«Vivemos hoje uma fase política insidiosa em que uma onda revanchista, inspirada na extrema direita populista, tudo aproveita numa sinistra manobra cujo objetivo final é o ajuste de contas com o 25 de Abril. Depois do aproveitamento da morte Marcelino da Mata, “uma operação de abutres” como certeiramente lhe chamou Matos Gomes ressurge, com idêntico carimbo, o Relatório das Sevícias.»
Pedro Pezarat Correia* | opinião
Entramos na semana do 11 de Março em que se somam 46 anos sobre o frustrado golpe de setores militares spinolistas que tinham na retaguarda, muitos sem o saberem, o MDLP e o ELP e visava inverter o processo revolucionário, impedir as eleições para a Constituinte e instaurar um “cesarismo” de poder pessoal. Culminou a contrarrevolução que se iniciara na própria noite 25 de Abril de 1974 com a emenda que Spínola, apoiado pela JSN, impôs ao Programa do MFA. As grandes roturas do PREC que aceleraram o ritmo da revolução foram, todas, mais do que iniciativas revolucionárias, respostas a golpes reacionários: Palma Carlos, 28 de Setembro, 11 de Março.
Vivemos hoje uma fase política insidiosa em que uma onda revanchista, inspirada na extrema direita populista, tudo aproveita numa sinistra manobra cujo objetivo final é o ajuste de contas com o 25 de Abril. Depois do aproveitamento da morte Marcelino da Mata (MM), “uma operação de abutres” como certeiramente lhe chamou Matos Gomes ressurge, com idêntico carimbo, o Relatório das Sevícias. Documento de 1976 foi, então, recebido com muitas reservas por membros do CR dada a óbvia intenção de salientar excessos em momentos críticos do PREC mas justificar os do 25 de Novembro.