sábado, 16 de outubro de 2021

O ARROTO MILITARISTA DO “HEGEMON”

A DOUTRINA BIDEN DÁ INÍCIO A MAIS UM CAPÍTULO DA IIIª GUERRA MUNDIAL CONTRA O SUL GLOBAL

Martinho Júnior, Luanda 

A persistência das doutrinas e critérios militaristas do “hegemon” no seu relacionamento com os outros, a manutenção das mais de 800 bases militares “ultramarinas” espalhadas pelo mundo e o caudal de vassalagens, coligações, arregimentações e “partnerships” que isso está a implicar, até os artifícios se esgotaram em propaganda e influência “soft power” é por si, face ao crescendo de crises, um bárbaro crime contra a humanidade, que pela sua irracionalidade pode ferir de morte a cada vez mais sufocada civilização!

Enquanto pelo menos uma parte da vassalagem não acordar, é no mínimo uma retórica com prática de submarinos, de mísseis, de contenciosos nucleares e outras coisas e loisas que tais, que proporcionará muito lucro, via “hegemon”, à aristocracia financeira mundial & oligarquias nacionais filiadas, todavia agora já não será só o Sul Global, mas também a emergência (incluindo a emergência mais indecisa como a da Índia, ou a do Brasil), a ter de responder duma forma ou de outra à barbaridade do monstro!

01- Nem todo o espectro capitalista se está a deixar arrebatar por essa barbaridade, pois as contradições ao se avolumarem, fazem descobrir as intenções e os objectivos da aristocracia financeira mundial, do seu exclusivismo e do seu “diktat” que é uma ditadura com máscara de democracia, com todos os programas para a poder impingir e obrigar os outros, particularmente aos resistentes como os casos de Cuba Revolucionária, da Venezuela Bolivariana, ou da Nicarágua Sandinista, para citar alguns…

É impossível para esses adoptarem critérios militaristas no mesmo ofensivo plano de elevação, pois se assim fosse seria impossível a eles procurar por via económica experimentar as potencialidades dos seus pressupostos emergentes que, como tal, não podem ferir os relacionamentos internacionais como faz deliberada e unipolarmente o “hegemon”.

Os emergentes precisam dum universo multipolar para se poder afirmar, mesmo que mantenham a via capitalista nos seus relacionamentos, algo que a República Popular da China cuida em não fazer em toda a linha, pois os horizontes indicam que a humanidade só pode gerar outros critérios por causa do esgotamento dos recursos da Mãe Terra!...

À barbaridade do capitalismo ao jeito do “hegemon” unipolar, abre-se a janela de civilização dos que por via de Novas Rotas da Seda e dos oleodutos e gasodutos buscam consensos de paz cada vez mais alargados por todo o Sul Global e também pela União Europeia, (que é de facto a península ocidental da EurÁsia), pondo fim às pretensões de “continuar até à eternidade” a persistência da agressão do âmbito da IIIª Guerra Mundial!...

Todos os factores conjugados em torno do fornecimento do gás russo à Europa, vai ao menos esfriar a cabeça dos intoxicados europeus?

"Os EUA querem enfrentar a China. A UE quer engajar a China"

Melhores planos estabelecidos... A mentalidade de soma zero de Washington aliena aliados

Strategic Culture Foundation | editorial

Como é amargamente divertido que, quando Joe Biden foi eleito presidente dos Estados Unidos, ele prometeu reunir aliados.

Devido à política de confronto ao estilo da Guerra Fria de Washington em relação à China, há agora um conflito cada vez maior com os aliados dos EUA na União Europeia e na Ásia-Pacífico.

Isso ficou evidente nas discussões do G20 e da ASEAN nesta semana, onde vários países expressaram profundas dúvidas sobre a pressão implacável de Washington por relações divisivas com a China.

O ministro das Finanças da França, Bruno Le Maire, enquanto participava de uma cúpula do G20 em Washington DC, disse ao New York Times sobre a grande diferença que está surgindo entre os EUA e a UE. “Os Estados Unidos querem enfrentar a China. A União Europeia quer engajar a China ”, disse Le Maire, acrescentando que o bloco precisa se tornar mais independente da política americana.

Este apelo à independência europeia de Washington tem vindo a crescer há algum tempo. Alcançou níveis mais vocais durante a presidência de Donald Trump devido ao seu estilo hostil para com os aliados sobre os gastos militares da OTAN e várias alegadas reclamações comerciais. O que amplificou esses apelos dissidentes foi a formação, no mês passado, do pacto militar tripartido entre os EUA, a Grã-Bretanha e a Austrália - conhecido como AUKUS - que surpreendeu completamente os aliados europeus. A França ficou particularmente prejudicada porque perdeu um contrato de submarino com a Austrália no valor de cerca de € 50 bilhões.

Aukus | Crise dos submarinos australianos é para esquecer

União Europeia considera "incidente" com Washington fechado

"Está bom, acabou, vamos seguir em frente", disse o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, após um encontro com seu homólogo americano.

O "incidente" está encerrado: o Alto Representante da União para a Política Externa, Josep Borrell , manifestou na sexta-feira, 15 de outubro, em Washington, seu desejo de virar a página da crise franco-americana no dossiê Aukus, que esfriou as relações entre os Estados Unidos e Bruxelas, dando as boas-vindas à cooperação transatlântica reforçada.

"Não vamos ser masoquistas e insistir continuamente em nossos problemas, temos que superá-los e olhar para o futuro" , disse ele a repórteres no dia seguinte ao encontro com seu homólogo americano, Antony Blinken. “Houve um incidente, houve alguns mal-entendidos, faltou comunicação, tudo isso já foi dito” , frisou. "Está bom, acabou, vamos em frente. Vamos começar a trabalhar juntos mais de perto ” , acrescentou.

Alemanha | Sociais-democratas mais perto de formar Governo

O Partido Social-Democrata (SPD), mais votado nas eleições de 26 de setembro, chegou a um acordo preliminar com os Verdes e os liberais para a formação de um Governo. Partidos vão agora discutir a coligação internamente.

Os sociais-democratas alemães, os Verdes e os liberais do Partido Democrático Liberal (FDP) concordaram esta sexta-feira (15.10) em iniciar conversações formais para formar um Governo após as eleições legislativas do mês passado, que levou a uma reordenação do panorama político da Alemanha.

"Efetivamente conseguimos chegar a um acordo. É um resultado muito bom, mostra claramente que pode ser formado um Governo na Alemanha", afirmou o social-democrata Olaf Scholz, provável futuro chanceler, numa declaração à imprensa feita em conjunto com dirigentes dos partidos ecologista, Annalena Baerbock e Robert Habeck, e liberal, Christian Lindner.

O acordo foi adotado na ronda de negociações eleitorais preliminares e terá de ser submetido no fim de semana à análise dos congressos dos Verdes e dos liberais. "É um acordo muito bom, necessário para levar a cabo a modernização de que a Alemanha tanto precisa", disse Scholz.

"Estamos convencidos de que podemos concluir um acordo de coligação ambicioso e viável", lê-se num documento conjunto emitido após uma ronda exploratória final esta sexta-feira.

União Europeia, aparelho de guerra

José Goulão | AbrilAbril | opinião

É preciso criar «um verdadeiro exército europeu» para «afrontar a ameaça russa», sentencia Emmanuel Macron, presidente francês; «precisamos de armas, precisamos de capacidades militares», defende Josep Borrell, o socialista que chefia a «política externa» da União Europeia; «este desastre do Afeganistão também mostrou que, infelizmente, a UE não tem a capacidade necessária para operar em circunstâncias extremas», lamenta Matej Tonin, ministro da Defesa da Eslovénia, país que assume a presidência da União Europeia no semestre em curso; «os europeus foram forçados a sair do Afeganistão por estarem dependentes do poder e coordenação dos Estados Unidos», editorializa a publicação EU Observer, um pilar da propaganda federalista.

Moral da história: a União Europeia não é somente uma entidade política; pretende ser uma aliança militar; ou, encarando as transcrições numa perspectiva de flagrante actualidade, se a decisão final coubesse a Bruxelas as tropas europeias ainda estariam no Afeganistão, arrastando-se numa guerra mais do que perdida.

Na sua reunião do passado dia 2 de Setembro, logo a seguir à confirmação da humilhação sofrida no Afeganistão, os ministros da Defesa dos Estados da União Europeia concluíram existir uma necessidade de criar unidades de guerra europeias com activos de milhares de militares que poderão ser utilizadas em «missões específicas». Josep Borrell concretizou: «precisamos de aumentar a nossa capacidade de agir com autonomia quando e onde for necessário».

Estas intenções cabem na «bússola estratégica», um plano sobre as ambições de «defesa e segurança» da União Europeia para os próximos cinco a dez anos e que deverá ser aprovado durante o mês de Novembro.

Na verdade, ainda o cadáver da NATO no Afeganistão está quente e são evidentes as forças centrífugas dentro da aliança tendo como centros emissores a comunidade imperial anglo-saxónica e a arreigada mentalidade colonial dos Estados dominantes (e não só) da União Europeia. As armas e as capacidades militares de que, segundo Borrell, a União Europeia necessita são também para «ajudar a proporcionar estabilidade aos nossos amigos africanos porque a segurança deles é a nossa segurança». Da Líbia ao Sahel e à generalidade da África francófona sabemos o que o chefe da «política externa» de Bruxelas quer dizer, tendo em conta os milhares de soldados europeus destacados para «missões humanitárias» e o «combate ao terrorismo» na África Central; um «terrorismo» que decorre, aliás, das práticas político-militares de grandes potências da União, desde o Médio Oriente ao Magrebe. «Segurança» na região significa, em última análise, a criação de situações favoráveis à continuada exploração colonial dos fabulosos recursos naturais do Sahel, designadamente o urânio, tão necessário para alimentar as centrais nucleares francesas e o fulgurante renascimento da indústria nuclear de guerra.

As lições da China para erradicar a pobreza

# Publicado em português do Brasil

Ascensão chinesa tirou 850 milhões da pobreza, urbanizou o país e ampliou acesso a serviços públicos. Apostou no “desenvolvimento”, conceito cada vez mais questionado. Mas subordinou-o a projeto nacional de soberania e bem-estar

Diego Pautasso e Isis Paris Maia | Outras Palavras

O desenvolvimento é condição – embora não suficiente – para a erradicação da pobreza. Este não é força espontânea, mas depende do projeto nacional e do consequente lugar do país no sistema internacional. Do contrário, a mobilidade social resume-se a intencionalidades. Dessa forma, a compreensão das políticas públicas numa dada formação social relaciona-se à estrutura de poder e de riqueza social que atravessam as instituições de Estado.

No caso da China, a revolução se entrelaçou a um complexo processo de reconstrução nacional. Trata-se da superação do longo Século de Humilhações, período em que o país foi invadido e repartido entre potências imperialistas, responsáveis por aniquilar o longevo e próspero Império Chinês. Transformado num dos países mais pobres do mundo, o PIB da China era de 60 dólares per capita em 1949, cerca de metade da média dos paupérrimos países asiáticos, enquanto a expectativa de vida era de apenas 35 anos.

O capital financeiro e a economia mundial

Prabhat Patnaik [*]

O período do neoliberalismo testemunha um aumento da percentagem do excedente económico na produção total, tanto em países individuais como para o mundo inteiro. Isto porque a "abertura" da economia a um comércio mais livre de bens e serviços leva a uma rápida introdução de mudanças estruturais e tecnológicas que, devido à sua característica de deslocar o trabalho, mantém a taxa de crescimento do emprego abaixo da taxa de crescimento natural da força de trabalho. O consequente aumento da dimensão relativa do exército de reserva do trabalho restringe o nível dos salários reais por toda a parte, mesmo quando a produtividade laboral cresce massivamente, provocando um aumento na percentagem do excedente económico.

Esta comutação dos salários para o excedente deprime o nível da procura de bens de consumo e portanto da procura agregada, provocando uma tendência para uma crise de super-produção. Uma vez que o conservadorismo orçamental, por insistência do capital financeiro, impede qualquer compensação desta tendência através das despesas do Estado, a única contrapartida possível para isto dentro de uma economia neoliberal é proporcionada por bolhas de preços de activos que também têm o efeito de impulsionar a procura. Mas mesmo se por acaso for gerada uma tal bolha que mantém à distância por algum tempo a crise do excesso de produção, o seu colapso lança novamente a economia numa crise.

O colapso da bolha imobiliária nos EUA em 2008 teve este efeito naquele país e na economia mundial. De facto, a década 2009-19, ou seja, mesmo antes do início da pandemia, foi marcada por uma crise prolongada; a economia mundial registou durante estes anos a mais baixa taxa média de crescimento decenal em todo o período do pós-guerra.

A pandemia, e os confinamentos a ela associados, levaram a uma queda absoluta da produção mundial, cuja dimensão relativa entre países dependia, entre outras coisas, da magnitude dos pacotes de salvamento-reforço distribuídos pelos vários governos. Nos Estados Unidos, onde o pacote foi de quase 10% do PIB, o declínio do PIB foi relativamente pequeno (3,5% em 2020), enquanto na Índia, onde o pacote de socorro e resgate do governo foi inferior a 2% do PIB, a queda do PIB chegou a atingir 7,3% em 2020-21. Mas na maior parte dos países avançados houve um claro recuo nas políticas neoliberais que têm sido prosseguidas nas quatro décadas anteriores: houve um aumento substancial e deliberado da dimensão do défice orçamental, com a União Europeia a remover mesmo temporariamente o seu limite máximo estatutário sobre a dimensão do défice fiscal em relação ao PIB.

Dar ao patronato, negar aos trabalhadores e o Estado a pagar

PORTUGAL

O acordo de formação profissional só logra atingir um objectivo: a boa vontade dos patrões em relação às políticas públicas de formação profissional, a troco de mais recursos para as associações patronais.

Hugo Dionísio | AbrilAbril | opinião

Não questionando o carácter positivo de algumas das medidas constantes do acordo sobre formação profissional, a verdade é que, no essencial, o Governo evitou qualquer proposta que criasse o mínimo de polémica junto das confederações patronais, nunca lhes exigindo o mínimo de comprometimento com a resolução de alguns dos mais graves problemas que explicam a contínua desvalorização das competências profissionais pelo patronato nas empresas. Ao invés, o Governo exigiu aos sindicatos que fossem coniventes com importantes promessas ao patronato, visando o reforço da formação profissional como um negócio, à custa do estado e dos contribuintes.

Nenhuma das propostas, que obrigavam estado, patrões e sindicatos, foram aceites no texto. As medidas que dependeriam de um acordo entre todos os intervenientes, e que representariam um avanço na direcção certa e um compromisso político que fosse para além dos que já haviam sido assumidos pelo governo, nenhuma foi aceite. Esta dualidade de critérios do Governo, só por si, justifica a rejeição do acordo pela CGTP-IN.

O conteúdo deste acordo nunca poderia servir para valorizar as competências, as qualificações e as profissões, nem para representar um ponto de viragem em relação a um passado de desaproveitamento de fundos e de conhecimento, que foi e continua a ser absorvido pelos países nossos concorrentes.

Em termos muito concretos, este acordo só logra atingir um objectivo: a boa vontade dos patrões em relação às políticas públicas de formação profissional, a troco de mais recursos para as associações patronais. Não se percebe bem o que é que justificou o quê, mas percebe-se que, para atingir o que de positivo contém, não seria necessário acordo algum.

Portugueses explorados continuam a alimentar banqueiros e...

BPN e Banif custam mais do que alívio de IRS e subida extra de pensões

Restos do antigo BPN estão acautelados na despesa do OE2022 com 117 milhões de euros. Antigo Banif também, com 178 milhões. As duas despesas juntas valem 295 milhões, mais que o alívio no IRS e o aumento extra das pensões mais pobres.

A despesa pública prevista na proposta de Orçamento do Estado para 2022 (OE2022) para os veículos financeiros que guardam os ativos tóxicos e mais difíceis de comercializar dos antigos bancos privados BPN e Banif ascende a 295 milhões de euros. É mais do que a verba que o governo quer dar ao alívio previsto para alguns escalões de IRS e ao aumento extraordinário de 10 euros para as pensões dos mais pobres. Estas duas medidas valem 285 milhões de euros.

Segundo o Ministério das Finanças, o alívio do IRS deve custar 205 milhões de euros (só a parte que diz respeito a 2022) e o reforço das pensões mais baixas deve ascender a 76 a 80 milhões de euros, se for a partir de agosto. Portanto, estas duas medidas de maior generosidade orçamental valem no máximo 285 milhões de euros. No entanto, custam menos do que a referida despesa acautelada na proposta de OE2022 para os restos do BPN e do Banif.

Para o ministro das Finanças, valores desta dimensão na despesa são "pesados". Por exemplo, ontem (sexta-feira), em entrevista ao Eco, João Leão foi questionado sobre a possibilidade de expandir a atualização extraordinária das pensões já a partir de janeiro em vez de esperar até agosto para dar a benesse dos 10 euros aos pensionistas mais pobres.

A resposta do ministro foi que o aumento a partir de agosto, como consta na proposta, terá um custo de 80 milhões de euros e que anualizar a medida "teria um custo de cerca de 170 milhões de euros". João Leão considerou que, à luz destes valores, "é uma medida com grande peso do ponto de vista financeiro" e que, por isso, convém ir com calma para não sobrecarregar o orçamento.

Mas, como referido, o OE acautela outros valores de "grande peso", que nem sequer aparecem na apresentação do OE, nem no extenso relatório que o acompanha. Um deles são os tais 300 milhões de euros para os dois bancos falidos que ainda constam nas contas públicas. Outros já por lá passaram, mas foram sendo resolvidos, ainda que com prejuízo para os contribuintes. Foi o caso do BES e do BPP.

Na nova proposta de orçamento que ainda vai ser discutida e votada na Assembleia da República durante outubro e novembro, o governo diz que pretende gastar 178 milhões de euros no que resta do universo Banif e 117 milhões de euros nos três veículos do antigo BPN.

No caso do Banif estão em causa quatro entidades (Banif Imobiliária, Banif SA, Oitante e WIL - Projetos Turísticos). Os mapas do OE2022 indicam que a despesa está totalmente coberta com receitas próprias (previsão) e que portanto, pode não gerar défice.

É o que tem acontecido nos últimos anos. Os contribuintes já arcaram (definitivamente) com um prejuízo monumental por causa do Banif, cerca de 3 mil milhões de euros perdidos para sempre, indica o Tribunal de Contas no Parecer sobre a Conta Geral do Estado de 2019 (a última disponível). No entanto, desde 2016 que a conta parou efetivamente de crescer.

No OE2022, a despesa prevista com as quatro entidades do Banif desce face ao OE2021, passando de 370 milhões para 178 milhões de euros.

BPN, o banco que nunca mais acaba

O caso do BPN é que é muito mais complicado e negativo para o bolso dos contribuintes. De acordo com o Tribunal de Contas, o pequeno banco que era liderado por José Oliveira Costa e que estava muito ligado a altas individualidades do PSD já custou mais de 6,2 mil milhões de euros ao erário público.

Apesar de ter sido nacionalizado, desmembrado, umas partes vendidas e outras incorporadas na CGD, a verdade é que os destroços do BPN (repartidos por três veículos financeiros: Parparticipadas, Parvalorem, Parups) continuam a exigir recursos avultados ao OE.

Tal como no caso Banif, as sociedades do BPN também surgem há vários anos equilibradas com cobertura completa por receitas próprias, o que seria uma segurança em termos de evitar défices. No entanto, todos os anos o prejuízo acontecer. Segundo o Tribunal de Contas, o antigo BPN carregou as contas públicas com 1,3 mil milhões de euros em 2019. Em 2018, tinham sido mais 788 milhões de euros. Em 2017, mais 432 milhões de euros. Por aí a fora.

Muito deste dinheiro não é mais do que pagamentos à CGD e juros por empréstimos feitos no passado, por exemplo. Se o Estado não contemplasse estas transferências, aumentava o malparado do banco público. Ou seja, gerava um problema, mas noutro lugar.

O OE2022 traz, nesse sentido, um sinal desfavorável à navegação. No ano passado, o OE2021 (apresentado em outubro de 2020) até reduziu a despesa orçamentada para as três sociedades "par" do BPN. Agora, para 2022, isso não acontece. A despesa orçamentada aumenta mais de 20%, para 117 milhões de euros.

Portugal | Marcelo e a crise no abstrato

Carvalho da Silva* | Jornal de Notícias | opinião

Os pronunciamentos das diversas forças políticas, no quadro do debate em curso sobre a proposta do Orçamento do Estado (OE) para 2022, aconselha todas as cautelas quanto a prognósticos relativos ao seu desfecho, pois a política está cheia de surpresas. Com prejuízo para os portugueses, o enfoque do debate está colocado nas táticas dos partidos e na utilização do OE como fator potenciador de uma crise política.

Existem, a meu ver, três fatores que alimentam este cenário: a fragilidade estratégica em que o Partido Socialista decidiu colocar-se nesta legislatura, podendo dizer-se que não terá a responsabilidade toda nesse processo, mas que é sua a parte de leão; o sofrimento que a Direita vem acumulando, provocado pela ansiedade incontida de aceder ao poder, mesmo sem qualquer programa político decente para o país; a impaciência do presidente da República (PR), agora em segundo mandato, que vê no atual quadro uma oportunidade para exercitar os seus dotes de manipulador político. Marcelo pode estar, como já estão "estadistas" do seu partido, a entrar na ansiedade obsessiva da crise.

Marcelo habituou os portugueses a esperarem dele comentários a tudo e mais alguma coisa e a ser uma espécie de homem sociedade. Ele é capaz de substituir qualquer instituição ou organização nos seus papéis e pronunciamentos. Por isso não se estranha muito que, em período de discussão do OE, venha avivar o espectro do diabo encarnado em crise política. Tem algum sentido o PR falar da crise em abstrato e, a partir daí, especular sobre custos políticos para o país e para os portugueses? Marcelo possui um versátil jogo de anca que o apresenta como limador de arestas, mesmo quando as está a vincar.

O OGE 2022 e a luta de poleiros para "galar" o "mexilhão"

Costa já admite acordo escrito mas chumbo do OE mantém-se

Diz ser "irracional" falar de eleições. PCP sem evolução e BE não vê "passo negocial". PAN "mais perto" de votar contra.

A ronda de audiências em Belém terminou sem sinal de entendimento para o Orçamento do Estado (OE) e com a mesma ameaça de chumbo. Após António Costa ter dito que ter eleições antecipadas seria "completamente irracional" e admitido fazer um acordo escrito, como exige novamente o Bloco, Catarina Martins disse não existir qualquer "passo negocial" do Governo. O PCP não vê evolução suficiente que permita viabilizar o OE e também o PAN diz "estar mais perto" de votar contra.

Para os "Verdes", este OE "não tem pernas para andar". E a Direita confirmou o voto contra. Rui Rio vai propor isso à direção nacional e fala em "50% de probabilidades" de haver eleições antecipadas.

Após Costa ter prometido negociar com "humildade" e acenado com a agenda para o trabalho digno, o Governo jogou alguns trunfos, como o prolongamento da suspensão da caducidade da contratação coletiva. Mas sem sucesso, porque as esquerdas exigem o fim da caducidade e o PCP até criticou o "paliativo". O dia foi ainda marcado pela aprovação da discussão na especialidade sobre trabalho suplementar e pelo anúncio da redução de dois cêntimos por litro na gasolina e de um cêntimo no gasóleo.

A vacina que não é exatamente vacina… Talvez uma fraude?

PORTUGAL COVIDADO

Incidência de novas infeções nos mais idosos com tendência crescente

A pandemia de covid-19 regista uma "intensidade reduzida" em Portugal, mas verifica-se uma "tendência crescente" da incidência de novas infeções nos idosos com 80 ou mais anos, indica o relatório das "linhas vermelhas" divulgado esta sexta-feira.

"O grupo etário dos indivíduos com 80 ou mais anos apresentou uma incidência cumulativa a 14 dias de 113 casos por 100 mil habitantes, que reflete um risco de infeção superior ao risco da população em geral, com tendência crescente", adianta a análise de risco da Direção-Geral da Saúde (DGS) e do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA).

Este grupo etário tem, segundo os dados da DGS, a vacinação completa contra a covid-19 há várias semanas.

A incidência de novos casos mais elevada regista-se, porém, nas faixas etárias entre os 0 e os 9 anos e dos 20 aos 29 anos - ambas com 117 casos por 100 mil habitantes.

Segundo o relatório, a avaliação dos diversos indicadores revela uma atividade epidémica do vírus SARS-CoV-2 de "intensidade reduzida", com tendência estável a nível nacional, o que se reflete num impacto reduzido da pressão sobre os serviços de saúde e da mortalidade por covid-19.

O número de doentes internados em unidades de cuidados intensivos no continente revelou também essa tendência estável, correspondendo a 22% do valor crítico definido de 255 camas ocupadas, a mesma percentagem da semana anterior. Na quarta-feira, estavam nestas unidades um total de 56 doentes.

No que diz respeito à mortalidade específica por covid-19, o relatório indica que está agora nos 9,2 óbitos em 14 dias por um milhão de habitantes, o que revela um "impacto reduzido da pandemia" neste indicador, sendo inferior ao limiar de 20 mortes definido pelo Centro Europeu de Controlo de Doenças.

O documento refere ainda que o número de novas infeções por 100 mil habitantes, acumulado nos últimos 14 dias, foi de 84 casos, com tendência estável a nível nacional, enquanto o índice de transmissibilidade (Rt) do vírus apresenta um valor igual ou superior a 1, indicando uma tendência estável a crescente da incidência.

A DGS e o INSA indicam ainda que a proporção de testes positivos para SARS-CoV-2 foi de 1,4%, igual à semana anterior, encontrando-se abaixo do limiar definido de 4%.

A variante delta, originalmente associada à Índia, continua dominante em todas as regiões do país, com uma frequência relativa de 100% dos casos avaliados na semana entre 27 de setembro a 3 de outubro em Portugal, avança o relatório.

Jornal de Notícias | Imagem: Pedro Correia/Arquivo Global Imagens

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