quinta-feira, 19 de agosto de 2021

Angola | Tiros no alvo e ao lado

Luciano Rocha* | Jornal de Angola | opinião

As declarações, ao nosso jornal, a propósito de 46º aniversário da implementação da Banca angolana, de quatro experientes ex-trabalhadores do sector, não trazendo a público nada surpreendente, lembram, ao menos, algumas causas das fragilidades do país.

As afirmações dos quatro têm o condão de avivar memórias, mas, também, explicar aos mais novos algumas das razões pelas quais Angola, em pleno século XXI, continua a ser um país adiado, onde as diferenças sociais continuam a acentuar-se de forma vincada, tão distante da Pátria da fraternidade, sem tantos ricos, parte substancial deles sem conseguirem explicar origens honestas das fortunas que ostentam e escondem, nem pobres, sem nada para mostrar ou esconder, a não ser sinais de miséria.

As afirmações dos quatro antigos bancários - Generoso Almeida, José Augusto, Wilson Benje, Rui Fortes - são elucidativas quanto ao estado desastroso a que chegou, na generalidade, o sector do qual eles fizeram parte, excepções a comprovarem que não há regras sem elas.

No Moxico combustível só "jorra" para o MPLA?

Angola | No Moxico combustível só "jorra" para propaganda do MPLA?

População do Moxico anda aborrecida com a falta de combustível. Mas o liquído não falta para o partido que governa quando se trata de preparação eleitoral. A Sonangol fala em soluções, mas sem mencionar datas.

No âmbito da mobilização partidária para a preparação das eleições gerais de 2022, entre 6 e 7 de agosto, a vice-presidente do MPLA, partido que governa, Luísa Damião, fez com que o governo local distribuísse, gratuitamente, gasolina aos taxistas para que estes participassem da sua passeata.

Os populares criticaram o gesto do MPLA, alegando injustiça e favoritismo. Desconfiam que a situação da falta de combustível só vai melhorar na véspera da campanha eleitoral para "fazer a cabeça" dos angolanos, tudo em prol do voto.

Honório Manuel, um dos contemplados pelo combustível gratuito, desabafa dizendo que a falta de gasolina tem causado problemas. "Quando o Governo vem aqui, uma comissão de Luanda, disponibiliza gasolina de favor e quando vai o povo fica a sofrer”, diz. E ainda conta que em média uma pessoa tem de acordar às três horas da manhã para ir para a fila e conseguir combustível.

África | Vacinas covid-19: Sem equidade e com muito racismo

Covid-19: Embarcar numa terceira dose "é atrasar o fim da pandemia"

Para a OMS África, a compra de novos lotes de vacina pelos países mais ricos "ridiculariza" o conceito de equidade. Alcançar a maior cobertura vacinal possível deve ser a prioridade, diz especialista ouvido pela DW.

Enquanto países como os Estados Unidos da América (EUA) e o Brasil já falam em avançar para a administração da terceira dose da vacina contra a Covid-19, o continente africano só vacinou, até agora, cerca de 2% de pessoas.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) para África condena o avanço para a terceira dose da vacina quando há países sem população imunizada. "É ridicularizar o conceito de equidade das vacinas", considerou a organização, esta quinta-feira (19.08).

Deputados suspensos do PAIGC recusam renunciar ao mandato

GUINÉ-BISSAU

Cinco deputados suspensos do partido PAIGC recusaram hoje (19.08) renunciar aos seus mandatos de deputado da Guiné-Bissau. Eles haviam sido suspensos após votarem no programa de Governo liderado por Nuno Gomes Nabian.

"Não vamos renunciar ao mandato só pelo facto de votarmos o programa do Governo da coligação liderada por Nuno Gomes Nabian, porque a dinâmica parlamentar permite-nos fazer este exercício", disse Luís de Jesus Leopoldo.

O deputado falava em conferência de imprensa, para reagir à decisão do conselho nacional de jurisdição e fiscalização do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) .

Impacto das alterações climáticas são realidade nos PALOP

Especialista alerta para aumento do impacto das alterações climáticas nos PALOP

Os PALOP deverão sofrer mais com as mudanças climáticas por estarem na zona dos trópicos. O alerta é lançado por especialista ouvido pela DW África. As consequências já se fazem sentir com secas e fortes chuvas sazonais.

O último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climáticas (IPCC, na sigla inglesa) revela que a temperatura global irá subir 2.7 graus até 2100. O limite de 1.5 graus estipulado pelo Acordo de Paris, em 2015, deverá ser ultrapassado até 2030.

Como consequência, já se observam eventos drásticos como as fortes chuvas no Norte da Alemanha e no interior da China, além dos incêndios em países como a Grécia e a Turquia e a Costa oeste dos Estados Unidos.

Izidine Pinto é climatologista e pesquisador da Universidade da Cidade do Cabo, na África do Sul, e alerta que a tendência é que esses eventos fiquem ainda mais frequentes e intensos. E deixa o aviso, em especial, aos Países Africanos de Língua Portuguesa (PALOP).

"Os riscos não dependem só da magnitude e do ritmo do aquecimento, mas também da localização geográfica, níveis de desenvolvimento, vulnerabilidade, escolhas de implementação de adaptação e mitigação. E os PALOP são maioritariamente não desenvolvidos, o que faz com que a vulnerabilidade e a as mudanças climáticas sejam maiores", explica.

Países africanos rejeitam estatuto observador de Israel na UA

Declaração sobre a decisão do presidente da Comissão da União Africana da acreditação de um novo Estado Observador (Israel) à União Africana

Bir Lehlou, 5 Agosto 2021

A República Árabe Saharaui Democrática (RASD) tomou nota da decisão recente do Presidente da Comissão da União Africana de acreditar um novo estado observador à União Africana.

A República Saharaui (RASD) recorda a decisão EX.CL/195 (VII) sobre “Critérios para Concessão do Estatuto de Observador e para um Sistema de Credenciamento na UA”, que foi adoptada pela 7ª Sessão Ordinária do Conselho Executivo e aprovada por a 5ª Sessão Ordinária da Assembleia da União Africana (UA), realizada em Sirte, Líbia, nos dias 1-2 e 4-5 de julho de 2005, respetivamente.

A RASD recorda em particular as disposições da decisão EX.CL/195 (VII) relativa aos “Critérios para Acreditação de Estados Não Africanos e Integração Regional e Organizações Internacionais” que estipulam que “os objetivos e propósitos dos Estados ou Organizações Não Africanas O desejo de ser acreditado junto da UA deve estar em conformidade com o espírito, objectivos e princípios do Acto Constitutivo da União Africana ”(Secção I, para. 1).

Solidariedade firme com o Saara Ocidental

O CPPC (Conselho Português Para a Paz e Cooperação) deu conta esta terça-feira, no Facebook, da acção solidária com o povo saarauí realizada no Porto no mês passado. O fim da ocupação marroquina do Saara Ocidental voltou a ser exigido no nosso país.

Mesmo em tempo de Verão e, para muitos, de férias, o Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC) e Universidade Popular do Porto (UPP) associaram-se para levar a efeito a sessão «Liberdade para o Saara Ocidental».

A iniciativa, que decorreu a 13 de Julho nas instalações da UPP, teve formato digital e online, revelou ontem o CPPC na sua página de Facebook, tendo contado, entre outros, com a participação do professor Henrique Borges, da dirigente do CPPC Ilda Figueiredo, do jornalista Jorge Ribeiro e de Sérgio Vinagre, da UPP.

No decorrer da acção solidária com povo do Saara Ocidental, foram reafirmadas algumas das exigências que o CPPC tem colocado ao longo dos anos, nomeadamente o fim da ocupação marroquina do Saara Ocidental e a libertação dos presos políticos saarauís que se encontram nas prisões marroquinas.

Na iniciativa, que incluiu uma conferência, reclamou-se igualmente a instalação de um mecanismo permanente das Nações Unidas que acompanhe o respeito dos direitos humanos do povo saarauí nos territórios ainda ocupados.

O respeito pelo inalienável direito à autodeterminação do povo saarauí foi uma tomada de posição reafirmada na sessão que teve lugar no Porto, na qual se voltou a exigir ao Governo português «uma posição clara de condenação das agressões do Reino de Marrocos contra o povo saarauí», bem como de «exigência do cumprimento das deliberações da ONU quanto ao Saara Ocidental».

AbrilAbril

Imagem: A sessão solidária celebrada no Porto exigiu ao Governo português uma posição clara de condenação das agressões do Reino de Marrocos / Plataforma Cascais

A soberania pertence aos seus povos e aos seus países

Nasrallah: “A soberania na região deve pertencer aos seus povos e países”

A libertação da Palestina é a grande prioridade, afirmou Nasrallah, num discurso que se centrou no Médio Oriente e no reforço do eixo da resistência para combater o obscurantismo e o imperialismo.

Numa alocução televisiva transmitida esta quinta-feira, o secretário-geral do Hezbollah destacou que «confrontar a entidade sionista usurpadora continua a ser a nossa máxima prioridade», tendo afirmado que, para tal, é necessária a cooperação das forças da resistência palestinianas com o eixo da resistência na região.

Nasrallah – refere a Al Mayadeen – renovou o apelo a todos para que apoiem o povo palestiniano na Cisjordânia, na Faixa de Gaza cercada, em Jerusalém e na diáspora, sublinhando o seu direito a «restaurar a sua terra desde o rio até ao mar» e a acabar com a ocupação sionista.

Abordando a situação no Médio Oriente, apontou «as sucessivas administrações norte-americanas» como «a cabeça da tirania e da injustiça», ressaltando que «a soberania na região deve pertencer aos seus povos e países», que é quem deve usufruir «dos seus recursos, da água, do petróleo e da terra».

Tendo destacado a necessidade de acabar com a opressão no Bahrain e que «a guerra de agressão dos Estados Unidos e da Arábia Saudita contra o Iémen tem de parar», o dirigente do movimento de resistência libanês centrou-se no Iraque, na Síria e no Líbano.

Unilabs: a privada que inoculou vacinas “estragadas” - Porto

Vice-almirante. Centro de vacinas da Unilabs "não tem a nossa confiança para voltar a funcionar"

Gouveia e Melo disse ao Porto Canal que os meios da Unilabs "estiveram um dia e meio a inocular" vacinas sobre as quais não se conhecem as condições. Se estavam estragadas, por exemplo. E em cima disto ainda demorou "mais de 24 horas" até a task force ser informada do problema.

O centro de vacinação covid-19 operado pela empresa Unilabs no Porto (no espaço do Queimódromo), o único no país que é gerido por privados, esteve a administrar vacinas de qualidade muito duvidosa "durante um dia e meio" e quando o problema foi detetado, já tardiamente, ocorreu uma demora adicional de "mais de 24 horas" até a task-force da vacinação ser notificada, declarou o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo, ao Porto Canal, esta quarta-feira.

Posto isto, o chefe máximo da task-force diz que o espaço da Unilabs não tem condições para trabalhar.

"Enquanto não vêm os resultados [do inquérito entretanto aberto] e nós não percebermos o que é que aconteceu, neste momento, este CVC [centro de vacinação covid-19] não tem a confiança da task-force para poder voltar a funcionar", disse o militar ao canal de televisão baseado no Porto.

Portugal | Escancarar portas ao covid-19 é a tal “libertação”?

Governo deve acelerar fase 2. Transportes cheios, festas a 75%, esplanadas com grupos de 15 pessoas

Transportes passam a ter lotação completa, haverá mais gente nos casamentos e batizados, grupos maiores nos restaurantes e nas esplanadas. Estas são algumas das medidas que vão avançar e se calhar até antes do início de setembro. Já as máscaras continuam a ser obrigatórias em ruas cheias.

ortugal atingiu ontem uma taxa de vacinação completa da população de 70%, o que abre imediatamente a porta à nova fase de desconfinamento prometida há duas semanas pelo primeiro-ministro (PM), António Costa. Novas medidas de abertura da economia e da sociedade devem ser tomadas uma semana antes do previsto.

Transportes passam a poder andar com lotação completa, será permitida mais gente nos casamentos e batizados, grupos maiores nos restaurantes e nas esplanadas. Estas são algumas das tais medidas que vão avançar e se calhar até antes do início de setembro. No entanto, as máscaras continuam a ser obrigatórias na rua sempre que há muita gente a circular.

O chefe de governo anunciou no final de julho que o desconfinamento teria 3 fases e seria indexado à taxa de vacinação.

A primeira fase começou a 1 de agosto. A fase 2 estava prevista para o início de setembro (vacinação de 70%). A fase 3, quando a taxa de inoculação completa chegar a 85%, está prevista lá para outubro, disse Costa.

USAR O CÉREBRO NÃO DOI NADA!

Bom dia. Curto para os que utilizam a “Liberdade para Pensar”, que é mote do Expresso. A jornalista Cristina Figueiredo, daquele burgo, é hoje a arquiteta do dito Curto ‘balsemanista’. Vale ler, vale pensar e sentirmo-nos livres para tal exercício e postura.

Daqui, da parte do PG, seremos curtos na prosa e nas considerações-opiniões que por vezes incluímos nesta fase de abertura. Fazemos somente questão de fazer notar que dá para salientar que há cada vez mais jornalistas em Portugal, como no resto do mundo ocidental pseudo-livre e democrático, que estão cada vez mais influenciados pela cartilha neoliberalista, demonstrando sem questionar a sua descarada colonização e os seus perniciosos efeitos demonstrativos de ‘serem coisas’ quase sem ideias próprias, de profissionais robotizados à moda do império e do neoliberalismo vigente que assimilaram. Aliás, até em termos de usarem e defenderem as suas línguas pátrias, as suas culturas, vimos os desleixes e as preferências pela anglofonia americanizada e imperial que assola o mundo, invadindo tudo com a futilidade do tipo macdonalds & associados. Dizem que é a globalização. É? Mas só nisso? Em os povos perderem as suas características, as suas culturas, as suas nacionalidades de facto, as suas personalidades, a independência, etc?

Pois. Então vão lá às urtigas com essas voluntariosas cedências com que se deixam colonizar. E lembrem-se: se assim acontece a responsabilidade é dos assimilados que por aí pululam. Os anglófonos, os EUA, o RU, querem impor um mundo, a todos os níveis, à sua imagem e semelhança, alegam que querem democratizar todo o mundo… Fazendo “lavagens ao cérebro”? Matam, fazem guerra dizendo que querem democratizar todo o mundo. Levando essa pseudo democracia na ponta das armas? Descarregando bombas por aqui e ali? Assassinando povos, destruindo culturas para impor a deles? Mas, então, não era esse o objetivo do nazismo? Não era esse o objectivo de Hitler e dos criminosos que o ladeavam? Pois. Mas que raio de democracia e Direitos Humanos são esses que tão falsamente o ocidente propala?

Acabemos este Curto. Bom dia e resistência. Lutar pela paz e pela liberdade dos povos é cada vez mais importante e urgente. Ponham-se a pau. Estes neoliberalismo e neocolonialismo vigentes já são mais que isso. O fascismo está já aí, a exploração, a repressão, o trato que nos considera "uma coisa" já se mostra na exploração a que estão a sujeitar-nos, etc. Protestemos. Resistamos. A democracia que propalam e que nos impingem é falsa. Só serve a uns quantos que ficam cada vez mais ricos enquanto os países e os povos estão cada vez mais pobres e cada vez mais são explorados, enganados, roubados por elites corruptas, desumanas, gananciosas, falsas, assassinas. Saibamos resistir e lutar por justiça e uma democracia real e, acima de tudo, humana. Resistamos. Saibamos usar o cérebro em defesa da humanidade e do planeta. Usar o cérebro não dói nada.

A seguir o Curto do Expresso, diríamos que com conteúdo de ouro – ou não fosse "INTELIGENTE". Pois. É de ler e pensar.

MM | PG

"O sadismo tornou-se um simbolo dos Estados Unidos" (1)

# Publicado em português do Brasil

Chris Hedges [*]

O sadismo caracteriza quase todas as experiências culturais, sociais e políticas nos Estados Unidos. Expressa-se na ganância desenfreada de uma elite oligárquica que viu a sua riqueza aumentar durante a pandemia em 1 100 milhões de dólares, enquanto o país sofria o maior aumento da sua taxa de pobreza em mais de 50 anos. Expressa-se nas mortes arbitrárias cometidas pela polícia sobre cidadãos desarmados em cidades como Minneapolis. Expressa-se nas "técnicas aprimoradas de interrogatório" usadas pela CIA nos seus locais secretos, na Baía de Guantanamo e nas prisões nos próprios EUA. Expressa-se na separação das crianças de pais sem documentos, crianças que são detidas como se fossem cachorros num canil.

Expressa-se na pornificação da sociedade americana, onde mulheres são torturadas, espancadas, degradadas e sexualmente violadas, muitas vezes por vários homens, em filmes pornográficos e, em seguida, descartadas após algumas semanas ou meses com traumas graves, juntamente com doenças sexualmente transmissíveis e lacerações vaginais e anais que devem ser reparadas cirurgicamente. Expressa-se no movimento "incel" que perpetra agressões violentas contra mulheres por homens que se dizem desprezados ou ignorados por mulheres.

Expressa-se no sistema predatório de saúde, onde, como escreve Steven Brill , uma ida à emergência por dores que acabam sendo por indigestão pode ultrapassar o custo de um semestre na faculdade; um simples trabalho de laboratório feito durante alguns dias num hospital pode ser mais caro do que um carro novo e um medicamento que exige 300 dólares para ser fabricado, que o fabricante vende para um hospital por 3 000 a 3 500 pode custar ao paciente 13 702. Nos Estados Unidos é legalmente permitido que empresas de saúde mantenham crianças doentes como reféns enquanto seus pais se endividam até à falência para salvar seus filhos ou filhas.

Esse sadismo expressa-se nos empréstimos sobre salários, prisões com fins lucrativos, privatização da escola pública e dos serviços públicos e o crescimento de exércitos mercenários com fins lucrativos. Expressa-se na glorificação cultural da violência pelos media, pelo Estado, pelas indústrias de divertimento e pelos jogos. É expresso nos tiroteios em massa de niilistas em escolas, incluindo escolas primárias, e locais de trabalho. Isto expressa-se nas guerras assassinas e fúteis que os EUA promovem ou apoiam no Afeganistão, Iraque, Síria, Líbia e Iémen.

O Talibã e a hipocrisia do “mundo livre”

# Publicado em português do Brasil

Uma análise em profundidade sobre as origens da crise afegã. O papel da CIA na expansão do grupo fundamentalista durante a Guerra Fria. O governo talibã de 1996. O drama da população, acossada por guerras, ocupação e extremismos

Eduardo Borges, em A Terra é Redonda | Outras Palavras

O grupo Talibã voltou a povoar os corações e mentes da imprensa brasileira. Uma plêiade de “especialistas”, boa parte deles devidamente imbuídos de adequar suas respectivas “análises” ao nosso momento político, apresentam versões do fato sem levar em conta toda a complexidade histórica que envolve este evento. As análises muito pouco conseguem alcançar a amplitude teórica e conceitual que envolve a crise política e social de uma região do mundo cuja histórica formação social não se deu com base em valores e ações presentes no conceito de evolução histórica do mundo ocidental.

O entendimento da complexidade que caracteriza o atual conflito afegão deve, necessariamente, partir da compreensão de sua importância geopolítica na região. Formado por cadeias de montanhas o território afegão não é presa fácil para seus invasores que o diga Alexandre Magno no século IV a.C. No interior das relações políticas e econômicas da Ásia o Afeganistão se firmou como ponto estratégico de rotas comerciais no continente. Suas fronteiras também colaboraram para colocá-lo em constante condição de vulnerabilidade na medida em que teve que lidar permanentemente com vizinhos do quilate do Paquistão e seu arsenal nuclear, da Índia, da China e do Irã, país que teria sobre ele impacto direto em termos religiosos e culturais.

Tudo isto fez do Afeganistão um dos territórios mais invadidos da história. Desde Alexandre Magno no século IV a.C., a região sofreria invasão dos árabes durante a dinastia Abássida e dos mongóis sob Genghis Khan. Nos séculos XIX e XX foi a vez do imperialismo inglês colocar suas garras na região através da Índia, na época território britânico. No final dos anos setenta do século XX, em plena Guerra Fria, coube à União Soviética implementar a primeira grande investida imperialista sobre o Paquistão em tempos modernos.

Talibã vai libertar todos os detidos políticos

# Publicado em português do Brasil

O movimento também prometeu oferecer novos cargos a ex-governantes

O movimento talibã anunciou em comunicado que “libertará todos os presos políticos nos vários estados do país, devido à decisão geral de anistia emitida pelo líder do Emirado Islâmico, Hibatullah Akhundzada”. 

Uma autoridade do movimento disse que "os líderes do Taleban estão em diálogo com ex-funcionários do governo para garantir que se sintam seguros ", em um momento em que o chefe do escritório político do Taleban, Mullah Abdul Ghani Baradar, está se reunindo com líderes tribais em um esforço para formar um governo.

A Reuters citou um oficial do Taleban dizendo: "Vamos oferecer cargos no novo governo a alguns membros do antigo regime", revelando que reuniões consultivas estão em andamento entre as duas partes.

Saiba o que está acontecendo no Afeganistão

Tudo o que você precisa saber sobre o que está acontecendo no Afeganistão

# Publicado em português do Brasil

Uma entrevista com Derek Davidson | em Jacobin

O rápido colapso do Afeganistão ao domínio do Taleban criou uma situação caótica e complicada. Mas aqui está o ponto fundamental: os EUA não têm nada a mostrar nas duas décadas de derramamento de sangue e ocupação.

O que está acontecendo no Afeganistão?

Poucas semanas depois que os Estados Unidos começaram a retirar suas tropas, o Taleban tomou a capital Cabul e proclamou-se o novo governo. O presidente apoiado pelos EUA fugiu do país. Comparações angustiantes com a “queda de Saigon” em 1975 circularam imediatamente nos círculos da elite.

Para dar sentido a tudo isso, Daniel Bessner e Derek Davison, cohosts do novo podcast de política externa de esquerda  American Prestige , falaram no fim de semana. A seguir está uma versão editada e condensada de sua conversa; você pode encontrar o episódio completo  aqui .

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