Mariana Mortágua* | Jornal de Notícias | opinião
Na semana passada, as três principais redes sociais mundiais - o Facebook, o Instagram e o WhatsApp - paralisaram durante seis horas. Pouco importa as suas causas. A avaria mostrou ao Mundo o poder de uma empresa que, sozinha, domina o negócio das interações digitais. Nas poucas horas em que um terço da humanidade se desconectou das aplicações de Mark Zuckerberg, perderam-se 950 milhões de euros.
O apagão deu-se na altura em que o "Wall Street Journal" publica os Facebook Files, baseados em documentação interna da empresa, fornecida por uma ex-trabalhadora. Perante o Senado americano, Frances Haugen denunciou como o gigante da tecnologia coloca os lucros à frente de quaisquer preocupações sociais, éticas, ou democráticas.
O perfil predatório do Facebook, que levou a empresa a comprar os maiores competidores, fez de Zuckerberg o homem mais poderoso à face da terra. O escândalo da Cambridge Analytica mostrou como esse poder de acesso aos dados de milhões de pessoas foi exercido a favor de Trump nas eleições norte-americanas. Anos mais tarde, Zuckerberg decidiu simplesmente bloquear as contas do ex-presidente. Uma decisão discricionária para esconder o papel do próprio Facebook na organização da invasão do Capitólio que marcou a derrota do trumpismo.