quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

Angola | PRETÓRIA ATACOU CABINDA EM NOME DA UNITA

Artur Queiroz*, Luanda

A derrota das forças do apartheid no Triângulo do Tumpo e no Cuinene teve como resultado imediato o acantonamento das tropas de Savimbi na Jamba e começaram os primeiros contactos políticos e diplomáticos que culminaram com o Acordo de Nova Iorque. Mas Pretória já antes tinha conhecido graves desaires militares nos confrontos contra os angolanos. Um dos mais estrondosos foi na célebre Operação Argon contra as instalações petrolíferas na baía de Malongo, em Cabinda. O capitão Wynand du Toit, segundo comandante da acção militar secreta, foi feito prisioneiro pelas FAPLA.

As declarações do oficial das forças especiais de Pretória, em conferência de imprensa, em Luanda, acabaram com a “fachada de boa vizinhança” que o regime de Pretória vendia ao mundo.  No dia 21 de Maio de 1985, operacionais das Forças Especiais das SADF foram mortos e feridos nos combates de Cabinda. O capitão Wynand Du Toit foi capturado. Ele era o segundo comandante de uma operação secreta para destruir o complexo petrolífero de Malongo. 

Face ao desastre militar, Magnus Malan, ministro da defesa sul-africano, foi ao Parlamento e declarou que o seu governo não estava a desestabilizar Angola, mas em perseguição ao ANC e à SWAPO, que estavam a conspirar contra a África do Sul a partir das suas bases na profundidade do Norte de Angola. Mas o capitão Du Toit disse, dias depois, numa conferência de imprensa: “Esta operação foi lançada com o objectivo de destruir os tanques de armazenamento de combustível da Cabinda Gulf. Nós não estávamos à procura do ANC ou da SWAPO, estávamos a atacar a Gulf Oil.” (Jacques Pauw in “IN THE HEART OF THE WHORE”, página 206).

A África do Sul há muito que seguia uma política de destabilização dos países da Linha da Frente, especialmente Angola e Moçambique. O Presidente Agostinho Neto tinha declarado que a libertação de Angola passava pela independência da Namíbia, do Zimbabwe e o fim do regime de apartheid na África do Sul. Em 1979, o Presidente José Eduardo dos Santos confirmou o mesmo princípio e assumiu o comando das forças revolucionárias. A sua deslocação à frente da Cahama foi um sinal claro para Pretória: Ninguém derrota milhões de angolanos em armas pela liberdade.

A África do Sul pôs em marcha uma política de transformar os países vizinhos em satélites. Em 1984, Moçambique assinou o Acordo de Inkomati com a África do Sul. Os portos e caminhos de ferro do país dependiam em absoluto dos países vizinhos que por sua vez estavam na dependência económica de Pretória. 

Angola assinou em 1984 o Acordo de Lusaka com a África do Sul, mas estava fora dos satélites que gravitavam na dependência do regime de apartheid. A economia angolana era alimentada por petrodólares, o que permitia ao Presidente José Eduardo dos Santos garantir fontes de financiamento da Guerra pela Soberania Nacional e a Integridade Territorial. Na sequência do acordo, foi criada uma Comissão Militar Mista. Pela parte angolana estavam nessa estrutura os oficiais Kopelipa, Pedro Sebastião, Xavier, Lito, Stona e Sami Ikonga. Mas na sombra, Pretória traía o acordo e preparava um golpe fatal contra a economia angolana.

Pretória decidiu lançar a Operação Argon, que se manteve secreta até ao dia 21 de Maio de 1985, quando os militares sul-africanos foram derrotados pelas FAPLA e o capitão Wynand du Toit foi capturado em combate. O objectivo dos atacantes era destruir as instalações petrolíferas de Malongo (Cabinda). Ao mesmo tempo, atribuir a acção militar à UNITA, que assim ganhava a imagem de movimento guerrilheiro com presença em todo o território nacional. Sem os recursos do petróleo, Angola tinha mesmo que capitular. Mas mais uma vez os racistas de Pretória menosprezaram o heroísmo dos angolanos na sua luta pela libertação de África do regime de apartheid. 

O sul-africano Peter Stiff no seu livro “The Silent War South African Recce Operations 1969-1994” faz revelações que não deixam dúvidas sobre o que foi na realidade a Operação Argon, um dos maiores fracassos dos sul-africanos e da UNITA em Angola.

A Cabinda Gulf Oil, propriedade conjunta da US Gulf Oil e da Sonangol, produzia em 1985 170.000 barris de petróleo/dia. Os ganhos financeiros do Governo atingiram 90 por cento em moeda estrangeira. Escreve Peter Stiff: “Era a única fonte substancial de receitas para continuar a financiar a guerra. Por isso, a África do Sul e a UNITA consideraram a Cabinda Gulf Oil um alvo militar e económico”. Daí até avançar com a Operação Argon foi uma questão de tempo.

Escreve Peter Stiff. “A natureza do ataque tinha que ser enquadrada dentro da capacidade de uma força de guerrilha, neste caso a FLEC, o movimento de libertação criado em Cabinda, que tinha enveredado pela guerrilha de baixa intensidade para a independência do enclave. A divulgação da ideia de que o MPLA estava a enfrentar uma nova frente de combate foi considerada uma boa ideia. A FLEC era considerada pela UNITA como aliada”. Assim se fez. 

Em meados de 1979, as Forças Especiais de Pretória efectuaram um reconhecimento nas instalações petrolíferas de Cabinda, com o intuito de mais tarde realizar uma missão de sabotagem. O grupo de reconhecimento foi lançado em três embarcações “Zodiacs Mark II”, a partir de um submarino “Daphne” de origem francesa.

Peter Stiff escreve: “O submarino emergiu próximo da costa, porque os relatórios de inteligência indicaram que a área estava desprotegida dos radares das FAPLA. Mas um novo radar tinha acabado de ser instalado na área e detectou o submarino. Os atacantes aproximavam-se da costa, o comandante do grupo, utilizando equipamentos de visão nocturna, viu que a praia estava cheia de tropas com a intenção de lhes dar uma recepção calorosa”

A 12 de Julho de 1984, os operadores das Forças Especiais lançaram um ataque a Cabinda, a que chamaram Operação Marimba” No livro “The Silent War”, Stiff revela: “Nesta operação, os militares também foram transportados para a área num submarino e destruíram 200 metros do oleoduto, resultando na perda de 42.000 barris de petróleo bruto e nalguns constrangimentos na produção. Como estava combinado a UNITA assumiu a responsabilidade da operação”. O Governo contestou dizendo que a UNITA era apenas a capa de uma agressão perpetrada pelos EUA, África do Sul, Israel e Marrocos.

A Operação Marimba e a Operação Argon foram executadas pelo “4º RECCE”. No seu livro, Stiff revela a identidade dos militares que actuaram: Coronel Hannes Venter, comandante da unidade, capitão Wynand du Toit, segundo comandante e chefe do grupo de oito operacionais: capitão Krubert Nel, sargentos Amílcar Queiroz, Adam, Michael, Gert e Toby. Mais os cabos Rowland Liebenberg e Louis van Breda. 

Os ensaios e os treinos intensivos para a Operação Argon começaram em Janeiro de 1985. “Em finais de Abril a equipa estava pronta para partir, mas só houve luz verde na noite de domingo, a 12 de Maio”, revela Peter Stiff no livro. E conta todos os pormenores do crime perpetrado em nome da UNITA: 

“A equipa de assalto vestiu macacões escuros iguais aos que eram usados pelos trabalhadores da Gulf Oil. Tudo o que pudesse servir para identificá-los, devia ser deixada no submarino, porque se alguém fosse morto e o seu corpo ficasse abandonado por necessidade extrema, o inimigo não era capaz de estabelecer uma ligação sul-africana. Os operacionais subdividiram-se em três equipas de três operadores cada, duas equipas de assalto e um grupo de comando, que ia garantir a rota de fuga aberta, depois das equipas de assalto terem penetrado no recinto principal do campo dos tanques que armazenavam o petróleo”.

As instalações de armazenamento de petróleo em Malongo tinham uma capacidade de retenção de 1,6 milhões de barris. Existiam cinco tanques de armazenamento, que eram os alvos da destruição. As equipas levavam suficientes cargas explosivas especialmente preparadas para fazer as sabotagens. O autor do livro “The Silent War” revela mais pormenores: “Os explosivos para destruir os tanques de petróleo eram uma combinação engenhosa de explosivo plástico e fósforo, projectado para inflamar o petróleo, assim que jorrasse dos tanques furados, com o objectivo de criar uma combustão incontrolável. Outros dispositivos tornavam ineficaz o sistema instalado de combate a incêndios”. 

Mais pormenores: 

“Todos foram equipados com dois retardadores de ignição independentes que operavam como um seguro contra o fracasso. Além das minas pesadas, os operadores foram obrigados a transportar escadotes leves. Os dispositivos explosivos, dois por tanque, eram colocados sobre eles de modo que as detonações ocorressem a um metro e meio acima do solo e a 15 metros de distância entre si. Isto foi tudo calculado, para criar o máximo efeito destrutivo. Para compensar o peso e o volume do equipamento os operacionais levavam apenas armas ligeiras, duas armas com silenciador e uma AK47 por equipa de assalto. E uma arma com silenciador e uma A-47 para a equipa do comando. Havia dois carregadores de 40 munições por cada AK. Além disso, cada homem tinha uma pistola Makarov. Não levavam nem granadas nem metralhadoras”. Tudo foi meticulosamente preparado. Pretória queria levar o Governo de Angola à capitulação.  

O livro do sul-africano Peter Stiff faz mais revelações sobre a operação: 

“O plano previa que os operacionais actuassem na noite de segunda-feira, 20 de Maio. Ficavam escondidos durante o dia numa faixa longa embora relativamente estreita de floresta densa que quase ligava com a praia. Isto fornecia cobertura suficiente para abandonarem o local de imediato se as coisas corressem mal. Depois de escurecer e uma vez que a área estivesse tranquila, na terça-feira, 21 de Maio, eles penetravam no campo dos tanques de petróleo. De acordo com as informações de inteligência e das conclusões obtidas durante os reconhecimentos anteriores, o campo não era guardado por militares das FAPLA durante a noite”.

A ordem para desencadear a Operação Argon foi dada na noite de domingo, 12 de Maio de 1985. O submarino francês (a França dizia que era contra o regime der apartheid) da classe Daphne foi designado para levar a equipa “RECCE” para Cabinda. O seu destino era secreto e a tripulação só foi informada depois da partida, quando já ninguém podia comunicar com terra. 

O melhor é ler o livro de Peter Stiff: “Os operacionais passaram os seguintes cinco dias e cinco noites no mar, a verificar os detalhes finais, familiarizando-se com os mapas, a ler e a dormitar nos seus beliches. O submarino chegou ao destino e manteve a sua posição de submerso a 30 quilómetros da costa de Cabinda, durante a tarde de sábado, 18 de Maio. O coronel Hannes Venter acompanhou a equipa de reconhecimento na sua viagem à costa. Os botes atracaram na baía de Malembo às 21h30 e os operacionais desapareceram na noite”. Lembro que tudo isto era obra da UNITA de Savimbi.

Leiam mais intimidades da operação no relato de Peter Stiff: “O coronel e as tripulações de dois Geminis (botes insufláveis) remaram de volta ao submarino para aguardar pelo encontro da noite seguinte. O submarino, por necessidade, foi obrigado a permanecer submerso durante a maior parte do tempo para evitar a sua detecção. Quando voltou a escurecer, completaram o reconhecimento apeado, tendo confirmado que as coisas não tinham sido alteradas desde o reconhecimento de Novembro de 1983. Regressaram à praia para serem recolhidos, na madrugada de segunda-feira 20 de Maio, sem incidentes”.

No dia seguinte, 21 de Maio de 1985, os operacionais chegaram nos botes Geminis à baía de Malembo, eram 23h30. Ao amanhecer atingiram as imediações das instalações petrolíferas, onde tomaram a direcção Leste saindo da estrada, tendo continuado para Sul devido às enormes bolas de fogo que brotavam cadenciadamente para o ar da chaminé de queima de gás libertado pelo crude. 

O fogo iluminava a área como a luz do dia, deixando os operacionais expostos. Eles prosseguiram o seu caminho através do capim alto, sabendo que não estavam longe da posição em que se deviam esconder. 

Peter Stiff aponta o primeiro erro do 4º RECCE disfarçado de UNITA: “Erradamente pensaram que estavam numa mata escura e espessa que devia conduzi-los para Sul. Eles progrediram pela mata, atravessando um terreno levemente inclinado. Este veio a ser o erro fatal, porque, embora parecesse ser a faixa correcta da selva, era apenas uma ilha em forma de rim, com 600 metros de comprimento e 200 de largura numa área completamente aberta”. Os invasores foram presa fácil das FAPLA.

As surpresas continuaram e Stiff conta: “A luz do dia trouxe um choque desagradável. O comando informou que uma base das FAPLA ficava a apenas 1.000 metros de distância a Nordeste. Talvez não estivesse lá quando o reconhecimento de Novembro de 1983 foi realizado”. Anos mais tarde, o capitão Wynand du Toit revelou ao autor do livro que ao dirigirem-se para o local de espera, os operacionais passaram a apenas 500 metros da base das FAPLA.

Como reagiram à surpresa? O autor sul-africano responde:

“Eles entreolharam-se desanimados, sabendo muito bem o que ia acontecer. Era de dia e não demorava muito que o inimigo começasse a fazer a patrulha de rotina de guarnição de 360 ​​graus ao redor da base, para verificar se havia rastos do inimigo. Tiveram o seu primeiro vislumbre da faixa de observação das FAPLA quando um soldado saltou da selva a sete metros de distância. O sargento Toby disparou e o soldado caiu. Se ele tivesse esperado mais alguns momentos, com a vantagem da surpresa, podia ter conseguido um pouco mais. Os arbustos começaram a dar sinais de movimento e apareceram mais militares das FAPLA. Rapidamente todo se transformou num grande tiroteio”.

Stiff revela o que lhe foi relatado pelos invasores sobreviventes: 

“Os combatentes angolanos varriam a área com rajadas contínuas. Os sul-africanos faziam tiros isolados, intercalados por ocasionais disparos duplos das AK-47. Os operacionais eram experientes e principalmente selectivos, poupando zelosamente as suas munições e garantiam que cada tiro contasse”. Autênticos combatentes de Savimbi!

Peter Stiff ouviu os sobreviventes da fracassada Operação Argon. Contaram-lhe como saíram do intenso tiroteio: 

“Começaram a retirar, trabalhando como uma equipa bem afinada sem a necessidade de ordens. Krubert tocou o ombro de Lieb e ele foi o primeiro a sair. Depois saiu o Queiroz. Depois dele, o Toby e o Wynand. Krubert começou a recuar, quando uma bala lhe atingiu o ombro esquerdo e caiu. Michael levantou-se e levou um tiro no pé e caiu de costas. Krubert tentou retirar novamente, mas quando ele se virou outro tiro atingiu-o no mesmo ombro, desta vez pela parte de trás, derrubando-o novamente. Perdeu o sentido de direcção e, em vez de correr para trás, saiu da área protegida para o campo aberto”.

Os pormenores foram contados a Peter Stiff pelos sobreviventes. É uma realidade que não deixa dúvidas quanto ao heroísmo e bravura das FAPLA. Leiam: “Um grupo inimigo viu Krubert e abriu fogo. Uma bala atingiu a sua carabina, quebrando-lhe a câmara. O seu dedo ficou fracturado pelo impacto e o ricochete feriu-lhe a mão. Agachou-se atrás de uma árvore de grande porte. O fogo inimigo ia diminuindo. Era feito à queima-roupa e vinha de todas as direcções. Os operacionais lutaram como cães selvagens, mas sabiam que era o fim da picada”.

Peter Stiff conta tudo pela boca dos militares da UNITA sobreviventes: 

“O cabo Louis van Breda foi o primeiro a morrer. Os dois que restaram lutavam ferozmente, atirando para a retaguarda do inimigo. Isto não podia durar muito e ambos sabiam disso. Houve uma breve pausa. Recomeçou um tiroteio desenfreado e uma bala atingiu o braço do capitão Wynand du Toit, quebrando-lhe o osso. Outro tiro atingiu-o no ombro, desviou-se do osso e abriu uma passagem perfurante e sangrenta na carne e no músculo da parte superior das costas. A bala saiu pela nuca. O sangue jorrava-lhe pelo nariz e pela boca”. Estes dois soldados da UNITA foram treinados por Savimbi ou mesmo Abílio Camalata Numa.

Stiff também revela os momentos que antecederam à captura do capitão Wynand du Toit: “Ele estava imobilizado e semiconsciente, mas ouvia o baque das balas no corpo de Lieb. Momentos depois, eles estavam neutralizados. Os sobreviventes decidiram dirigir-se para Oeste saindo para a estrada asfaltada, numa distância de 1.200 metros. Isto implicava um longo rastejar, especialmente para os feridos”.

O livro revela o fim da aventura 4º RECCE da UNITA: 

“O sargento Michael estava em agonia com a ferida no pé, por isso Gert injectou-lhe morfina. Ele continuou com a dor, Krubert deu-lhe a sua própria morfina e disse-lhe para injectá-la antes de partirem. Se isso não funcionasse, Michael certamente seria incapaz de rastejar 1.200 metros. Os Geminis fizeram-se ao mar, enquanto o sargento Queiroz e um companheiro ficaram na praia para acolher os sobreviventes que aparecessem. O tempo esgotou-se e depois de recolherem o sargento Queiroz e o companheiro, os Geminis regressaram ao submarino”.

Na quarta-feira, dia 22 de Maio de 1985, ao cair da noite, os operacionais voltaram a terra para verificar os pontos de encontro e de emergência: 

“Não havia sinais do inimigo nas proximidades, o que indicava que eles não tinham descoberto Krubert e os seus homens na direcção da praia. O que era deprimente, porém, é que não havia nenhum sinal do capitão Wynand du Toit e dos restantes”. Os operacionais verificaram o terreno novamente na noite de quinta-feira, dia 23 de Maio, com os mesmos resultados: “O comandante do submarino recebeu uma mensagem codificada do Centro de Controlo de Silvermine, em Simonstown. Revelava que o Governo Angolano tinha anunciado a morte de dois comandos sul-africanos e capturado outro, a 21 de Maio. Mas nenhum nome foi revelado”.

O Operação Argon foi um fracasso completo. O regime de Pretória sofria mais uma derrota humilhante em território angolano. No seu comunicado sobre o acontecimento, o Governo Angolano denunciou ao mundo: “A África do Sul demonstrou com o ataque às instalações petrolíferas de Malongo, em Cabinda, que ainda não renunciou à sua intenção de desestabilizar Angola”.

O autor do livro “The Silent War” faz esta referência a Savimbi a propósito da fracassada operação: “Embarrassingly for Jonas Savimbi, at a Jamba press conference, he loyally attempted to support South Africa's contention that SWAPO and ANC bases existed in Cabinda, but his own maps on display for the media showed there were none farther north than one southeast of Luanda”. Tradução: “Para embaraço de Jonas Savimbi, em conferência de imprensa na Jamba, ele apoiou, com a habitual lealdade, os argumentos da África do Sul, segundo os quais existiam bases da SWAPO e do ANC em Cabinda, mas os seus próprios mapas em exposição para os Media, mostravam que não havia nenhuma base mais a Norte do que a que existia a Sudeste de Luanda”. A UNITA só foi leal aos racistas e aos colonialistas. Hoje é parte da Irmandade Africâner e dos restos do colonialismo que dominam Portugal. Mas fazem juras de amor à democracia! Nazis nunca serão democratas.

A 20 de Junho de 1985, o Governo de Pretória foi forçado a reconhecer que as suas tropas tinham estado em Cabinda numa “missão de reconhecimento”. O Conselho de Segurança da ONU condenou por unanimidade a África do Sul pela realização da Operação Argon. Na província de Cabinda começou o fim do apartheid, consumado nas heroicas batalhas travadas no Triângulo do Tumpo e no Cunene, dois anos mais tarde.

O capitão Wynand du Toit foi promovido a major ainda estava preso em Angola. Regressou à África do Sul, a 7 de Setembro de 1987, após dois anos e meio de prisão. A sua libertação resultou de uma troca de prisioneiros, mediada pelo Governo de Paris.

Du Toit foi libertado em troca de 133 prisioneiros das FAPLA detidos na sua base da Jamba, à guarda da UNITA. Na troca também entrou a libertação, no dia 9 de Julho de 1985, de Klaas de Jong, um activista do ANC que vivia exilado na embaixada holandesa em Pretória, para fugir à repressão do apartheid. Pierre-André Albertini também foi libertado em troca do capitão Wynand du Toit. Era um comunista francês que estava a cumprir uma pena de prisão no bantustão do Ciskei, por se recusar a testemunhar contra pessoas acusadas de terrorismo.

* Jornalista

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