sábado, 2 de outubro de 2021

A crise que não queria ver (na Grã-Bretanha)

# Publicado em português do Brasil

Antonio Turiel , Juan Bordera | Rebelion

Cisnes negros, rinocerontes cinzentos e um elefante na sala do mundo

Filas e brigas em postos de gasolina na Grã-Bretanha. Multidão de bombas e vitrines vazias. Estações de serviço totalmente fechadas. Rumores de que em poucos dias o exército sairá com os tanques para tentar normalizar o abastecimento . Falências de pequenas empresas do setor de energia devido à alta do preço do gás. Parece que estamos no início de um roteiro distópico para uma série de televisão - na verdade, poderia ser um episódio tanto do aclamado Years & Years , ambientado no mesmo lugar, quanto do francês El Collapse , cujo segundo capítulo é tão semelhante à realidade britânica que vê-lo agora dá arrepios. Mas não, infelizmente é sobre o que sempre acaba superando a ficção. 

A tempestade perfeita tomou forma na Grã-Bretanha. Uma mistura de fatores - uns inesperados, outros completamente previsíveis, como alertamos recentemente em um texto mais amplo: “ O outono da civilização ” - se uniram para provocar imagens que, se tivessem ocorrido em Cuba, já sabemos com que crítica teria foi acompanhado. Mas não. Eles aconteceram em Brexitzuela . 

A crise da bomba começou no final de setembro. A BP (British Petroleum) foi temporariamente forçada a fechar algumas de suas estações devido à ausência de transportadores e caminhoneiros - cerca de 100.000 desaparecidos - que o Brexit ajudou a provocar, intercaladas com as consequências naturais da pandemia e abusos habituais a um mal pago profissão, mas absolutamente essencial. 

Energia: um bem público

A transição energética promovida pelo Governo PS e comandada pela UE agravará a desigualdade competitiva da economia portuguesa

Sandra Pereira [*]

Nas últimas semanas, com a aproximação do tempo frio, chegaram anúncios sobre o aumento dos preços da energia na União Europeia (UE), incluindo em Portugal. As causas apontadas pela Comissão Europeia, como o aumento da procura do gás após a retoma das atividades económicas, os baixos níveis de armazenamento ou o encarecimento das licenças de emissão de carbono no mercado europeu, não convencem. É evidente que a carestia dos preços da energia não está desligada do processo de liberalizações, privatizações e desregulações no setor ocorrido nas últimas décadas, cânones da economia neoliberal e levadas a cabo por sucessivos governos do PS, PSD e CDS com a bênção da UE.

Em Portugal, têm sido décadas com sucessivos governos a afirmar e priorizar uma política energética neoliberal, de subordinação à ordem da UE, com profunda subestimação e subalternização dos interesses nacionais e da economia portuguesa.

Com as privatizações e liberalizações, o Estado foi perdendo capacidade de defender os interesses dos consumidores domésticos e das empresas, fortemente afetadas na sua competitividade pelos elevados preços da energia. A realidade mostra que nem os trabalhadores, nem os consumidores beneficiaram com as privatizações e as liberalizações. Pelo contrário: aumentaram os preços, diminuiu o emprego com direitos, desrespeitaram-se os interesses nacionais e a soberania energética, ignorando problemas económicos, sociais e ambientais, desprezando a defesa de um serviço público de qualidade. E levou à criação e domínio do setor por poderosos grupos monopolistas, alguns como no caso da REN um monopólio natural, dominados pelo capital estrangeiro e sujeitos inteiramente à lógica da maximização dos lucros e da especulação financeira.

O défice energético, o domínio do setor por grupos monopolistas, os elevados custos da energia para os consumidores e empresas e a instrumentalização de problemas ambientais marcam a situação no setor da energia, sendo consequência direta do processo de liberalização e privatização.

Quem é este Costa que berra contra a GALP?

Pedro Tadeu* | Diário de Notícias | opinião, em 22 setembro 2021

5 de setembro de 2018 - A Comissão de Trabalhadores da Petrogal afirma que desde 2017 a GALP não contratou um único trabalhador com vínculo permanente, apesar de terem saído da empresa 260 pessoas e só terem entrado 31, todas com vínculo precário. A empresa declarou lucros em 2017 no valor de 602 milhões de euros.

Nota: o Estado tinha 7% do capital da empresa. Nesse dia António Costa era primeiro-ministro de Portugal, e nada disse.

12 de março de 2019 - O Tribunal da Relação do Porto confirma uma sentença da Autoridade para as Condições do Trabalho de condenação da GALP por discriminação e assédio a três trabalhadores. No ano anterior o Ministério Público considerara ilegais vários atos repressivos sobre trabalhadores cometidos pela administração da empresa. A GALP declarou lucros em 2018 no valor de 707 milhões de euros

Nota: o Estado tinha 7% do capital da empresa. Nesse dia António Costa era primeiro-ministro de Portugal, e nada...

21 de outubro de 2019 - A GALP junta-se à REN e a concessionárias de distribuição de gás natural numa ação judicial para tentar impedir as tarifas definidas pela entidade reguladora do setor, a ERSE. No período 2008-2019, o Grupo GALP teve 4198 milhões de euros de lucros líquidos e distribuiu aos acionistas 3227 milhões de euros.

Nota: o Estado tinha 7% do capital da empresa. Nesse dia António Costa era primeiro-ministro de Portugal e...

24 de abril de 2020 - A GALP aprova a distribuição de dividendos pelos seus acionistas no valor de 318,2 milhões de euros que se somam a 262,3 milhões de euros pagos a título de adiantamento de lucros. Em março tinham sido despedidos 80 trabalhadores da refinaria de Sines. A empresa declarara lucros de 560 milhões de euros em 2019.

Nota: o Estado tinha 7% do capital da empresa. Nesse dia António Costa era primeiro-ministro de...

21 de dezembro de 2020 - A administração da GALP confirma à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) o fecho da refinaria de Matosinhos. Deu a pandemia por covid-19 e consequente baixa de consumo como uma das razões para a decisão. Segundo a imprensa, o ministro do Ambiente, que tem a tutela, mostra-se "preocupado".

Nota: o Estado tinha 7% do capital da empresa. Nesse dia António Costa era primeiro-ministro...

28 de janeiro de 2021 - A ERSE multou a GALP Power em 376 mil euros por sistematicamente lesar consumidores no fornecimento, na faturação e nos contratos. Depois dos mais de 500 milhões de euros em lucros e dividendos distribuídos a meio do ano aos acionistas, a empresa fecha 2020 com um prejuízo de 42 milhões de euros.

Nota: o Estado tinha 7% do capital da empresa. Nesse dia António Costa era primeiro...

25 de abril de 2021 - A Eurostat informa que Portugal foi o terceiro país da União Europeia a registar o maior aumento no preço do gás, apesar de a média desse preço nos 27 ter baixado. A GALP anunciou que nos primeiros três meses do ano teve um lucro de 26 milhões.

Nota: o Estado tinha 7% do capital da empresa. Nesse dia António Costa era...

30 de abril de 2021 - A GALP suspende a laboração na refinaria de Matosinhos. A consequência será o despedimento direto de 400 trabalhadores e indireto de outros mil funcionários de pequenas empresas que vivem da relação com a refinaria. Com este fecho, Portugal passará a importar os produtos químicos que deixa de produzir, agravando a pegada ambiental com esse transporte.

Nota: o Estado tinha 7% do capital da empresa. Nesse dia António Costa...

19 de setembro de 2021 - O secretário-geral do PS, António Costa, em campanha eleitoral em Matosinhos, afirma que "a Galp revelou total irresponsabilidade social porque, ao contrário do que estão a fazer as empresas que estão agora a encerrar as suas centrais a carvão, não preparou minimamente a requalificação e as novas oportunidades de trabalho e de prosseguir a vida ativa para os trabalhadores que iriam perder os seus postos de trabalho". O sindicato SITE Norte revela que Costa nunca aceitou receber os representantes dos trabalhadores da GALP ao longo de todo o processo. A GALP, nos primeiros seis meses do ano, teve um lucro de 166 milhões de euros...

Nota: o Estado ainda tinha 7% do capital da empresa. Nesse dia o primeiro-ministro de Portugal ainda era António Costa, mas, de certeza, não deve ser o mesmo António Costa que berrou em Matosinhos contra a GALP...

*Jornalista

Guiné-Bissau exortada a proteger menores de turismo sexual

A sociedade civil da Guiné-Bissau denuncia a persistência da exploração sexual de raparigas menores por turistas nas Ilhas Bijagós. As autoridades prometem tomar medidas.

As denúncias do abuso e exploração sexual das menores nas ilhas Bijagós não são recentes. Já em julho passado, um relatório do Departamento de Estado norte-americano referia que "meninas são exploradas no turismo sexual infantil" naquela zona insular da Guiné-Bissau.

Dois meses mais tarde, o coordenador da Rede de Crianças e Jovens Jornalistas (RCJJ) da Guiné-Bissau, Vladimir Cuba, reforça o alerta.

"Sabemos que várias crianças são aproveitadas naquelas zonas [insulares] para exploração sexual, através dos contactos que os proprietários dos estabelecimentos hoteleiros fazem naquela zona."

Postos de vacinação em Luanda têm filas intermináveis

Novo decreto presidencial que mantém a situação de calamidade pública e exige certificados de vacinação para acesso a locais públicos ou fechados está a provocar enchentes aos centros de saúde na capital angolana.

O aumento de infeções e de mortes associadas à Covid-19 e a obrigatoriedade do certificado de vacinas em locais públicos e ou fechados a partir de 15 de outubro em Angola está a provocar uma corrida dos cidadãos aos postos de vacinação.

Nas filas intermináveis em Luanda, encontram-se, sobretudo, muitos jovens que procuram a primeira dose. O funcionário público Dilson João de Deus, de 34 anos, disse que "venceu o medo" e tomou a primeira vacina, afirmando estar "mais confiante e seguro".

A trabalhadora doméstica Marcelina Sebastião prometeu "aguentar a enchente" em frente ao posto de vacinação do Magistério Primário, zona do Maculusso, centro de Luanda, esta sexta-feira (01.10) para ganhar a imunidade contra a Covid-19. 

"Apesar da enchente, vamos tentar, porque em todo o lado não há", disse. "Estamos aqui a aguentar. Se der para apanhar, vamos apanhar, se não, vamos voltar num outro dia."

"Parcerias contra a corrupção estão a dar frutos" em Angola

Ministro das Relações Exteriores diz que há "progressos" na cooperação com Portugal para a recuperação de capitais ilícitos no estrangeiro. Téte António crê que a corrupção está a inibir investimentos em Angola.

O ministro das Relações Exteriores de Angola, Téte António, encontrou-se com o seu homólogo português, Augusto Santos Silva, em Lisboa esta quinta-feira (30.09) para assinar diversos protocolos de cooperação multisetorial, entre os quais relativos ao Serviço de Investigação Criminal (SIC).

Sobre o combate à corrupção em Angola e a operação para a recuperação de ativos financeiros transferidos ilicitamente para fora do país, ministro Téte António disse que esse é um processo moroso. "É um trabalho que implica várias vertentes em termos de procedimentos internos, mas também com a cooperação internacional”, afirmou.

O ministro angolano diz que a corrupção - a par de outros entraves como a burocracia e as leis inadequadas - está a inibir os investimento estrangeiro no país. Por isso, reforça que Angola conta com as parcerias já estabelecidas para  combater essas práticas. O ministro não quis pontuar com quem estariam sendo essas parcerias, apenas ressaltou que o trabalho "está em progresso” e "está a dar frutos”

Dada a independência entre o poder executivo e o poder judicial, o homólogo português, Augusto Santos Silva, destaca, na qualidade de observador, que "tem sido absolutamente exemplar a cooperação entre as autoridades judiciárias de Angola e de Portugal neste domínio”. E ainda ressalta que "a luta contra a corrupção é uma responsabilidade de todos”.

Vila Nova toma posse como Presidente de São Tomé e Príncipe

Eleito com 57,6% dos votos, o engenheiro pediu união para evitar "os desperdícios da divisão". O sucessor de Evaristo Carvalho quer que arquipélago "abra-se ao mundo", com mudanças drásticas na cooperação internacional.

Carlos Vila Nova tomou posse este sábado (02.10) como o quinto Presidente da República de São Tomé e Príncipe. Numa sessão solene na sede da Assembleia Nacional, o engenheiro fez o juramento de posse e prosseguiu ao discurso que destacou a soberania do povo são-tomense.

"O povo fez a sua escolha", declarou destacando a "pacífica" alternância democrática no arquipélago. "Jamais uma eleição presidencial foi tão disputada no nosso país e com um desfecho tão incerto. O mundo olhou para o nosso país com apreensão. Ninguém tem dúvidas nessas circunstâncias que todo o mérito é do povo", sublinhou.

"Tenho a justa medida das expetativas do nosso povo e das suas justas ambições, pelo que será com toda a determinação que exercerei o cargo de Presidente da República e com o mandato supremo das Forças Armadas", disse durante o discurso transmitido em direto pelas redes sociais da Assembleia Nacional de São Tomé e Príncipe.

Carlos Vila Nova foi eleito na segunda volta das eleições presidenciais, a 5 de setembro, com 57,6% dos votos e apoio do partido Ação Democrática Independente (ADI). O segundo candidato, Guilherme Posser da Costa, apoiado por MLSTP-PSD/PCD/MDFM/UDD, foi derrotado, com 42,4% dos votos.

"O que importa agora é que se estabeleçam pontes e que se destruam os muros que nos separam e, enfim, que a nação se una. Unidos seremos sempre mais fortes e evitaremos os desperdícios da divisão", sublinhou ao dizer que vai governar para "todos" os são-tomenses.

Ex-diretor da secreta quer Nyusi e Guebuza em tribunal

MOÇAMBIQUE | DÍVIDAS OCULTAS

Gregório Leão, antigo diretor do Serviço de Informações e Segurança do Estado, volta a sugerir que o Presidente Filipe Nyusi e o seu antecessor, Armando Guebuza, se sentem no banco dos réus.

"Eu não devia estar aqui sozinho", afirmou o arguido Gregório Leão no quarto dia consecutivo de audições.

O ex-diretor do Serviço de Informações e Segurança do Estado (SISE) é acusado do crime de "associação para delinquir" por ter participado em reuniões do Comando Conjunto e do Comando Operativo Forças de Defesa e Segurança.

As duas entidades aprovaram a criação da Zona Económica Exclusiva, um projeto que descambou nos empréstimos que endividaram o país em mais de 2,2 mil milhões de dólares.

Por isso, Gregório Leão disse esta sexta-feira (01.10) em tribunal: "Se é associação para delinquir [...] no âmbito deste projeto, seríamos todos nós, os membros do Comando Operativo."

Está na hora de "preparar o futuro" de Cabo Delgado

Moçambique celebra algumas vitórias com a intervenção militar externa em Cabo Delgado. Mas o que acontecerá quando essas tropas saírem? Investigador pede solução para descontentamento social e reorganização do Exército.

Em entrevista à DW África, o investigador moçambicano João Feijó, do Observatório do Meio Rural (OMR), salienta que, para a intervenção se tornar num sucesso sustentável há que resolver problemas endógenos como as fragilidades do Exército e o descontentamento social na região.

DW África: A opção do Governo de recorrer a forças externas para estancar a insurgência parece estar a surtir efeitos. Parecem-lhe resultados duradouros?

João Feijó (JF): Os resultados imediatos foram positivos porque Moçambique recuperou a iniciativa no ataque e colocou os insurgentes em xeque. Portanto, recuperou o controlo territorial, devolveu segurança às populações no terreno e muita gente está hoje na expetativa de poder regressar. A via militar não será a única solução, mas não deixa de ser importante.

DW África: Contudo, há zonas de penumbra nessas parcerias externas...

JF: Há grandes questões que se colocam aqui. A primeira é uma questão militar ou de coordenação entre estas tropas, em termos operacionais. A segunda tem a ver com os custos: quem é que vai pagar isto? E quais são as contrapartidas que Moçambique irá dar sobretudo ao Ruanda? Existe o discurso de que é uma ajuda voluntária e desinteressada, mas sabemos que nas relações internacionais as coisas não são tanto assim. Outra questão que se coloca é, se o problema não ficar logo resolvido e elas tiverem de persistir no terreno, quem é que vai pagar isto e qual é a viabilidade de pagar isto? E depois o que vai acontecer quando elas regressarem? Isso implica uma reorganização das Forças Armadas moçambicanas para preparar para o futuro. Há um trabalho que está a ser feito nesse sentido em sintonia com o apoio da União Europeia, que está a formar militares moçambicanos.

Portugal | O bom, o mau e o político

Jorge C.* | AbrilAbril | opinião

A ideia de que há pessoas boas e más na política, de que a bússola política é moral, serve para nos distrair do essencial: a política é as opções que resultam naquilo que se materializa à nossa volta.

No meio da rua, entre o fugir e o disparar, ele opta pela modalidade disparar-em-fuga: são todos iguais, eu já não acredito, querem é poleiro. Ao cinismo destas observações, por norma, respondemos com diálogo e esclarecimento ou desistimos, entregando o descontentamento a quem dele mais se sabe aproveitar. As tensões criadas numa destas conversas de rua são desconfortáveis, mas fundamentais.

Há muito que se consolidou a ideia de que a política é o resultado de um processo de ambição pessoal e que reflete as características morais dos indivíduos. Nas autarquias, o fenómeno manifesta-se de forma mais evidente, apoiado no velho lugar-comum «eu, nas eleições autárquicas, voto nas pessoas». Em boa verdade, nós votamos sempre em pessoas, mas talvez seja um equívoco que o façamos pelas suas características individuais (ou a aparência dessas características) e não pelas suas opções políticas e pelo historial da organização partidária que integram, que são aquelas características que afetam o nosso quotidiano e que, muitas vezes, condicionam o nosso futuro, as nossas expectativas e os nossos horizontes.

A ideia de que há pessoas boas e más na política, de que a bússola política é moral, serve para nos distrair do essencial: a política são as opções que resultam naquilo que se materializa à nossa volta. Isto significa que eu posso ser um tipo sem qualquer caráter e defender, ao mesmo tempo, a abolição das propinas; posso ser o vizinho do ano e, simultaneamente, propor o corte nas pensões. Não há nada em sermos bons ou maus que tenha implicações nas nossas opções políticas. Essas opções são um reflexo daquilo que consideramos a prioridade nos interesses – os nossos, egoístas, e os daqueles que achamos merecedores dessa prioridade. Também não é o facto de sermos boas ou más pessoas que vai definir as nossas escolhas políticas. Estas escolhas serão sempre um reflexo da nossa posição na ordem das prioridades e de que modo entendemos a solidariedade no plano coletivo. De que lado estás, perguntar-se-ia?

Portugal | Quem quer ser professor?

Número de docentes caiu 70% em 20 anos

Entraram apenas 1100 alunos em licenciaturas de formação de docentes

O número dos estudantes inscritos em cursos superiores de Educação caiu 70% em 20 anos: eram 51.224 no início do século (2001/2002), mas o registo do último ano letivo caiu para 13.781. E, no concurso de acesso deste ano entraram apenas 1100 alunos.

Os números, retirados do Registo de Alunos Inscritos e Diplomados do Ensino Superior, publicado pela Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência, "ajudam a perceber a crónica falta de professores, um problema que não sendo novo se tem agudizado nos últimos anos", noticia o jornal "Público", na sua edição de hoje, dando conta que três semanas depois das aulas terem começado "continua a haver alunos sem professores".

"A tendência tem vindo a inverter-se ligeiramente nos últimos anos, mas não chega para compensar a quebra de duas décadas", refere o jornal.

Expresso | Imagem: Marcos Borga

Portugal | CDS no fio da navalha

Rafael Barbosa* | Jornal de Notícias | opinião

Não é a primeira vez que o CDS se encontra no fio da navalha. Em 1987, esmagado pelo PSD de Cavaco Silva, ficou reduzido a pouco mais de 4% e a quatro deputados (foi por isso alcunhado como o "partido do táxi").

Parecia ser um partido redundante para a Direita e assim se manteve no ciclo eleitoral seguinte (1991). Até que Manuel Monteiro e Paulo Portas tomaram o poder e refundaram o partido, incluindo a mudança de nome.

Foram os tempos do Partido Popular, com uma viragem à Direita, a geografia política em que havia espaço para crescer. Os resultados eleitorais subsequentes provam que funcionou, apesar de alguns altos e baixos e das sangrentas lutas internas com que, por vezes, ensaiava o suicídio. E esteve, por mérito e peso próprio, nos governos de Durão Barroso (2002) e de Passos Coelho (2011).

Calote dos EUA indicia que vem aí um Armagedom financeiro?

O calote dos EUA representa um risco maior do que o colapso de Evergrande

# Publicado em português do Brasil

A crise da dívida que envolve o gigante imobiliário chinês está distraindo a atenção do mercado da maior ameaça financeira que emana dos EUA

William Pesek | Asia Times

TÓQUIO - Por mais perturbador que seja o drama padrão que paira sobre o China Evergrande Group, aquele que se espalha em Washington é de longe o mais existencial dos dois.

Os contornos da pressão enfrentada pelo incorporador imobiliário mais endividado do mundo já são bem conhecidos. Com cerca de US $ 305 bilhões em dívidas e US $ 355 bilhões em ativos em meio à desaceleração do crescimento mundial , Evergrande se destaca como um microcosmo dos maiores desafios da China.

Novas ondas de infecção por Covid-19 estão colidindo com os esforços para fazer os canteiros de obras voltarem a funcionar. E Evergrande tem cerca de 1.300 projetos em andamento nas cidades do continente de segundo e terceiro níveis. As dificuldades da empresa afetam 200.000 funcionários diretos e quase 4 milhões contratados a cada ano para projetos de desenvolvimento.

A verdadeira preocupação, porém, é seu efeito indireto como o principal ator no setor mais vital da economia continental.

No entanto, por mais que isso seja um risco para um motor econômico global importante, ele continua sendo, essencialmente, doméstico. Todas as probabilidades são de que o Banco Popular da China e as inúmeras brigadas de reguladores do presidente Xi Jinping continuarão a evitar o temor dos mercados de contágio, como o do Lehman Brothers.

RACISMO NOS EUA TEM SUA SEDE E GURUS NOS GOVERNOS

Assassinatos pela polícia dos EUA amplamente subestimados pelo governo federal: estudo

# Publicado em português do Brasil

Os pesquisadores determinam que a contagem federal não reflete 55 por cento das mortes em que a violência policial desempenhou um papel.

A maioria das mortes por violência policial nos Estados Unidos nas últimas quatro décadas foram mal etiquetadas ou contadas a menos no banco de dados principal do governo federal, de acordo com um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Washington e publicado no The Lancet.

O Sistema Nacional de Estatísticas Vitais dos Estados Unidos registrou a violência policial como responsável por 13.700 mortes de 1980 a 2018, disseram os autores do estudo. Mas, examinando três bancos de dados não governamentais de código aberto, eles estimaram que o verdadeiro total era mais de 30.800, ou 55,5% dos mortos pela polícia.

O estudo observou que a subestimação foi maior para negros americanos não hispânicos, com 59,5%; seguido por 56,1 por cento para brancos não hispânicos e; 50 por cento para os hispânicos - levantando questões sobre como a raça afeta os legistas e legistas registram mortes.

Mais uma vez, a «solução de dois Estados»

Washington deseja regressar à «solução de dois Estados» na Palestina, a qual havia sido abandonada pelo Presidente Donald Trump. Foi o que anunciou o Presidente Joe Biden na ONU e o que os parlamentares estão a tentar fazer com que seja oficialmente adoptado no Congresso. O deputado dos Representantes Andy Levin (D-Michigan) apresentou uma proposta de lei nesse sentido.

A «solução de dois Estados» foi promovida pelo Presidente George W. Bush durante a Conferência de Annapolis (2007). Ela visa atingir a paz através da segregação de populações.

Consiste em reconhecer o carácter exclusivamente judaico de um Estado e o exclusivamente árabe de outro. É compatível com a ideologia woke (despertar-ndT) da Administração norte-americana, mas não com a ideologia universalista de igualdade de Direitos Humanos.

Também não é compatível com os factos, já que os sefarditas são judeus originários da Península Ibérica e integrados nas populações árabes quando foram expulsos da Europa, em 1492.

Actualmente Israel contaria com:
 1,8 milhões de árabes muçulmanos e cristãos
 1,4 milhões de árabes judeus
 5,2 milhões de judeus não árabes

Voltairenet.org | Tradução Alva

OS EUA & O ENCOLHIMENTO FRANCÊS

A rescisão do contrato de venda de submarinos convencionais à Austrália (US$60 mil milhões) não foi o primeiro revés da França nestes últimos anos.  Tem havido muitos outros reveses, todos com um instigador/autor bem definido, do outro lado do Atlântico.  

Houve por exemplo o caso do contrato de fabricação dos navios Mistral para a Rússia, que os EUA obrigaram o governo F. Hollande a rescindir.  Houve ainda a venda forçada da Alsthom – um gigante que estava para a França assim como a Siemens está para a Alemanha – à GE estado-unidense.  E não se pode esquecer toda a trama e armadilha sórdida montada em Nova York (com a conivência do governo Sarkozy) a Dominick Strauss Kan a fim de impedi-lo de aceder ao posto máximo do FMI.

Com governantes tão medíocres como Macron e os seus antecessores, a submissão da França parece inevitável.  Quanto aos EUA, é ridículo afirmar que o novo acordo AUKUS (EUA/Austrália/Grã-Bretanha) e a venda dos 12 submarinos nucleares estado-unidenses à Austrália – cuja entrega será por volta de 2040 – poderia incomodar a China.  Foi apenas uma jogada comercial dos EUA a fim de remover um competidor, adjudicar um negócio e promover as suas exportações.

Resistir.info – 22-Setembro-2021

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