domingo, 6 de junho de 2021

ATÉ QUANDO HAVEMOS PALESTINA?!...

Martinho Júnior, Luanda

NO CERNE DA IIIª GUERRA MUNDIAL

Poder-se-á conhecer e balancear a IIIª Guerra Mundial, enquanto continuada prática de conspiração não declarada, através de muitas trilhas, ou até por via do enredar dessas trilhas, mas em qualquer dos casos a questão da Palestina é fulcral, pois tem sido a Palestina o alvo mais continuamente fustigado pelo “hegemon” no seu compulsivo unilateralismo de guerra contra o Sul Global, desde a explosão das bombas de Hiroshima e Nagasaki, desde o último dia da IIª Guerra Mundial, já lá vão mais de 76 anos!...

Tanto pior por que o alvo Palestina faz reaproveitamentos de dispositivos anglo-saxónicos que tiveram que ver com o império colonial britânico tanto quanto com a vocação nazi!

Todo esse crime continuado redundante do império colonial britânico, é vincado na origem pela Declaração de Balfour, em completa submissão à aristocracia financeira mundial e ao sionismo, centrada numa das figuras mais representativas da época em termos de casas bancárias, ideologias e carácter dos estados, Lord Rothschild!

Assim a questão da Palestina é uma autêntica radiografia histórica e antropológica à natureza do poder dominante desde praticamente a sua origem, quando a Revolução Industrial determinou o império colonial britânico e a sua redundância na formação unilateral do “hegemon”, aproveitando as mais hediondas redes “stay behind” que alguma vez algum poder em seu próprio nome “recuperou”!

A Cúpula de Copenhague para a Democracia: Uma Revisão

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Christopher Black* | Strategic Culture Foundation

Suas conferências os revelam pelo que são, camisas pretas com sorrisos de tubarões. Mac the Knife está de volta à cidade. Esteja avisado. Esteja preparado.

Em 10-11 de maio, uma conferência foi apresentada pela “Aliança das Democracias” em Copenhague que alegou “unir os povos livres” contra o autoritarismo, para promover o Estado de Direito, para fazer avançar o “controle tecnológico da democracia”, a liberdade de expressão e Liderança dos EUA. Foi anunciado como um fórum para convidados ouvirem indivíduos proeminentes na "linha de frente da defesa da democracia".

Mas o verdadeiro propósito da Cimeira foi revelado pelo convite de abertura do 12º Secretário-Geral da OTAN (2009-2014) e 24º Primeiro-Ministro dinamarquês (2001-2009), Anders Fogh Rasmussen, que celebrou o facto de a primeira Cimeira em 2018 ter sido aberto por Joe Biden e pelo fato de ser moderado por Ryan Heath do Politico e ex-correspondente da ABC e da CNN, Jeanne Meserve, que se não eram membros da CIA, agiam como se fossem.

Em um vídeo de abertura, ainda em seu site convidando as pessoas a participar, Rasmussen afirma que os EUA são os “defensores da democracia” contra a opressão e imediatamente citou Bielo-Rússia, Mianmar, Hong Kong e Taiwan como lugares onde 'a democracia está ameaçada. ” Rasmussen desempenhou o seu papel de flautista dos propagandistas da OTAN até o fim e o pequeno público claramente roteirizado e presente atuou obedientemente junto.

Na abertura da conferência, Rasmussen afirmou mais uma vez que os EUA lideraram as “democracias contra o“ autoritarismo ”sem definir o que esta última palavra significa. Que governo não é uma autoridade? Que governo não tem leis e mecanismos de governo que os cidadãos devem seguir e obedecer? É o estado policial americano, o estado em que 3 pessoas são mortas pela polícia todos os dias, não um “estado autoritário” um estado em que apenas duas partes, quase sem diferença entre si, têm permissão para disputar o poder, e no qual os meios de comunicação são totalmente controlados pelos serviços secretos e sua ligação com os poderes corporativos que controlam o governo, não “autoritários”?

Arrogância americana, entre a retórica e o comportamento

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Al-Kassioun | Katehon

Nos últimos quatro meses, desde a posse do novo governo, a retórica dos EUA tem se caracterizado por uma escalada na maioria dos assuntos importantes no âmbito internacional, especialmente aqueles relacionados ao conflito com a Rússia e a China, seja através da OTAN ou dos diversos arquivos europeus , incluindo a Ucrânia e os dossiês do gasoduto, entre outros. Essa retórica é, em essência, uma continuação da retórica dos Estados Unidos durante a era Trump, embora alguns detalhes possam ser diferentes.

Por outro lado, o comportamento real, partindo da natureza do relacionamento com várias organizações internacionais, a presença militar no Afeganistão e no Iraque, o arquivo nuclear iraniano, a entidade sionista e outras questões, é um comportamento que não pode ser descrito como nada menos do que um comportamento defensivo ativo, senão um comportamento regressivo óbvio.

Tudo isso não pode esconder a verdade da contradição entre um discurso ofensivo (na relação com a Rússia e a China) e um comportamento defensivo ou mesmo regressivo, que requer uma compreensão de suas verdadeiras interpretações e implicações, pelo impacto em todo o mundo , e na Síria implicitamente:

Primeiro: a realidade do recuo do Ocidente em geral, e dos EUA implicitamente, fundamentalmente no sentido econômico, é um fato que nenhum discurso ou comportamento pode negar. Entre os vários indícios disso, a contribuição dos “Sete Grandes” para o PIB global caiu de 65% em 2000 para menos de 45% em 2020. Sabe-se que os pesos políticos e militares são, no final das contas, uma expressão intensa de pesos econômicos, portanto, reformular as relações internacionais como um todo a partir dos novos pesos no sentido econômico, é inevitável. Nesse sentido, o que se entende por intensificação da retórica de guerra é cobrir a retirada com pesadas bombas de fumaça, não para enganar os inimigos, mas principalmente para enganar os aliados e povos ocidentais, para atrasar seu afastamento da influência ocidental.

A máscara da "democracia liberal" cai com estrondo

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Pepe Escobar [*]

Nakba, 15/Maio/2021. Os historiadores do futuro assinalarão o dia em que a "democracia liberal" ocidental emitiu uma proclamação bem descritiva:  Bombardeámos gabinetes de imprensa e destruímos a "liberdade de imprensa" num campo de concentração ao ar livre ao mesmo tempo em que proibíamos manifestações pacíficas sob estado de sítio no coração da Europa.

E se se revoltar, nós o cancelamos.

Gaza encontra-se com Paris. O bombardeamento da torre al-Jalaa – um edifício eminentemente residencial que também abrigou os escritórios da al-Jazeera e da AP, entre outros – pela "única democracia no Médio Oriente" – está directamente ligado à ordem verboten executada pelo Ministério do Interior de Macron.

Para todos os efeitos práticos, Paris apoiou as provocações da potência ocupante de Jerusalém Oriental; a invasão da mesquita de al-Aqsa – efectuada com gás lacrimogéneo e granadas atordoantes; gangs de sionistas racistas que assediam e gritam "morte aos árabes"; colonos armados a agredirem famílias palestinas ameaçadas de expulsão das suas casas em Sheikh Jarrah e Silwan; uma campanha de bombardeamentos em tapete cujas vítimas letais – em média – são 30% de crianças.

As multidões em Paris não foram intimidadas. Desde Barbès até a Répúblique, elas marcharam nas ruas – o seu brado de guerra foi Israel assassin, Macron complice. Elas instintivamente entendiam que Le Petit Roi – um reles empregado do Rothschild – havia acabado de destroçar o legado histórico da nação que cunhou a Déclaration Universelle des Droits de L'Homme.

A máscara da "democracia liberal" continuou a cair reiteradamente – com a Big Tech imperial a cancelar obedientemente as vozes dos palestinos e dos defensores da Palestina em massa, em conjunto com um kabuki diplomático que só podia enganar aqueles já com morte cerebral.

A 16 de Maio, o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês Wang Yi presidiu a um debate do Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU) através de vídeo que foi bloqueado por Washington, incessantemente, ao longo de toda a semana. A China preside CSNU durante o mês de Maio.

O CSNU não conseguiu sequer chegar a acordo sobre uma mera declaração conjunta. Mais uma vez porque o CSNU foi bloqueado – covardemente – pelo Império do Caos.

Coube a Hua Liming, antigo embaixador chinês no Irão, por tudo em pratos limpos numa única frase:

"Os EUA não querem dar à China o crédito da mediação do conflito Palestina-Israel, especialmente no momento em que a China é a presidente do CSNU.

O habitual procedimento imperial é "conversar", "ofertas que não podem recusar" em estilo mafioso, com ambos os lados por baixo da mesa – como a combinação por trás do Crash Test Dummy [NT] , um sionista declarado que num terrível tweet da Casa Branca confessou "reafirmar" o seu "forte apoio ao direito de Israel a defender-se".

Liming enfatizou, correctamente, "esta é a razão chave pela qual qualquer solução ou cessar-fogo entre Israel e Gaza ou outras forças na região seria temporário".

Todo o Sul Global é incessantemente bombardeado pela retórica imperial dos "direitos humanos" – desde o vigarista condenado Navalny até falsos relatórios sobre o Xinjiang. Mas quando há uma catástrofe real de direitos humanos desencadeada pelo bombardeamento em tapete do colonizador aliado do colonialista, destacou Liming, "a hipocrisia e a duplicidade de padrões dos EUA são mais uma vez revelados".

Não existem democracias ou autocracias, apenas governos


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AndrewKorybko* | OneWorld

A divisão do mundo em “democracias” e “autocracias” é um reflexo impreciso da realidade. Existem apenas governos, e cada um tem elementos dessas duas categorias dentro deles, embora em graus diferentes dependendo das particularidades do modelo nacional atualmente em prática.

O presidente dos EUA, Joe Biden, disse aos militares americanos no final do mês passado que “estamos em uma batalha entre democracias e autocracias”. Ele também explorou sua história de extensos contatos pessoais com o presidente chinês Xi Jinping para retratar-se erroneamente como uma autoridade na visão global do líder chinês. Biden afirmou falsamente que o presidente Xi "acredita firmemente que a China, antes dos anos '30, '35, vai possuir a América porque as autocracias podem tomar decisões rápidas." Embora esses fossem apenas pequenos detalhes em um discurso muito mais amplo, eles merecem um exame mais detalhado porque revelam muito sobre os projetos geoestratégicos contemporâneos da América.

A liderança do país, liderada pelos democratas, é abertamente ideológica e considera o mundo dividido entre “democracias e autocracias”, com os EUA e a China liderando cada uma, respectivamente. O propósito de ver as coisas dessa maneira é estabelecer as bases ideológicas e estruturais para uma Nova Guerra Fria . Também serve como pretexto para os EUA pressionarem os países que não rendem seus interesses soberanos aos da América com a falsa base de que são “autocracias” que, portanto, presumivelmente exigiam (geralmente violenta) “democracia” apoiada pelos EUA. Em outras palavras, nada mais é do que retórica para disfarçar objetivos de política externa de interesse próprio.

A razão de ser tão ardiloso é porque realmente não existem mais democracias ou autocracias bem definidas, apenas governos. Teoricamente falando, a democracia em sua forma mais pura e clássica não existe em nível nacional em nenhum país. É impraticável que os cidadãos tenham a chance de votar em todas as decisões tomadas por todos os níveis de seu governo, daí a necessidade do que se chama de democracia representativa. Mas mesmo esse sistema é falho porque não há muito que possa ser feito antes do próximo turno das eleições para responsabilizar os políticos se mentirem para o povo durante sua campanha.

OCDE considera acordo tributário mundial do G7 "um passo histórico"

O secretário-geral da OCDE, Mathias Cormann, considerou hoje que o acordo do G7 para tributar grandes multinacionais e gigantes da internet é um "passo histórico" e a única forma de acabar com as "desigualdades".

"O consenso alcançado hoje pelos ministros das finanças do G7 sobre um nível mínimo de tributação global é um passo histórico em direção ao consenso global necessário para reformar o sistema tributário internacional", afirmou o secretário-geral da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) num comunicado onde considerou o acordo "pioneiro".

O novo presidente da OCDE, que esta semana substituiu o mexicano Ángel Gurría à frente da organização, lembrou que os governos de todo o mundo precisam de cobrar impostos para cobrir serviços públicos essenciais e apoiar os seus cidadãos de forma "eficaz, justa e igual".

"O efeito combinado da globalização e da digitalização de nossas economias gerou distorções e desigualdades que só podem ser tratadas com eficácia através de uma solução acordada multilateralmente", acrescentou.

Três países de leste são os campeões da corrupção... E Portugal?

Roménia continua a ser um dos países mais corruptos da União Europeia

Este ano partilha o último lugar da tabela com a Hungria e a Bulgária. 68% dos romenos consideram-se afetados pela corrupção no dia-a-dia. Esta é um dos temas que marcam o programa "Europa Minha" desta semana, na RTP3. -- RTP 

NR - Dos três países da União Europeia acima referidos ficamos a saber que está tudo como antes e que ali a corrupção é dona e senhora dos destinos daqueles povos sistematicamente enganados e roubados... Ocorreu-nos perguntar: e Portugal, como vai de corrupção? (PG)

Veja o programa RTPplay

Alemanha | Ministério quis distribuir máscaras inúteis a desfavorecidos

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Segundo imprensa, ministro alemão da Saúde considerou destinar artigos médicos de segurança incerta a moradores de rua, portadores de deficiência e receptores de ajuda social. Oposição critica político democrata-cristão.

Segundo a revista alemã Der Spiegel, no contexto da pandemia de covid-19, no primeiro trimestre de 2020 o Ministério da Saúde do país comprou 570 mil máscaras de proteção imprestáveis, no valor de 1 bilhão de euros. Mesmo segundo as regras especiais da União Europeia então vigentes, elas não estavam liberadas para uso antes de testes de laboratório.

O caso veio à tona no fim de março, com o agravante de que a transação bilionária com os artigos provenientes da China teria sido mediada pela firma Hubert Burda Media, para a qual o marido do ministro da Saúde, Jens Spahn, trabalha como lobista.

O novo capítulo do escândalo, revelado na sexta-feira (04/06) pelo mesmo veículo de jornalismo investigativo, é que a certa altura o órgão teria considerado distribuir entre moradores de rua, deficientes ou dependentes do programa de assistência social Hartz-IV os artigos sanitários de eficácia questionável contra o novo coronavírus.

No entanto, o Ministério do Trabalho, responsável pela segurança das máscaras, teria recusado seu aval. Assim, ainda segundo a Spiegel, as máscaras estariam estocadas nos depósitos da Reserva Nacional de Saúde, criada em novembro de 2020, para utilização na eventualidade de uma catástrofe. Caso contrário, serão destruídas após transcorrida a data de validade.

França - Mali: Paris suspende operações militares conjuntas com Bamako

Em resposta à tomada de poder do coronel Assimi Goita, Paris anunciou a suspensão temporária de sua cooperação militar com Mali.

O gesto diz muito sobre a percepção da França sobre a tomada de poder de Assimi Goita no Mali. Em 3 de junho, o Ministério da Defesa francês anunciou a suspensão temporária da cooperação militar com as autoridades malianas.

Linhas vermelhas

“Requisitos e linhas vermelhas foram definidos por Ecowas e a União Africana para esclarecer a estrutura da transição política do Mali. Cabe às autoridades do Mali responder rapidamente. Enquanto se aguarda estas garantias, a França, depois de informar os seus parceiros e as autoridades do Mali, decidiu suspender - como medida de precaução e temporária - as operações militares conjuntas com as forças do Mali, bem como as missões de aconselhamento nacional em seu benefício ”, disse o ministério.

Estas decisões, acrescentou, “serão reavaliadas nos próximos dias à luz das respostas fornecidas pelas autoridades do Mali”.

Em termos concretos, todas as missões operacionais conjuntas entre os soldados da força francesa Barkhane e as Forças Armadas do Mali (Famas) foram suspensas a partir de 3 de junho. “A mensagem é muito clara e muito concreta”, disse uma fonte francesa. “O presidente mostrou sua verdadeira face com suas declarações sucessivas. Esta decisão é o acompanhamento lógico. ”

Ataques racistas em França: Africanos protestam após morte de jovem

Um coletivo de associações de africanos em França convocou para este sábado, 5 de junho, na cidade de Saint-Étienne, uma manifestação contra o racismo.

Yusufa era um jovem gambiano, de 26 anos, que nos finais de maio foi morto à facada na cidade de Saint-Étienne, no centro-leste de França.

Imagens divulgadas nas redes sociais mostram um grupo de pessoas a atacar o jovem. Segundo informações da imprensa francesa, três homens, de origem arménia, foram detidos, e são acusados de "homicídio com armas, em grupo".

Suspeita-se que o ataque tenha motivações racistas.

A DW África conversou com o ativista angolano Virgílio Domingos, que faz parte de um coletivo de associações africanas em França, que marcou para este sábado (05.06) um protesto contra o racismo no país. No passado, houve casos semelhantes de agressões a cidadãos negros.

DW África: Como aconteceu a agressão ao jovem Yusufa?

Virgílio Domingos (VD): Yusufa era um jovem gambiano, de 26 anos. Vivia aqui na cidade de Saint-Étienne, numa residência para as pessoas que solicitam asilo em França.

No dia 26 de maio, depois de praticar desporto, de regresso a casa, debaixo do seu prédio, havia um grupo de arménios que estavam a beber, e, segundo testemunhas, o Yusufa cumprimentou-os. Os arménios interpretaram mal e pensaram que ele estava a gozar com eles.

Daí, houve uma luta, e ele foi agredido por um grupo de cinco ou seis pessoas, que o esfaquearam. Sofreu entre quatro a cinco facadas.

Já com ele caído no chão, o grupo continuou com as agressões e insultos, até que mais tarde foi levado para o hospital, onde viria a falecer. 

DW África: O jovem já havia sido vítima de outras agressões, mesmo não sendo agressões físicas?

VD: Segundo as pessoas mais próximas dele, ele era um jovem sem problemas com ninguém. Era um jovem simples, desportista e pai de uma filha. Acho que foi mesmo vítima de um crime racista, não temos outra explicação para o que aconteceu. 

DW África: Como é que as autoridades francesas estão a conduzir o caso?

VD: Tiveram uma boa reação. Já há três pessoas detidas, dos quais um pai e filho de 62 e 32 anos de idade respetivamente, e o outro detido tem 28 anos. E já há um juiz de instrução que está a trabalhar no caso.

DW África: O que se sabe sobre a vida do jovem Yusufa em França?

VD: Yusufa já vivia aqui há quatro anos. Ainda estava à espera da resposta ao seu pedido oficial de asilo. Portanto, não tinha direito a trabalhar, mas se ocupava. Conheceu uma parceira aqui e juntos tiveram uma filha de dois meses. Era uma pessoa que estava a preparar o seu futuro.

DW África: Há casos semelhantes de agressão a negros em França, alguns dos quais muito recentes. Como é a realidade vivida pela comunidade negra em França?

VD: Eu falo da cidade de Saint-Étienne, que é uma pequena cidade próxima de Lyon, onde nos últimos 15 anos podemos contabilizar quatro casos de ataques racistas, mas nunca houve registo de mortes.

DW África: Mas em cidades maiores estes casos são mais frequentes?

VD: Exatamente. Por isso é que estamos a organizar uma grande manifestação, para denunciar essa atitude criminal e para que seja a última vez que este tipo de crime acontece aqui em Saint-Étienne contra a comunidade africana e negra. Depois haverá uma luta jurídica, em que a Justiça francesa deve demonstrar que protege a comunidade afrodescendente.

Thiago Melo | Deutsche Welle

Graças a Bolsonaro: Brasil muito perto de meio milhão de mortes por covid-19

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Brasil registra mais 1.689 mortes por covid-19

Número acumulado de mortes passa de 472 mil. País também contabiliza mais 66 mil novos casos da doença neste sábado. Total passa de 16,9 milhões.

O Brasil registrou oficialmente neste sábado (05/06) 1.689 mortes ligadas à covid-19, segundo dados divulgados pelo Conselho Nacional de Secretários da Saúde (Conass).

Também foram confirmados 66.017 novos casos da doença. Com isso, o total de infecções no país chega a 16.907.425, e os óbitos somam 472.531.

Diversas autoridades e instituições de saúde alertam, contudo, que os números reais devem ser ainda maiores, em razão da falta de testagem em larga escala e da subnotificação.

O Conass não divulga número de recuperados. Segundo o Ministério da Saúde, 15.239.692 de pacientes haviam se recuperado da doença até sexta-feira.

Em números absolutos, o Brasil é o segundo país do mundo com mais mortes, atrás apenas dos Estados Unidos, que somam mais de 597 mil óbitos. É ainda o terceiro país com mais casos confirmados, depois de EUA (33,3 milhões) e Índia (28,6 milhões).

Já a taxa de mortalidade por grupo de 100 mil habitantes subiu para 224,9 no Brasil, a 10ª mais alta do mundo, quando desconsiderado o país nanico de San Marino.

Ao todo, mais de 172,7 milhões de pessoas contraíram oficialmente o coronavírus no mundo, e 3,71 milhões de mortes associadas à doença foram notificadas.

Deutsche Welle | jps (ots)

Brasil | Ações contra colunistas ligam alerta sobre cerco a intelectuais

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Dois casos envolvendo respeitados acadêmicos, com coluna no maior jornal do país, mostram como instituições brasileiras podem ser usadas como ferramenta intimidatória a críticos do bolsonarismo.

Aliados de Jair Bolsonaro têm usado as instituições brasileiras como ferramenta para ofensiva jurídica e intimidatória a intelectuais críticos do governo e do bolsonarismo. A prática da perseguição política não está abertamente disseminada nem é institucionalmente estabelecida no Brasil, mas casos pontuais reproduzem o modus operandi de governos totalitários e autocráticos pelo mundo afora. 

Dois casos ocorridos no mês passado tiveram grande repercussão pelos mecanismos heterodoxos na tentativa de reprimir a liberdade de expressão de críticos do presidente e de seu séquito. Um deles envolve o professor de direito constitucional da USP Conrado Hübner Mendes, doutor em direito e ciência política, colunista do jornal Folha de S.Paulo, e tem como algoz o procurador-geral da República, Augusto Aras. 

O outro foi uma ação de dois senadores bolsonaristas na CPI da Pandemia que utilizaram a Polícia do Senado para tentar punir Celso Rocha Barros, doutor em sociologia pela Universidade de Oxford. Assim como Conrado Hübner, Rocha Barros também é colunista na Folha de S.Paulo, veículo de imprensa que tem se posicionado de maneira crítica ao atual governo.

Brasil | Bolsonaro e seu novo gabinete do ódio

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O ex-ator Mário Frias e a malhação do trabalho sujo

Se você achou que a encenação nazista do ex-secretário Roberto Alvim foi o pior que poderia acontecer para o que sobrou de ministério da Cultura no Brasil, temos uma má notícia. Acabou a era da performance, começou a da canetada. E já que o gabinete do ódio foi desmontado (ao menos por ora) pelo STF e pelo Sleeping Giants, o bolsonarismo organizou outra tropa de choque digital para destruir os que eles taxam de inimigos.

Outrora responsável por políticas de fomento e democratização da cultura – que iam de discussões sobre economia aos pontos de cultura, passando por uma profunda discussão sobre direitos autorais –, a pasta de Cultura foi restrita a uma secretaria insossa, que funciona sob o ministério do Turismo. Mas antes fosse só a morte por inanição. O que descobrimos é algo muito pior. O bolsonarismo, vocês sabem, não se contenta em ser pouco ruim.

A secretaria de Cultura comandada pelo ex-ator Mario Frias está usando a máquina pública para defender blogueiros, youtubers, manipuladores e mentirosos em geral que propagam o discurso do presidente.

O ato mais grotesco rolou no último mês: é lá que está sendo gestado o bizarro decreto para proibir as redes sociais de apagar posts. Alegando ser uma posição "contra a censura", o governo decidiu, do dia para a noite, mudar o Marco Civil da Internet, uma lei que foi discutida por cinco anos para estabelecer direitos e deveres para cidadãos e empresas. Na nova proposta, Facebook, Twitter, YouTube e outras redes sociais não poderão mais apagar posts dos usuários – só após uma decisão judicial. Conseguem imaginar o tamanho desse buraco? Sem a canetada de um juiz, um vídeo ensinando, por exemplo, a fazer nebulização com cloroquina pode ficar no ar por meses, e matar pessoas.

Isso praticamente extinguiria a moderação das redes sociais. Hoje, elas têm diretrizes de comunidade e regras que tentam impedir discurso de ódio e violência. Também têm medidas para tentar diminuir o alcance de notícias falsas e desinformação sobre covid-19, apagando posts que espalham mentiras. E nós sabemos que elas falham – e muito – tentando deixar nossa timeline saudável.

Colômbia: a insurreição desmortifica as cidades

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Em mais um país latino-americano sublevado, arte e política encontram-se. Medellin: multidões pintam muros gigantes com grafittis contra a extrema-direita. Exército reage atônito, apenas para desmoralizar-se ainda mais. Rebelião avança

Santiago Rodas* | Outras Palavras | em La Ración | Tradução: Simone Paz

Os blocos com mensagens pintadas surgiram nas ruas como uma reação à violência policial. O primeiro, em setembro de 2020, em plena pandemia, dizia: “Estão nos matando”, em um muro de mais de duzentos metros de comprimento. As cores amarelo, preto e vermelho quebravam a paisagem cinza de um muro de contenção. A mensagem era potente.

Dias antes, a polícia havia assassinado um homem em Bogotá; então, nas noites seguintes, as pessoas se manifestaram nas ruas contra o homicídio e a força pública; e, em resposta, veio um massacre. Oito pessoas perderam a vida protestando contra a morte de Javier Ordóñez. Policiais armados, atuando como paramilitares, reprimiram o protesto e dispararam contra os manifestantes, cujas armas se limitavam a pedras encontradas pelo caminho.

Os muros também protestaram, havia desde bombas e frases rápidas até peças mais elaboradas nas paredes. Formaram-se grupos e equipes, as diferenças entre os pintores de rua foram esquecidas e a mensagem foi dada ao norte da cidade de Medellín. Com essa ação, um precedente foi semeado. Uma passagem foi aberta: era possível gerar mensagens gigantescas em resposta às atrocidades cometidas pelas forças do estado. Mais tarde, toda a Colômbia respondeu com muros em outras cidades: Bogotá, Cali, Manizales.

Racista? Eu?!

Joana Amaral Dias* | Diário de Notícias | opinião

António Costa e Eduardo Cabrita agora encerram os migrantes sem papéis na prisão de Caxias, uma decisão que, caso fosse tomada por algum político de direita seria inevitavelmente lida como um atentado aos direitos humanos. E com razão. A forma como uma sociedade gere e lida com os estrangeiros (sobretudo os pobres) é um excelente barómetro para avaliar o seu grau civilizacional.

Assim, podemos dizer que, entre os escravos de Odemira, as pensões de Lisboa lotadas de explorados asiáticos ou este recurso a instalações prisionais, respeito pela dignidade humana é coisa que não abunda para os lados do Ministério da Administração Interna. Aliás, para o Primeiro-Ministro, estrangeiro remediado ou rico (como os ingleses da Liga dos Campeões ou os chineses e americanos dos vistos gold ou isenções fiscais) é estrangeiro luxo. Estrangeiro pé descalço é lixo. Por isso, fecha-os a sete chaves, dissemina a ideia que, à partida, os migrantes devem ser tratados como suspeitos ou criminosos e acha legítimo privar uma pessoa da sua liberdade sem que qualquer crime tenha sido cometido (quase 90% das pessoas detidas pelo SEF apenas apresentaram irregularidades na documentação e nem cometeram crimes nem ameaçaram a segurança nacional).

Pior é que esta opção é recorrente e já no ano passado este executivo deteve vários grupos que chegaram à costa algarvia vindos do Norte de África no estabelecimento prisional do Linhó, sem sequer oportunidade de recorrer a advogados, de apresentar pedidos de Asilo Internacional e sem terem sido notificados para o abandono voluntário do território nacional, quando poderiam, se desejassem, requerer autorização de residência. Ou seja, nesta política não mora excepção. Há padrão. E é terrível.

Salvo raras e extremamente tímidas vozes, estas alarvidades têm passado pelo crivo de muitos supostos activistas, humanistas, da comunicação social e da maioria dos bem-pensantes sem qualquer dificuldade. Aliás, a elite lusa condói-se com a imagem de Luna Reyes, voluntária da Cruz Vermelha espanhola a abraçar um imigrante exaurido, mas engole chuvas bíblicas de sapos e pouco se insurge com os nepaleses, romenos, brasileiros ou paquistaneses traficados em solo português com ou africanos encarcerados por António Costa.

Parece que está há anos planeado um centro de habitação e alojamento temporário para estrangeiros sem papéis em Sintra. Arrasta-se e adia-se. Está visto que não é uma prioridade dar-lhes condições condignas de habitabilidade que respeitem liberdades e garantias. Mas no dia em que for um líder de extrema direita ou um populista popularucho de cabeça infecta a propor a prisão de "imigrantes ilegais" seguida de expulsão liminar, quem apoia e tem apoiado este governo, há-de arrancar as vestes, os cabelos e bater forte no peito, alheia ao facto de ter aberto o caminho e estendido a passadeira vermelha a todo o tipo de demagogias e de autoritarismos. Que dirá então a Geringonça e os arautos da solidariedade social? "Fui o primeiro a agir quando muitos estavam distraídos. Bem-vindos, bem-vindos ao combate pela defesa dos direitos humanos", tal com disse Cabrita na sequência da morte de Ihor Homeniúk, o cidadão ucraniano torturado até à morte no Aeroporto de Lisboa? É isso que dirão? Ou apenas se calarão?

*Psicóloga clínica. Escreve de acordo com a antiga ortografia

Portugal | Sondagem: PS cimenta liderança apesar da queda de Costa

PSD volta a bater no fundo (24%) e está agora a 15 pontos dos socialistas (38,9%). BE também regista perdas (8%), mas mantém o terceiro lugar, à frente do Chega (7%), de acordo com a sondagem da Aximage para o JN, DN e TSF.

A popularidade de António Costa está em queda, mas o desgaste do líder não afeta as intenções de voto no PS que, se houvesse hoje eleições legislativas, teria 38,9%, de acordo com a sondagem da Aximage para o JN, DN e TSF. Os socialistas voltam a valer mais do que a soma de todos os partidos da Direita, graças a um novo tropeção do PSD, que perde dois pontos face a abril (24%). À Esquerda, as notícias também não são boas, com o BE a perder mais de um ponto (8%), apesar de manter o terceiro lugar, à frente do Chega (7%). Seguem-se a CDU (5,7%), Iniciativa Liberal (5,2%), PAN (3,7%) e CDS (1,4%).

O fosso que separa o PS do PSD alargou-se para os 15 pontos percentuais, depois de um mês em que os primeiros subiram umas décimas na projeção de resultados eleitorais, enquanto os segundos caíram um pouco mais de dois pontos. Se os sociais-democratas ficassem neste patamar em eleições, seria o seu pior resultado de sempre (ao nível dos 24,4% das eleições de 1976). Quanto aos socialistas, ficariam três pontos acima dos resultados de 2019, mas longe dos 44% de Guterres e dos 45% de Sócrates, a única vez que conseguiram uma maioria absoluta na Assembleia da República.

A resistência eleitoral do PS é ainda mais significativa quando se percebe que a popularidade de António Costa sofreu um abalo significativo. Apesar de ser o único líder com um saldo positivo, viu a margem estreitar-se, seja na avaliação como secretário-geral , seja na apreciação enquanto primeiro-ministro. A melhor explicação para o paradoxo talvez seja a desconfiança dos portugueses na alternativa. Porque Rui Rio, que já partia de um patamar negativo, se afundou de forma ainda mais abrupta do que Costa.

Direita melhor do que em 2019

Uma das consequências dos percursos divergentes dos dois principais partidos é que o fosso entre os conjuntos da Esquerda e da Direita já ultrapassa os 15 pontos percentuais. Sendo significativo, são menos três pontos do que o que se verificou nas últimas eleições legislativas. E talvez seja assim porque a relação de forças à Direita deixou de ser a mesma, como se vai comprovando de barómetro para barómetro.

O bloco político que vai do PSD ao Chega, e que se reuniu em maio sob o guarda-chuva do Movimento Europa e Liberdade, soma agora 37,6 pontos percentuais, menos um do que em abril e menos dois do que o pico alcançado em fevereiro passado (39,5%). Mas são mais três pontos do que nas últimas eleições (e mais um do que a coligação liderada por Passos Coelho e Portas em 2015). A chamada nova Direita parece ter potencial para acrescentar alguns votos e não apenas para dividi-los.

Com o PSD a perder pontos para o PS e para a sua Direita (ver mapa de transferência de votos), o Chega, apesar do ligeiro desgaste sentido este mês, continua a ser o partido com maior crescimento desde as eleições de 2019 (quase seis pontos); enquanto o Iniciativa Liberal ganha também umas décimas e está a crescer quase quatro pontos face às últimas legislativas. Os liberais, os sociais-democratas e, sobretudo, os radicais de Direita de André Ventura são os grandes responsáveis pela atual irrelevância do CDS (mesmo que os centristas ganhem um ponto percentual de abril para maio).

Esquerda continua nos 53%

O panorama à Esquerda é bastante mais estável. A soma atual dos três partidos que formaram a "geringonça" é de 53 pontos, o mesmo que conseguiram nas últimas legislativas. Se ao bloco se juntar o PAN, que tem ajudado a viabilizar os orçamentos do Governo socialista, são quase 57 pontos percentuais.

Ainda assim, a relação de forças não é exatamente a mesma, notando-se que os socialistas estão a corroer os seus parceiros. A começar pelo Bloco de Esquerda que, depois de um ciclo de três meses sempre a crescer, sofre uma quebra superior a um ponto, em nada beneficiando do facto de ter realizado a sua Convenção (o equivalente ao Congresso dos outros partidos) durante o mês de maio.

Os comunistas, apesar de uma notável estabilidade (rondam sempre os seis pontos em todos os barómetros), também não têm razões para sorrir: continuam alguns degraus abaixo dos rivais bloquistas e a perder algumas décimas em relação às últimas legislativas, em que já tinham registado o seu pior resultado de sempre.

Parceiro ocasional da Esquerda, o Pessoas-Animais-Natureza conseguiu este mês inverter uma tendência de queda e volta a ultrapassar o patamar das eleições de 2019. Um bom prenúncio nos dias em que substitui o "histórico" André Silva por Inês Sousa Real.

Jogo da confiança

A confiança em António Costa para primeiro-ministro caiu três pontos, para os 52%. Mas Rui Rio também está em queda e vale agora 15% (menos cinco que o máximo de 20% conseguido em fevereiro).

Diferenças de género

Há diferenças de género significativas nos eleitorados dos partidos: PS (mais nove pontos), PSD (mais cinco) e BE (mais três) são mais femininos; Chega (mais nove pontos) e liberais (mais seis) são marcadamente masculinos.

Mais velhos com o PS

O PS tem uma vantagem muito grande entre os eleitores mais velhos (47,8%), mesmo que este mês estes mesmos cidadãos tenham sido bastante mais críticos na avaliação a Costa.

Números

25,4%

Os dois partidos clássicos do Centro-Direita somam, este mês, 25 pontos. A última vez que PSD e CDS concorreram juntos, em 2015, somaram quase 37 pontos.

12,2%

A nova Direita formada pelo Chega e Iniciativa Liberal está um pouco acima dos 12 pontos. São quase mais 10 pontos do que nas legislativas de 2019.

13,7%

À Esquerda, BE e CDU somam quase 14 pontos, menos dois do que nas legislativas de 2019 e ainda mais longe dos 18,5 pontos que conseguiram em 2015.

Rafael Barbosa | Jornal de Notícias

O ABUTRE

Henrique Monteiro, em HenriCartoon

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