RUPTURA
Martinho Júnior, Luanda
UMA REFLEXÃO NECESSÁRIA DAS
RAZÕES PORQUE “A LUTA CONTINUA” DESDE A SAGA ANTICOLONIAL, AO
ANTIIMPERIALISMO INTERNACIONALISTA DE NOSSOS DIAS
Tendo como pano de fundo a
narrativa histórica sobre a Aliança Contra os Rebeldes Africanos, o tema do
livro “Alcora – o acordo secreto do colonialismo”, de Aniceto Afonso e
Carlos de Matos Gomes, conduz-nos à necessidade de dialética para a compreensão
dos fenómenos históricos, porque não bastam “os esforços” de
narrativa histórica de natureza estruturalista, por muita clarividência que ela
comporte e é imperativo que os historiadores não caiam na tentação da
propaganda avulsa ao sabor dos interesses e conveniências de quem paga mais,
conforme tem acontecido em Portugal em muitas questões relacionadas com Angola,
a ponto de haver evidências de não se ter feito ainda a descolonização mental
ao nível das possibilidades e exigências do século XXI!
O “soft power” sob a
égide do “hegemon” tem dado para tudo, pelo que o materialismo
dialético, pela sua honestidade e probidade na abordagem entre contraditórios,
é a via capaz de balancear entre civilização e barbárie, uma via que não pode
mais ser menosprezada por razões vitais inerentes à própria humanidade e ao
respeito que a todos deve merecer a Mãe Terra, (muito menos quando o assunto é
ruptura, libertação e vida!)…
A probidade escapa entre os dedos
dos que são levados a não preferir um exercício abrangente entre
contraditórios, capaz de fazer a leitura das razões profundas da ruptura, da
libertação e da vida, com os sentidos que tanto têm a ver com a perspectiva
global de relações justas e equânimes entre as nações, os estados e os
povos!...
01- Poucos são os que se debruçam
com a necessária profundidade sobre o tema da ruptura em relação ao
colonialismo, ao “apartheid” e às suas sequelas em África e ainda
menos os que explicam a constante tentativa de aproveitamento ao serviço
do “soft power” correspondente aos interesses e conveniências
do “hegemon” e seu cortejo de implicações, ingerências, manipulações,
vassalagens, “emparceiramentos” e jogos operativos que passaram a
integrar desde o início da década de 90 do século XX os argumentos tácitos
subjacentes (correntes) ao domínio sobre o Sul Global, nos termos da não
declarada IIIª Guerra Mundial.
O tema de ruptura deveria merecer
não só muito mais atenção, uma vez que há questões a levantar tendo em conta a
complexidade da dialética histórica a abordar, mas também porque, as visões
estruturalistas tendem a monopolizar (tornando unilaterais) as opções “acomodadas” dos
historiadores: é mais que evidente que eles estão a colocar os acontecimentos
cada vez mais em função dos factores de domínio, “compartimentando”, por
vezes porque é muito mais fácil o recurso aos fundamentos documentais e aos
depoimentos onde há registos, acabando duma forma ou de outra por correr o
risco de inibir, diluir ou excluir as opções com as sensibilidades, as opções e
os olhos do Sul Global!
Ai dos historiadores que não se
sentem mi9nimamente incomodados, por múltiplas razões!
A maior parte dos que se debruçam
sobre a história constroem narrativas unilaterais e dessas “iniciativas
louváveis” (que tanto têm a ver com a superestrutura ideológica do
domínio), há os que “alegremente” foram tentados a compor as
partituras das campanhas mediáticas e a propaganda ao sabor e dispor de
interesses e conveniências que traduzem “soft power” ao serviço
do “hegemon”.