quinta-feira, 26 de agosto de 2021

O colonialismo amarga a lição afegã -- Boaventura

Na queda de Cabul, há mais que colapso militar e humanitário. Há o declínio de um Ocidente que praticou a epistemologia da ignorância – o desprezo pela sabedoria do outro; a ideia de que, dela, basta conhecer o que sirva para subjugá-la

Boaventura de Sousa Santos* | Outras Palavras

A retirada abrupta e caótica dos EUA do Afeganistão em meados de agosto enche os noticiários de todo o mundo. Os temas principais variaram, mas os seguintes foram dominantes: humilhação para os EUA e aliados europeus; repetição da retirada do Vietnã em 1975; missão cumprida segundo os EUA, missão fracassada segundo os aliados pela voz de Angela Merkel; a fuga desesperada dos afegãos que colaboraram com os aliados; o perigo iminente para os direitos das mulheres se a sharia for imposta como decorre da interpretação do Islã pelos talibã; mais de dois triliões de dólares gastos numa missão contra os terroristas para, vinte anos mais tarde, eles entrarem triunfalmente e sem qualquer resistência no palácio presidencial, e agora já não como terroristas mas como uma força política com a qual os EUA, a principal força militar no Afeganistão, assinou um acordo em Fevereiro de 2020, depois de mais de um ano de negociações em Doha. Fruto desse acordo, os EUA comprometiam-se em retirar as forças militares em 14 meses, um fato que passou despercebido a muitos, por o acordo ter acontecido quando irrompeu a pandemia da COVID-19. Tudo isto é dramático, mas é, além disso, incompreensível. Como a espuma dos noticiários é para ver e não para compreender, diz-nos pouco sobre a turbulência profunda que a provoca. A compreensão exige neste caso um recuo histórico e uma crítica epistemológica. Ou seja, é preciso recuar no tempo e reavaliar a história à luz de uma epistemologia que nos permita conhecer o lado da história que ficou oculto e é agora precioso para compreender o que se passa no Afeganistão. Procurarei mostrar que há continuidades intrigantes com tudo o que se passou e como foi narrado no mundo eurocêntrico a partir do século XVI com a expansão colonial.

Dissimulação da verdade

A expansão marítima europeia do século XV em diante foi legitimada pelo desejo e pela missão de propagar a fé cristã. A Igreja Católica foi uma presença constante e decisiva. Sob a sua égide, o mundo a achar foi dividido entre Portugal e a Espanha, e foi também ela que legitimou a submissão dos índios ao declarar em 1537 (na bula Sublimis Deus do Papa Paulo III) que os índios eram seres humanos com alma e, portanto, seres não só necessitados, mas também capazes de ser evangelizados. Sem pôr em causa a boa fé dos muitos milhares de missionários que participaram nesta missão de salvar os índios para o outro mundo, sabemos bem que o objetivo primordial desta missão era bem mais prático e mundano: a salvação neste mundo dos europeus por via da prosperidade econômica que adviria do acesso às riquezas naturais do chamado Novo Mundo. É, pelo menos, muito duvidoso que a missão evangelizadora tenho sido benéfica para os índios, mas não restam dúvidas de que a missão da pilhagem das riquezas permitiu o desenvolvimento que o mundo eurocêntrico do Atlântico Norte hoje ostenta.

Semelhantemente, segundo as autoridades norte-americanas, os EUA invadiram o Afeganistão para neutralizar o terrorismo de que tão barbaramente tinham sido vítimas com o ataque às Torres Gêmeas em 2001. E porque Osama Bin Laden foi morto, a missão foi cumprida. A verdade é outra. Os terroristas que atacaram as Torres Gémeas eram oriundos de 4 países: quinze eram cidadãos da Arábia Saudita, dois dos Emirados Árabes Unidos, um era libanês e um outro egípcio. Nenhum deles do Afeganistão. Bin Laden, o chefe da Al-Qaida, ele próprio saudita, esteve anos escondido, não neste país, mas no Paquistão e, de fato, bem perto da Academia Militar paquistanesa. O interesse dos EUA em intervir no Afeganistão vinha dos anos 1990 e foi então justificado com a necessidade de construir e proteger o gasoduto que, vindo do Turquemenistão à Índia, passando pelo Afeganistão e pelo Paquistão, resolveria as carências de energia da Ásia do Sul (gasoduto conhecido por TAPI, as iniciais dos países envolvidos). Foi o mesmo motivo de sempre: garantir o acesso aos recursos naturais e, em tempos mais recentes, impedir o controle da China e da Rússia. Por isso, ao mesmo tempo que se desencadeava uma violência macabra (cerca de 200.000 afegãos mortos entre militares e civis), se gastavam milhões de dólares, grande parte deles devorados pela corrupção, e supostamente se eliminavam os Talibã, mantinham-se negociações (primeiro, secretas e depois, oficiais) com alguns grupos Talibã. É, pois, ridículo falar de missão cumprida na luta contra o terrorismo. A missão parcialmente cumprida é a do acesso aos recursos naturais, mas mesmo essa foi conseguida graças à intermediação da Índia e do Paquistão, e sem comprometer o acesso ao gás por parte da China e da Rússia. Por outro lado, contra os interesses dos EUA, é a China quem emerge como ganhadora da crise afegã ao garantir a continuação do grande investimento, a Nova Rota da Seda na Ásia central. Desde1945, os EUA acumulam derrotas militares, espalham a morte do modo mais terrível e nunca conseguem estabilizar governos amigos. Saída humilhante do Vietnã em 1975, desastrosa intervenção na Somália em 1993-94, retirada não menos humilhante do Iraque em 2011, destruição da Líbia em 2011. Mas quase sempre conseguem garantir o acesso aos recursos naturais, a única missão que importa cumprir.

Afeganistão: Como prego no caixão da hegemonia dos EUA?

# Publicado em português do Brasil

Isaac Enríquez Pérez | Rebelión

As cenas da mídia de colaboracionistas tentando subir em aviões da Força Aérea dos EUA decolando do aeroporto de Cabul destacam as contradições geopolíticas e geoestratégicas das "guerras de conquista" travadas pelo complexo militar / industrial dos EUA desde 1950.

Apesar de o Afeganistão ter saído dos holofotes da mídia por anos, os problemas latentes dessa invasão se intensificaram à medida que o governo dos Estados Unidos desperdiçava recursos públicos para a ocupação da nação asiática sob a doutrina de "segurança nacional e luta contra o terrorismo". A instigação emocional da mídia de massa pôs de lado uma invasão de 20 anos - a mais longa da história americana - cujos custos totalizaram 2,26 trilhões de dólares ( https://bit.ly/3Dj4N7N ; https: // bbc.in/3mqB2vI) - dos quais 89 bilhões de dólares foram para o exército afegão - e que massacrou 241 mil cidadãos afegãos, 66 mil soldados e policiais daquele país asiático e 4 mil militares dos EUA, deixando também centenas de milhares de deficientes e mutilados.  

O Afeganistão - como o Iraque - é um exemplo representativo da privatização da guerra ( https://bit.ly/3Dj63b1 ), onde empreiteiros privados que prestaram serviços aos invasores dos EUA por meio de grupos paramilitares, mercenários, espiões e agentes de segurança privada - o último totalizou 7.800 elementos em 2020 ( https://bbc.in/3mqB2vI ).   

Além de se enredar nas imagens da mídia e cifras relacionadas a essa invasão, deve-se destacar que a saída abrupta do exército dos Estados Unidos - abrupta porque esquecemos o que aconteceu lá há mais de 20 anos - e o retorno do Taleban ao governo afegão, evidências mais um fracasso da elite plutocrática que abraça uma agenda belicista / financeira / globalista, e da qual as dinastias Bush, Clinton e Obama são representantes conspícuos ( https://bit.ly/3bGyfJ9 ). Além disso, se adotarmos uma perspectiva histórica, a análise levará inevitavelmente a identificar o esgotamento da pax americana e o declínio da hegemonia dos Estados Unidos como inquestionável articulador do sistema mundial. 

Não é o primeiro fracasso militar dos Estados Unidos: desde a chamada Guerra da Coréia na década de 1950, a pílula amarga da invasão da Baía dos Porcos em 1961, passando - é claro - pelo fracasso há muito adiado no Vietnã, até alcançar as experiências sombrias no Irã e na Nicarágua na década de 1970 e a primeira Guerra do Golfo Pérsico em 1991. Uma após a outra dessas campanhas militares mostra que ser o hegemon, por sua vez, não garante incursões irrestritas em territórios que são estratégicos para seus objetivos geopolíticos.

Explosões no aeroporto e num hotel de Cabul

# Publicado em português do Brasil

Duas explosões ocorreram no portão oriental fora do Aeroporto Internacional Hamid Karzai em Cabul. Também são relatados tiroteios, há informações sobre feridos e vítimas mortais.

John Kirby, o porta-voz do Pentágono, confirmou no Twitter que ocorreu uma explosão, dizendo que "era incerto o número de vítimas neste momento".

​“Podemos confirmar uma explosão fora do aeroporto de Cabul. Não se sabe neste momento o número de vítimas. Assim que pudermos, vamos fornecer detalhes adicionais.”

A primeira explosão foi atribuída a um homem-bomba e a mídia local diz que o tiroteio que ocorreu depois envolveu militantes e forças da coalizão liderada pelos EUA encarregadas de vigiar o aeroporto em meio à evacuação.

Segundo o portal Politico, que cita fontes e representantes do governo dos EUA, a explosão foi causada por um homem-bomba do Daesh (organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países).

Jornalista da Fox News informou, citando funcionários anônimos dos EUA, que pelo menos três soldados americanos foram feridos no ataque.

Major britânico engana exércitos estrangeiros e recebe tanques

Major britânico engana exércitos estrangeiros e recebe tanques ilegalmente para os vender

# Publicado em português do Brasil

O Ministério da Defesa britânico divulgou fotos de alguns dos tanques que o oficial aposentado do Exército Michael Whatley, de 65 anos, recebeu desonestamente de doadores estrangeiros.

Entre 2001 e 2011, Michael Whatley, um major aposentado da Cavalaria Palaciana, a guarda da rainha, convenceu os exércitos alemão e sueco e o Museu Nacional de Tanques da Bélgica a lhe darem um total de 24 veículos blindados de combate, alguns ainda estavam equipados com armamento operacional, segundo Daily Mail.

O ex-oficial afirmava que os veículos eram destinados a exposições no Museu da Cavalaria Palaciana, mas na verdade ele os vendia ou trocava com colegas colecionadores particulares de tanques.

Em 13 de agosto, Whatley se confessou culpado de três acusações de má conduta em cargo público. Ele foi condenado a uma pena suspensa de dois anos, 150 horas de trabalho comunitário não remunerado e pagamento de £ 1.500 (R$ 10.700), de custas do processo.

"Você é uma vergonha. Você foi um homem muito distinto, major de um dos regimentos mais antigos do Exército britânico", disse o juiz Andrew Barnett a Whatley ao declarar a sentença. "Você deveria ter muita vergonha de seu comportamento. Não quero minimizar o efeito que ações como suas têm sobre a confiança do público no Exército."

Os veículos incluíam um carro blindado Saladin de seis rodas de fabricação britânica com um canhão de baixa velocidade de 76 milímetros, um tanque leve de assalto sueco Infanterikanonvagn 91, armado com um canhão de 90 milímetros, e uma plataforma antiaérea autopropulsada Flakpanzer Gepard carregando duas peças antiaéreas de 35 milímetros de ângulo elevado.

Sputnik | Imagem: © Governo do Reino Unido

Rússia adverte Reino Unido: Será 'muito mais difícil'

Será 'muito mais difícil': Rússia adverte Reino Unido contra repetição do incidente no mar Negro

Da próxima vez será muito mais difícil para um navio militar britânico entrar sem aviso prévio nas águas territoriais da Rússia, disse Andrei Kelin, embaixador russo no Reino Unido, em entrevista à BBC comentando a recente intrusão do HMS Defender nas águas russas perto da Crimeia.

"Da próxima vez – não dissemos que podemos disparar contra ele […] como alguns parlamentares fizeram – mas da próxima vez eles [autoridades britânicas] ficarão em uma posição muito mais difícil, porque essa já não será a primeira vez que um navio britânico fará algo semelhante [entrar nas águas territoriais da Rússia]", advertiu Kelin.

O diplomata observou que o navio entrou nas águas da Rússia sem notificação prévia e não cumpriu as leis do país.

"Não foi uma passagem pacífica, conforme afirma o governo britânico, foi uma demonstração de que estas são águas ucranianas, o que não corresponde à realidade", ressaltou embaixador.

Em 23 de junho, o Ministério da Defesa da Rússia informou sobre a violação de sua fronteira nacional pelo destróier HMS Defender da Marinha Real do Reino Unido.

O destroier britânico atravessou a fronteira russa e entrou três quilômetros em águas russas perto do cabo de Fiolent.

Um navio-patrulha russo disparou um tiro de advertência, enquanto uma aeronave Su-24M realizou um "bombardeio de advertência" na direção da deslocação do navio.

Sputnik

Imagem: Destróier HMS Defender, Type 45, da Marinha Real britânica, filmado de um avião militar russo no mar Negro, em 23 de junho de 2021 // © REUTERS / MINISTÉRIO DA DEFESA DA RÚSSIA / HANDOUT

RU | O vento que sacode o Partido Trabalhista

# Publicado em português do Brasil

Ali Hamouch | Al Mayadeen

Um novo dia, uma nova caça às bruxas visando membros veteranos do Partido Trabalhista está em andamento.

 O filósofo alemão e renomado niilista Friedrich Nietzsche disse uma vez: “Temos arte para não morrer da verdade”. 

No entanto, às vezes, a vida imita a arte.

E às vezes, os artistas abraçam sua arte para criar uma extensão de realidades quase nunca ouvidas, invisíveis.

O último descreveria perfeitamente o cineasta britânico Ken Loach, cujas sensibilidades cinematográficas e habilidade foram dedicadas a retransmitir as histórias dos oprimidos, dos que não têm e dos lutadores pela liberdade; histórias que geralmente foram deixadas para trás tanto no cinema convencional quanto no cinema de arte que foram trazidas à escala grandiosa por este mestre cineasta cujo filme  Kes (1969) foi considerado o sétimo maior cineasta britânico do século XX .

Um esquerdista dedicado e um membro fundamental do Partido Trabalhista por quase 50 anos, a voz de Ken Loach, assim como seu filme, sempre lutou por justiça para os trabalhadores e sindicatos, então como ele é recompensado por defender os supostos valores do partido?

O Partido Trabalhista o expulsa.

Portugal | Para que serve o congresso do PS?

Domingos de Andrade* | Jornal de Notícias | opinião

Para pouco, na verdade. Mas sobretudo para que António Costa coloque na linha da frente não um, mas quatro putativos sucessores, ou seja, nenhum. Vamos aos momentos.

Os socialistas reúnem-se em conclave este fim-de-semana, em Portimão, no fim das férias de António Costa e com o país ainda a ser dirigido pela ministra do Estado e da Presidência, Mariana Vieira da Silva. É um congresso estival em direção ao sunset das eleições autárquicas, que uma parte da Direita, mais do que a Esquerda, espera vir a ser a despedida de Rui Rio da liderança do PSD.

Para o ato eleitoral de 26 de setembro, e depois dos resultados extraordinários de há quatro anos, a ambição cabe numa folha de excel e o futuro quantifica-se em poucas linhas, como não se têm cansado de repetir os dirigentes socialistas: manter a presidência da Associação Nacional de Municípios, procurando fugir a números concretos, sem leituras nacionais, essas ficam para a oposição; elencar o futuro auspicioso com a oportunidade única proporcionada pelos milhões que começam a chegar da Europa.

O primeiro-ministro e secretário-geral tratou, à partida, de tentar conter outros danos. Em entrevista ao Expresso, sossegou os ministros afastando as nuvens de uma remodelação, anunciou um tabu negando-o e atirando para 2023 uma decisão sobre a sua recandidatura, sem deixar de estender as pontes para que o próximo Orçamento do Estado possa ser aprovado pela Esquerda.

O fator contraditório, aberto no congresso da Batalha por Pedro Nuno Santos, é diluído, parecendo que o pano do palco está aberto. Ao lado do primeiro-ministro, sentam-se Ana Catarina Mendes, Mariana Vieira da Silva, Fernando Medina e, claro, o já citado Pedro Nuno Santos.

Parece tudo em paz. E estará. Até quando António Costa quiser ou a Direita se refizer. Mas isso são outros congressos.

*Diretor-Geral Editorial

Crimes contra a humanidade: Marcelo e Costa denunciados

Juiz negacionista apresenta queixa contra Marcelo e Costa por crimes contra humanidade

Rui Fonseca e Castro entregou denúncia à PGR, acompanhando por centenas de manifestantes

Centenas de manifestantes acompanharam esta quarta-feira em frente da Procuradoria-Geral da República (PGR) a entrega, pelo juiz anticonfinamento Rui Fonseca e Castro, de uma denúncia contra o Presidente da República, o primeiro-ministro e o Governo por crimes contra a humanidade.

O juiz Rui Fonseca e Castro chegou à PGR para a entrega da denúncia já perto das 16:00, à frente de uma manifestação que partiu do Parque Eduardo VII, em Lisboa, com centenas de pessoas que se juntaram a cerca de uma outra centena que aguardava a sua chegada junto ao edifício da PGR, acompanhados de cerca de uma dezena de agentes da PSP em vigilância.

Vestidos com as camisolas pretas pedidas pela organização da manifestação, da responsabilidade da associação Habeas Corpus, os manifestantes entoavam o hina nacional, empunhavam bandeiras de Portugal ou envergavam-nas pelas costas, segurando ainda balões brancos e alguns cartazes.

Uma faixa na frente do grupo vindo do Parque Eduardo VII recordava o capitão de Abril Salgueiro Maia, com a citação "Há altura em que é preciso desobedecer".

Portugal | Quem tem medo do reforço dos serviços públicos?

Nos últimos dias, vários títulos noticiosos procuraram fazer passar a ideia do grande patronato, embora sem grande criatividade, de que é negativo o aumento do número de trabalhadores na função pública.

Quando se querem fabricar ideias anti-trabalhadores, até a verdade serve. Nos últimos dias, vários títulos noticiosos procuram fazer passar a ideia do grande patronato – sem grande criatividade e talvez afectados pela silly season – de que é negativo o aumento do número de trabalhadores na função pública.

Os comentários surgiram a propósito dos dados divulgados pela Direcção-Geral da Administração e do Emprego Público (DGAEP) em 16 de Agosto passado. Na Síntese Estatística do Emprego Público (SIEP) relativa ao segundo trimestre de 2021, o emprego no sector das administrações públicas situou-se, a 30 de Junho de 2021, em 731 258 postos de trabalho, representando um aumento de 3,7% relativamente ao período homólogo.

O que esses comentários não destacam é que, na administração central, o aumento de emprego se verificou essencialmente na educação, ensino e investigação (48,6%), na saúde (41,7%) e nas Forças Armadas (8,2%). Os contratados são, na maioria, profissionais de saúde (médicos, enfermeiros, técnicos de diagnóstico) e de educação (educadores de infância e docentes dos vários graus de ensino).

Fica a questão: quando vamos aos estabelecimentos do Serviço Nacional de Saúde, às repartições de finanças ou à Segurança Social, quando olhamos para a realidade na Escola Pública, o que é que constatamos? Faltam ou não trabalhadores para serviços mais eficientes e céleres na resposta às necessidades das populações?

Não obstante, volta e meia lá se juntam mais «achas à fogueira» na perspectiva de dividir para reinar, na tentativa de colocar funcionários públicos contra trabalhadores do sector privado e procurando dar a ideia de um Estado «obeso» e ineficiente.

Portugal | Governo: “uso e abuso ilegal do trabalho precário”

Governo acusado de manter “uso e abuso ilegal do trabalho precário”

A Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais acusa o Ministério da Educação e o Governo de recorrerem ao trabalho precário dos trabalhadores não docentes.

No texto, divulgado dia 23, a Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais (FNSTFPS) denuncia, «mais uma vez, que o ministro da Educação e o Governo têm um discurso para a opinião pública, cheio de anúncios de medidas positivas, que não são sentidas nas escolas com a mesma ênfase da propaganda».

Ao chegar ao ano lectivo de 2021/2022 – e não obstante as alterações que foram feitas à Portaria de Rácios, que incrementou em 5000 os postos de trabalho para assistentes técnicos e assistentes operacionais –, «existem trabalhadores destas carreiras, contratados a termo certo em 2017, que não foram integrados e não vão ver os seus contratos prorrogados», apesar de exercerem funções de carácter permanente, pelo que, alerta a federação sindical, se perspectiva que sejam despedidos a 31 de Agosto próximo.

Queixa à UE | Projeto turístico para destruir Arrábida/Espichel

Zero queixa-se à Comissão Europeia de novo projeto turístico na Arrábida/Espichel

A associação ambientalista considera que “a Rede Natura 2000 está de novo sob ameaça”, por causa de um projeto dentro da Zona Especial de Conservação que prevê a construção de 112 unidades de alojamento

A associação ambientalista Zero vai apresentar queixa à Comissão Europeia por causa de mais um projeto turístico para a Zona Especial de Conservação (ZEC) Arrábida/Espichel, por considerar que "a Rede Natura 2000 está de novo sob ameaça".

Em causa está, segundo um comunicado divulgado esta quinta-feira pela associação, o empreendimento turístico Reserva IDILUZ, no concelho de Sesimbra, a sudoeste da Aldeia do Meco, uma propriedade com mais de 83 hectares dentro da Zona Especial de Conservação (ZEC) Arrábida/Espichel, que prevê a construção de 112 unidades de alojamento e estruturas de apoio.

O projeto esteve em consulta pública até 23 de agosto e é mais um empreendimento turístico que pode vir a ser aprovado nesta ZEC e na Rede Natura 2000, somando-se a outros que já existem para a área entre o Meco e o Cabo Espichel, segundo o comunicado da ZERO, que enumerou um já aprovado (Eco-hotel da ETOSOTO Cabo Espichel) e dois previstos (Aldeamento Turístico Pinhal da Prata e Pinhal do Atlântico).

Por outro lado, lembrou a associação, "nesta área" já existe um parque de campismo e "o santuário do Cabo Espichel também vai ser requalificado para turismo de residência".

CURTO, GROSSO E ELEITORALISTA... MAS QUE PACHORRA!

Deste Curto do Expresso de hoje vem a recordação de que as Eleições Autárquicas estão quase a acontecer. A campanha eleitoral contém o blá-blá do costume. Em eleições nunca vimos tantos mentirosos usarem de tanto tempo de antena, de comícios, de ajuntamentos, de passeatas, e tudo o mais que lhes dê nas partidárias ganas. Por tudo isto registamos que existem eleitores que até são caçados – gabemos-lhes a paciência e os adormecimentos de que serão vítimas. O costume.

Cousa muito mais importante é a abertura da Feira do Livro em Lisboa. No PG dedicamos um bom espaço sobre o acontecimento – espremido do Expresso. Vá lá, ao Parque Eduardo VII, compre livros, mesmo que depois tenha de passar alguma fome física. Os livros alimentam a alma, o conhecimento, a cultura, etc.

Prado, o jornalista do Expresso, trata deste Curto que aí vem. Já a seguir. Vá nessa, se quiser. Já sabe que tem "liberdade para pensar" – como diz o slogan do Expresso. Use-a. Não vá nas patranhas que a mídia corporativa dita para preencher as suas funções. Pense. Não dói nada. Arme-se de pachorra e avançe, sem medos.

Bom dia e um queijo do Rabaçal. Esse mesmo. Com um Borba dos anos 70. Pois então.

Saúde.

MM | PG

Bom dia este é o seu Expresso Curto

Eleições à porta e um Rio de (des)preocupações

Miguel Prado | Expresso

Bom dia.

Estamos a um mês das autárquicas. Permita-me que não lhe fale de imediato do Afeganistão e que não lhe traga já, a esta hora da manhã, os números da vacinação. Deixe-me virar a agulha. Não serão as primeiras eleições em pandemia. Foi ainda em janeiro, há apenas sete meses, que Marcelo Rebelo de Sousa foi eleito para um segundo mandato. Estas são, porém, eleições diferentes.

Centenas de candidatos à liderança de uma câmara municipal andarão no terreno. Talvez sem as acaloradas arruadas de abraços e beijinhos, e talvez sem brindes para distribuir à freguesia. Mas com certeza já terá notado, numa qualquer rotunda da vizinhança, a profusão de cartazes, mais ou menos criativos, dos incumbentes e dos que os desafiam, sozinhos ou acompanhados, em candidaturas unipartidárias ou em coligações mais coloridas que as mais sumarentas saladas de frutas.

A campanha está aí e, tudo indica, paulatinamente os noticiários irão encarregar-se de nos fazer chegar um pouco mais de política local. Afinal, ela mexe com as nossas vidas, nas pequenas decisões que influenciam o quotidiano dos munícipes, nos orçamentos participativos, nos contratos públicos que salvam as contas de construtoras e outros prestadores de serviços, na formação de lideranças e alianças políticas que podem emergir como uma qualquer geringonça no poder central de amanhã.

O presidente do PSD deu já nota de que as autárquicas não são tema que lhe tire o sono. “Qualquer eleição é importante para a liderança de qualquer líder político, mas por mais que isto custe às pessoas da política perceber, não estou minimamente preocupado”, declarou Rui Rio esta quarta-feira. Não estará Rio, mas estarão todos quantos decidiram integrar listas, animar as bases, levantar fundos e mobilizar mundos (ou vice-versa) para mais uma campanha, que, como qualquer outra campanha política, trará intrigas, jogos de bastidores, análises e novos rumos nas lideranças partidárias.

No pequeno ecrã, mais logo, a RTP3 coloca em debate os candidatos à Câmara de Bragança. E nos próximos dias será a vez de os candidatos a Castelo Branco, Vila Real, Santarém e Viseu terem os seus 50 minutos de fama, segundo o calendário divulgado pela estação pública.

Mas, dizia-lhe, caro leitor, que estamos a um mês das autárquicas e a política está na rua. Esta manhã, enquanto o Governo estará reunido no Palácio da Ajuda, em Lisboa, em mais um Conselho de Ministros, o presidente do PSD visitará Ribeira de Pena, seguindo para Mondim de Basto e daí para Sabrosa, onde inaugurará uma sede de campanha, antes de terminar o dia em Chaves, com o presidente do CDS, Francisco Rodrigues dos Santos.

João Cotrim de Figueiredo andará mais a Sul, apoiando os candidatos da Iniciativa Liberal a Loures, Odivelas e Mafra. E em Lisboa, ao fim do dia, a presidente do PAN, Inês de Sousa Real, estará com a candidata do seu partido a Lisboa num protesto contra as touradas junto ao Campo Pequeno.

A campanha oficialmente só começa a 14 de setembro, mas bem antes disso os candidatos e líderes partidários intensificarão as suas ações no terreno. Aqui no Expresso já pode ler algumas das reportagens que fizemos nas últimas semanas, e poderá também acompanhar, nos próximos dias, a nossa cobertura das autárquicas.

Em Lisboa, Carlos Moedas tentará roubar a maior Câmara do país a Fernando Medina, que ontem deu uma entrevista ao “Observador”, onde se queixou de insinuações a propósito de ajustes diretos e onde também falou de um jantar de Natal da Carris. Não escapou, pouco depois, às críticas de Moedas. “A um mês das eleições continuamos sem saber quais são as propostas de Medina para a cidade. Optou por reciclar as promessas que não cumpriu esquecendo os interesses dos lisboetas. Lisboa não pertence a Medina. Lisboa é de quem cá vive”, acusou Moedas. Teremos oportunidade de os ver debater, frente a frente, daqui a uma semana, a 2 de Setembro, na SIC.

E teremos também oportunidade de refletir sobre o poder local. Aqui no Expresso Henrique Monteiro aborda a tomada das autárquicas pelos aparelhos partidários, com quase um terço dos deputados a serem candidatos nestas eleições, enquanto Daniel Oliveira analisa a importância destas autárquicas para dois partidos em particular, o PSD e o PCP. Mas, sim, há vida para lá das autárquicas. E por isso segue meia dúzia de outras sugestões de leitura.

Feira do Livro de Lisboa abre esta quinta-feira -- 325 pavilhões

Com 325 pavilhões de 131 expositores, a 91.ª edição da Feira do Livro de Lisboa é apresentada como o segundo maior certame de sempre

A 91.ª edição da Feira do Livro de Lisboa abre esta quinta-feira, com 325 pavilhões de 131 expositores, o segundo maior certame de sempre, segundo a organização.

A decorrer até 12 de setembro, vão estar representadas na 91.ª Feira do Livro de Lisboa 744 marcas editoriais, registando--se a estreia de 12 participantes, segundo a Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL), que a organiza com apoio do município.

A feira está montada, como habitualmente, no Parque Eduardo VII, e esta edição é a segunda maior da história da feira em pavilhões e a maior de sempre na oferta editorial, segundo a APEL. A inauguração de hoje conta com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, como em anos anteriores.

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