão de 2012, que cortara no valor e no período de concessão] deu alguns passos no sentido correto, reduzindo a duração dos períodos de atribuição dos benefícios” (p.81); viii) a solução para o emprego passaria, entre outros aspetos, por “uma reforma mais profunda, que reduza os custos dos despedimentos”(p.89), por um mecanismo “que permita às empresas negociar as condições salariais diretamente com os seus trabalhadores” (p.90), e pela criação de um “contrato único” (p.98) capaz de combater a tal dualização ao harmonizar por baixo e ao prolongar o período experimental.

Centeno sempre foi um homem com um pensamento clara e macadamente à direita. Em pleno período de austeridade, as soluções que apresentava para o país no que ao trabalho diz respeito não se diferenciavam substancialmente das teses da troika e dos austeritários. Cavalgando na tese (por demais desmentida, basta ler os sucessivos relatórios da Organização Internacional do Trabalho, para não ir mais longe) de que Portugal teria um problema de “rigidez da legislação laboral” e de que a precariedade dos mais novos era responsabilidade dos direitos dos mais velhos, o caminho proposto por Centeno passava por embaratecer os despedimentos, criar um contrato único para nivelar por baixo a segurança no emprego, precarizando todos em nome de uma suposta justiça relativa alcançada através de um retrocesso geral, afastar do sistema de relações laborais essa chatice que é a intermediação sindical, limitar a duração da proteção no desemprego e instituir, em suma, a soberania do mercado (ou seja: das formas de regulação do capital) no mundo do trabalho.

Covid-19: dois países nos EUA


Tal como no rescaldo do furacão Katrina em 2005, a epidemia Covid-19 põe a nu, de forma brutal, a realidade social da superpotência imperialista e o total desprezo das classes dominantes para com os trabalhadores e o povo dos EUA. Nem a comunicação social de regime consegue esconder essa realidade dramática.


As consequências desta Primavera (no Hemisfério Norte) de 2020 vão ser tremendas, e a História está ainda por escrever. Ainda é cedo para avaliar todo o impacto da pandemia Covid-19, mas as suas consequências serão múltiplas e profundas. Em muitos países, e nomeadamente nos centros imperialistas que são hoje o epicentro da epidemia, uma crise de saúde pública está a transformar-se numa catástrofe social. Mas as classes dominantes ao serviço do grande capital estão já a procurar usar a crise provocada pelo coronavirus SARS-CoV-2 como pretexto para justificar mais prebendas para o grande capital e mais sacrifícios para quem trabalha. Tal facto, que marca todo o mundo capitalista, é particularmente evidente nos Estados Unidos da América.


Os EUA: uma tragédia com marca de classe

Tal como no rescaldo do furacão Katrina em 2005, a epidemia Covid-19 põe a nu, de forma brutal, a realidade social da superpotência imperialista e o total desprezo das classes dominantes para com os trabalhadores e o povo dos EUA. Nem a comunicação social de regime consegue esconder essa realidade dramática.

Escrevendo ainda antes de os Estados Unidos se tornarem o país com (de longe) o maior número de casos de Covid-19, o Financial Times (6.3.20) antevia a vulnerabilidade da superpotência imperialista. As causas referidas reflectem uma brutal e desenfreada exploração: «Responsáveis de saúde pública e académicos estão preocupados por a conjugação de um elevado número de pessoas sem seguros [de saúde], a inexistência de baixas médicas pagas e uma classe política que minimizou a ameaça poderem vir a significar que [o vírus] venha a alastrar de forma mais rápida do que noutros países […] alguns consideram que o país poderá vir a ser um dos mais afectados pela pandemia global. […] O alastramento do coronavirus pode ser alimentado pelo facto de pacientes recearem procurar cuidados [médicos], devido aos elevados custos do sistema de saúde nos EUA. Quase 18 milhões de americanos não tinham seguro [de saúde] em 2018 […]. Mesmo pacientes com seguros podem ver-se em dificuldades para pagar as contribuições que asseguram esses cuidados. […] Embora 11 Estados e 25 cidades tenham aprovado leis que obrigam as empresas a pagar baixas médicas, continua a não existir a exigência a nível Federal de o fazer, e activistas afirmam que cerca de 30% dos trabalhadores dos EUA ainda não têm esse direito. Peritos afirmam que isso pode aumentar o alastramento do coronavirus se trabalhadores doentes, com receio de perder a sua paga, acabam por ir trabalhar e infectar outros. De acordo com um estudo académico publicado em 2012, a falta de políticas laborais tais como baixas médicas pagas levou a um excesso de 5 milhões de doenças de tipo gripal durante a eclosão da gripe porcina H1N1 em 2009».

Também no princípio de Março, o New York Times (9.3.20) explicava porque é que «o encerramento das escolas públicas será um último recurso»: «a cidade de Nova Iorque tem a maior rede de escolas públicas dos Estados Unidos […] com cerca de 750 000 crianças pobres, incluindo cerca de 144 000 sem abrigo [!]. Para estes estudantes, a escola pode ser o único lugar onde conseguem ter três refeições quentes por dia e cuidados médicos, ou até lavar a sua roupa suja. É por isso que as escolas públicas da cidade deverão permanecer abertas mesmo que o novo coronavirus se torne mais prevalente em Nova Iorque». Acrescenta que «mesmo um único dia de neve pode perturbar seriamente as vidas das crianças mais vulneráveis de Nova Iorque e os seus pais e outros parentes, cujos empregos muitas vezes não asseguram o pagamento de baixas». O artigo do NYT transmite um testemunho sobre a realidade da maior cidade dos EUA, nesta ‘era digital’: «Nicole Manning, uma professora de matemática do 9.º ano no liceu Herbert H. Lehman, no Bronx, calcula que quase metade dos seus alunos não têm acesso à internet em casa. ‘Não podemos fazer ensino à distância’, afirma. ‘Não seria justo’».

Ainda o NYT informava (20.3.20) que «pode afirmar-se que os EUA não estão apenas a seguir o curso de Itália, mas estão pior preparados, pois a América tem menos médicos e camas hospitalares per capita do que Itália – e uma esperança de vida menor, mesmo em tempos melhores». E isto apesar de em Itália o número de camas hospitalares por mil habitantes ter descido cerca de 25% nas últimas duas décadas de ‘euro-austeridade’ (Estatística de Saúde da OCDE).

Um artigo da CNN online (23.3.20) estima em 320 mil o número dos sem-abrigo no Reino Unido, para quem as instruções para «ficar em casa» têm um sabor particularmente amargo. Dá conta que «os bancos alimentares que garantem apoio vital a alguns dos 14 milhões de pobres estimados estão com falta de voluntários, muitos dos quais se viram forçados a auto-isolar-se, bem como da própria comida, no seguimento do pânico de compras nos supermercados». E acrescenta que a situação social agravou-se «após a crise financeira global de 2007-8» quando «milhares de milhões de libras foram retiradas do sistema de segurança social» a fim de efectuar «cortes radicais nas despesas estatais». Se nos lembrarmos dos milhões de milhões que têm sido entregues à banca neste mesmo período, para manter à tona um sistema financeiro falido, torna-se evidente que o capitalismo, mesmo nos seus principais centros, é uma criminosa máquina de gerar riquezas imensas à custa duma enorme pobreza.

A situação social agravou-se abruptamente com a eclosão da epidemia. Em apenas três semanas do final de Março a início de Abril, o número oficial de novos desempregados nos Estados Unidos cresceu quase 17 milhões, «um número que os economistas dizem que pode elevar a taxa de desemprego para 14%, superior ao pico da última crise financeira» (Financial Times, 9.4.20). Economistas do Banco da Reserva Federal de St. Louis estimam que o número de novos desempregados possa mesmo chegar aos 47 milhões, com uma taxa de desemprego de 32% (CNBC, 30.3.20). Esta realidade dramática levou à quebra de alguns sistemas informáticos para pedidos de subsídio, com a formação de longas filas de recém-desempregados (Newsweek, 8.4.20), que arriscaram o contágio para não ficarem sem o jantar. Nos EUA, a perda de emprego é também, muitas vezes, a perda a prazo da casa ou (se existir) do seguro de saúde.

Mesmo no plano estritamente médico, o impacto da epidemia tem a marca de classe. A ABC (3.4.20) relata que, «o vírus não poupou nenhuma parte da Cidade de Nova Iorque, mas novos dados mostram que os bairros mais pobres de Queens, Bronx e Brooklyn estão a ser particularmente atingidos». Uma fonte noticiosa de Chicago (WBEZ, 5.4.20) relata que «em Chicago, 70% dos mortos de Covid-19 são negros», uma percentagem muito superior aos 29% na população. E explica: «Historicamente, as comunidades negras de Chicago têm sido atingidas de forma desproporcionada por problemas de saúde, dadas a pobreza, a poluição ambiental, a segregação e o acesso limitado a cuidados médicos».

O papel da OMS no mundo


– Uma organização da ONU capturada pelo capital monopolista
– O interesse da Big Pharma na vacina para o Covid-19 & o seu desinteresse na cura dos infectados
– A medicina torna-se big business
– O neo-malthusianismo camuflado de Bill Gates e da classe dominante mundial

Larry Romanoff [*]

Parece não haver falta de argumentos de diversas fontes bem informadas e independentes de que a OMS tem duas funções principais, a primeira é ser uma ferramenta para a redução da população mundial em nome dos seus mestres e a segunda é ser um poderoso agente de marketing para as grandes empresas farmacêuticas – especificamente, para os fabricantes de vacinas. Muitos críticos apontaram que os 'especialistas em vacinação' da OMS estão "dominados pelos fabricantes de vacinas, que se beneficiam com os contratos enormemente lucrativos de vacinas e antivirais, concedidos pelos governos". E, de facto, as comissões consultivas e outras envolvidas nos programas de vacinas da OMS parecem bastante povoadas pelos que lucram directamente com esses mesmos programas.

Também, hoje, as justificações e as preocupações com o controlo e redução da população estão longe de ser teorias da conspiração, com muitas provas, algumas delas assustadoras de que actualmente essa é, de facto, a principal agenda da OMS. Já vimos muitos indícios concretos do envolvimento desse órgão em ambas as áreas para justificar que devemos ignorá-los como sendo medos inaceitáveis. Além de que existe uma lista perturbadora de indivíduos intimamente associados à OMS, que tiveram como projecto favorito, a redução da população ou a vacinação em massa; indivíduos como David Rothschild, David Rockefeller, George Soros, Donald Rumsfeld, Bill Gates e muitos mais, e a lista inclui organizações nacionais como o CDC, FEMA, Departamento de Segurança Interna dos EUA, Rockefeller e Carnegie Institutes, CFR e outros.

Baseados em todas as evidências, não é difícil concluir que a OMS é uma empresa criminosa internacional sob o controlo de um grupo notável, com dinastias corporativas europeias no seu centro que, como observou um escritor, "fornece liderança estratégica e financia o desenvolvimento, fabrico e libertação de vírus sintéticos fabricados pelo homem, apenas para justificar vacinas em massa imensamente lucrativas". Vimos muitos casos de um vírus não comum e produzido, aparentemente, em laboratório, surgir sem aviso prévio, sendo o início seguido imediatamente por declarações urgentes e preocupadas da OMS, de mais uma vacinação em massa obrigatória.

Temos a produção desenfreada de vírus mortais em laboratórios secretos ao redor do mundo e a repetida libertação "acidental" deles em várias populações (pensem no ZIKA) – ao que parece, inevitavelmente, sem explicações, desculpas ou mesmo com a aparência de ser uma investigação real, e muito menos uma censura, acusações criminais ou civis. Também temos a imunidade legal geral de todas as empresas farmacêuticas na criação e propagação de agentes patogénicos mortais através da vacinação. Quando adicionamos a esta mistura, a história de criminalidade da OMS, como no famoso programa internacional de esterilidade através da vacina do tétano/hCG, o curioso momento do início da SIDA/AIDS e as múltiplas ocorrências dos programas de vacinação da OMS que coincidem perfeitamente com um surto repentino de outra doença invulgar nas mesmas áreas e populações, seria necessário sermos idealistas inabaláveis para não nos surgirem grandes suspeitas.

Acusações dos EUA sobre resposta chinesa contra COVID-19 estão deslocadas


Acusações sobre resposta chinesa contra COVID-19 estão deslocadas, diz especialista norte-americano

Washington, 12 mai (Xinhua) -- As acusações sobre as supostas falhas relacionadas à COVID-19 da China são na maioria deslocadas, destaca um relatório recente de um think tank norte-americano.

"Não houve grandes falhas na parte chinesa em alertar os EUA e a comunidade internacional de saúde pública", aponta o relatório de Sourabh Gupta, membro sénior do Instituto de Estudos China-EUA, em Washington.

O relatório indica que não houve atraso de três semanas no movimento chinês. Pelo contrário, as autoridades estavam focadas totalmente na investigação, isolamento e detecção da disseminação precoce da COVID-19.

"Para aqueles que alegam que o país não fazia nada durante os primeiros dias do surto, o ritmo frenético da resposta inicial da China repugna totalmente sua reivindicação", afirma o documento.

O texto salienta que Taiwan não alertou a Organização Mundial da Saúde (OMS) para evidências de transmissão interpessoal da COVID-19 em 31 de dezembro de 2019.

"O que Taiwan transmitiu à OMS em 31 de dezembro continha informações que não eram mais úteis do que o que a Comissão Municipal de Saúde de Wuhan já havia anunciado publicamente até essa data".

O relatório observa que um evento de pandemia que ocorre de cem em cem anos não se presta a um gerenciamento previsível e a soluções simples, e os Estados Unidos e a comunidade internacional têm a obrigação de considerar honestamente os factos da resposta precoce ao coronavírus da China.

"Não obstante o 'nevoeiro de guerra' inicial, a integridade da resposta e do sucesso inicial das autoridades chinesas, particularmente em termos de isolamento do vírus que provoca a doença e estabelecimento de ferramentas de diagnóstico, superam amplamente as falhas", afirma o documento.

À medida que as mortes pela COVID-19 continuam a aumentar nos Estados Unidos, alguns indivíduos do governo Trump tentam desesperadamente desviar as críticas sobre seus erros, culpando a China.

O coronavírus infectou mais de 1,35 milhão de pessoas nos Estados Unidos, com mais de 80.000 mortes, segundo uma contagem da Universidade de Johns Hopkins.

Xinhua

China apoia firmemente liderança da OMS na luta global contra COVID-19


China apoia firmemente o papel de liderança da OMS na luta global contra COVID-19, diz funcionário

Pequim, 15 mai (Xinhua) -- A China valoriza sua cooperação com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e apoia resolutamente o papel de liderança da OMS na luta global contra a COVID-19, disse uma autoridade de saúde chinesa nesta sexta-feira.

"Temos compartilhado informações sobre a epidemia com a OMS e a comunidade internacional de forma aberta, transparente e responsável desde o surto", disse Li Mingzhu da Comissão Nacional da Saúde em uma coletiva de imprensa em Pequim.

A China estabeleceu um mecanismo de intercâmbio técnico com especialistas da OMS e realizou conferências para tal comunicação em muitas ocasiões, disse Li.

O país também convidou especialistas da OMS para visitas de campo, disse ele.

Especialistas da OMS visitaram instalações médicas, incluindo laboratórios, e tiveram intensas discussões com especialistas locais durante uma viagem a Wuhan de 20 a 21 de janeiro.

De 16 a 24 de fevereiro, a Missão Conjunta OMS-China passou a compreender a situação epidérmica da China, além de sua resposta, tratamento médico e pesquisa e desenvolvimento científico relacionado, entre outros assuntos, com viagens de campo a Pequim e às províncias de Sichuan, Guangdong e Hubei.

"Os especialistas ofereceram sugestões valiosas e construtivas sobre a prevenção e controle de epidemias para a China e o resto do mundo", disse Li, refutando a acusação infundada de que a China rejeitou um pedido da OMS para visitar laboratórios em Wuhan.


Na imagem: O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) Tedros Adhanom Ghebreyesus discursa em uma coletiva de imprensa diária em Genebra, Suíça, em 9 de março de 2020. (Foto por Li Ye/Xinhua)

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