terça-feira, 21 de julho de 2020

O êxito enorme mas "secreto" do Vietname socialista -- c/vídeo


Andre Vitchek [*]

Há cerca de vinte anos, quando me mudei para Hanói, a cidade estava sombria, cinzenta, coberta de fumaça. A guerra terminara, mas permaneciam terríveis cicatrizes.

Eu trouxe o meu veículo com tração às quatro rodas do Chile e insisti em conduzi-lo pessoalmente. Foi um dos primeiros SUV da cidade. Cada vez que conduzia, era atingido por scooters, que voavam como projéteis pelas amplas avenidas da capital.

Hanói era linda, melancólica, mas claramente marcada pela guerra. Havia histórias, histórias terríveis do passado. Nos "meus dias", o Vietname era um dos países mais pobres da Ásia.

Muitos patrimónios históricos, incluindo o Santuário My Son, no Vietname Central, eram basicamente vastos campos de minas, mesmo muitos anos após os terríveis bombardeios dos EUA. A única maneira de visitá-los era em veículos militares de propriedade do governo.

O prédio onde eu morava literalmente surgiu do infame "Hanói Hilton", a antiga prisão francesa onde os patriotas e revolucionários vietnamitas eram torturados, violentados e executados e onde alguns pilotos americanos capturados foram mantidos durante o que é chamada no Vietname a Guerra Americana. Da minha janela, podia ver uma das duas guilhotinas no pátio do que então se tinha tornado um museu do colonialismo.

Em 2000, Hanói não tinha um único centro comercial e, quando chegámos, o terminal do aeroporto Noi Bai era apenas um pequeno edifício, do tamanho de uma estação ferroviária da província.

Naqueles dias, para o povo vietnamita, uma viagem a Bangkok parecia uma viagem a uma galáxia diferente. Para jornalistas como eu, que moravam em Hanói, uma viagem regular a Bangkok ou Singapura era uma necessidade absoluta, pois quase nenhum equipamento profissional ou peças de substituição estavam disponíveis no Vietname.

Duas décadas depois, o Vietname tornou-se um dos países mais confortáveis da Ásia. Um lugar onde milhões de ocidentais adorariam viver. (ver vídeo)

O secretário-geral da ONU denuncia o colonialismo


#Escrito e publicado em português do Brasil

Nos países mais pobres, 17% das pessoas nascidas há 20 anos já morreu, admite António Guterres, ao falar em homenagem a Mandela. Ele admite desigualdade começa no Banco Mundial, FMI e a própria ONU — e é escancarada pela pandemia

Karen McVeigh, no The Guardian, traduzido pela IHU Online | em Outras Palavras

Em um discurso cujo tom fugiu do comum, António Guterres propôs uma reforma geral no Conselho de Segurança da ONU, no Fundo Monetário Internacional e no Banco Mundial, para o combate às desigualdades sistêmicas expostas pela pandemia do coronavírus.

A crise atual na saúde relevou uma fragilidade mundial e “expôs os riscos que vínhamos ignorando há décadas: sistemas impróprios de saúde; lacunas na proteção social; desigualdades estruturais; degradação ambiental; crise climática”, disse Guterres.

Segundo ele, a pandemia está expondo “as falácias e falsidades em todos os lugares: a mentira de que mercados livres podem distribuir cuidados de saúde para todos, a ilusão de que vivemos num mundo pós-racista e o mito de que estamos todos no mesmo barco”.

A fúria dos movimentos #EuTambém e Vidas Negras Importam é uma medida da “total desilusão com o status quo”, afirmou Guterres, enquanto o colonialismo e o patriarcado são as fontes históricas da desigualdade.

“Não nos enganemos: o legado do colonialismo ainda reverbera. Vemos ele na injustiça econômica e social, no aumento dos crimes de ódio e xenofobia; na persistência do racismo institucionalizado e na supremacia branca.

“Vemos ele no sistema mundial de comércio. As economias que foram colonizadas correm um maior risco de se prenderem na produção de matérias-primas e bens de baixa tecnologia – uma nova forma de colonialismo. E vemos ele [o legado] nas relações mundiais de poder”.

Guterres fez estas declarações ao proferir, diretamente da sede da ONU em Nova York, a palestra anual Nelson Mandela – no dia em que o líder africano completaria 102 anos – para um público on-line.

Comissão parlamentar vai investigar rapto de deputado na Guiné-Bissau


Caso Marciano Indi

Além do rapto de Marciano Indi, o grupo parlamentar investigará a morte do dirigente do PRS, Demba Baldé, durante uma manifestação de protesto contra a forma com a qual estavam a ser organizadas as eleições de 2019.

Os deputados do parlamento da Guiné-Bissau aprovaram, esta segunda-feira (20.07), a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar incidentes com três cidadãos guineenses. Entre os casos, está o rapto do deputado Marciano Indi.

O deputado da Assembleia do Povo Unido - Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB) foi raptado e espancado no dia 22 de maio por um grupo de desconhecidos, mas acabou por ser libertado depois da intervenção do presidente do Parlamento nacional, Cipriano Cassamá.

O caso gerou revolta no meio político e entre organizações da sociedade civil. Num comunicado, a Ordem dos Advogados repudiou e condenou "veementemente a indiferença" do Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, e do primeiro-ministro, Nuno Nabiam, em relação ao rapto de Indi.

Polícias são acusados de cooperarem com traficantes de drogas em Quelimane


Em Moçambique, denúncias dão conta do alegado envolvimento de polícias com a facilitação do tráfico de drogas e a extorsão. O Comando da PRM investiga os relatos e tem cautela: “Não podemos assumir se existe ou não”.

Integrantes do Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) e da Polícia da República de Moçambique (PRM) estão a ser acusados de colaborarem com uma rede de traficantes de drogas em Quelimane, capital da Zambézia.

O Comando Provincial da PRM esta a investigar a denúncia feita por jovens que estiveram detidos por alguns dias numa das unidades policiais na capital da Zambézia. O grupo diz que alguns agentes do SERNIC e da PRM os policiais exigem parte do dinheiro do tráfico em troca de protecção.

Um dos denunciantes diz que um dia foi surpreendido por membros da PRM no seu quarto. "Eles pediram para eu não me agitar e para que os levasse para a pessoa que vende as drogas. Quando os levei, ficou um agente [da SERNIC] lá dentro. Ele viu uma pessoa esconder a droga, mas quando os outros [polícias] entraram, não falou nada. Deixou os [polícias] fazerem a vasculha e mesmo sabendo que a droga foi escondida, não disse nada para os outros”, disse um dos denunciantes.

Entre os crimes cometidos pelos policiais estaria também a extorsão. "Eles levaram dinheiro da minha carteira e um telefone. Eram 2 mil meticais [o equivalente a 20 euros]”.

Angola terá maior contração da economia dos últimos 38 anos – analistas


Analistas independentes consideram que o Orçamento de Estado revisto para 2020 mostra que Angola terá "a maior contração dos últimos 38 anos", mas que o preço estimado do petróleo dá margem ao Governo para reformas.   

O Cedesa, entidade internacional de análise, considera que o Orçamento Geral do Estado (OGE) revisto para este ano, devido à Covid-19, mostra uma grande queda na economia angolana.

"Na verdade, segundo o relatório de fundamentação do OGE revisto, elaborado pelo Ministério das Finanças, projeta-se a maior contração da economia angolana dos últimos 38 anos, com o PIB a contrair -3,6%", afirma o Cedesa, numa análise ao OGE revisto de Angola, a que a agência Lusa teve acesso.  

Porém, analistas do organismo consideram que "se o OGE revisto prevê um preço de 33 dólares por barril [de petróleo] e este vai estando acima dos 40 dólares, podendo subir" isto "quer dizer que existe alguma margem de manobra para o Governo" angolano poder fazer reformas necessárias.  

Petróleo dá margem para reformas

O valor de 33 dólares por barril de petróleo, principal fonte de receita da economia angolana, na base do qual foi traçada a revisão do OGE, é um valor "meramente indicativo, pois muitos dos contratos petrolíferos já estão com preços anteriormente estabelecidos e não dependem de oscilações", salienta-se no relatório. 

Além disso, "parece existir uma tendência para ter o preço acima dos 40 dólares, ao mesmo tempo que, no curto prazo, não se vê razão para não começar a existir um aumento da procura do petróleo ligado à recuperação das economias mundiais".  

A tudo isto liga-se ainda "a instabilidade cada vez mais intensa no Golfo Pérsico e os problemas na Venezuela", enumeram os académicos no relatório.  

Todos estes fatores conjugados "poderão contribuir para alguma pressão no sentido da subida do preço do petróleo", concluem no documento, alertando, porém, que essa subida "não deverá ser tão acentuada que volte a inundar Angola de petrodólares". 

UE mobiliza fundos para Angola e Moçambique


A União Europeia vai mobilizar 14,6 milhões de euros para ajuda humanitária em Moçambique, cinco milhões dos quais serão para a população de Cabo Delgado. Três milhões serão alocados a Angola.

A União Europeia (UE) anunciou esta segunda-feira (20.07) um pacote de apoio para as pessoas mais vulneráveis da África Austral.

Da verba total de 64,7 milhões de euros de ajuda humanitária à região, incluem-se 14,6 milhões de euros para Moçambique e três milhões de euros para Angola, informa a Comissão Europeia em comunicado.

O bloco europeu diz que, no caso de Moçambique, parte do financiamento visa fazer face à "grave deterioração da situação em termos de segurança em Cabo Delgado, no norte", zona para a qual a UE mobiliza "cinco milhões de euros para prestar apoio às pessoas mais vulneráveis da região".

Crise em Cabo Delgado

A província nortenha de Cabo Delgado é alvo de ataques de insurgentes desde outubro de 2017, classificados desde o início do ano pelas autoridades moçambicanas e internacionais como ameaça terrorista.

Em dois anos e meio de conflito, onde avança o maior investimento privado de África para exploração de gás natural (liderado pela francesa Total), estima-se que já tenham morrido, pelo menos, 700 pessoas e que 250 mil já tenham sido afetadas.

Portugal | Os animais valem mais do que as pessoas?


Aos olhos da natureza não será assim, mas aos olhos da humanidade este julgamento antropocêntrico é de uma lógica inevitável: porque somos gente e porque conquistámos o poder de dominar o mundo, as pessoas deveriam ser mais importantes do que os animais.

Pedro Tadeu | TSF | opinião

Na sequência deste raciocínio seria coerente admitir que é mais criminoso haver gente sem abrigo a viver na rua, abandonada pelos seus semelhantes, do que haver cães de companhia abandonados numa estrada pelos donos.

Na ordem desta civilização que criámos, deveria constituir maior prioridade acabar com a fome extrema, capaz de matar 100 milhões de humanos, do que tentar alimentar animais domésticos que tiveram azar de nascer no sítio errado.

Na noção de justiça humana, o básico e óbvio direito à vida da nossa espécie gozaria de um valor infinitamente superior a qualquer reivindicação semelhante em favor de qualquer outra espécie.

É, em tese, quase revoltante admitirmos ser mais fácil mobilizar militância, solidariedade e ação de cidadãos comuns para ajudar os animais do que aquela que parece existir para salvar os homens.

E, no entanto, nenhum humano que a humanidade possa considerar decente é capaz de deixar de sentir um impacto emocional extremo ao ver ontem as fotografias e as imagens na televisão dos cães salvos das chamas de um incêndio na Serra da Agrela, em Santo Tirso.

As notícias relatam que um grupo de pessoas esteve horas a tentar convencer a GNR a entrar numa propriedade ameaçada por um incêndio muito grande, onde centenas de animais corriam o risco de ficarem carbonizados.

A Guarda Nacional Republicana já tinha salvado alguns cães, mas a ameaça das chamas punha a vida de pessoas em perigo e essa foi a razão apresentada para ordenar a proibição de entrada aos populares que queriam salvar mais animais.

Parece que o canil era ilegal, parece que foi processado (sem sucesso, não sei se sem razão) por alegados maus tratos a animais, parece que o dono proibiu a entrada das pessoas, parece que a câmara de Santo Tirso se enredou num emaranhado burocrático, parece que há guerras antigas e contas por ajustar: as notícias não conseguem desfazer dúvidas sobre uma possível manipulação política de toda esta trama... mas nada disso me interessa.

Interessa-me que este grupo de pessoas acabou por se estar nas tintas para a GNR e para a suposta falta de segurança, entrou pelo canil adentro e salvou dezenas de animais.

Interessa-me perceber que mesmo assim morreram carbonizados, pelo menos, 52 cães.

Interessa-me o olhar dos cães que vi serem salvos: ao colo do seu salvador, uma cadela vira o focinho para a câmara de televisão e mostra, cravado, um olhar de medo; um cão a soro é transportado em peso por dois rapazes aflitos e na fotografia que lhe tiram mostra, indiferente e plácido, um olhar de moribundo; um outro, pequenito, vem embrulhado numa manta e nos braços de uma mulher e, para a posteridade, só tem a revelar-nos um olhar de incompreensão.

Os olhares destes cães despertam-me a humanidade da compaixão e sim, se estivesse lá em Santo Tirso deitava às malvas as considerações racionais sobre a organização do mundo, da política e do direito e ia com o grupo salvar mais um bicho - afinal, é privilégio da superioridade humana decidir contra a lógica do Homem superior; afinal, há momentos, apenas momentos, em que os animais podem valer mais do que pessoas.

Alexandre O"Neil escreveu um dia um poema chamado "Cão". É assim:

Cão passageiro, cão estrito
Cão rasteiro cor de luva amarela,
Apara lápis, fraldiqueiro,
Cão liquefeito, cão estafado
Cão de gravata pendente,
Cão de orelhas engomadas,
de remexido rabo ausente,
Cão ululante, cão coruscante,
Cão magro, tétrico, maldito,
a desfazer-se num ganido,
a refazer-se num latido,
cão disparado: cão aqui,
cão ali, e sempre cão.
Cão marrado, preso a um fio de cheiro,
cão a esburgar o osso
essencial do dia a dia,
cão estouvado de alegria,
cão formal de poesia,
cão-soneto de ão-ão bem martelado,
cão moído de pancada
e condoído do dono,
cão: esfera do sono,
cão de pura invenção,
cão pré fabricado,
cão espelho, cão cinzeiro, cão botija,
cão de olhos que afligem,
cão problema...

Sai depressa, ó cão, deste poema!

As imagens do salvamento no canil "Cantinho das Quatro Patas" dizem-nos mesmo isto: os olhos de um cão são um problema.

Portugal | BES: a obscenidade não está só num homem


Fulanizar o problema, deixando a salvo quem teve competências para o travar e quem lhe deu azo politicamente, não é bom para a democracia, tal como não evita futuros «encargos» para os portugueses.

AbrilAbril | editorial

Desde a divulgação do despacho do Ministério Público que o nome de Ricardo Salgado não sai dos espaços informativos enquanto arquitecto de um esquema corrupto, com consequências que os portugueses conhecem bem. 

Fulanizar o problema, deixando a salvo quem teve competências para o travar e quem lhe deu azo politicamente, e são vários os governos a quem podem ser assacadas responsabilidades no caso do Banco Espírito Santo (BES), não é bom para a democracia e muito menos pode aliviar o povo português de futuros «encargos», geralmente fruto de gestões ruinosas que em nada servem o interesse nacional.

Neste sentido, a notícia de que o Ministério Público arquivou todos os «eventuais» crimes que poderiam ser imputados a titulares de cargos políticos no âmbito do principal inquérito à queda do BES, no Verão de 2014, deixando o Banco de Portugal e, por exemplo, Cavaco Silva à sombra de um processo enlameado em promiscuidades, é só mais uma acha para a fogueira de um sistema em que a financeirização da economia serve de alimento à corrupção sistémica.

A inoperância do Banco de Portugal, a quem o relatório saído da Comissão de Inquérito à gestão do BES e do GES atribui uma intervenção «assente na persuasão moral», mas a quem compete proteger o interesse da insígnia que enverga, não deveria sair incólume deste processo.

Porque, e exemplos não faltam (BPI, BPN, BPP, Banif), este não é um problema de mau funcionamento da banca privada. Este é o registo em que se movem as instituições financeiras privadas, com a complacência do regulador e a benevolência de quem nos tem governado. 

Tanto mais que, em 2001, um relatório do auditor externo já identificava a existência de um desencontro no balanço do BES que fazia com que os capitais fossem negativos. A informação foi ignorada e a bomba rebentou nos bolsos dos portugueses.

Acreditam os advogados das pessoas directamente lesadas pelo banco que «a procissão ainda vai no adro» no que toca à investigação desta teia tentacular, onde surgem personagens bem conhecidas e com responsabilidades ao mais alto nível em áreas estratégicas nacionais, como Zeinal Bava, António Mexia e Miguel Frasquilho.

Mas há um ponto em que não restam dúvidas. Estes esquemas só terminam quando houver controlo público da banca, que tanto prurido faz aos que pretendem manter o Estado a pagar os buracos da iniciativa privada. 

CIMEIRA LONGA EM EXPRESSO CURTO


Bom dia, este é o seu Expresso Curto

A cimeira interminável

João Silvestre | Expresso

Bom dia,

Não tenho as cronometragens dos Conselhos Europeus mas, sabemos já, que este entrou diretamente para o segundo lugar dos mais longos de sempre. Só perdeu para Nice, em 2000, onde foi acordado o tratado com o mesmo nome. Agora não havia mudança nos tratados para negociar, mas havia muito dinheiro para distribuir. E, quando isso acontece, a Europa comove-se sempre bastante. Neste caso, além do pacote financeiro plurianual que há meses aguardava um acordo, era preciso ainda acertar o fundo de recuperação que vai distribuir dinheiro a fundo perdido e vai poder financiar-se no mercado.

acordo chegou às 5:31 em Bruxelas (menos uma hora em Lisboa) depois de quase cinco dias de negociações que pareciam quase intermináveis. Ficou acordado o quadro financeiro plurianual de 1,074 biliões de euros para gastar entre 2021 e 2027 e também o tão esperado fundo de recuperação de 750 mil milhões de euros para ser usado até 2026.

Como conta a Susana Frexes, que acompanhou toda a maratona negocial em Bruxelas, Portugal irá receber 45,1 mil milhões de euros: cerca de 30 mil milhões do quadro plurianual (os fundos europeus tradicionais) e mais 15,3 mil milhões de euros em subvenções do novo fundo de recuperação. Estão ainda disponíveis cerca de 10 mil milhões de euros em empréstimos. Aos jornalistas, António Costa explicou todos os números e anunciou já um apoio de 300 milhões de euros para o Algarve que é uma das regiões mais castigadas pelos efeitos económicos da pandemia.

A chanceler alemã Angela Merkel e o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, tiveram um papel decisivo no esforço de chegar a um acordo que, ainda assim, implicou cedências aos chamados países frugais como a redução de algumas verbas previstas inicialmente, reembolsos maiores para os países frugais e a possibilidade – mesmo com limitações – de serem suspensos os pagamentos aos países.

Hoje, no Centro Cultural de Belém em Lisboa, é apresentado ao plano de António Costa Silva que define uma estratégia para a década e para a forma como os fundos europeus poderão ser usados para Portugal sair da crise. Acontecerá sem a presença de António Costa e há já algumas diferenças em relação à versão original

Por causa do atraso do Conselho Europeu, o debate do Estado da Nação foi adiado para sexta-feira.

OUTRAS NOTÍCIAS

Cá dentro

Antes de qualquer outra notícia, vale a pena dar os últimos números da covid-19 em Portugal: 135 novos infetados, 2 mortos e 178 recuperados. Mais logo haverá nova atualização. Já agora, confira aqui todos os dados na infografia que o Expresso actualiza diariamente.

A direção-geral da Saúde reviu as regras e emitiu novas recomendações sobre ares condicionados e uso de dinheiro físico. Já o Tribunal de Contas alertou para insuficiências na divulgação dos contratos públicos relacionados com a covid-19.

Os efeitos da pandemia na economia são cada vez mais visíveis:

- no Público, o presidente da CP, Nuno Freitas, diz que a empresa perdeu 150 milhões de euros por causa da covid-19 e avisa que a fatura ainda não está fechada.
- as receitas turísticas dos primeiros cinco meses de 2020 foram as mais baixas dos últimos sete anos e o resultado dos meses de abril e maio foram os piores de sempre.

Apenas 17 das 8907 vistos gold concedidos entre outubro de 2012 e junho deste ano foram atribuídos para a criação de emprego, avança a edição de hoje do Jornal de Notícias.

A Grécia prepara um regime fiscal mais favorável para reformados estrangeiros que irá competir com Portugal.

No futebol, o FC Porto venceu ontem o Moreirense por 6-1 no dia em que recebeu a taça de campeão nacional enquanto, no Benfica, se aguarda a chegada de Jorge Jesus e já se discutem os reforços para a próxima temporada.

Hackers roubaram e publicaram na internet passwords de milhares de médicos e enfermeiros do Serviço Nacional de Saúde.

Depois de meses, semanas, críticas e enorme debate, Mário Centeno tomou ontem posse como governador do Banco de Portugal.

Greta Thunberg venceu o prémio Gulbenkian para a Humanidade.

O Ministério da Administração Interna vai abrir um inquérito a atuação da GNR e da Proteção Civil no canil de Santo Tirso. A autarquia suspendeu o veterinário municipal.

Lá fora

A vacina da covid-19 que está a ser desenvolvida pela universidade de Oxford tem resultados promissores. De acordo com as primeiras conclusões publicadas ontem na revista médica The Lancet, produz imunidade ao mesmo tempo que tem poucos efeitos secundários. Mesmo, avisam, os especialistas pedem cautela para já. Saiba tudo o que está em causa em sete perguntas e respostas.

Nos EUA, a menos de quatro meses das eleições, os sinais da economia não são animadores. Principalmente com a subida do número de infeções e o regresso de medidas de contenção. O New York Times fez uma ronda por vários CEO de empresas que estão cautelosos e esperam uma recuperação lenta da atividade. No Financial Times, Gavyn Davies, economista, avisava que uma nova subida da covid-19 poderia provocar um double dip, ou seja, uma recaída na recessão.

Enquanto isto, Donald Trump continua a tentar recuperar a popularidade á medida que a distância para o dia das eleições se vai estreitando. Isto numa altura em que a distância para Joe Biden é de 15 pontos – as contas são de Nate Silver e do seu FiveThirtyEight – e em que a até a ‘sua’ Fox News não parece estar com vontade de lhe fazer a vida fácil. Trump que, durante muito tempo foi contra o uso de máscaras, defende agora que é um gesto “patriótico”.

O Reino Unido cancelou o acordo de extradição com Hong-Kong.

O parlamento egípcio aprovou uma intervenção militar na Líbia se estiver em causa a “segurança nacional”

Na China, uma adolescente inspirada em Greta foi ameaçada com a perda do lugar na escola se mantiver o ativismo.

FRASES

“Em relação à luta política não me sinto vencida, na obesidade sim”, Isabel do Carmo, Médica em declarações ao Público

“A imagem lá em cima era horrível, parecia um cenário meio apocalíptico, de guerra, mas com cães”, Márcia Pacheco, Atriz e professora que participou no resgate dos cães em Santo Tirso, ao Expresso

O QUE ANDO A LER

Ricardo Reis é um dos mais reputados economistas portugueses. Há vários anos que assina crónicas nos jornais, entre os quais o Expresso onde mantém atualmente uma coluna todos os sábados. Reuniu agora no livro "Do FMI à pandemia: Portugal entre crises" algumas das crónicas que publicou.

A recolha não é exaustiva e está organizada de forma temática, não cronológica. Reler estas paginas, é uma forma de rever o que foi o trajecto da economia portuguesa e mundial neste período onde a crise foi uma realidade mais ou menos permanente. Primeiro, a crise financeira, nascida no subprime e no mercado imobiliário americano. Depois a crise da dívida na zona euro que levou Portugal ao resgate da troika. E agora a pandemia.

Vale a pena recordar porque, na economia como em quase tudo na vida, a história é uma importante fonte de conhecimento. O que ontem aconteceu facilmente se repete amanhã. Como as cimeiras intermináveis e a crónica dificuldade europeia de conseguir acordos.

Este Expresso Curto fica por aqui. Mantenha-se informado no Expresso e na SIC.

Fundos UE | Líderes fecham acordo, Portugal vai buscar 45,1 mil milhões de euros


Os líderes do 27 aprovam o Fundo de Recuperação de 750 mil milhões de euros e o próximo Quadro Financeiro Plurianual para 2021. Portugal vai buscar 15,3 mil milhões ao primeiro e 29,8 mil milhões ao segundo. Costa fala num “enorme desafio” de execução e numa oportunidade que “não se pode desperdiçar”. Mas falta ainda o carimbo do Parlamento Europeu.

O acordo chegou às 5h31 da manhã desta terça-feira, em Bruxelas. O presidente do Conselho Europeu anunciava o "deal" na rede social Twitter. Após quatro dias de intensas negociações e braços-de-ferro, no arranque do quinto dia os líderes dos 27 selavam finalmente o próximo Quadro Financeiro Plurianual (QFP) e o novo Fundo de Recuperação.

O QFP vale 1 bilião e 74 mil milhões de euros e é para investir entre 2021 e 2027. Já o Fundo tem 750 mil milhões de euros para executar até 2026, mas a aprovação de projetos (compromissos) tem de ficar toda definida nos próximos três anos.

O presidente do Conselho Europeu não tem dúvidas de que "este é um bom acordo" e "um acordo forte". Na conferência de imprensa final, deixou a promessa de que esta não seria uma "decisão virtual", mas que teria um "impacto positivo" e "à altura do desafio" face a um enorme recessão e a uma pandemia que já tirou a vida a 600 mil pessoas.

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