domingo, 11 de julho de 2021

Líder histórico poderá ser candidato às presidenciais de Timor-Leste

M. Azancot de Menezes*

O líder histórico da Resistência Timorense, antigo Comandante das Forças Armadas de Libertação Nacional de Timor-Leste (FALINTIL), está a ser impulsionado e poderá ser candidato nas próximas eleições presidenciais em Timor-Leste. Esta vontade foi defendida hoje em Conferência de Imprensa por sete organizações timorenses que integram a UMDP.

À medida que a data das próximas eleições presidenciais agendadas para Março de 2022 se aproxima, partidos e outras organizações políticas começam a posicionar-se e a assumir compromissos públicos em relação aos possíveis candidatos presidenciais.

Efectivamente, de forma mais ou menos insinuada, há registos na comunicação social de figuras políticas e de militares a mostrarem disponibilidade para serem candidatos presidenciais. Uns, para desistirem a meio da corrida e prestarem indicação de voto na véspera do acto eleitoral, como deverá ser o caso de Armanda Berta dos Santos, deputada do Partido Kmanek Haburas Unidade Nasional (KHUNTO), e outros, na (ilusória) expectativa de serem eleitos ou reeleitos, caso de Francisco Guterres / Lu‘Olo, actual presidente da República e também Presidente da Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente (FRETILIN).

Uma breve leitura cronológica sobre os resultados das eleições presidenciais em Timor-Leste, após Xanana Gusmão ter deixado a Presidência da República em 2007, e depois de ter vencido em 2002 com uma vitória histórica, permite deduzir uma leitura que me parece pacífica e óbvia.

A ilação incontestável a retirar é que os candidatos às eleições presidenciais agendadas para 2022, para serem eleitos, a história recente assim o demonstrou, terão que ter o apoio directo do Líder histórico da Resistência timorense, Kay Rala Xanana Gusmão.

De facto, esta situação aconteceu com José Ramos Horta, só venceu em 2007 porque beneficiou deste apoio, tendo perdido em 2012, a favor de Taur Matan Ruak. O mesmo sucedeu com o actual Presidente da República Francisco Guterres / Lu’Olo, perdeu em 2012, tendo ficado em 2º lugar, e só venceu em 2017 porque beneficiou do apoio de Kay Rala Xanana Gusmão.

ANGOLA, RUPTURA, LIBERTAÇÃO E VIDA – V

A LIBERTAÇÃO FOI E É PELA VIDA

Martinho Júnior, Luanda

UMA REFLEXÃO NECESSÁRIA DAS RAZÕES PORQUE “A LUTA CONTINUA” DESDE A SAGA ANTICOLONIAL, AO ANTIIMPERIALISMO INTERNACIONALISTA DE NOSSOS DIAS

O longo período de colonialismo em África, foi a negação da vida e dos direitos mais elementares para os povos autóctones do continente africano.

Desde a implantação do 1º padrão na costa angolana, pelo navegador português Diogo Cão em 1482 que o domínio colonial, a pretexto da ideologia camoniana da dilatação da fé e do império, se abateu sobre os africanos impondo intermináveis guerras de penetração na direcção do interior, o dilacerar de todo e qualquer tecido humano que essa penetração encontrasse pelo caminho, impondo tribalismo, racismo, tensões de toda a ordem, conflitos e genocídios, tal como os do Congo e da Namíbia, impondo quatro séculos de escravatura seguidos duma máquina colonial que só em alucinações desesperadas tentou alterar os relacionamentos, na ilusão de aliciar apressadamente para a causa que de facto não queriam abandonar, os angolanos, por via da africanização duma guerra que estava de antemão historicamente perdida.

O comércio triangular, além das implicações que teve para a formação das potências coloniais, colocou Portugal numa rede de influências que conduziram, no seu cômputo, toda a Europa a gerar uma visão elitista eurocêntrica do mundo e da vida, uma visão que jamais se desvaneceu, pelo contrário: possui, em função do seu carácter, fortes amarras, entre elas as da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO na sigla em inglês), porque o eurocentrismo foi elevado à fasquia da própria cultura de que se nutriam as poderosas oligarquias europeias de geração em geração por via dos seus processos exclusivistas de domínio feudal desde que puseram pé em territórios do Sul Global, particularmente em África, provocando por acumulação de capital, a forja duma aristocracia financeira mundial instalada em ambas as margens do Atlântico Norte, arquitectando império e hegemonia unipolar.

A africanização da guerra, o último dilema parido pelo âmbito do Exercício Alcora durante esse cinzento desespero de causa colonial-fascista, servia apenas aos interesses do império e de suas elites avassaladas e era efectivamente contra os povos português, angolano, moçambicano e os povos da África Austral, o da África do Sul incluído.

Ao africano foi negada a liberdade, foi negada a autodeterminação, foi negada a hipótese de independência, de qualquer exercício de soberania, foi quantas vezes negada até a vida, sob o cínico rótulo de dilatação da fé e do império.

A história para essas elites é um contínuo exercício de cinismo e hipocrisia: elas exercem o poder dominante duma forma dialética (e por isso a IIIª Guerra Mundial do “hegemon” contra o Sul Global), mas servem a frio o cardápio do estruturalismo porque é com ele que querem propositadamente entorpecer mentalmente os outros, torna-los dóceis, vulneráveis, confundidos e dispostos a ficar à sua mercê, contrariando com isso a lógica com sentido de vida!

A barbárie continua a ser completa em nome da civilização e é essa barbárie que ainda hoje o “hegemon” pretende perpetuar, coartando ou relativizando ao máximo. o direito à autodeterminação, à independência e à soberania dos povos, escalando para sua formatação mental “direitos humanos” de sua própria autoria e feição “soft power”, que resultam de facto em milhões e milhões de humanos sem direitos por todo o Sul Global.

Dois tipos de política estrangeira

O filósofo Aristóteles formou o Imperador Alexandre o Grande ensinando-o a respeitar as culturas e os dirigentes dos países conquistados. O seu império, tão particular, jamais explorou os seus súbditos. (na imagem)

Thierry Meyssan*

A política estrangeira visa prevenir os conflitos com os vizinhos e em desenvolver relações pacíficas. No entanto os Ocidentais abandonaram este objectivo para adoptar a promoção dos seus interesses colectivos em detrimento dos outros actores.

Nas relações internacionais, todos os séculos são marcados pelas iniciativas de alguns homens de excepção. A maneira como eles encaram as relações externas do seu país repousa sobre princípios comuns.

Tomemos como exemplos recentes os casos do Indiano Jawaharlal Nehru, do Egípcio Gamal Abdel Nasser, do Indonésio Sukarno, do Chinês Chou Enlai, do Francês Charles De Gaulle, do Venezuelano Hugo Chávez, e hoje em dia do Russo Vladimir Putin ou do Sírio Bashar al-Assad.

O que são regras internacionais?

David Chan* | Plataforma | opinião

Os argumentos que os países ocidentais oferecem para conter a China e a Rússia são semelhantes. O mais comum passa por acusar ambos os países de quebrarem regras internacionais. Todavia, quando procuramos estas regulamentações, descobrimos que não existem, de facto, “regras internacionais”.

Em termos legais, para um país seguir qualquer norma internacional, tem de ter assinado um acordo nesse sentido. Ou seja, mesmo a “Declaração Universal dos Direitos Humanos” das Nações Unidas não pode ter efeito sobre países que não fazem parte da organização. Porém, alguns países ocidentais escolhem ignorar estas leis e princípios. Seguem apenas a estratégia de “atacar primeiro”, que se mostrou eficaz ao longo da história, e a suposta ordem internacional para fazer com que a China e a Rússia se verguem perante “regras” que não existem. Após uma Cimeira EUA-Rússia repleta de agitação, Biden afirmou que as relações entre os dois países podem agora retomar a normalidade, embora na condição de que a Rússia corrija os respetivos erros. No entanto, Biden não é capaz de partilhar que erros são estes e que regras a Rússia violou. Se não sabem os erros cometidos, como podem corrigi-los? É tudo decidido pelo Ocidente. São estes que decidem se a correção foi errada ou está incompleta. Resumindo, para as forças do Ocidente, como a Europa e os EUA, são eles que decidem as regras internacionais. Justificadamente ou não, tudo tem de estar de acordo com os respetivos interesses. 

O maior problema são as regras do Ocidente. Mesmo que existam de facto regras específicas, receio que as forças ocidentais prefeririam usar o próprio poder de interpretação para as manipular e obrigar outros países a adotarem uma posição passiva. 

Outro exemplo disso acontece quando o Ocidente acusa a China ou a Rússia de quebrar as regras, sem especificar quais. Referem-se a algum tratado internacional? Ou será que em discussões internacionais o Ocidente faz grandes propostas vazias de igualdade, democracia e liberdade, “regras internacionais”, como pretexto para manter o bloco numa posição invencível no panorama do desenvolvimento internacional? O Ocidente deve reconhecer que estas regras concretas não existem, e com uma mudança internacional de contexto e liderança, estas regulamentações devem também sofrer alterações.  

*Editor Senior do Plataforma (na imagem)

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