segunda-feira, 24 de agosto de 2020

EUA isolados na sua duplicidade e arrogância


#Publicado em português do Brasil

Querem impor sanções retroactivas contra o Irão

Strategic Culture Foundation

Há mais de dois anos, em Maio de 2018, a administração Trump abandonou unilateralmente o acordo nuclear internacional com o Irão assinado pelos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, bem como pela Alemanha. O presidente Trump ridicularizou o acordo como o "pior de sempre" e avançou na reimposição de sanções drásticas contra o Irão.

Esta semana os Estados Unidos anunciaram que pretendem acrescentar novas sanções àquelas impostas anteriormente pelas Nações Unidas. As sanções da ONU foram levantadas após a assinatura do acordo nuclear em Julho de 2015, endossado a seguir pelo Conselho de Segurança da ONU com a Resolução 2231. Washington quer reimpor sanções da ONU afirmando que o Irão está em "não cumprimento" do acordo nuclear, formalmente conhecido como Joint Comprehensive Plan of Action (JCPOA). As afirmações de Washington de "não cumprimento" por parte do Irão são destituídas de base.

Os EUA estão a asseverar que têm o direito de disparar a re-imposição de sanções da ONU invocando um mecanismo "retroactivo" ("snapback") incorporado no JCPOA, o qual permite aos signatários apresentar uma queixa se registarem não cumprimento crível pela outra parte.

A duplicidade de Washington é espantosa. Ela repudiou unilateralmente um acordo internacional e, ao assim fazer, infringiu uma resolução do Conselho de Segurança da ONU, mas Washington quer agora utilizar este mesmo acordo para impor sanções multilaterais contra o Irão. A posição americana é afrontosa, mas está a propor prosseguir uma absurda ginástica mental com uma cara aparentemente limpa. A aparente falta de consciência da sua própria gritante falta de lógica é uma ilustração da arrogância consumada que define a política de Washington.

Portugal | A tempestade


Domingos Andrade | Jornal de Notícias | opinião

Basta sair um pouco do sofá para perceber a hecatombe económica que nos começa a cair em cima.

O desemprego iniciou um lento galopar nos números até se manifestar em toda a sua aflição a partir de outubro, centenas de fábricas já não abrirão portas depois de agosto, inúmeras empresas tentam ainda algum oxigénio nos apoios estatais. Não basta. E em março do próximo ano terminam as moratórias bancárias, acabando com a última margem de milhares de famílias.

Pior o turismo e pior os territórios que mais dependem da economia sazonal, como o Algarve, onde só quem lá vive percebe a dimensão da tragédia que começa a bater à porta, por muito que a região tenha tido a incansável promoção do presidente da República, numa ação poucas vezes vista de tentativa de gerar confiança nos portugueses.

Só a política mais rasteira pode ver no empenho de Marcelo Rebelo de Sousa uma manobra de pré-campanha eleitoral, de um chefe de Estado que mantém o silêncio sobre a sua recandidatura. É não perceber as nuvens negras que pairam sobre um país profundamente endividado e a enfrentar a maior crise das nossas vidas.

É esta tempestade, somada à anunciada segunda vaga da pandemia, que leva o primeiro-ministro a estender com mais humildade o pedido de apoio aos parceiros de Esquerda para poder governar sem crises políticas até 2023.

António Costa lidera um governo cansado, dependente da sua capacidade ubíqua de acudir a todos os fogos. E ou tem a Esquerda do seu lado, ou tem o PSD. Ele estará confortável com uma geometria variável, como sempre esteve. Cabe ao PCP e ao Bloco definirem onde querem estar.

Os tempos que se avizinham obrigam o país à definição política para ter políticas de futuro. Não serão dias fáceis.

*Diretor

Médicos recusaram apoiar lar de idosos no Barreiro, diz presidente da UM


Lares de idosos não têm de ter médicos por lei, apenas enfermeiros. Mas a ministra da Saúde determinou em Abril que os idosos com covid-19 que não necessitam de internamento hospitalar fossem acompanhados por médicos dos centros de saúde. Enfermeiro diz que lares são “terra de ninguém”

O presidente da União de Misericórdias Portuguesas (UMP), Manuel Lemos, disse esta segunda-feira que “médicos do centro de saúde do Barreiro” se terão “recusado a dar apoio” no lar de idosos São João (da Santa Casa da Misericórdia local), onde um surto de covid-19 infectou mais de meia centena de utentes e funcionários e provocou três mortes no início deste mês. A revelação foi feita à saída de uma reunião com o bastonário da Ordem dos Médicos (OM), Miguel Guimarães, na sequência da polémica gerada pela auditoria da instituição ao surto de covid-19 do lar de idosos de Reguengos de Monsaraz, onde quase todos os utentes ficaram infectados e 16 morreram. 

“Os médicos [do centro de saúde do Barreiro] não explicitaram as razões para a [alegada] recusa. Foi a provedora da Santa Casa de Misericórdia do Barreiro que nos comunicou a situação na semana passada e nós não queremos ser acusados do crime de omissão de auxílio”, afirmou Manuel Lemos, que explicou que pediu a reunião com Miguel Guimarães para lhe fazer um apelo —  o de “sensibilizar” os profissionais para que “não deixem as pessoas sem médicos nos lares das misericórdias”. E isto porque a alternativa seria “transferi-los para os hospitais” onde correm maiores riscos.

“Não sei de nada” sobre o caso do Barreiro, reagiu o bastonário Miguel Guimarães, defendendo que essa situação tem que ser enquadrada e esclarecida. “Os médicos de família estão a fazer um trabalho extraordinário” que passa por seguir milhares de doentes com covid-19 que não necessitam de internamento hospitalar, frisou.

“Abram os olhos, mulas”


O desporto encabeça o Curto de hoje. Um vencedor português em motoGP, Oliveira, em tempos cristão novo (vá saber porquê se quiser), e o futebol na Luz com a Liga dos Campeões, a final à porta fechada(?), que o mesmo é dizer futebol pãozinho sem sal. Venceram os alemães. Boa. Leia tudo que está disposto no Curto que se segue. Avante, de adiante.

Por Avante (a festa): Há por aí os que continuam a bater na mesma tecla contra o Avante! Andar para a frente não é com esses. Preferem o Mourão de Oh Tempo Volta P’ra Trás e as touradas. Dizem os entendidos nas encarnações que na próxima reencarnação, os das touradas vão nascer touros… Depois é que vão ficar a saber o que dói aquelas estocadas e andarem a correr atrás de um duo cavalar de configuração 69 – como a GNR no longo inverno fascista (besta por baixo e besta por cima). Eh touro!

Pinto da Costa – acerca das touradas e do futebol pãozinho sem sal… Uma bestialidade acertada, parece. Rui Rio, talvez um dia do Chega, quando o PSD acabar e Rio se chegar à frente na mostra de quem sempre foi e continua a ser. Um democrata (como dizem)…

Em “outros assuntos” temos a pandemia nacional. Andam a matar os velhos. Já sabemos quase desde o principio da dita. Daqui por uns tempos pesquisem quanto o OGE fica aliviado de pensões e reformas, assim como de verbas poupadas na geriatria… Pois. Ainda veremos os que agitarão a bandeira do “que alívio”, em Portugal e por essa UE. Os pequenos Hitler andam por aí – uns eleitos e muitos outros nomeados. Talvez ainda fundem o regime do partido único. Democrata, já se vê. Decerto, com finalmente verdade, batizado “Partido da Sacanice”. É só continuarmos a olhar para o lado e fecharmos os olhos a pestanejar e zás! Eles crescem. As gerações novas vão levar com ultra-bons-sacanas. Fruto de agora andarem de barriga ao sol a “alimentarem” os atuais sacaninhas… e/ou sacanões.

Como a conversa está a descambar, vamos terminar esta abertura contida sobre o constante no bildeberguiano Curto. Ele próprio hoje um pãozinho sem sal por falta de acontecimentos, de matéria e daquilo com que se fazem as omeletas sem ovos: imaginação assente na realidade quotidiana do que realmente importa ao bem comum, a tal sociedade coletiva, cousa detestável para o neoliberalismo - antecâmara-fascista - em vigor.

E desta nos vamos. Como dizia o maioral do meu avô lavrador: “Abram os olhos, mulas. Deitem abaixo as malvadas ervas daninhas. Arredem, pragas parasitas".

Bom dia e um queijo, em vez da fome que não nos deixa vislumbrar a justiça nem a democracia de facto, mas sim a apalhaçada-mascarada-enganosa. Avante!

Obrigado Expresso.

MM | PG

Guerra ao nosso maior inimigo


David Chan* | Plataforma | opinião

Na semana passada, o líder chinês, Xi Jinping, deu ordens claras direcionadas à indústria da alimentação, especialmente sobre o tratamento de resíduos alimentares, como forma de alertar a população sobre a necessidade de não desperdiçar alimentos. No contexto da pandemia atual, alguns exportadores de alimentos anunciaram restrições à exportação.

Dados revelam que cerca de 13 países impuseram restrições repentinas sobre a exportação de alimentos ao longos dos últimos meses. Países como a Rússia, Vietname, Tailândia, Camboja e Cazaquistão.

Todos sabíamos que um acontecimento extraordinário neste século como esta pandemia iria afetar a produção, recolha, processamento, armazenamento, comércio e transporte de alimentos em todo o mundo, todavia, este impacto, juntamente com as pragas de insetos e cheias deste ano, leva a que os preços da alimentação em 2020 possam vir a disparar, segundo um relatório do Programa Alimentar Mundial.

Este mesmo relatório estima que o número de pessoas a passar fome aumente em 2020 de 130 milhões para cerca de 820 milhões. A Ásia é o continente com o maior número de pessoas com necessidade de alimentos, e a propagação do vírus continua a acelerar. O número total mundial de casos já ultrapassou os 20 milhões, com países como os Estados Unidos, Brasil e Índia ainda numa situação grave.

Os dados não mentem, a propagação do vírus ainda não abrandou, e é por isso possível prever que, com o desenvolver da pandemia, a produção de cereais diminua largamente, aumentando a falta de alimentos global e agravando toda a situação. 

Todos estamos conscientes de que na eventualidade de um grande desastre, além de medicamentos e produtos de proteção pessoal, as pessoas irão iniciar uma luta por duas comodidades: moedas fortes e cereais. A primeira, com o objetivo de preservar o valor monetário, a segunda para combater a fome. Este fenómeno foi comprovado com a recente corrida ao ouro. Agora que vários países restringiram as exportações de alimentos, com a evolução da pandemia podemos presumir que se aproxima uma crise alimentar global.

Muitos de nós não vivemos nenhuma crise alimentar ou fome, mas os mais velhos com certeza conhecem bem este problema, e sabem o quão assustador será. Vários residentes de Macau ainda se lembram do período de crise de há cerca de 70 anos. A terra das flores de lótus estava cheia de corpos esfomeados, miseráveis, e toda a população vivia com medo.

Hoje é oficialmente lançada na China a campanha de proteção dos cereais, e embora esta luta ainda não tenha entrado numa fase mais severa, é nossa responsabilidade como cidadãos de Macau reduzir o desperdício de comida. “Todos os grãos são fruto de trabalho árduo”, tudo começa connosco, nós somos o nosso maior inimigo.  

*Editor Senior do Plataforma - na imagem

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China está a usar vacina contra a covid-19 há mais de um mês


A China autorizou o uso de potenciais vacinas para a covid-19 em funcionários hospitalares, para "casos de emergência", desde 22 de julho passado, revelou um alto responsável da Comissão de Saúde do país.

Em entrevista à televisão estatal CCTV, o diretor do Departamento de Desenvolvimento Científico e Tecnológico da Comissão de Saúde, Zheng Zhongwei, revelou que pessoal médico e funcionários das alfândegas foram vacinados.

"Estes grupos foram escolhidos porque têm maior exposição ao novo coronavírus. A maioria dos casos que a China agora regista são importados, então as autoridades fronteiriças são um grupo de alto risco também", justiçou.

Zheng não detalhou quantas pessoas receberam injeções ou qual a vacina que foi administrada, entre aquelas que o país está a desenvolver.

Timor-Leste foi país do Pacífico que mais gastou na resposta à pandemia


Díli, 24 ago 2020 (Lusa) - Timor-Leste foi o país do Pacífico que mais gastou na resposta à pandemia, em termos do Produto Interno Bruto (PIB), com a maior fatia em apoio social, segundo um estudo da Universidade Nacional Australiana (ANU).

Em concreto, Timor-Leste gastou na sua resposta à pandemia da covid-19 o equivalente a 8,3% do PIB não petrolífero, mais dois pontos percentuais que o segundo país com mais gastos, Tonga, que dedicou às várias medidas cerca de seis por cento do PIB.

A análise, dos professores Stephen Howes e Sherman Surandiran, foi publicada hoje num blogue do Centro de Política de Desenvolvimento da Crawford School of Public Policy da Universidade Nacional Australiana, em Camberra.

O texto compara dados de vários países do Pacífico - Fiji, Papua Nova Guiné, Samoa, Ilhas Salomão, Tonga e Vanuatu e Timor-Leste -- e analisa a forma em que os vários países responderam à pandemia da covid-19.

Para isso olha para as percentagens de gastos em seis categorias - saúde, apoio social, apoio às empresas, segurança alimentar, infraestruturas e outras despesas --, e para o que isso representa em termos de PIB.

Setor privado timorense vive descapitalizado e em situação "preocupante" -- ex-ministro


Díli, 24 ago 2020 (Lusa) -- O ex-ministro das Finanças timorense Rui Gomes disse hoje que o setor privado em Timor-Leste vive há anos uma situação financeira "preocupante" e está fortemente descapitalizado, sendo essencial melhorar as condições de acesso ao crédito.

Melhorar a capacidade de produção nacional, formalizar o setor informal e diversificar progressivamente a economia são outras ações que ajudariam o país a consolidar o seu desenvolvimento, defendeu, em entrevista à Lusa.

O ex-governante notou que o país "ainda não tem um 'salvador'" económico, correndo o risco de "dilapidar o seu único fundo soberano, se continuar a engordar a Administração Pública e o consumo, negligenciando a acumulação do capital humano para o tornar a verdadeira riqueza da nação".

"Os timorenses têm de voltar a começar a trabalhar, voltar às terras abandonadas e aprender a consumir daquilo que produzem", sustentou Rui Gomes, que liderou uma comissão criada pelo Governo timorense para preparar um Plano de Recuperação Económica (PRE) para o país.

Moçambique será o único país da África Austral a crescer em 2020, diz Fitch


Consultora Fitch Solutions estima que, apesar dos efeitos negativos da pandemia e da descida dos preços das matérias-primas, Moçambique registará, este ano, um crescimento de 0,2%. Angola com contração de 4%.

À semelhança do que já havia sido avançado também pelo FMI, em junho deste ano, a consultora Fitch Solutions considerou, este domingo (23.08), que Moçambique conseguirá evitar uma recessão este ano. Será o único país da África Austral a conseguir crescer.

"A Fitch Solutions antecipa que a África Austral seja a sub-região africana com o mais fraco desempenho económico na África subsaariana, quer em 2020, quer em 2021", lê-se numa nota enviada aos clientes, e a que a Lusa teve acesso.

No relatório, os analistas desta consultora detida pelos mesmos donos da agência de notação financeira Fitch Ratings estimam um crescimento de 0,2% este ano em Moçambique, o único país que vai conseguir evitar um crescimento negativo devido aos efeitos da pandemia da covid-19 e à descida dos preços das matérias-primas, nomeadamente o petróleo.

Incêndio destrói redação de jornal em Maputo


Fogo no semanário Canal de Moçambique teria começado durante a partida final da Champions League entre Bayern de Munique e Paris Saint-Germain. Jornalistas e ativistas acompanharam o trabalho dos bombeiros.

Um incêndio atingiu a redação do semanário Canal de Moçambique na avenida Maguiguana, em Maputo, na noite deste domingo (24.08). O fogo teria começado durante a partida entre Bayern de Munique e Paris Sait-Germain pela Final da Champions League.

A redação do jornal está inutilizada. O fogo destruiu equipamentos de informática (computadores, impressoras e monitores), matéria de escritório, arquivos do jornal e vários móveis. Equipas do corpo de bombeiros trabalharam durante a madrugada junto com os responsáveis do jornal para apagar o incêndio e avaliar os estragos. 

O coordenador do Centro de Democracia e Desenvolvimento (CDD), Adriano Nuvunga, passou parte da madrugada no local e classificou o incidente como "uma barbaridade”.

"Quando chegamos lá, aquilo parecia uma bomba de combustível que explodiu. Estava a cheirar combustível. Eles colocaram dois bidões de combustível, espalharam combustível e atearam fogo de longe. Fomos a esquadra buscar a polícia", relata Nuvunga.

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