terça-feira, 6 de outubro de 2020

Que Trump se ponha bem para ser derrotado nas urnas

À primeira vista, Donald Trump só tem a perder por estar infetado com o novo coronavirus. Mas em caso de recuperação rápida, o contágio ainda pode vir a revelar-se vantajoso na corrida à Casa Branca, considera Daniel Oliveira.

Daniel Oliveira | TSF | opinião

A impossibilidade de fazer ações campanha presenciais terá, certamente, impacto, numa altura em que o atual presidente dos Estados Unidos está bastante distante do seu opositor, Joe Biden, nas sondagens. Além disso, nota Daniel Oliveira, o simples facto de Trump ter ficado doente "sublinha a gravidade de um vírus que ele desprezou desde a primeira hora".

Por outro lado, se Donald Trump não sofrer repercussões graves e conseguir recuperar depressa, "reforça-se a narrativa da desdramatização em que grande parte dos seus apoiantes alinha".

"Que força pode dar isso à tese de que a pandemia não é tão grave como dizem? Se nem a um obeso com 74 anos ela faz mal...", questiona o jornalista no seu espaço de comentário habitual na manhã TSF.

"Parece ser nisso que Trump aposta, dando-se ao luxo de sair de carro para cumprimentar apoiantes enquanto os médicos fazem por ele o que não está a ser feito por milhões de cidadãos."

Houve quem não resistisse a desejar a morte a Donald Trump, como o realizador Michael Moore, que escreveu no Twitter "os meus pensamentos e orações estão com a Covid-19". Não é a postura correta, defende Daniel Oliveira.

"Não é só errado desejar a morte a um inimigo político. Por mais tóxico que ele seja para as nossas vidas, por mais abjeto seja o que ele defende. A morte deseja-se a ditadores por não haver outra forma de os derrubar."

Em democracia, os governantes derrubam-se nas urnas. E é através do voto que Donald Trump deve ser retirado da Casa Branca, reforça Daniel Oliveira. "Espero que o vírus não leve Trump. Espero que o façam os eleitores e que ele esteja bem vivo para sentir a humilhação."

TSF | Texto: Carolina Rico

IMAGEM DO DIA | O criminoso na Casa Branca acena

Dos jornais, aqui, concretamente no Jornal de Notícias, foto EPA, Trump regressa à Casa Branca depois de ser tratado por ter contraído covid-19. Alegadamente está melhor. A dúvida deve ser é se alguma vez esteve contagiado ou as notícias que correm não estão a sustentar uma encenação ‘made in trapaceiro’ na Casa Branca. Acreditando que sim, que seja portador do vírus. Pergunte-se o que faz ele ali sem máscara? 

A ironia do seu aceno aos americanos lembra um criminoso a acenar às futuras vítimas de covid-19 e às já milhares de vítimas que faleceram pela sua incredulidade sobre o perigo que covid-19 representa, pelo seu crime, pela sua inoperância, pela sua estupidez e desprezo pela saúde e vida de milhões de seus concidadãos. Trump acena. O criminoso na Casa Branca acena.

Do JN a legenda da foto:

“O regresso do presidente dos Estados Unidos à Casa Branca tornou-se um momento televisivo para o próprio. Donald Trump, que ainda está infetado, vai continuar o tratamento na sua residência oficial.”

PG

Pandemia de costas largas

PORTUGAL

Rafael Barbosa* Jornal de Notícias | opinião

Costuma dizer-se que não se pode esperar sol na eira e chuva no nabal. Ajustando o adágio à pressão que foi sofrendo o Serviço Nacional de Saúde ao longo destes duros meses de pandemia, não poderíamos esperar que a capacidade de resposta continuasse a ser exatamente a mesma.

Os meios técnicos e financeiros, os recursos humanos e a energia canalizada para o combate à covid-19 fariam sempre falta em tudo o resto, como foi percetível logo desde o início: milhares de consultas e cirurgias adiadas; centros de saúde de portas fechadas; urgências quase desertas. A crítica aos responsáveis políticos e técnicos pela saúde pública deve portanto ter conta, peso e medida, sob pena de soar a propaganda partidária inconsequente. Mas não é antipatriótico, como sugeriu uma enervada Graça Freitas, alertar para falhas e deficiências. A pandemia não pode ter as costas tão largas ao ponto de dar abrigo à indiferença e à incompetência. Não justifica, por exemplo, a indiferença técnica e política quanto ao facto de terem morrido mais sete mil pessoas do que seria normal, entre março e setembro deste ano (a covid-19 só explica duas mil mortes). Soa aliás a desculpa esfarrapada o argumento das vagas de calor (também as houve noutros anos). Não justifica, ainda, a incompetência técnica e política no lamentável caso dos rastreios ao cancro da mama: congelados em todo o país desde março (uma decisão questionável), foram retomados em junho (porquê tão tarde?), exceto na Região Norte, por razões alegadamente burocráticas. Infelizmente, é fácil medir o impacto deste laxismo tenebroso: no mesmo período do ano passado, 91 mil mulheres fizeram o rastreio e 600 tinham cancro. Ou seja, há este ano pelo menos 600 mulheres, só na Região Norte, que já deveriam estar diagnosticadas e a fazer tratamentos, mas que ainda não foram sequer alertadas para a ameaça que paira sobre as suas vidas.

*Chefe de Redação

"Numa República não há coroações nem vitórias antecipadas"


PORTUGAL

Ana Gomes alerta que a estabilidade "não pode equivaler a um país conformado"

A candidata presidencial Ana Gomes avisou hoje que, num regime republicano, "não há coroações nem vitórias antecipadas", e defendeu que a estabilidade não é um valor absoluto.

"Importa, claro, a estabilidade, mas estabilidade não equivale, não pode equivaler a um país conformado", defendeu, numa sessão pública no Teatro da Trindade, em Lisboa.

Numa intervenção inicial alusiva ao 05 de outubro, antes de responder a perguntas de nove pessoas previamente inscritas, Ana Gomes fez uma referência implícita à vantagem nas sondagens do atual chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, que ainda não anunciou a sua recandidatura.

"Numa República, não há coroações nem vitórias antecipadas, é o povo quem decide", frisou, fazendo um apelo especial aos jovens para que votem nas presidenciais de janeiro do próximo ano.

"Compreendo quem esteja desencantado com a política e os políticos, mas todos somos chamados a construir um Portugal melhor (...) Apelo aos jovens a que combatam a apatia, não se abstenham, não deixem de se indignar, não desistam de Portugal", apelou.

Ana Gomes repetiu por várias vezes a frase que "quem governa é o governo", mas defendeu que "a Presidente da República" tem uma grande capacidade de influenciar os governantes e as suas prioridades.

"Quem elegemos para Presidente da República tem de cuidar de Portugal, de todos, e em particular dos que mais precisam. É intolerável que se permita que a pobreza e a injustiça aumentem neste país à conta da crise. As crianças e os mais velhos e vulneráveis têm de ser especialmente protegidos e apoiados", disse, considerando que "chegou a hora de tornar a democracia mais exigente".

"Eu sou socialista, nunca desisti de lutar por princípios, valores e bens comum e nunca desistirei de Portugal", assegurou, tendo na plateia o ex-ministro do Trabalho de Governos do PS, Paulo Pedroso (que integra a sua estrutura de campanha), o deputado socialista Pedro Bacelar Vasconcelos e a ex-deputada Catarina Marcelino.

TSF | Lusa | Imagem: © Manuel de Almeida/Lusa

República? Uma república partilhada por vários reis e reizinhos

O Curto por Rui Gustavo. Hoje as abordagens nacionais são algumas, a merecerem consideração. Até porque ontem, 5 de Outubro, foi o aniversário da implantação da república em curso…

República? Há os que dizem e dão argumentos válidos para considerar que sobrevivemos numa república partilhada por vários reis e reizinhos, com poderes esconsos e/ou reconhecidos e públicos, tais como em setores como a política, as finanças, a corrupção, a justiça, o capital… Todos que lhes interessam e – aos nobres reizinhos e respetivas cortes (cúmplices) – contribuem para tramar e dominar os milhões de plebeus. Muito bem. Então, assim sendo e constatando: a verdadeira república finou-se e foi substituída pelos vários poderes na posse de charlatães que têm por missão e objetivo enganar os plebeus. Enganar fundo. Enganar até ao tutano. Usá-los e descartá-los quando não interessam aos das realezas vigentes. Resta saudar aqui os reizinhos, pelo sim pelo não, e deixar recomendado aos plebeus que sabem ler e interpretar que leiam o Curto da oficina do tio Balsemão Impresa de Bilderberg – um rei de trono herdado, como manda a tradição real. Sigam para o Expresso e visitem a abundância de informação sobre Trump, um rei a tomar em consideração, homem da luta livre desportiva e encenada - e da política de deitar abaixo pessegueiros plebeus com tretas de faz de conta. Por exemplo: há os que dizem que não está nadinha com covid-19, que é tudo encenação a cobrar vantagem eleitoral… Sim, não, talvez… Mas afinal os reis são eleitos? Sim, entre eles e suas côrtes. Eleições de fachada. Viciadas. 'Triste espetáculo', a quanto obrigas… Reis e reizinhos que vão (estão) nus, expondo as suas sujidades e das suas côrtes. E a plebe a vê-los atuar, a vê-los passar, a vê-los roubar, nus. A sentir na pele os enganos... Mansa, calada, acarneirada.

O Curto, a seguir.

FS | PG

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