terça-feira, 21 de setembro de 2021

Portugal | Políticos no palco errado


Vítor Santos* | Jornal de Notícias | opinião

Com a entrada em força dos líderes partidários nacionais na campanha corre-se o risco de subalternizar aquilo que está verdadeiramente em causa nas eleições autárquicas, ao colocar na ordem do dia temas de âmbito nacional e até de política europeia, o que não é propriamente benéfico para o esclarecimento das populações e, no limite, até poderá causar danos na afluência dos eleitores às urnas.

A questão não é nova. Movidos por outras batalhas, os políticos nacionais sobem ao palco nas eleições locais, onde esgrimem assuntos que desviam a discussão do essencial. Mas a culpa não é só deles. Quando o combate é renhido, são os próprios aspirantes aos mandatos municipais que procuram conquistar votos à boleia das mais altas figuras dos partidos. O problema é que quando devíamos estar a discutir a forma como está a ser feita a transferência de competências ou a descer à terra para perceber as propostas e as respostas para a resolução de problemas nos microcosmos concelhios, levamos com a luta pela sobrevivência de Rui Rio à frente do PSD, ou com o braço de ferro velado entre António Costa e as forças da Esquerda, procurando, um e outros, marcar terreno para a aprovação do Orçamento do Estado, antecipando uma discussão que marcará a agenda, mais à frente, na Assembleia da República.

Dizer que em política as coisas estão todas interligadas, não deixando de ser verdade, tresanda a desculpa, e o mesmo acontece quando é apontada à Comunicação Social a origem do problema. A responsabilidade é toda dos políticos à escala nacional, por estes dias capazes de prometer chuva e sol em simultâneo e no mesmo sítio, desafiando as leis da Natureza sem medo de serem penalizados nas urnas. O melhor é deixarem as promessas para os candidatos às autarquias, sob pena de ajudarem a engrossar o caudal de abstencionismo que afeta a democracia em Portugal.

*Chefe de redação 

Bazuca: Temos um saco cheio de massa para quem votar PS

Rosas avisa PS, o "partido da bazuca", que tem que negociar se quer OE

O fundador do BE Fernando Rosas apelidou, na segunda-feira, o PS de "partido da bazuca" e acusou o Governo de "tentar manipular a votação das eleições autárquicas", avisando os socialistas que têm que negociar se querem Orçamento do Estado.

Fernando Rosas juntou-se na noite de segunda-feira à campanha autárquica do BE e fez em Braga um discurso onde o alvo principal foi o PS, com críticas e avisos aos socialistas.

"O PS tem feito uma campanha eleitoral em que o Governo tenta manipular a votação das eleições autárquicas insinuando benefícios com os fundos da bazuca europeia para aqueles que se portarem, ou seja, para aqueles que escolherem votar no PS", criticou, apelidando o PS de "partido da bazuca".

Rosas puxou da ironia e disse: "votem no PS porque se votarem no PS nós temos aqui um saco cheio de massa e distribuímos a quem se portar bem e a quem votar em nós".

Greve: Lisboa e a outra margem do Tejo com menos barcos

Greve na Transtejo/Soflusa condiciona barcos entre Lisboa e Margem Sul

As ligações fluviais da Transtejo/Soflusa entre a Margem Sul e Lisboa vão estar condicionadas entre hoje e quinta-feira ao início da manhã e ao final do dia, devido à greve dos trabalhadores, não sendo possível garantir o serviço regular.

Na sua página da Internet, a Transtejo/Soflusa (TTSL) alerta para os constrangimentos provocados pela greve dos trabalhadores, que foi marcada em plenários realizados em 06 e 07 de setembro, alegando que a empresa mantém a sua posição de não negociar aumentos salariais.

Trabalhadores das duas empresas (com uma administração comum), que fazem as ligações fluviais entre a denominada Margem Sul (do Tejo) e Lisboa, estiveram em 20 de maio em greve de três e duas horas por turno, voltando a paralisar em junho e julho em greve parcial.

Segundo a informação disponibilizada pela empresa, e por se tratar de uma greve parcial por turnos, estão previstas as ligações do Barreiro para o Terreiro do Paço entre as 11:25 (primeiro barco) e as 17:35 (último barco) e, no período noturno, a partir das 22:00.

No sentido contrário, prevê-se a ligação entre o Terreiro do Paço e o Barreiro entre as 11:55 e as 18:00 e depois a partir das 22:30.

A SAÍDA DA FRANÇA DA OTAN?

# Publicado em português do Brasil

Germán Gorráiz López | Katehon

No caso de ser reeleito presidente nas eleições presidenciais da primavera de 2022, Macron tentará catalisar o chauvinismo dos franceses restaurando o atavismo de la Grandeur, uma doutrina que combinaria o culto à independência econômica, política e militar da França com a consolidação da missão da Nação e da cultura francesa no mundo. Assim, Macron assumirá o poder de decisão em Defesa e Negócios Estrangeiros que se tornará "domínio reservado do Presidente" e adotará uma abordagem "ativista" nos assuntos internacionais, envolvendo-se pessoalmente e tendo "o compromisso com a intervenção humanitária e aumentando o peso específico da França na Geopolítica Mundial como espinha dorsal de sua política externa ", com o qual a política interna ficará reduzida a um mero instrumento de política externa que funciona como um catalisador dos valores de La Grandeur. as estruturas militares da NATO e a revitalização da Francofonia como entidade política e económica na cena mundial no horizonte de 2025.

Distanciamento dos EUA

O acordo estratégico entre Austrália, Reino Unido e Estados Unidos conhecido como AUKUS, envolve a venda de submarinos nucleares norte-americanos para a Austrália, ao mesmo tempo em que ocorre um fiasco econômico para a França estimado em 50 bilhões de euros. Assim, a ruptura unilateral pelo Governo australiano de um mega-contrato com a França para 12 submarinos convencionais, teria provocado a ira do Governo francês e a convocação de consultas de seus embaixadores em Washington e Canberra, que junto com a possível paralisação da a venda dos caças Rafaele para a Índia poderia provocar o descontentamento da França em relação ao “outrora parceiro americano” e poderia traduzir-se na saída da França das estruturas da Aliança Atlântica no horizonte de 2023.

Por outro lado, assistimos a algumas declarações surpreendentes do ex-ministro das Relações Exteriores britânico, Philip Hammond, recolhidas pelo jornal "The Telegrah" nas quais afirma que "Londres poderia hospedar mísseis nucleares americanos em solo britânico em meio a tensões com a Rússia", o que poderia ser entendida como o retorno a uma corrida armamentista como a mantida durante a Guerra Fria com a URSS (ressuscitando o projeto de Parceria entre os EUA e a Europa para fornecer ao Reino Unido os mísseis Polaris de julho de 1962). Nesse contexto, a informação do canal de televisão alemão ZDF deve ser colocada em seu programa noturno 'Frontal 21' de que “Os Estados Unidos planejam implantar 20 novas bombas nucleares B61-12, cada uma com potência equivalente a 80 vezes que foi lançado em Hiroshima "adicionando isso".

É CARO SER POBRE

Por que o sistema financeiro falha tanto - e como a fintech pode consertá-lo

# Publicado em português do Brasil

Junaid Wahedna* | Asia Times | opinião

Mesmo antes da pandemia de Covid-19, o aumento da desigualdade de renda era um dos principais desafios que as economias em todo o mundo enfrentavam.

Em 2018, o relatório da Oxfam “Uma Economia para 99%” revelou que o homem mais rico do Vietnã ganhava mais em um dia do que a pessoa mais pobre em uma década. Foi apenas uma das muitas afirmações surpreendentes, e o relatório reflete uma tendência mais ampla na Ásia - que, apesar de ter visto um crescimento recorde nos últimos 20 anos, tem lutado para distribuir a nova riqueza de maneira uniforme. 

Coletivamente, as seis maiores economias do Sudeste Asiático - Indonésia, Tailândia, Filipinas, Vietnã, Cingapura e Malásia, também conhecido como ASEAN-6 - têm um PIB de cerca de US $ 3 trilhões, que crescia 5 a 6% cada ano até 2020 , quando a pandemia varreu o globo e interrompeu o crescimento econômico em suas trilhas. 

Mas, embora a região tenha uma população de 670 milhões e tenha experimentado um crescimento econômico consistentemente acima das médias globais históricas, metade da população permanece sem conta bancária - sem acesso a produtos financeiros - e outro quinto (18%) não tem banco, sem acesso a qualquer outro do que uma conta bancária, de acordo com pesquisa da Fitch Ratings em 2020 . 

E a disparidade de renda tem sido um problema persistente nos últimos anos para a Indonésia, que tem a sexta pior desigualdade do mundo, de acordo com a Oxfam. Os quatro homens mais ricos da Indonésia têm mais riqueza do que 100 milhões das pessoas mais pobres do país.

DISPUTAS

Jorge Cadima* | opinião

«A agressividade do imperialismo não terminou. Está no ADN do sistema. Vão procurar novas vias» - como o revela o acordo EUA/GB/Austrália, visando nova e ainda mais irresponsável escalada na militarização do Pacífico, mas arrastando consigo novas clivagens inter-imperialistas -. «Mas o fracasso afegão foi um momento de viragem na consciência do planeta, e do próprio povo dos EUA, sobre a decadência da super-potência capitalista. Vai agravar a sua crise.»

A retirada dos EUA/NATO do Afeganistão lançou o pandemónio entre as classes dirigentes imperialistas. As recriminações multiplicam-se. O criminoso Blair, co-responsável pela invasão de 2001 e que, com Bush e Durão Barroso, mentiu descaradamente para «justificar» outra invasão, a do Iraque, lançou-se numa diatribe sem precedentes contra o presidente dos EUA. Classificou de «imbecil» a crítica de Biden às «guerras sem fim» (Newsweek, 22.8.21). Estes inusuais ataques revelam a ferocidade da guerra intestina que assola os centros de poder nos EUA, Reino Unido e UE.

Biden não é amante da paz. A sua longa carreira política tem servido o imperialismo norte-americano. Enquanto presidente, as suas políticas face à China, Cuba, Irão, Rússia, Venezuela, Bielorrússia e outros países evidenciam que não desistiu das agressões imperialistas. Mas algo tem de mudar.

Mais lidas da semana