quarta-feira, 21 de outubro de 2020

Bolívia | Como o herdeiro de Morales devolveu o poder ao MAS

O economista Luis Arce conseguiu uma maioria para o Movimento para o Socialismo menos de um ano depois de as ruas terem obrigado o ex-presidente a ir para o exílio.

O cenário parecia inimaginável há um ano, quando a Bolívia saiu à rua para contestar o resultado das eleições que tinham dado a vitória a Evo Morales e conseguiu pôr o presidente a caminho do exílio. Muitos anunciaram o fim do seu Movimento para o Socialismo (MAS), já que nunca tinham imaginado um eventual sucessor para o líder carismático que estava no poder desde 2006 e que muitos já acusavam de autoritário. Contudo, no último domingo, Luis Arce, o seu antigo ministro da Economia, conquistou a maioria absoluta.

"Os resultado caíram como uma bomba: nem os mais otimistas na campanha do MAS imaginaram semelhante número", escreveu no Le Monde Diplomatique o jornalista Pablo Stefanoni, chefe de redação da revista Nueva Sociedad e autor de vários livros sobre a Bolívia.

Os resultados oficiais ainda não são conhecidos, mas uma contagem rápida dos votos mostrou que Arce superou os 50% - e o MAS também terá a maioria no parlamento. A participação foi recorde, de 87%, segundo o Supremo Tribunal Eleitoral.

"A Bolívia recuperou a democracia e, sobretudo, recuperou a esperança", disse Arce, conhecido pelos apoiantes como Lucho, dizendo que vai trabalhar "para todos os bolivianos" e para construir "um governo de unidade nacional". Ao seu lado estava o vice-presidente, David Choquehuanca, que foi chefe da diplomacia de Morales e, como o ex-presidente, é aymara.

VITÓRIA DO POVO BOLIVIANO

A derrota do candidato neoliberal (Carlos Mesa) e do candidato da extrema-direita fascista (Camacho) constitui uma grande vitória do povo boliviano. A contagem extra-oficial mostra que Luis Arce, do Movimiento al Socialismo (MAS), venceu na primeira volta com 52,4% dos votos.

Assim, o golpe contra o presidente Evo Morales – organizado e financiado pela Embaixada dos EUA na Bolívia – aparentemente foi revertido. Diz-se "aparentemente" porque nunca se sabe o que mais a reacção interna e o imperialismo hão de tramar. Assim como a embaixada dos EUA comprou o general boliviano Williams Kaliman, além de outros militares e polícias, nada a impedirá de no futuro fazer o mesmo. Kaliman, que era chefe das forças armadas da Bolívia, chamava o presidente Evo de "irmão". Este precedente deveria servir de advertência ao novo presidente Luís Arce.  Será aprendida a lição?

Adenda em 20/Out: Há quem lembre outra possibilidade:   que o recém eleito capitule às pressões da embaixada estado-unidense e faça tudo o que ela quiser (exemplos: veto à China na exploração do lítio e na introdução do 5G), além de conciliar com as forças internas derrotadas nas eleições. Quando se recorda a traição de Lenin Moreno no Equador, esta hipótese tem de ser considerada.

Para conhecer o curriculum do candidato neoliberal agora derrotado pode-se ler esta Biografía não autorizada de Carlos D. Mesa Gisbert (clique com botão direito do rato e faça Save As... para descarregar).

Resistir.info (19/Out/20)

Se está com esperanças numa vacina da Covid, tome uma dose de realismo

Traduzido e publicado em português do Brasil

David Salisbury* | The Guardian | opinião

Um programa de imunização direcionado pode oferecer alguma proteção, mas não proporcionará uma 'vida normal'

Para aqueles que têm esperança de uma vacina iminente da Covid-19, a notícia neste fim de semana de que a primeira poderia ser lançada "logo após o Natal" provavelmente levantou o ânimo.

O vice-diretor médico do Reino Unido, Prof Jonathan Van-Tam, supostamente disse aos parlamentares que uma vacina desenvolvida pela Oxford University e AstraZeneca poderia estar pronta para implantação em janeiro, enquanto Sir Jeremy Farrar, membro do grupo consultivo científico Sage e diretor do Wellcome Trust , disse que pelo menos uma de uma carteira de vacinas do Reino Unido pode estar pronta na primavera.

Muito se tem falado sobre como o mundo voltará ao normal quando uma vacina estiver amplamente disponível. Mas isso realmente não será verdade. É importante que sejamos realistas sobre o que as vacinas podem ou não fazer.

As vacinas protegem os indivíduos contra doenças e, com sorte, também contra infecções, mas nenhuma vacina é 100% eficaz. Para saber qual proporção de uma comunidade ficaria imune após um programa de vacinação, é um jogo de números - devemos multiplicar a proporção de uma população vacinada pela eficácia da vacina.

Reino Unido com 26 mil casos, novo máximo diário pelo 2.º dia consecutivo

Autoridades britânicas reportam mais 26.688 novos casos de infeção confirmados na região, depois de na véspera ter notificado 21.331 casos, e mais 191 mortes associadas à doença Covid-19.

O Reino Unido regista esta quarta-feira mais 26.688 novos casos de infeção confirmados, um número superior ao da véspera (21.331) e mais um novo máximo diário. Desde 13 de outubro que o país notifica mais de 15 mil novos casos por dia. 

Até ao momento, 789.229 pessoas obtiveram diagnóstico positivo no conjunto da região, que inclui Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte.

São ainda reportadas mais 191 mortes de pessoas infetadas pelo novo coronavírus, aumentando para 44.158 o total de óbitos associados à Covid-19. Recorde-se que na véspera foram reportadas 241 mortes, o valor mais alto desde 5 de junho.

Incluindo ao balanço oficial aquelas mortes cuja certidão de óbito faz referência ao coronavírus mas cuja infeção não foi confirmada por teste, o número é de 58.164,  de acordo com os dados divulgados pelo Departamento de Saúde e de Assistência Social britânico.

Recorde-se que o agravamento da situação epidémica no país levou o primeiro-ministro, Boris Johnson, a anunciar na terça-feira que a área metropolitana de Manchester vai passar para o "nível 3", o nível máximo de restrições destinadas a conter o número elevado de infeções com Covid-19. Existem ainda duas regiões do país em confinamento, Irlanda e País de Gales.

Anabela Sousa Dantas | Notícias ao Minuto | Imagem: © Hollie Adams/Getty Images

Reino Unido: A guerra de Boris com a Grande Manchester

"Lamento informar que nenhum compromisso foi recebido, e por consequência este governo está em guerra com o Grande Manchester e a Europa"

Cartoon de Steve Bell sobre o colapso das negociações entre Manchester e o governo de Boris Johnson.

Ilustração de Steve Bell / The Guardian

A recusa de Boris Johnson em buscar um acordo será sua ruína

Traduzido e publicado em português do Brasil

Martin Kettle | TheGuardian | opinião

Bons primeiros-ministros procuram negociar uma saída de problemas. De Manchester ao Brexit, Johnson é incapaz de fazer isso

Foi   cinco milhões de libras. Uma grande quantidade de dinheiro. Mas, no esquema nacional das coisas, £ 5 milhões é minúsculo. É quase infinitesimal 0,0005% do que o governo britânico orçou para gastar durante o atual ano financeiro. Distribuídos entre os 2,8 milhões de habitantes da Grande Manchester, £ 5 milhões equivalem a £ 1,78 por cabeça, menos do que o preço de um cartão de viagem de um dia fora do pico nos bondes da cidade.

No entanto, ao se recusar a oferecer esses £ 5 milhões na terça-feira, o governo de Boris Johnson se encontra em um estado de guerra política com Manchester. Além disso, é acusado de abandonar uma cidade que tem sido a pedra angular dos esforços conservadores para reconstruir a credibilidade do partido no norte da Inglaterra. Acima de tudo, enfrenta acusações de que, em sua hora de necessidade, deu as costas aos eleitores do norte, dos quais depende o partido de Johnson. No que diz respeito às loucuras políticas recentes, esta está entre as piores - e já existe uma lista restrita para esse prêmio.

Tudo isso poderia facilmente ter sido evitado e é importante tentar entender por que não foi. Diante disso, tanto o governo Johnson em Londres quanto os chefes das autoridades locais, chefiados pelo prefeito da Grande Manchester, Andy Burnham, queriam quase exatamente a mesma coisa: restrições de saúde pública mais rígidas em face do aumento de casos de Covid, combinadas com prevenção, quando possível, um segundo desligamento da economia local. Eles também queriam proteger os hospitais locais e manter as escolas e universidades funcionando. E eles reconheceram a necessidade de apoio financeiro extra para aliviar a dor.

Governo? | Milhões de euros dos portugueses atirados aos “porcos”

Feitas as contas verifica-se a contínua quantidade de imensos milhões que anualmente são destinados a grandes grupos privados. São frequentes as negociatas em que os governos preferem esbanjar milhares de milhões para grupos e outras entidades privadas em vez de investirem nos serviços públicos.

As populações há muitos anos que sentem e dizem que é dinheiro atirado aos “porcos”, retirados a todos os portugueses para somente vantagens de uns quantos… Que crescem, que crescem, que crescem, enquanto os serviços de interesse público minguam até passarem um dia a defuntos. Há casos desses que são clamorosos, imorais, que contribuem para duvidarmos de que a definição de Governo de Portugal seja correta, considerando que seria mais correto denominar por Desgoverno de Portugal… O processo, tantas vezes repetido, deve-se ao quê? Amiguismo, corrupção, partidarismos ou negócios esconsos?

A notícia em baixo, inserta no Público, refere, uma vez mais, exemplo de tal operação similar. Voam milhões para o privado em detrimento do mau serviço público. Se a justificação, agora, é "por causa do covid-19", e é a resposta, a desculpa não é de tomar por correta e muito menos plausível, dado que o desGoverno é useiro e vezeiro em tais práticas. A opção tem sido a favor de descapitalizar o público, preferindo atirar milhões aos “porcos” (privados), minguando os serviços públicos, como experienciamos quotidianamente. Governos ou desgovernos?

Que fique claro: não é só neste exemplo que vimos esbanjamento. Existem exemplos muito mais escandalosos. As notícias frequentes são testemunha. E isto não é de agora. Porquê?

PG

Grupo Luz Saúde foi quem mais facturou com a pandemia: 38 milhões

DGS gastou 32 milhões em compras a empresa do grupo controlado pelos chineses da Fosun. O PÚBLICO analisou mais de 15 mil contratos públicos feitos para responder à covid-19. Foram mais de 477 milhões de euros gastos por instituições públicas – 47 euros por cada português.

A GLSMed Trade, do grupo Luz Saúde, foi a empresa que mais facturou em contratos feitos pela Administração Pública para responder à pandemia. A principal cliente do grupo foi a Direcção-Geral da Saúde (DGS), que gastou 32,7 milhões de euros em compras à empresa de distribuição de produtos, equipamentos e dispositivos médicos do grupo Luz Saúde, detido pela Fosun e pela seguradora Fidelidade, que está nas mãos do mesmo grupo chinês.

Rui BarrosClaudia Carvalho Silva e José Volta e Pinto | Público

LER COMPLETO EM PÚBLICO… se comprar o CONTEÚDO EXCLUSIVO

HOJE: Mais 16 mortes em Portugal por covid-19 e 2535 novos casos

Portugal regista mais 16 vítimas mortais e 2535 novos casos de covid-19. Recuperaram mais 1340 pessoas. No total, desde o início da pandemia, morreram 2229 pessoas e 106.271 foram infetadas.

Esta quarta-feira é, até agora, o segundo dia com mais casos de covid-19 no país desde o início da pandemia - o valor é só ultrapassado pelos 2608 contabilizados na passada sexta-feira. No total, 106.271 pessoas estão ou já estiveram infetadas com o vírus - 57.907 mulheres e 57.9074 homens. Dessas, 40.804 são doentes ativos (mais 1179 face a ontem). Por outro lado, mais 1340 recuperados, de 63.238.

Norte com mais de metade dos novos casos

O maior aumento de novos casos continua a ocorrer entre os jovens - faixa etária dos 20-29 anos soma mais 444 novas infeções. Seguem-se as faixas etária dos 40-49 anos, com mais 461 casos, e a dos 30-39, com mais 409. Face ao balanço anterior, há também mais 373 infetadas com idade entre os 50 e os 59 anos e mais 248 entre os 60 e os 69. Na faixa etária dos 70 anos, há mais 148 casos, e na dos 80 anos ou mais somam-se 126. Em crianças até aos 9 anos, há mais 105 infetados. E mais 219 em jovens entre os 10 e os 19 anos.

A região Norte continua a ser a que soma mais novos infetados (1379, num total de 42.921), representando 54,3% dos mais recentes contágios. Seguem-se Lisboa e Vale do Tejo, com mais 863 casos, em 49.459, e a região Centro, onde há mais 197 infetados, em 8743. O Alentejo contabiliza mais 50 (em 2163) e o Algarve mais 41 (2307). O arquipélago da Madeira soma mais quatro infetados, com um total de 349, e nos Açores há mais um caso, em 329.

Mortes em todas as regiões do continente

Nas últimas 24 horas, morreram em Portugal mais 16 pessoas, elevando para 2229 o número total de mortes por covid-19 (1104 mulheres e 1125 homens). Oito vítimas mortais foram registadas em Lisboa e Vale do Tejo, quatro no Norte, duas no Centro, uma no Alentejo e outra no Algarve. Trata-se de um homem com idade entre os 60 e os 69 anos, um homem e três mulheres com 70 a 79 anos e três homens e oito mulheres com 80 anos ou mais.

O número de internamentos continua a aumentar: há agora mais 35 pessoas em enfermaria (total de 1272) e mais 11 em unidades de cuidados intensivos (187). Por outro lado, sob vigilância estão 55.882 pessoas, menos 244 do que ontem.

Rita Salcedas | Jornal de Notícias | Imagem: José Coelho / EPA

Portugal | Apertem os cintos

Pedro Ivo Carvalho* | Jornal de Notícias | opinião

Às segundas, quartas e sextas a TAP é um ativo estratégico para o país, às terças, quintas e sábados é uma companhia aérea que só pode sobreviver à boleia do aeroporto de Lisboa. Enquanto o tilintar da fatura se agiganta nos nossos ouvidos (só passaram três meses e já contamos 1700 milhões de euros de potenciais encargos públicos até ao final de 2021), o Governo vai brincando ao polícia bom e ao polícia mau, deixando transparecer uma aflitiva ausência de estratégia. Para o ministro Pedro Nuno Santos, as quatro rotas criadas recentemente no aeroporto do Porto (Amesterdão, Milão, Zurique e Ponta Delgada) são "um prejuízo para a TAP". Mas para o primeiro-ministro "a TAP não pode ser uma companhia de Lisboa, tem de ser uma companhia do país". A verdade, porém, é que a empresa de aviação que estamos a tentar resgatar do coma já deixou de ser um fator de coesão nacional para se transformar ninguém sabe bem em quê.

Há uma evidência inultrapassável: a TAP não é competitiva aos olhos dos clientes. Basta fazermos uma pesquisa rápida tendo como premissa os tais voos "deficitários" a partir do Porto para se perceber a enorme diferença de preços praticados pela companhia portuguesa e as suas concorrentes, em claro benefício destas (a escala obrigatória em Lisboa é outro desincentivo). Já para não falarmos da tibieza do argumento da taxa de ocupação, porque há voos a partir de Lisboa que conseguem ser bem mais ruinosos do que os do Porto, como provou, há dias, este jornal. Por isso, não é por repetirmos muitas vezes que a TAP é uma companhia decisiva para as exportações e para assegurar a ligação aos territórios da língua portuguesa (esse chavão cheio de pompa e cheio de ar) que ficamos convencidos de que não estamos perante a consumação de mais um vício caro do Estado. Num contexto internacional de enorme incerteza para o turismo e para a aviação, ninguém pode, em consciência, garantir que o risco que os contribuintes estão a correr será compensado. Eis-nos, então, neste beco sem saída: mesmo que a empresa se transforme num Novo Banco com asas, esta viagem é só de ida. Apertem os cintos.

*Diretor-adjunto

IMAGEM DO DIA | Cinema português, do caixão para a cova

Uma manifestante protesta durante uma iniciativa do Movimento Estudantil Pelo Cinema Português, no mesmo dia em que é votada na Assembleia da República uma Proposta de Alteração à Lei do Cinema, surgida na sequência de uma directiva europeia destinada a obrigar as plataformas de streaming a contribuir para o cinema e o audiovisual europeu, mas que faz exactamente o contrário.

Lisboa, 20 de outubro de 2020. 

António Pedro Santos / Lusa | em AbrilAbril

O dinheiro para o Novo Banco não faz falta?

Uma das guerras políticas do momento é a da aprovação, ou não, do Orçamento do Estado, o primeiro do atual ministro das Finanças, João Leão. Dentro dessa guerra há várias batalhas em curso e uma delas é a relativa ao financiamento do Novo Banco.

Pedro Tadeu | TSF | opinião

Na entrevista à TSF e ao Dinheiro Vivo deste Sábado, João Leão defendeu uma falácia inventada por Passos Coelho e Maria Luísa Albuquerque: a de que o financiamento ao Novo Banco nada custava aos contribuintes porque era feito pelo Fundo de Resolução. "O que o Estado fez no passado foram apenas empréstimos" disse o ministro, repetindo a ideia de que o Fundo de Resolução paga ao Estado, através da banca, juros por esses empréstimos. E isto serve para se voltar a passar a noção de que os contribuintes não perdem dinheiro com as ajudas ao Novo Banco.

O que vale é que, normalmente, pela boca morre o peixe: quando os jornalistas perguntaram quando é que os 275 milhões de Euros que o Orçamento de 2021 prevê de empréstimo ao Fundo de Resolução - para este entregar ao Novo Banco - acabam de ser pagos ao Estado, João Leão respondeu assim: "Temos um empréstimo que vai até 2046, se não estou em erro, e outro que ainda vai até uns anos depois."

Portugal | "Não é seguro fazer o teste, dar negativo e ficar tranquilo...

Para que se faz o teste? Para nada"

Perante as dúvidas de muitos, o presidente da associação dos médicos de família explica os casos em que se tem ou não de fazer testes à Covid-19.

É uma das dificuldades dos médicos de família nos últimos tempos: explicar aos utentes e eventuais contagiados com Covid-19 que, na maioria dos casos, quando não há sintomas, não têm nem devem fazer o teste.

"Acontece com todos e recorde-se que os médicos de família estão a seguir 97% dos casos ativos de Covid-19", explica o presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar. "Na verdade, nem sempre é fácil compreender a necessidade de fazer ou não um teste que é um teste de diagnóstico e não de rastreio", acrescenta.

Rui Nogueira explica à TSF que a norma da Direção-Geral de Saúde (DGS) é fazer isolamento cada vez que uma pessoa esteve em contacto próximo, menos de dois metros e durante mais de 15 minutos, com um doente; sem fazer o teste nos casos em que o eventual infetado não apresenta sintomas.

Vários utentes que passam por médicos de família estranham, mas o representante da classe sublinha que é isso que está previsto na norma e aquilo que tem lógica, pois um teste negativo hoje não significa que amanhã a mesma pessoa não esteja positiva, dando-lhe, pelo contrário, uma falsa sensação de segurança.

Os EUA não encontram aliados para travar guerra contra a China

Moon of Alabama*

Os EUA querem conter o crescimento económico da China e a sua posição no mundo

A administração Obama tentou estabelecer um eixo na Ásia através da construção de uma zona económica de baixas tarifas por meio da Parceria Trans-Pacífico (TPP). Isto excluiria a China. A administração Trump rejeitou o TPP e abandonou-o. Ela lançou uma guerra económica contra a China pelo aumento das tarifas sobre produtos chineses, proibição de fornecimentos de alta tecnologia aos fabricantes chineses e pela negação a empresas chinesas do acesso ao seu mercado.

Ela também tentou construir uma coligação militar que a ajudasse a ameaçar a China. Reavivou o Diálogo Quadrilateral de Segurança de 2007-2008 rebaptizando-o como Quad Consultivo EUA-Austrália-Índia-Japão. O objectivo era transformá-lo numa NATO asiática sob comando dos EUA:

O número 2 do Departamento de Estado dos EUA declarou antes da reunião do Quad que Washington pretendia "formalizar" os crescentes laços estratégicos com a Índia, Japão e Austrália no Fórum conhecido como "o Quad" – uma medida que os especialistas dizem estar implicitamente projectada para conter a China na região Indo-Pacífico.

"É uma realidade que a região Indo-Pacífico realmente carece de estruturas multilaterais fortes. Não existe nada da força da NATO ou da União Europeia", disse o vice-secretário de Estado dos EUA, Stephen Biegun, num seminário online à margem do Fórum de Parceria Estratégica EUA-Índia que se realiza anualmente.

"Certamente haverá um convite em algum momento para formalizar uma estrutura como esta", acrescentou.

Mas acontece que nem a Austrália, nem o Japão, nem a Índia têm qualquer interesse numa posição dura em relação à China. Todos olham para a China como um importante parceiro comercial. Sabem que qualquer conflito com a China lhes custaria muito caro.

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