quinta-feira, 7 de outubro de 2021

Marcelo empurra Costa para a demissão?

Pedro Tadeu* | Diário de Notícias | opinião

No semanário Expresso de 1 de abril passado o Presidente da República disse isto: "É muito importante que os partidos criem condições para levar o Plano de Recuperação sem sobressaltos até 2023, o que implica garantir a aprovação de dois Orçamentos do Estado, o do próximo ano e o seguinte."

A meio de maio voltou a recomendar a aprovação do Orçamento do Estado pelos partidos à esquerda, porque se o PSD o fizesse não podia "liderar uma alternativa" ao governo.

À Antena 1, numa entrevista à jornalista Maria Flor Pedroso a 21 de maio, tentou voltar a condicionar os partidos: à esquerda "é fundamental que haja na área do poder mais diálogo entre os partidos que estão vocacionados para levar até ao fim a legislatura, para além das suas divergências", e à direita "a alternativa reforce a capacidade de o ser, de forma crescente, porque isso é bom para a democracia portuguesa".

Em julho interveio numa conferência empresarial onde declarou: o setor privado deve "prosseguir o seu empenho ou, se quiser, a sua luta, para ter protagonistas institucionais, políticos e outros, mais fortes, para ter discurso político com mais eco nos momentos de decisão popular e eleitoral", falando a seguir do descontentamento que disse ter ouvido por parte dos empresários em relação à aplicação do dinheiro da "bazuca" financeira: como se sabe, eles queixam-se de ir haver muito investimento do Estado e pouco dinheiro para eles. A direita adorou.

PS diz que Pandora Papers "envergonham" UE

PSD recusa "enterrar cabeça"

A bancada do PS no Parlamento Europeu considerou hoje que as revelações da investigação jornalística Pandora Papers "envergonham" a União Europeia (UE), enquanto o PSD rejeitou que a assembleia "enterre a cabeça na areia num qualquer paraíso fiscal".

Intervindo num debate sobre "Pandora Papers: implicações nos esforços de combate ao branqueamento de capitais, evasão e fraude fiscal" na sessão plenária do Parlamento Europeu na cidade francesa de Estrasburgo, o eurodeputado socialista Pedro Marques assinalou que o que esta investigação revela "é muito claro".

"É uma realidade que nos envergonha, onde alguns escolhem as regras que cumprem e os impostos que pagam, [mas] infelizmente não é novidade", acrescentou o eleito do PS, numa alusão à "sucessão de escândalos", envolvendo uma "quantidade de paraísos fiscais que se multiplicam como cogumelos", o que "demonstra que os progressos dos últimos anos - que existiram - não chegam".

"É preciso acabar com o direito de veto dos países em matéria fiscal", defendeu Pedro Marques, falando no "absurdo de ter hoje veto no Conselho de um dos protagonistas dos Pandora Papers [o primeiro-ministro da República Checa, Andrej Babis]".

Além disso, a "lista negra de paraísos fiscais tem de ser reformada, com critérios mais justos e mais transparência", acrescentou.

O Recurso, em três lances – a narrativa, o acórdão e o “erro”

José Sócrates* | Expressso | opinião

Depois do Ministério Público ter apresentado recurso da decisão instrutória na Operação Marquês, o ex-primeiro-ministro, acusado no processo, reage. "Depois de entregarem o recurso fora de todos os prazos excecionais que haviam sido concedidos, os procuradores parece terem esquecido que a sua principal tarefa constitucional é ' defender a legalidade democrática'. É isto que há a dizer

Logo de entrada, no primeiro lance, o Ministério Público queixa-se do inaceitável “desprezo sobre o narrativo acusatório”. Ao longo de várias páginas os senhores procuradores criticam asperamente o senhor juiz de instrução por se ter concentrado nos factos, nos indícios e nas provas, ignorando o que chamam de “narrativo”, isto é, a formidável campanha de difamação que eles próprios promoveram nos jornais ao longo destes sete anos. Quem acompanhou este processo percebe exatamente o que eles querem dizer - o “narrativo” a que se referem é o “Correio da Manhã”.

Temos, portanto, a narrativa como proposta de novo paradigma penal. Ela não deve continuar confinada aos domínios da literatura ou da política, devendo agora ocupar um lugar na ação penal. É altura do direito democrático se desembaraçar da entediante e maçadora tarefa relativa aos factos e às provas, para se concentrar nas “estórias.” Na nova lógica penal não são os factos que precedem a construção de narrativas, mas as narrativas que criam os factos. A narrativa é em si própria um facto.

Antes, a ação penal democrática constituía-se como um conjunto de atos solenes e formais de construção de factos e de provas - o que a distinguia do insulto, da calúnia e da infâmia. Não mais. Iniciada a era da pós-verdade, a nova linha de fuga do direito criminal está encontrada – se nada houver contra o alvo, construímos “narrativas”. Esta nova prioridade deita uma nova luz sobre a verdadeira motivação do processo marquês. Não foi a conduta do visado, mas o seu estatuto; não foi o suspeito, mas o alvo; não foi a justiça, mas a política. A política e o inimigo político. Eis o verdadeiro terreno da “narrativa”.

Covid-19: Vacinas que não protegem a sério não são vacinas

Covid-19: dois estudos confirmam que proteção conferida pela vacina da Pfizer cai após dois meses

Pesquisas conduzidas em Israel e no Qatar concluíram que a proteção imunológica permanece elevada contra doença grave, mas deixam o alerta para o risco de exposição a novas ondas epidémicas

A proteção imunológica conferida pelas duas doses da vacina da Pfizer contra a covid-19 baixa após cerca de dois meses, ainda que continue a ser forte para evitar doença grave, hospitalização e morte, concluíram dois estudos publicados esta quarta-feira no New England Journal of Medicine.

As pesquisas foram conduzidas em Israel e no Qatar. No primeiro caso, os investigadores avaliaram 4800 profissionais de saúde do Sheba Medical Center, tendo concluído que os níveis de anticorpos diminuem rapidamente após duas doses da vacina “especialmente entre homens, entre pessoas com 65 anos de idade ou mais e entre pessoas com imunossupressão”.
O estudo revelou também que a imunidade para pessoas que são vacinadas após a infeção natural por covid-19 é especialmente forte e mais duradoura.

O segundo estudo, no Qatar, analisou casos reais de infeção entre a população vacinada (o país administrou maioritariamente a vacina da Pfizer/ BioNTech). Conclusões? A proteção induzida pela vacina “aumenta rapidamente após a primeira dose, atinge o pico no primeiro mês após a segunda dose e, em seguida, diminui gradualmente nos meses subsequentes”, pode ler-se.

Segundo Laith Abu-Raddad, da Weill Cornell Medicine-Qatar, um dos investigadores, a quebra de proteção torna-se mais acentuada a partir do quarto mês após a vacinação, “para atingir um nível baixo de aproximadamente 20% nos meses seguintes”.

Dados diferentes foram apurados em relação à proteção contra hospitalização e morte, que se manteve acima de 90%.

Os investigadores sublinham que o comportamento influencia a eficácia da proteção, já que as pessoas vacinadas tendem a manter mais contacto social do que as não vacinadas, podendo também descurar as medidas de segurança, por se sentirem mais protegidas.

Para a equipa de trabalho, citada pela CNN, os resultados são um alerta: “Sugerem que uma grande fatia da população vacinada pode perder a proteção contra a infeção nos próximos meses”, o que aumenta “o potencial para novas ondas epidémicas”.

A Pfizer obteve no mês passado autorização da Food and Drug Administration dos EUA para as doses de reforço da sua vacina, recomendada para administração cerca de seis meses após concluída a vacinação com as duas primeiras doses. Nos Estados Unidos, o reforço está a ser recomendado para maiores de 65 anos, pessoas com situações clínicas de maior vulnerabilidade, e pessoas com maior risco de ficarem infetadas, como profissionais de saúde e a população prisional.

Mafalda Ganhão | Expresso

Sem o admitir, estamos já convertidos ao transumanismo

Em 18 de Outubro de 2019, quer dizer antes de ser dado o alerta contra a Covid-19, algumas personalidades participavam numa espécie de teatro simulando esta epidemia. Este evento fora financiado pela Bill & Melinda Gates Foundation. (Na imagem)

Thierry Meyssan*

O mundo muda muito depressa. Durante a epidemia de Covid, o dinheiro concentrou-se em algumas mãos. Os novos oligarcas são transumanistas. Sem nos darmos conta disso, já admitimos a sua ideologia e começamos a pô-la em prática. Os médicos ocidentais renunciaram tratar esta doença e parece-nos evidente apostar tudo no ARN mensageiro. Pouco importa que esta estratégia seja mortífera. Agora, é assim que pensamos.

confinamento, devido à reacção política à Covid-19, favoreceu uma redistribuição mundial da riqueza em favor de alguns actores da Internet (Microsoft, Alphabet…). Ao mesmo tempo, os fundos de investimento (Vanguard, Blackrock…), que geriam já somas astronómicas e podiam impor os seus interesses aos Estados, tornaram-se propriedade de uma poucas famílias. Existem agora diferenças estratosféricas de riqueza entre alguns super-bilionários e os povos.

As classes médias, que foram sendo lentamente erodidas desde a queda da URSS e o início da globalização económica, desaparecem progressivamente. Na prática, os sistemas democráticos não resistem a estas diferenças de riqueza, súbitas e gigantescas.

Como sempre nos períodos de mudança do sistema político, a classe social que aspira ao Poder impõe o seu ponto de vista. Aqui é o transumanismo. A ideia de que os progressos científicos vão permitir uma transformação da biologia humana ao ponto de vencer a morte. A quase totalidade das cinquenta maiores fortunas do mundo parece aderir a esta fantasia. Para elas, a tecnologia substituirá muitos homens tal como a ciência substituiu as superstições.

Para impor a sua nova Doxa, estas três grandes fortunas começam por controlar aquilo que pensamos e a forçam-nos a agir segundo esta nova ideologia. O fenómeno mais recente é precisamente a nossa reação à pandemia de Covid-19. Historicamente, durante todas as epidemias precedentes, sem excepção, os médicos procuravam tratar os doentes. Era o velho mundo. No novo mundo transhumanista, ninguém deve ser tratado, todos devem ser protegidos com uma nova tecnologia, o ARN mensageiro. A maior parte dos Estados desenvolvidos proíbe os seus médicos de tratar os seus pacientes e os seus farmacêuticos de vender medicamentos que seriam susceptíveis de os ajudar (hidroxicloroquina, ivermectina, etc.). Uma revista médica de referência, The Lancet, publicou mesmo um artigo afirmando que um velho medicamento utilizado por milhões de pessoas matava os doentes da Covid que o tomavam. Os gigantes da Internet censuram as contas que dele fazem apologia. Tudo deve ser feito para que o ARN mensageiro se torne apenas a única opção.

Eu não sou médico. Ignoro quanto valem estes diferentes produtos. Sou apenas um homem que observa a maneira como se fecha um debate antes mesmo de ele ter começado. Não intervenho no debate científico, mas constato o seu bloqueio.

O caso do ARN mensageiro contra os médicos ainda não acabou. O Presidente Joe Biden organizou, em 22 de Setembro de 2021, uma cimeira (cúpula-br) global virtual para distribuir 500 milhões de doses da « vacina » de ARN mensageiro. Para surpresa geral, os Estados que deviam ser os beneficiários deste presente boicotaram esta cimeira. Eles não acham que para si o ARN mensageiro seja uma solução [1].

Para os perceber, basta uma calculadora: os Estados que apostaram tudo no ARN mensageiro tiveram 20 a 25 vezes mais mortes, por milhão de habitantes, do que aqueles que permitiram os tratamentos pelos médicos.

Estamos já fascinados pelo transumanismo, uma vez que não nos questionamos sobre a interdição de tratamentos contra a Covid. Mas, ele não tem a mesma influência fora do Ocidente.

ONU | Guterres e a grande restauração

Como o capitalismo se tornou uma bomba-relógio

# Publicado em português do Brasil

Matthew Ehret* | Strategic Culture Foundation

Durante a sessão 76 da Assembleia Geral das Nações Unidas em 20 de setembro de 2021, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, lançou um terrível alerta, dizendo“Estou aqui para fazer soar o alarme. O mundo deve acordar. Estamos à beira de um abismo - e nos movendo na direção errada. Nosso mundo nunca foi mais ameaçado ou dividido. Enfrentamos a maior cascata de crises de nossas vidas ... Um superávit em alguns países. Prateleiras vazias em outros. Esta é uma acusação moral do estado de nosso mundo.”

Embora essas palavras aparecem muito verdadeiro na superfície, sentado como estamos em cima de um colapso sistémico da economia mundial e do potencial colapso dos níveis populacionais jamais visto desde os dias da 14 ª idade escura século, vale a pena perguntar: Quais são as principais causas para o colapso em um abismo que tanto preocupa Guterres?

É o neocolonialismo administrado por uma oligarquia financeira que manteve a maioria do sul global pobre, endividado, faminto, dividido e em guerra?

Ele está preocupado com a tendência de hegemonia nuclear de primeiro ataque de espectro total pelos unipolaristas anglo-americanos?

Ou é o colapso imanente da bolha financeira de US $ 1,2 quatrilhão disfarçada de economia ocidental?

Na verdade, não é nenhuma dessas coisas.

Na mente de Guterres, as crises existenciais que exigem uma revisão total de todo o comportamento, pensamento e tradições coletivas humanas são moldadas pela ebulição da terra causada pelo aquecimento global antropogênico (que tem menos a ver com CO2 antropogênico do que você pode imaginar ) e uma pandemia com uma taxa de sobrevivência de 99,8%.

Que tipo de solução Guterres imagina?

Significado da nova liderança do Japão para os EUA

O QUE UMA NOVA LIDERANÇA NO JAPÃO SIGNIFICARÁ PARA AS RELAÇÕES REGIONAIS DOS EUA

# Publicado em português do Brasil

Shihoko Goto* | Katehon

Fumio Kishida, oficialmente eleito primeiro-ministro hoje em uma votação parlamentar, pode buscar mais independência de Washington.

Fumio Kishida  foi eleito oficialmente o 100º primeiro-ministro do Japão  em uma votação parlamentar na segunda-feira.

Tendo vencido a batalha pela liderança para liderar o Partido Liberal Democrático do Japão no final de setembro, Fumio Kishida provavelmente emergirá como o próximo primeiro-ministro do país. Embora a tarefa imediata de Kishida seja garantir que o LDP vença as eleições parlamentares do mês que vem de forma decisiva para que ele possa evitar a maldição de primeiros-ministros de porta giratória, a liderança japonesa ficará sob pressão cada vez maior agora para definir suas relações com Washington, bem como com Pequim.

Para os Estados Unidos, ter um Japão politicamente estável é uma parte crítica de sua própria estratégia no Indo-Pacífico. Como um tratado de segurança que também foi fundamental para manter vivo o acordo comercial da Parceria Trans-Pacífico, mesmo após a retirada de Washington, Tóquio tem sido firme em seu apoio aos Estados Unidos em seus interesses em toda a região, e essa relação se fortaleceu ainda mais com o surgimento do Quad como âncora para a cooperação regional.

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