quinta-feira, 31 de março de 2022

O ESCONDERIJO DE QUEM SÃO OS GOVERNANTES DOS EUA

Eric Zuesse* | One World

Essa aristocracia reconstituída consiste nos americanos mais ricos, em vez dos ingleses mais ricos. Portanto, os conflitos da América – tanto estrangeiros quanto domésticos – são contra países estrangeiros que a aristocracia americana pretende adicionar ao seu império existente, ou então são contra o público da América, ou são contra ambos.

Por alguma razão, sou a única pessoa que  afirma publicamente  que os cerca de mil bilionários da América são donos virtualmente do governo dos EUA e que doam tanto dinheiro aos candidatos que vencem as eleições primárias, em ambos os partidos políticos, para a Câmara dos EUA e Senado, e para governadores, para que os bilionários dos Estados Unidos realmente eliminem todo e qualquer candidato político que queira servir ao público  mais do que  aos bilionários. Em outras palavras: os conflitos políticos na América são  conflitos entre seus bilionários –  não  conflitos dentro do público em geral da América (como seria o caso em qualquer   democracia autêntica ). Em outras palavras: os Estados Unidos são governados APENAS para o benefício daqueles cerca de mil indivíduos que possuem os blocos de controle de ações nas maiores corporações dos Estados Unidos, inclusive em praticamente todos os meios de comunicação de notícias da América e nas corporações (como a Lockheed Martin) que obtêm todos os seus lucros da  venda ao governo dos EUA e a  todos os seus  regimes vassalos estrangeiros ou 'aliados' . Em outras palavras: os grandes fundadores da América, que travaram a Guerra Revolucionária para substituir a  aristocracia existente  , que era britânica, e substituí-la  por  uma autêntica  democracia de regra da maioria , finalmente (a partir do momento atual), falharam , porque a América agora tem um  renascimento aristocracia, e essa  aristocracia reconstituída  consiste nos  próprios  bilionários da América. Eles são uma ditadura tanto quanto a aristocracia britânica, mas quase inteiramente locais, em vez de 100% estrangeiros (como a aristocracia britânica). Essa  aristocracia reconstituída  consiste nos americanos mais ricos, em vez dos ingleses mais ricos. Portanto, os conflitos da América – tanto estrangeiros quanto domésticos – são contra países estrangeiros que a aristocracia americana pretende adicionar ao seu império existente, ou então são contra o público da América, ou são contra ambos. Os conflitos externos são tratados com a imposição de sanções econômicas, subversões, golpes e invasões militares; mas o  doméstico os conflitos são tratados simplesmente pela antiga máxima aristocrática de “dividir para reinar” – dividindo o inimigo (  neste  caso o povo americano) em gays versus heterossexuais, brancos versus negros, “nossa” religião versus a religião deles ou nenhuma religião. , ou qualquer outro fabricado (como étnico) "nós contra eles", mas NUNCA o REAL, que é bilionários-versus-o-público. É assim que eles se mantêm no poder e aumentam constantemente seu poder (sua ditadura).

Portugal | ARMAMENTO, UM NEGÓCIO COMO OS OUTROS?

Mariana Mortágua* | Jornal de Notícias | opinião

O consórcio internacional de jornalistas Investigate Europe realizou uma grande reportagem sobre o modo como a UE tem apoiado financeiramente a expansão de uma indústria cuja propriedade está muito concentrada em alguns estados e fundos de investimento privados, a do armamento.

Em 2015, depois da invasão da Crimeia pela Rússia, a Comissão Europeia criou um "Grupo de Personalidades" para aconselhar uma estratégia de Defesa. Dos 16 membros, sete pertenciam à indústria militar e não houve lugar no grupo para académicos ou representantes de organizações da sociedade civil.

As recomendações daquelas personalidades, vertidas depois no Plano de Ação Europeu de Defesa, levaram à criação de programas de financiamento de investigação e desenvolvimento militar e à constituição do Fundo Europeu de Defesa.

É neste contexto que os 90 milhões gastos pela UE em desenvolvimento militar entre 2017 e 2019 cresceram para 500 milhões em 2020. Atualmente, o programa de defesa tem 7900 milhões de euros. Apesar da dimensão, a informação sobre a utilização destes fundos é escassa e nem o Parlamento Europeu é chamado a participar nas decisões de investimento.

Portugal | Afirmações do primeiro-ministro geram apreensão entre os militares

A AOFA, em comunicado, sublinha que as recentes declarações do primeiro-ministro, nomeadamente quando refere que Portugal «tem hoje menos peso em equipamento do que devia ter e mais peso em recursos humanos do que aquilo que é o compromisso que temos com a NATO», não auguram nada de bom relativamente à resolução de um conjunto de problemas que afectam as Forças Armadas e os militares.

A AOFA chama a atenção para a redução de efectivos, no plano quantitativo e qualitativo, por força das «insuficientes condições de atractividade», designadamente ao nível de remunerações, carreiras, apoio na saúde e condições de trabalho. Uma situação que, segundo a Associação de Oficiais, pode conduzir «a um afrouxar dos imperiosos critérios de rigor na seleção», referindo, a propósito, que se sucedem «casos com militares das Forças Armadas, casos do foro criminal, em que fica a suspeita sobre alguns critérios de recrutamento, suspeita de que se vai baixando a fasquia que permite aceitar indivíduos com historial de vida e motivações, no mínimo, duvidosos».

No comunicado, recordam-se ainda as palavras do Presidente da República e Comandante Supremo das Forças Armadas que, refletindo sobre as Forças Armadas e a sociedade, considerou que «permanecem insuficiências infraestruturais e são prementes problemas de efectivos, de estatuto, de regime de saúde e de integração social», problemas que a AOFA afirma não se encontrarem resolvidos e que continuam a afectar os militares.

AbrilAbril

Imagem: Militares desfilam perante o Presidente da República, durante comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Portalegre, 10 de Junho de 2019CréditosNuno Veiga / LUSA

GOVERNO DE GALA


Henrique Monteiro | HenriCartoon

CUIDADO COM AS IMITAÇÕES E OS FALIDOS -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O Governo do senhor António Costa, primeiro-ministro de Portugal, tomou hoje (30.03) posse sem refugiados ucranianos. Levou logo um raspanete do Tio Célito. De Washington chegou uma mensagem cifrada exigindo que os socialistas portugueses declarassem imediatamente que vão comprar gás líquido ao estado terrorista mais perigoso do mundo (EUA). Dona Ursula, patroa do cartel falido que é a União Europeia, mandou um recado: Não comprem nada aos russos, nem gelo da Sibéria. O chanceler alemão estendeu o braço e bradou: Heil Costa! Glória à Ucrânia.

A mãe do senhor primeiro-ministro António Costa, Maria Antónia de Palha, mal terminou a cerimónia abeirou-se do Augusto Santos Silva, presidente da Assembleia da República, e numa conversa boca a orelha disse-lhe que tinha de deitar abaixo o Presidente João Lourenço. Primeira medida. A segunda é fazer eleger o engenheiro à civil Adalberto da Costa Júnior. Tiro e queda. 

Cuidado! Este Santos da Silva é savimbista, adalbertista, rafaelmarquista, agualusista, revusista, unitista e outras moléstias acabadas em ista, como o intestino grosso ligado ao cérebro. O novo ministro da Economia, Costa Silva, é um rosqueiro insanável. Oportunista militante. Quando em Angola estava a dar o maoismo, exibia o livrinho vermelho do camarada Mao. Ao perceber que os fraccionistas estavam a dominar o MPLA passou logo a “revisionista” descabeçado, descerebrado e despudorado. Terminada a missão em Angola, encostou-se aos maoistas portugueses que foram desaguar ao Bloco Central (PS com D e PS sem D). 

Costa e Silva não passa de um invertebrado palavroso (o que é extraordinário num molusco), criado para todo o serviço, aguadeiro do lóbi da UNITA em Portugal. No Governo de Lisboa vai dar vasão a projectos que prejudiquem Angola. Os bandidos dos diamantes de sangue estão nas suas sete quintas. O bicho debaixo de olho! Cuidado com as imitações. Um dia destes vão todos declarar-se amigos de Angola ao mesmo tempo que tratam dos negócios do Galo Negro.

O mundo unipolar está a dar as últimas. Infelizmente, os ucranianos estão a pagar uma factura pesada no estertor final do sistema. Os países da União Europeia pagam uma boa fatia. Até os ricaços da Alemanha já mandam os cidadãos poupar energia e recomendam que evitem andar de carro devido à penúria energética. O governo de Berlim está tão esganado que até já aceitou pagar em rublos, o gás e o petróleo importados da Federação Russa. Como só sabem dizer sanções, sanções, sanções, vão agora aprender o que isso significa na prática. 

LITUÂNIA, INDO-PACÍFICO E MEDIDAS ANTI-CHINA

A Lituânia está se tornando o porta-voz da política externa dos EUA na região e se juntando à estratégia de contenção da China e de atitudes contra a soberania chinesa na região de Taiwan.

A Lituânia é um dos países bálticos e faz parte da União Europeia (UE) desde 2004, alinhando-se em todos os aspectos com o bloco. O pequeno país não tem relevância no cenário geopolítico e não tem potencial para combater qualquer inimigo externo, mas a partir das novas tensões socioeconômicas entre China e Estados Unidos (EUA), o pequeno país tenta - sem sucesso - se opor à China e causar uma crise entre a UE e o país asiático. No entanto, a nação, abandonando completamente sua soberania nacional, está se tornando uma colônia da OTAN e dos EUA, comprovando sua total inconsistência em lidar diplomaticamente com a China - a Lituânia não tem voz independente.

Lituânia, China e medidas contra o princípio "Uma China"

Lituânia e China mantinham uma relação comercial próxima e mutuamente benéfica, mas a partir de 2021, o país aceitou narrativas e repressões ocidentais contra a China, decidindo deixar o grupo “17+1”, grupo de países do Leste Europeu e China com laços com a China. comércio chinês, com graves consequências para a sua economia. Além desse erro econômico, a Lituânia ficará de fora da Iniciativa do Cinturão e Rota (BRI), um plano para interconectar comercialmente os países e investir em sua infraestrutura, e está incentivando outros países a cometer o mesmo erro. O BRI é uma nova forma de globalização e quebra de fronteiras geográficas no mundo, mostrando-se um fator de cooperação bilateral. Dessa forma, os países que não querem dialogar com este plano ficam em um estágio econômico frágil.

Taiwan está separada da China desde a revolução socialista de 1949, quando as tropas nacionalistas chinesas do Kuomintang perderam a guerra civil para os comunistas, liderados por Mao Zedong (1893 - 1976). O Kuomintang, liderado por Chiang Kai-shek (1887 - 1975), fugiu para a ilha após a derrota e passou a governá-la de acordo com suas convicções ideológicas. De acordo com o voo, entre os anos 50 e 70, o país estava próximo da maioria dos governos ocidentais, que reconheciam Taiwan como a "República da China". O país foi o representante no Conselho de Segurança da ONU - um absurdo - no lugar da China comunista até 1971. A partir de 1979, após um longo período de reaproximação sob o governo Nixon, os EUA passaram a reconhecer a China comunista e romper relações diplomáticas com Taiwan. Nesse caminho,

Em 18 de novembro de 2021, a Lituânia quebrou e desrespeitou o princípio ao abrir uma embaixada de Taiwan em seu território, em um momento em que os países da Europa e os EUA têm embaixadas não oficiais de Taiwan com o nome de Taipei, capital de Taiwan. O gigante asiático retirou seu embaixador do país em resposta, e o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, disse que o episódio foi um ataque à soberania chinesa e à integridade territorial. Além disso, a China está cortando os laços econômicos com o país, inclusive deixando de exportar carne para o país e incentivando seus aliados a fazerem o mesmo. A Lituânia e a UE chamam a resposta chinesa de "coerção econômica", mas que nome podemos dar à falta de respeito pela soberania chinesa?

CHINA FORNECE AJUDA PARA A UCRÂNIA

O conflito entre a Rússia e a Ucrânia testemunha esses fenômenos: a China está enviando ajuda humanitária aos ucranianos enquanto os Estados Unidos estão entregando armamento a Kiev.

A China está promovendo o diálogo para acabar com a crise e aliviar seu impacto global, enquanto os EUA desejam escalar sanções que poderiam interromper a recuperação econômica global.

Durante todo o conflito Rússia-Ucrânia, a China manteve um estado de neutralidade, citando sua estreita amizade, comércio e laços econômicos com os dois países.

Durante uma videochamada com o presidente dos EUA, Joe Biden, na semana passada, o presidente Xi Jinping afirmou que as principais prioridades eram continuar o diálogo e as negociações, evitar baixas civis, prevenir uma crise humanitária, cessar os combates e acabar com a guerra o mais rápido possível.

Xi pediu aos EUA que mantenham conversações entre os EUA, a Otan e a Rússia sobre o que ele descreveu como o "ponto crucial" do conflito na Ucrânia: as preocupações de segurança de Moscou e Kiev.

Washington parece obcecado com sanções e avisos de que a China "enfrentaria as consequências". O Departamento de Estado dos EUA ameaçou maiores sanções se a China fornecer apoio à Rússia.

Sem dúvida, o que os ucranianos mais precisam são de itens de necessidades diárias, um cessar-fogo e o fim das operações militares. À medida que os bombardeios continuam em lugares-chave na Ucrânia, os itens de necessidades diárias tornaram-se escassos e os feridos precisam de cuidados médicos.

A China tem insistido e trabalhado por soluções diplomáticas para a crise, além de oferecer ajuda humanitária.

Pouco depois do presidente chinês Xi discutir opções com seus homólogos franceses e alemães, os primeiros carregamentos de ajuda humanitária aos 44 milhões de ucranianos foram enviados. Os carregamentos, consistindo de leite em pó para crianças, cobertores e colchas, chegaram via Bucareste em 12 de março. Comboios de ajuda subsequentes trouxeram itens como toalhas, baldes e tochas para Lviv e Chernivtsi, no oeste da Ucrânia.

Além disso, a pedido da Ucrânia, a Cruz Vermelha da China está fornecendo mais ajuda humanitária, incluindo alimentos e necessidades diárias.

Enquanto isso, os EUA conseguiram vender e entregar para a Ucrânia uma grande variedade de armas básicas e sofisticadas, no valor de centenas de milhões de dólares.

A mídia ocidental decepciona os leitores com desinformação ou frieza sobre as vozes e ações de países não pertencentes à Otan durante a crise, criticando nações que não estão prontas para seguir a linha dos EUA.

A China tem mantido consistentemente sua política anti-guerra. Não é um país belicista e aproveitador da guerra, em contraste com uma superpotência que destaca sua força militar em todo o mundo, especialmente ao encurtar o espaço para a segurança da Rússia.

A parceria da China com a Rússia e a Ucrânia é de longa data, a confiança é e continuará sendo a base dela.

A China é o maior parceiro comercial da Rússia há 12 anos consecutivos, segundo o Ministério do Comércio da China. Além disso, foi o maior importador da Ucrânia em 2021, com mercadorias no valor de 8 bilhões de dólares americanos – um aumento anual de 12,7%.

A Ucrânia importou produtos chineses no valor de US$ 10,97 bilhões no ano passado, um aumento de 31,9% em relação ao ano anterior, segundo dados do Serviço Estatal de Estatísticas da Ucrânia.

Por mais tendenciosa que a mídia ocidental tenha se tornado contra a China, os ucranianos sofrerão mais com o influxo de armamento dos EUA, mas ficarão melhor com assistência e soluções da China e de outros países.

O tempo provará ao resto do mundo que tipo de soluções funcionam para uma melhor coexistência da Ucrânia, Rússia e o resto da Europa, qualquer que seja a afirmação da Casa Branca.

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(Traduzido da versão em inglês publicado no China Daily) 

Na imagem: Suprimentos de ajuda humanitária enviados pela Sociedade da Cruz Vermelha da China para a Sociedade da Cruz Vermelha Ucraniana são transportados na Varsóvia, Polônia, em 15 de março de 2022. [Foto: Xinhua]

Mark Pinkstone | Diário do Povo

Taxa de aprovação do governo chinês continua a ser a melhor do mundo

“O Governo da China vai economizar nos custos, para que a população tenha uma vida melhor” – afirmou o Primeiro-Ministro chinês, Li Keqiang, falando aos jornalistas no final das “Duas Sessões” (a reunião anual da Assembleia Nacional Popular e do Comité Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês).

O governante sublinhou que o emprego é de suma importância para a vida da população. E referiu que, em comparação com as grandes empresas, as pequenas empresas e comerciantes individuais sofreram mais com a pandemia, mas contam com mais postos de trabalho. Por isso, o governo vai dedicar mais atenção para proteger os seus interesses e garantir o seu desenvolvimento. Segundo as estatísticas, existem 150 milhões de participantes no mercado da China, dos quais 100 milhões são empresas de comércio e indústrias autónomas que contam com quase 300 milhões de pessoas empregadas.

O governo vai lançar este ano mais políticas favoráveis para as pequenas empresas, tais como devolver todos os seus impostos de crédito antes do fim de junho próximo, reduzir metade de seus impostos de ordenado, entre outras. Além disso, o governo vai ajudar os setores da alimentação e bebidas, hotelaria, venda a retalho, turismo, transportes e outros que têm sido mais gravemente afetados pela pandemia.

"Só depois de se ter emprego é que há rendimento e uma vida melhor, e se cria riqueza para a sociedade" – referiu o Primeiro-Ministro, anunciando também que o governo vai investir mais na educação e na saúde pública, para consolidar a erradicação da pobreza.

No entanto, mais políticas favoráveis para vida do povo significam mais despesas financeiras que poderão aumentar em dois mil milhões de renminbis este ano em comparação com o ano passado. Por isso, tanto o governo central, como os governos locais de todos os níveis da China, precisam de economizar nos orçamentos, devendo cortar todos os custos desnecessários.

“O objetivo do nosso desenvolvimento económico é sempre melhorar a vida do povo”, disse Li Keqiang. No ano passado, mesmo com muitos desafios e riscos, a economia chinesa manteve um crescimento notável e o nível de vida dos chineses não parou de melhorar. Este ano, o governo chinês diz que vai continuar essa missão.

Segundo o relatório divulgado no início deste ano pela Edelman, a maior empresa de consultoria de relações públicas do mundo, a taxa de apoio ao governo chinês chegou a 91% em 2021, continuando a ser a mais alta do mundo pela segunda vez nos últimos dez anos.

Jornal i | Imagem: Oficina I

Portugal com novo governo: Costa promete "coragem e ambição"

Tomada de posse

António Costa iniciou, esta quarta-feira, o seu discurso de posse como primeiro-ministro do XXIII Governo Constitucional dirigindo palavras de "profunda gratidão" à equipa que cessou funções e que "enfrentou a tormenta" da pandemia da covid-19. Para o mandato que agora começa, promete uma atitude de "coragem e ambição" mesmo se confrontado com "tormentas e tempestades".

No Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa, após o discurso do chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, António Costa começou por recordar as palavras que proferiu em 26 de outubro de 2019, quando foi empossado pela segunda vez no cargo de primeiro-ministro.

"Este é um Governo para os bons e para os maus momentos. E quanto maior for a tormenta, maior será a nossa determinação em ultrapassá-la. Recordadas hoje, essas palavras parecem premonitórias do que iríamos ter de enfrentar com a terrível pandemia que dois meses depois começou a dominar o mundo e que também nos atingiu duramente". observou.

Por isso, António Costa disse que as suas primeiras palavras teriam de ser "de reconhecimento e profunda gratidão à equipa que hoje cessa funções pela determinação com que enfrentou a tormenta: Assegurando capacidade de resposta ao Serviço Nacional de Saúde e sucesso na vacinação; e garantindo, através de uma mobilização excecional de medidas de apoio às empresas, ao emprego e aos rendimentos, que a economia tenha retomado o crescimento, que o investimento das empresas e o emprego estejam em máximos históricos, que a dívida pública já esteja de novo a reduzir e que o défice esteja abaixo dos três por cento".

Costa promete "coragem e ambição"

O primeiro-ministro prometeu que o seu novo executivo terá uma atitude de "coragem e ambição" mesmo se confrontado com "tormentas e tempestades", adiantando que o programa do Governo "é conhecido" e será aprovado na quinta-feira.

"O programa do Governo é conhecido. É o programa eleitoral que apresentámos aos portugueses, e que já amanhã [quinta-feira] aprovaremos formalmente em Conselho de Ministros, para que na próxima semana o possamos discutir no local próprio, a Assembleia da República", declarou António Costa no seu discurso de posse como primeiro-ministro do XXIII Governo Constitucional.

Na sua intervenção, no Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa, António Costa, assumiu que, desde 30 de janeiro, "as circunstâncias mudaram, a conjuntura é adversa", mas referiu depois que o Governo não desistiu dos seus objetivos.

"Os portugueses exigem que recuperemos o tempo perdido com uma crise política que não desejavam, continuando o caminho que temos vindo a percorrer e a avançar para um país mais justo, mais próspero e mais inovador. É essa coragem e ambição que este Governo garante. Foi nessa expectativa que os portugueses nos transmitiram um voto de confiança e é essa confiança que queremos honrar", afirmou.

Jornal de Notícias com agências | Imagem: Miguel A. Lopes / Lusa

OS MELHORES DO MUNDO – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Portugal tem um problema insolúvel com os seus heróis. No tempo da guerra colonial guindava aos píncaros da fama e cobria com o manto do heroísmo os que assassinavam populações indefesas. Anda por aí muito assassino com as mais altas condecorações portuguesas. Alguns até se opuseram ao 25 de Abril de 1974 e tentaram salvar o império combatendo em Angola ao lado das tropas do regime de “apartheid” da África do Sul ou integrando esquadrões especiais armados pelo ditador Mobutu.

Hoje os heróis dos portugueses são o lixo humano que segue os caminhos da insídia e da traição em Angola. Qualquer pobre diabo que soletre umas palavras contra o Executivo Angolano ganha em Lisboa o estatuto de activista dos direitos humanos e tem todo o espaço nos órgãos de comunicação social. Angolano que em Lisboa insulte os titulares dos órgãos de soberania de Angola é um herói para os portugueses. 

Todos os investidores estrangeiros são bons para Portugal, menos os angolanos. Esta posição não é nova. Vem desde a noite de 10 de Novembro de 1975, quando um ministro do governo português de então, Mário Soares, impediu o Conselho da Revolução de reconhecer a independência de Angola, dando aos “Capitães de Abril” informações falsas. Desde então a falsidade, a mentira despudorada, a intriga desavergonhada, a chocante falta de respeito por um Estado soberano têm feito o seu caminho em Lisboa. 

A democracia portuguesa já tem mais dias do que teve a longa ditadura fascista. Isso só foi possível porque os angolanos se bateram de armas na mão contra o colonialismo. Apesar disso os sucessivos governos constitucionais, salvo raras excepções, têm relações ambíguas com Angola, para não dizer inamistosas. Foi assim que Savimbi e seus sicários tiveram e têm em Lisboa estatuto de heróis. Os “revus” eram heróis do mar. Agora que foram ao ar, ainda são os maiores. Agualusa, Rafael Marques e outros artistas menores na arte da extorsão, têm em Lisboa palco e cumplicidades.

Portugal tem a melhor cortiça do mundo.

Portugal tem o melhor oligarca russo do mundo, Roman Abramovich um português legítimo oriundo das perseguidas famílias sefarditas.

Portugal tem as melhores latas de sardinhas do mundo.

Portugal tem a melhor televisão do mundo. José Eduardo Moniz regressou às lides e rifou a Manuela. Judite de Sousa engole cada vez mais os “erres” e tem orgasmos em directo quando ouve falar o presidente Zelensky. Juca Magalhães está mais dopinha de mada (sopinha de massa) do que o Tio Célito. José Alberto Carvalho dá mais grunhidos entre cada palavra. É um festival de grandeza, talento e qualidade. É o Jornalismo assassinado em directo. Aprendam.

O presidente do Sindicato dos Jornalistas, Teixeira Cândido, está feliz com o naufrágio do Jornalismo Angolano e para não estar calado (se não tem nada a dizer, não é obrigado a falar...) quer mais poderes para a ERCA. Porquê? Nem exerce os poderes que tem! Ainda mais poderes só atrapalham. Isto do poder tem que se lhe diga. Muito que se lhe diga.

Carlos Ferreira (Cassé) publicou hoje uma crónica no Novo Jornal de homenagem ao general Paulo Lara. É isso mesmo, Lúcio Lara e Ruth Lara foram exemplos vivos de honradez e dignidade. Tiveram artes de passar essas qualidades a quem com eles conviveu de perto e seguiu os seus exemplos. Paulo Lara foi seguramente um dos seguidores. 

Os vivos hão-de honrar os mortos e fazer de Angola um grande país em África. Só já temos um trimestre completo para criar a maior maioria parlamentar de sempre que leve ao fim do banditismo político e mediático. Oxalá.

* Jornalista

EUA provocaram a crise na Ucrânia, defende jornalista norte-americano

Um relatório da Rand Corporation, um dos think tanks que o Departamento da Defesa mais tem em consideração, «receitou» as provocações contra a Rússia e previu as acções de Moscovo.

Ao analisar o relatório da Rand – publicado em 2019 e intitulado «Overextending and Unbalancing Russia» (esgotar e desequilibrar a Rússia) –, o jornalista norte-americano Rick Sterling afirma que o objectivo dos EUA era minar a Rússia, tal como o fez com a União Soviética no período da guerra fria.

«Em vez de "tentar estar na vanguarda" ou tentar melhorar a situação dos Estados Unidos a nível interno e nas relações internacionais, a ênfase é colocada nos esforços e nas acções para minar o adversário designado, a Rússia», diz Sterling numa análise que publicou dia 27 no portal dissidentvoice.org e também acessível em english.almayadeen.net.

A Rand, um think tank «quase governamental, que recebe três quartos do seu financiamento do Exército norte-americano», listou uma série de medidas anti-russas nas áreas económica, geopolítica, ideológica/informativa e militar.

Sterling destaca a importância da Ucrânia – a vários níveis – para a Rússia e, nesse sentido, afirma que se trata de uma «componente importante do esforço de EUA/NATO para minar a Rússia».

Por isso mesmo, Victoria Nuland, actual subsecretária de Estado para Assuntos Políticos, disse que os Estados Unidos investiram cinco mil milhões de dólares, ao longo de 20 anos, para «virar» a Ucrânia para a sua esfera de influência.

O culminar desse processo – sublinha Sterling – foi o golpe de Fevereiro de 2014, também conhecido como golpe fascista de Maidan. «Desde 2015, os EUA têm treinado milícias ultra-nacionalistas e neonazis», afirma o jornalista, dando indicação de várias peças que o documentam.

Provocações sugeridas contra Moscovo

O think tank altamente financiado pelo Pentágono sugeriu uma série de provocações contra a Rússia, que foram de facto implementadas. Uma delas foi o aumento da ajuda militar à Ucrânia, que tem vindo sempre a crescer desde 2019. Segundo refere The Hill, no último ano, chegou aos mil milhões de dólares.

Das muitas sugestões da Rand, Sterling destaca reposicionar os bombardeiros a uma distância de ataque fácil dos alvos estratégicos russos; colocar mais armas nucleares tácticas em locais da Europa e da Ásia; aumentar a presença das forças navais norte-americanas e dos seus aliados nas zonas de operações da Rússia (Mar Negro).

Ainda a realização de exercícios de guerra da NATO junto às fronteiras da Rússia; e a retirada de Washington do Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF).

De acordo com Sterling, a alternativa, que podia ter evitado a actual intervenção militar russa, teria sido declarar a Ucrânia não apta para a NATO. «Mas isto teria sido o oposto da intenção de Washington de pressionar, provocar e ameaçar deliberadamente a Rússia», refere.

Em Dezembro do ano passado, refere, a Rússia propôs a celebração de um tratado com os Estados Unidos e a NATO, e a proposta central era um acordo, por escrito, segundo qual a Ucrânia não se tornaria membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO).

O relatório da Rand refere-se a um eventual «acordo de paz desvantajoso» e Sterling questiona para quem é que a paz traria desvantagens, lembrando a perda de vidas na Ucrânia por causa do conflito, agora, e as mais de 14 mil no Donbass, desde o golpe de 2014.

Em seu entender, um acordo de paz que garantisse os direitos fundamentais de todos os ucranianos e a neutralidade do país seria «vantajoso para a maioria dos ucranianos».

Aqueles que «não tirariam vantagens» seriam o complexo industrial mediático-militar dos EUA e os ultra-nacionalistas na Ucrânia, afirma o jornalista.

O relatório da Rand Corporation «mostra como a política dos Estados Unidos se centra em acções para prejudicar a Rússia e manipula a terceiros países (Ucrânia) com vista a essa tarefa», sublinha.

AbrilAbril

A PAZ ESTÁ A CHEGAR?

Pedro Tadeu* Diário de Notícias | opinião

Como sobre a guerra na Ucrânia é difícil distinguir o trigo do joio, a notícia da propaganda, a análise da manipulação, não sei se há razões para termos esperança na aproximação de uma solução pacífica, resultante da evolução de ontem nas negociações entre ucranianos e russos.

Somando o que dizem os media do ocidente e os da Rússia, parece que os ucranianos entregaram um documento onde propõem:

1 - A Ucrânia desiste de entrar na NATO.

2 - A Ucrânia aceita não ter armas nucleares ou outras de destruição em massa no seu território.

3 - A Ucrânia não terá bases militares estrangeiras.

4 - A Ucrânia manterá um estatuto de neutralidade militar.

5 - A Ucrânia propõe que um conjunto de países prometa, se o seu território for novamente atacado por qualquer potência, uma intervenção militar para a proteger, num mecanismo semelhante ao que a NATO garante entre os seus membros (o artigo 5.º do tratado da Aliança Atlântica). As listas de países possíveis incluem Rússia (!), Reino Unido, China, EUA, Turquia, França, Canadá, Itália, Polónia e Israel.

6 - A Ucrânia quer aderir à União Europeia e não aceita objeções da Rússia.

7 - A Ucrânia não abdica da soberania sobre Crimeia, Donbass e Luganks, mas compromete-se a não usar a força militar para recuperar o domínio desses territórios.

A Rússia, por seu lado, terá feito estas cedências:

1 - Aceitar uma eventual entrada da Ucrânia na UE se isso não alterar o seu estatuto de neutralidade militar.

2 - Abrandar desde já os combates em Kiev e Chernigov com retirada significativa de militares russos dessas zonas.

3 - Começar a preparar um encontro direto entre o presidente russo, Vladimir Putin, e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky

4 - Não colocar agora em cima da mesa as pretensões de "desnazificação" da Ucrânia, nem da proteção legal à língua russa no país.

Isto parece o princípio de um caminho para a paz, talvez, mas o simples facto de nestas listas não parecer haver uma solução viável e satisfatória para ambas as partes sobre Donbass, Luganks e Crimeia leva-me a recear que tudo isto seja pouco sério... vamos ver.

Um poema escrito por um italiano em 1914, durante a I Guerra Mundial, explica claramente as razões do meu ceticismo.

Passado a canção, com um título que em português quer dizer "Canção para Embalar na Guerra" (Ninna nanna della guerra), a letra da melodia de baloiçar bebés associa à figura do diabo dois poderosos europeus da época: o Imperador da Alemanha e Rei da Prússia, Guilherme II e Francisco José da Áustria, os monarcas que iniciaram essa guerra.

Os dois são definidos como "loucos", gente capaz de enviar o seu povo para a morte, enchendo a cabeça das multidões com ideais nacionalistas, e religiosos que são, depois, traídos quando a motivação económica (a verdadeira causa da guerra, segundo o poeta) já não tem razão de ser.

A canção garante, no final, que quando os "ladrões das bolsas de valores" tiverem os "recursos" que ambicionam, os soberanos em guerra lembrar-se-ão que são parentes, assinarão um tratado de paz e farão belos discursos "às pessoas que foram poupadas aos canhões".

O poeta, que assina com o nome Trilussa, morreu em 1950, feito Senador pelo poder democrático da República italiana, posterior à queda do fascismo de Mussolini.

Olho para os pontos em discussão nas conversações de paz na Ucrânia e, tentando alimentar a esperança de que aquilo que ali está é o início da paz, sobressalto-me por perceber que, como Trilussa em 1914, estou certo da minha indignação nos dias dos discursos de um futuro tratado de paz: "Se era só isto que era preciso, porque não pouparam aquelas pessoas aos canhões?!".

* Jornalista

quarta-feira, 30 de março de 2022

“QUITA FUZIL”

Martinho Júnior, Luanda

EM 1975 EM ANGOLA, MUITOS DE NÓS FOMOS “QUITA FUSIL”.

A PAZ POSSÍVEL EM ANGOLA, CONSTRUIU-SE TAMBÉM COM A RECOLHA DE ARMAS E A DESMINAGEM EM TODO O ESPAÇO NACIONAL.

A PAZ NO MUNDO VAI PASSAR TAMBÉM PELA DESMILITARIZAÇÃO E A DESNAZIFICAÇÃO, IMPLICANDO A TRANSFORMAÇÃO DAS ARMAS EM ARADOS, NA JUSTA PRODUÇÃO DE PÃO PARA TODA A HUMANIDADE!

Em Outubro de 2004 o desaparecido semanário Actual dirigido por Leopoldo Martinho Baio, levou-me a Cuba, numa viagem emocionante de curta duração, a fim de participar na Bienal dos Correspondentes de Guerra que se realizava em Havana…

Naquela altura, nesse semanário havíamo-nos batido pela “Operação Carlota II” que poderia dar sequência à original, que tanto teve que ver com a libertação da África Austral do colonial-fascismo e do “apartheid institucional” imposto pela “irmandade afrikander” veladamente apoiada pelos interesses do império que se haveria de tornar em “hegemon” unipolar!

Posto em Havana, além de ter participado na Conferência e numa Mesa Redonda dedicada a ela, nas minhas horas vagas empatei praticamente todo o “dinheiro de bolso” na compra de livros e entre eles, consegui uma preciosidade: “Secretos de generales”, da autoria de Luis Baez…

Era um compêndio resultado dum conjunto alargado de entrevistas do autor a muitos dos generais que duma forma ou de outra haviam estado implicados na luta de libertação de Cuba (Movimento 26 de Julho) e de lugares distantes em África e na América!

Foi assim que melhor conheci a epopeia do general de brigada Rafael Moracén Limonta, “QUITA FUZIL”, que agora passou para a eternidade como um dos melhores filhos de Cuba, de Angola e de toda a humanidade, por que toda a sua vida é fonte de inspiração, substantivo exemplo de lógica com sentido de vida!...

O EMBAIXADOR E AS MARGENS DO RIO – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Esta pode ser a minha última oportunidade de ser consagrado ao Sagrado Coração de Maria e com essa oportuna consagração conseguir o estatuto de refugiado ucraniano. A Comissão Episcopal de Justiça e Paz, órgão da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST), sabe o que é violência. Sabe o que é um ultraje. Mas vou vestir a pele de colaboracionista e dar às senhoras e senhores bispos a perspectiva de um pecador recalcitrante mas que deve ser tomada em conta.

O velho Brecht escreveu um poema que até o soldado motorista do RI20 conhece. Foi por provar que sabe duas estrofes da peça, que o genial escritor foi admitido na Academia Angolana de Letras. Não chegou a fazer o exame das maiúsculas e das minúsculas, que ele trata carinhosamente por gordas e magras, porque os examinadores estavam de férias.

Brecht lembrou aos que só conseguem ver o mundo a preto e branco: Chamam violenta à correnteza do rio que tudo arrasta. Mas ninguém chama violentas às margens que o oprimem. As enxurradas são violentas. Mas as valas de drenagem obstruídas também são violentas. Uma bofetada do engenheiro à civil Adalberto da Costa Júnior num democrata é uma violência e um ultraje. A resposta ao ultraje na mesma moeda é um acto de justiça.

A UNITA proclamou aos sete ventos, no dia seguinte às eleições de 2017, que houve fraude eleitoral. Uma semana depois os seus dirigentes e propagandistas mudaram o disco: Há fraude eleitoral nas eleições de 2022! Todos os dias invocam a fraude eleitoral que aí vem. Violência e ultraje, senhoras e senhores bispos! É uma violência contra os eleitores. É uma violência contra milhares de cidadãs e cidadãos que fazem parte das assembleias e mesas de voto. É uma violência para os militantes e dirigentes dos outros partidos. É uma violência para todas e todos os membros da Comissão Nacional Eleitoral. Também é um ultraje que ninguém pode nem deve tolerar. 

Os militares não estão rastreando oficiais treinados pelos EUA na África

O AFRICOM diz que promove os direitos humanos e o estado de direito, mas não sabe por que os estagiários estão derrubando seus próprios governos.

# Traduzido em português do Brasil

Nick Turse | Responsible Statecraf

Nos últimos dois anos, oficiais treinados nos EUA derrubaram governos da África Ocidental pelo menos quatro vezes. Mas o Comando dos EUA para a África (AFRICOM) não consegue explicar por que e não sabe exatamente com que frequência isso aconteceu.

Na semana passada, líderes seniores do Exército dos EUA e mais de 40 nações africanas se reuniram em Fort Benning, Geórgia, para a 10ª Cúpula das Forças Terrestres Africanas. O tema tinha o título cativante: “Instituições resilientes constroem líderes resilientes”. A experiência, disse o major-general Andrew M. Rohling, comandante da Força-Tarefa Sul-Europeia do Exército dos EUA, África, “seria boa para mostrar uma maneira, a maneira americana, de treinar e formar líderes não apenas em suas tarefas táticas , mas no ethos do Exército dos Estados Unidos, os valores e a disciplina que são uma marca registrada do meu Exército.”   

Esses valores têm faltado na África Ocidental, onde oficiais treinados pelos EUA tentaram pelo menos nove golpes (e conseguiram pelo menos oito) em cinco países da África Ocidental, incluindo Burkina Faso (três vezes), Guiné, Mali (três vezes), Mauritânia e Gâmbia. Os quatro golpes mais recentes de estagiários dos EUA ocorreram em Burkina Faso (2022), Guiné (2021) e duas vezes no Mali (2020 e 2021).

Brasil | INFLAÇÃO, CARESTIA E ELEIÇÕES

A persistência da equipe do aprendiz de banqueiro em menosprezar o fenômeno da retomada da inflação como um assunto sério e com graves consequências em termos sociais e políticos começa a incomodar aquele que é candidato à sua própria reeleição ao Palácio do Planalto.

Paulo Kliass* – de Brasília | Correio do Brasil | opinião

As páginas de economia dos jornalões e as telinhas dos grandes meios de comunicação não conseguem mais deixar de mencionar a escalada de preços que vem ocorrendo em nossa sociedade ao longo dos últimos meses. Ao que tudo indica, até mesmo o quarto ano consecutivo da presença do todo-poderoso-super-ministro Paulo Guedes no comando da economia vai se revelar um desastre completo. Aquele que era saudado por grande parte das elites tupiniquins e dos operadores do mundo do financismo como o redentor de todos os nossos pecados, na verdade vai entrar para a história como o destruidor do Estado e o desmontador das políticas públicas. Mas também vai ficar reconhecido por sua mais completa incompetência para solucionar problemas macroeconômicos básicos em conjuntura adversa. A se confirmarem a expectativas do próprio sistema financeiro para o ano em curso, o quadriênio 2019/22 deverá registrar um crescimento nulo das atividades econômicas medidas pelo PIB.

A persistência da equipe do aprendiz de banqueiro em menosprezar o fenômeno da retomada da inflação como um assunto sério e com graves consequências em termos sociais e políticos começa a incomodar aquele que é candidato à sua própria reeleição ao Palácio do Planalto. Os responsáveis pelo Ministério da Economia e pelo Banco Central insistem em considerar o aumento do IPCA como mera consequência de um aumento desproporcional da demanda sobre a oferta. Assim, a única solução que conseguem enxergar em sua miopia econômica é o esfarrapado recurso ao aumento da taxa oficial de juros. E foi exatamente o que fizeram. Ao longo dos últimos 12 meses, a Selic saiu do patamar de 2% ao ano para chegar aos atuais 11,75%. Mas ao contrário do prometido pelo povo do financismo, a inflação não arrefeceu. Muito pelo contrário, os preços continuaram a subir.

Essa insistência da realidade em negar os modelitos de planilha dos neoliberais de carteirinha terminou por provocar, ora, vejam só!, uma reação inusitada do Presidente do Banco Central. Para Roberto campos Neto, a grande dúvida permanece sendo a busca de uma explicação razoável para a ausência de crescimento de nosso PIB, mesmo depois de eles terem implementado a agenda das reformas. É provável que daqui a pouco ele também venha a público para colocar a dúvida sobre as razões para tal persistência da inflação, apesar da explosão da taxa de juros. É a tal da teimosia do fenômeno real, que insiste em incomodar as certezas das simplórias explicações de gabinete da tecnocracia.

PETRÓLEO: A ESTRATÉGIA PARA A RECOLONIZAÇÃO

# Publicado em português do Brasil

Desmembramento, captura e privatização total da Petrobrás estão em curso. Caso se completem, Brasil perderá chance de superar regressão produtiva e política em que mergulhou. É possível reverter o processo – mas não sem conhecê-lo a fundo

Antonio Martins* | Outras Palavras

Imagine que você, governando o Brasil, tencionasse privatizar a Petrobrás – objetivo que tanto Jair Bolsonaro quanto Paulo Guedes admitiram perseguir, em mais de uma ocasião. Haveria dois caminhos. Propor claramente a medida, abrindo, com a sociedade, um amplo debate sobre o tema. Ou sabotar a estatal, por meio de políticas que eliminem seu caráter de empresa pública; que a indisponham com a maioria da população; que transfiram seus recursos para especuladores privados; e que, por fim, desintegrem-na, desmembrando de seu corpo subsidiárias e operações essenciais à sua sobrevivência. Nos dois primeiros textos (1 2) desta série, vimos como esta estratégia está sendo executada por meio de políticas como o PPI (que torna extorsivos os preços dos combustíveis) e de um “golpe corporativo” que mudou os estatutos da estatal para transferir, aos acionistas privados, até 97,3% dos lucros da companhia.

Vamos focalizar agora a terceira parte do esquema. Veremos como avançaram, no governo Bolsonaro, o desmanche e a venda fatiada da estatal. E examinaremos o caráter recolonizador deste processo. Se não for freado a tempo, ele eliminará duas alavancas que podem ser indispensáveis para reverter a decadência acelerada do país. O Brasil perderá a riqueza petrolífera do pré-sal, onde pode estar a terceira maior reserva de óleo do planeta. E ficará privado da capacidade da própria Petrobrás para apoiar, como empresa pública, ações cruciais – a transição para energias limpas, a reconstrução da indústria nacional, a recuperação do atraso científico e tecnológico, o controle dos riscos ambientais, os programas de fomento à cultura, entre muitas outras.

* * *

A venda fatiada da Petrobrás é um processo único no mundo. Não há notícia de outra empresa petroleira que, desejando manter-se à tona, tenha se desfeito de tantas operações lucrativas e essenciais à própria integração de suas atividades. Por isso, o mais preciso é chamar o movimento de desmanche. Segundo o Observatório Social da Petrobrás (hoje fora do ar, após ação de censura movida pela estatal), a liquidação já privou a empresa de patrimônio avaliado em R$ 243,7 bilhões. Iniciado no governo Temer (R$ 78,5 bilhões de patrimônio perdido), o processo ganhou enorme velocidade com Bolsonaro (R$ 138,2 bi)1 A Petrobras foi privada, entre outros, da BR Distribuidora e da Liquigás; de duas refinarias, inclusive a RLAM baiana, primeira do Brasil (está programada a venda de mais seis); de duas redes de gasodutos, no Norte-Nordeste (TAG) e Sudeste (NTS); de seis termelétricas. Seu braço petroquímico (sociedade na Brasken, que reúne 29 fábricas no Brasil e 11 nos EUA, Alemanha e México) está sendo extirpado, com alta probabilidade de a empresa passar a controle estrangeiro). Duas de suas usinas de fertilizantes (na Bahia e Sergipe) foram arrendadas, a de Três Lagoas (MS) tem venda compromissada para o grupo russo Acron e a Araucária (PR), está na boca da caçapa.

GENERAL MORACÉN HERÓI DA LIBERTAÇÃO

O general Moracén foi um dos combatentes da Grande Batalha do Ntó, em Novembro de 1975. Conheci-o em Cabinda e passámos longas horas à conversa, muitas delas com o comandante Margozo. Ficámos amigos. Quando trabalhava no Jornal de Angola deslocava-me a pé e por alturas da Sagrada Família encontrava-o, no regresso da sua corrida matinal. Dois dedos de conversa, ouvíamos as últimas notícias das zungueiras que tinham banca no passeio e cada qual seguia o seu destino. Em 28 de Agosto de 2008 publiquei no jornal a entrevista que vos deixo. Não se admirem por falarmos muito do Presidente José Eduardo dos Santos. Embora quase todos já tenham esquecido, essa é a data do seu aniversário. Como eu sou dois anos mais novo do que ele, ainda me lembro. 

General Moracén herói da libertação

Artur Queiroz*, Luanda

“O Presidente José Eduardo dos Santos é o engenheiro da paz e da unidade dos angolanos”. 

“A Independência Nacional foi um sonho que realizei e ainda me parece irreal”. 

Estas palavras são de Humberto Macedo, angolano nascido na Chibia no ano de 1939 mas cresceu em Fernão do Pó, um território na costa de África onde se falava espanhol. Chegou a Cabinda em 1965 para fazer a luta armada de libertação nacional. Foi companheiro de Hoji ya Henda, Iko Carreira, Kiluanji, Pedalé, Dibala, Ingo, Bula Matadi e outros comandantes da guerrilha. Um dia partiu para um lugar de lado nenhum. Reapareceu em 1975 para ajudar a subir a Bandeira Nacional no dia 11 de Novembro. É um dos heróis da Grande Batalha do Ntó, em Cabinda. Hoje “Macedo” é o general Moracén, adido militar de Cuba em Angola e antigo combatente da Sierra Maestra.

Um homem que fez a guerrilha em 1965 como vê a Independência Nacional?

Com muita emoção, para mim é um sonho realizado, mas como ando sempre a pé pelas ruas de Luanda dou comigo a pensar que ainda estou a viver um sonho. E interrogo-me se é mesmo verdade. Mas a realidade está aí.

É um dos construtores dessa realidade, que significado tem para si?

Sinto um orgulho imenso. Trabalhei com Agostinho Neto e aprendi tanto com ele! Fui companheiro de Hoji ya Henda, Iko Carreira, que na altura era o comandante das forças armadas revolucionárias, Pedalé, Kiluanji, Ingo, Dibala, Ludi, Xyetu e muitos outros. Convivi com essa figura ímpar que é Lúcio Lara. A independência é obra de todos essas companheiros, mas esta Angola de hoje e da qual me orgulho é filha do génio de José Eduardo dos Santos.

Está a falar da paz e da reconciliação nacional?

José Eduardo dos Santos é o engenheiro da paz e da unidade. Sem paz nada pode avançar. Sem a unidade e uma consciência nacional forte nem sequer podemos falar de um país. O Presidente José Eduardo conquistou a paz e a unidade. Dedicou toda a sua vida a esta causa. Costumo dizer aos meus amigos que antigamente eu era mais velho do que ele, mas agora depois de tanto esforço, ele ficou mais velho do que eu.

É a opinião do general Moracén ou do angolano Humberto, da Chibia?

É a opinião dos dois. Eu costumo dizer que o povo angolano teve muita sorte com os seus líderes. Primeiro, Agostinho Neto, o pai da independência, que foi incansável na luta contra o colonialismo, o racismo e o tribalismo. Foi ele que criou a consciência nacional. Depois José Eduardo dos Santos, o engenheiro presidente, que anda há 35 anos a lutar pela paz e a unidade. Ganhou a guerra e agora está a ganhar a batalha do desenvolvimento. É preciso que se mantenha forte e sempre jovem para aguentar os desafios que os angolanos ainda têm pela frente.

Que aspectos destaca no seu percurso?

Tudo merece destaque. Chegou à Presidência em 1979 e teve de dirigir o povo na guerra contra as agressões estrangeiras. Mas foi ele que fez os acordos de Nova Iorque e o acordo de Bicesse, mudando profundamente a sociedade angolana. Temos as eleições de 1992 e aquela vitória estrondosa. Quando Savimbi regressou à guerra, criou condições para que os deputados eleitos da UNITA continuassem a trabalhar no parlamento. Arquitectou o Governo de Unidade e Reconciliação Nacional com ministros de todos os partidos da oposição. Voltou a ganhar eleições. Está a dirigir o país numa conjuntura internacional desfavorável.

Quais são os efeitos da crise em Angola?

A crise que rebentou há três anos afectou todo o mundo. Mas os seus efeitos em Angola mal se sentem. José Eduardo dos Santos é um líder extraordinário e o mundo de hoje precisa dele. Desejo que cumpra muitos anos de vida para que continue a unir os angolanos, a consolidar a paz e a promover o desenvolvimento social de uma forma harmoniosa. Angola, o continente africano e o mundo não podem dispensar um líder que conhece todos os caminhos que vão dar à paz.

Vamos voltar a Humberto Macedo, em 1965, na região de Cabinda. Qual era a sua missão?

Fidel Castro escolheu um grupo de seis revolucionários do Exército Rebelde para vir combater em Angola, na sequência da reunião que Che Guevara teve com Agostinho Neto, em Brazzaville. Eu fui nomeado o chefe do grupo. Viemos como instrutores, mas também participei nos combates. Estive dois anos no maquis e organizei as colunas Cienfuegos, Camy e Bomboko, que partiram para a I Região. Depois parti para outras missões e só voltei em 1975.

Para participar na Grande Batalha do Ntó? 

Sim, estive nessa batalha. O inimigo foi derrotado quando pensava que tinha caminho aberto para tomar a cidade de Cabinda. Eles diziam que a província por ali era indefensável. Mas nós cavámos quilómetros de trincheiras, acomodámos as tropas e quando eles entraram com todas as suas forças, foram esmagados. A batalha durou três dias e foi uma coisa heróica. O batalhão angolano era comandado por Max Merengue. Entre os oficiais cubanos estava o próprio comandante Espinoza.

Quem eram os dirigentes do MPLA que em 1965 conduziam a luta armada de libertação nacional?

Em Brazzaville encontrei na direcção política Agostinho Neto, o reverendo Silva, Lúcio Lara, Azevedo e o comandante das forças revolucionárias, Iko Carreira.

Participou em muitos combates?

Entrei em todos os que pude. Nessa altura os combatentes andavam sempre a dizer: a luta é longa! Um dia fomos atacar o quartel das tropas portuguesas em Buco Zau. Eu propus abrirmos fogo mas havia camaradas que não queriam, até porque estávamos muito longe e as balas nem chegavam lá. Mas mesmo assim decidi fazer umas rajadas em direcção ao quartel. Um minuto depois comecei a ouvir um tiroteio tremendo, explosões de granadas, um pandemónio. E nós lá do alto a vermos tudo. Virei-me para os companheiros e disse-lhes: afinal a luta é mesmo longa!

Humberto Macedo já foi à Chibia?

Tenho percorrido o país todo e o que vejo é extraordinário. Por todos os lados nascem escolas, centros de saúde, estradas, casas. Mais uma vez tenho que referir o génio de José Eduardo dos Santos. O mundo mergulhado numa crise tremenda e em Angola o Estado Social continua forte e em expansão. Claro que existem dificuldades, sobretudo no mundo rural, onde falta quase tudo. Mas a economia está a crescer e o país melhora a olhos vistos. O que mais me agrada é que vejo os angolanos felizes. Por isso digo que José Eduardo dos Santos faz muita falta a Angola. Os problemas ainda não estão todos resolvidos.

O que pensa da Oposição?

Os partidos da Oposição fazem o seu papel e eu penso que estão a trabalhar bem. Mas sinto uma grande decepção quando leio nos jornais de fim-de-semana aqueles artigos contra os angolanos ricos, ou novos-ricos como eles lhes chamam. Fico triste porque me dá a ideia que eles querem o regresso dos ricos colonialistas e daqueles estrangeiros que durante séculos escravizaram o povo angolano e roubaram as riquezas de Angola.

Tem alguma relação pessoal com o Presidente José Eduardo?

Quando chegou à Presidência trabalhei com ele algum tempo, sou fundador daquela que é hoje a Unidade da Guarda Presidencial. No meu regresso a Angola, como adido militar de Cuba, teve a gentileza de me receber. Tenho pelo Presidente José Eduardo um grande carinho, consideração e respeito.

Como define o político José Eduardo?

Um homem de paz e o construtor da unidade dos angolanos. Ele sabe que sem unidade nada se consegue. Quando cheguei à guerrilha, em 1965, nem sequer existia uma consciência nacional. Hoje Angola não tem problemas de racismo nem de tribalismo. A valentia de José Eduardo dos Santos vê-se na nomeação do general Nunda para comandante das Forças Armadas. Todos sabemos que é um oficial oriundo das forças da UNITA. Mas o Presidente da República confiou-lhe o cargo sem hesitar. Os angolanos devem a paz e a unidade a José Eduardo dos Santos.

Conhece exemplos idênticos em África?

Não há nada igual em África ou  no mundo. O que José Eduardo dos Santos fez em Angola é único. Conheço muitos países africanos que são independentes há mais de 50 anos e não têm uma estrada que ligue o país de Norte a Sul. Angola tem as capitais provinciais ligadas com estradas asfaltadas.

Rafael Moracén Limonta aliás Humberto Macedo 

O general Rafael Moracén Limonta entrou muito jovem para o Exército Rebelde que na Sierra Maestra combatia pela libertação de Cuba. Fazia parte da Terceira Frente, comandada pelo mítico comandante Juan Almeida.
Fez parte de um grupo de combatentes que foi treinado para combater com Che Guevara em África. Quando “El Che” esteve em Brazzaville a conferenciar com Agostinho Neto, recomendou a Fidel que seleccionasse um grupo de combatentes para dar instrução militar aos guerrilheiros angolanos. Moracén foi nomeado o chefe do grupo.
Para que não acusassem Agostinho Neto de estar a recrutar estrangeiros para a luta de libertação, Moracén foi “nacionalizado”. O seu cartão de membro do MPLA diz que é Humberto Macedo, natural da Chibia. Se fosse feito prisioneiro tinha uma desculpa para não falar português: “Fui muito novo para Fernão do Pó onde só se fala espanhol. Quando soube que havia uma luta revolucionária para a libertação de Angola, juntei-me à guerrilha”.
Chegou a Cabinda com 26 anos. Hoje tem 72 e é general das Forças Armadas Revolucionárias Cubanas, desempenhado o cargo de adido militar na embaixada do seu país em Luanda.

*Jornalista

BÚSSOLA PARA A IDENTIDADE NACIONAL E PARA O PATRIOTISMO EM ANGOLA

Martinho Júnior, Luanda

DE GERAÇÃO EM GERAÇÃO, A FAMÍLIA LARA TEM ASSUIMIDO UM PAPEL PATRIÓTICO IMPRESCINDÍVEL NA CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE NACIONAL ANGOLANA.

O CAMARADA GENERAL PAULO LARA FOI EM VIDA UM DOS EXPOENTES DESSA SAGA, QUE VAI JÁ EM TERCEIRA GERAÇÃO. 

COM A ASSOCIAÇÃO TCHIWEKA DE DOCUMENTAÇÃO É TODA UMA CULTURA DE DIGNIDADE QUE SE ABRE EM BENEFÍCIO DO POVO ANGOLANO E DA PAZ.

01- A família Lara tem assumido um protagonismo central no processo de luta do povo angolano em prol de sua independência e soberania, enquanto autora e narradora da história angolana contemporânea, em busca de identidade nacional, em busca de construção duma pátria capaz de, em colectivo, respeitar todos os seus filhos, em busca de coerência em termos de lógica com sentido de vida, ainda que enfrentando obstáculos e vicissitudes de toda a ordem!

Tem sido assim essa saga eminentemente cultural, assumindo autoria desde as primeiras horas da luta armada contra o colonial-fascismo português, contra o “apartheid”, contra as suas sequelas e contra o neocolonialismo exacerbado pelos impactos do capitalismo neoliberal que nocivamente contamina a relativa paz tão dificilmente alcançada a 4 de Abril de 2002!

Tudo tem sido feito respeitando o povo angolano e os povos do Sul Global!

Tudo tem sido feito vencendo as barreiras que lançam obstáculos à construção da identidade nacional!

Tudo tem sido feito honrando o passado e a nossa história!

Tudo tem sido feito até como fonte inspiradora para outras instituições ávidas de coerência patriótica e clarividência intelectual, com todos os sentidos colocados no povo angolano, nossa incontornável matriz comum!

O Amplo Movimento enquanto patriótica bússola, é por si uma trincheira de coerência que está a atravessar épocas e na família Lara, o camarada general Paulo Lara é um dos artífices dessa trilha, por dentro da essência da trilha da independência nacional, simultaneamente autor e narrador de história, de imenso respeito e amor pelo povo!...

Por essa razão, Paulo Lara se preocupou em transmitir às gerações que se seguem a substância dessa cada vez mais vasta trilha, a primeira das lições do compêndio que se tornou o documentário histórico dos Trilhos da Independência!...

CONTOS POPULARES ANGOLANOS

A Dor da Fome Chegou nas Asas do Feitiço

Seke La Bindo

Mbumba era um verdadeiro chefe da aldeia e fazia tudo para que os vizinhos fossem felizes. Apesar dos seus esforços, a região de Cahembo foi assolada pela fome e a doença. Passou um ano e nada mudou. 

No segundo ano de dor e tristeza, ele resolveu ir a Camba Canga, terra de abundância localizada na foz dos rios Luchico e Luangue. Nessas paragens existia um sábio que sabia tirar os feitiços aos enfeitiçados. Tanta desgraça só podia ser filha de um poderoso feitiço, da mais terrível das maldições.

Tudo começou quando o soba Satxombo foi visitar Satxiuca, uma aldeia dos seus domínios. Quando estava reunido com os velhos, caiu-lhe ao chão um chifre de antílope, onde ele guardava os feitiços. Nessa mesma noite, morreu a mais bela jovem da aldeia. 

Satxombo foi muito criticado, porque um rei não lança feitiços mortais sobre os seus súbditos. Acontece que o povo de Satxiuca reparou que o velho soba estava acompanhado de uma jovem, sua mulher. E durante o óbito, as mulheres cantaram:

- Satxombo uenda nhi mbinga iá uanga! Uambata txengue nzala caívie: Satxombo anda com chifres. Quem se amigou com mulher jovem não sente fome.

Ninguém sabe porquê, mas desde então a fome e a doença caíram sobre aquelas terras. Um dia Mbumba ouviu uma pobre mulher, acompanhada de seus sete filhos, lamentar: 

- Nzala icolaio! A fome dói muito! 

Foi então que decidiu tirar os feitiços a todos os seus conterrâneos. O primeiro a ser desarmado tinha que ser o feiticeiro Ndende, também conhecido por Muaua.

terça-feira, 29 de março de 2022

BIOBIDEN

– Preparativos sinistros do Pentágono para a guerra biológica

María Zakharova [*]

Podemos ter uma ideia grosseira do envolvimento das elites políticas dos EUA na actividade militar-biológica na Ucrânia se recorrermos apenas a fontes abertas, bem como a documentos vazados. Abaixo está uma tentativa de reconstruir a cronologia deste envolvimento, embora não totalmente completa. Há muitas zonas obscuras neste plano verdadeiramente diabólicos que ainda estão por serem esclarecidas.

1991 – Os EUA lançam o programa Nunn-Lugar para os antigos países soviética a fim de controlar/eliminar armas soviética de destruição em massa, incluindo bioarmas. A Agência de Redução de Ameaças da Defesa

(Defence Threat Reduction Agency, DTRA), do Pentágono, foi designada como o executor principal do programa.

1993 – É assinado o Acordo Ucrânia-EUA de Prevenção de Proliferação.

2005 – É assinado um protocolo adicional ao acordo entre o Ministério da Saúde da Ucrânia e a DTRA sobre a prevenção da proliferação de tecnologias, patógenos e know-how que possam ser utilizados para desenvolver bioarmas. Isto é o início da transferência do potencial militar-biológico ucraniano para mãos de especialistas dos EUA.

2000s – Grandes empresas militares-industriais dos EUA são envolvidas na actividade militar-biológica na Ucrânia.

A VERDADE SOBRE A EXTREMA DIREITA UCRANIANA

# Publicado em português do Brasil

É um erro ver na Ucrânia um país nazista. Mas repórter de guerra que se debruçou sobre seus grupos extremistas relata: eles têm presença no exército e recebem dinheiro e armas do Estado. São minoritários. Invasão russa os ajudou

Aris Roussinos, em Nueva Sociedad | Tradução: Antonio Martins | em Outras Palavras

Como em qualquer guerra, mas talvez mais do que na maioria delas, o conflito na Ucrânia tem sido cenário de uma avalanche desconcertante de afirmações e narrativas, por simpatizantes de ambos os lados. Verdade, verdades parciais e mentiras absolutas competem pelo domínio do discurso da mídia. Certamente um dos exemplos mais claros é a afirmação de Vladimir Putin, de que a Rússia invadiu a Ucrânia para “desnazificar” o país. A afirmação russa de que a Revolução de Maidan de 2014 foi um “golpe fascista”, e de que a Ucrânia é um Estado nazista tem sido usada há anos por Putin e seus apoiadores para justificar a ocupação da Crimeia e o apoio aos separatistas de língua russa no leste do país, e ganhou muita tração na internet.

Mas a afirmação dos russos é falsa: a Ucrânia é um estado liberal genuíno, ainda que imperfeito, com eleições livres que produzem mudanças significativas no poder, incluindo a eleição de 2019 do reformista liberal-populista Volodymir Zelensky. A Ucrânia não é um Estado nazista, e isto é inequívoco: o casus belli russo é uma mentira. Ainda assim, existe o risco de que o desejo dos analistas ucranianos e ocidentais, de não dar mais munições à propaganda russa, leve a um excesso de eufemismos políticos que, em última instância, não serve aos interesses ucranianos.

Em um recente resumo de notícias da BBC Radio 4, o correspondente aludiu à “alegação infundada de que o Estado ucraniano apoia os elementos nazistas” de Putin. Este é, em si, um caso de desinformação. É um fato visível, que a própria BBC noticiou no passado, que desde 2014 o Estado ucraniano tem fornecido dinheiro, armas e outras formas de apoio às milícias de extrema-direita, inclusive neonazistas. Esta não é uma observação nova ou controversa. Em 2019, entrevistei figuras importantes da constelação de grupos de extrema-direita apoiados pelo Estado na Ucrânia para a revista Harper, e eles foram bastante abertos sobre sua ideologia e planos para o futuro.

Sem dúvida, algumas das melhores coberturas dos grupos de extrema-direita ucranianos vieram do Bellingcat, o site de inteligência de código aberto, conhecido por sua atitude favorável à propaganda de origem russa. A excelente cobertura da Bellingcat sobre este tópico subnotificado nos últimos anos concentrou-se principalmente no Azov, o mais poderoso grupo ucraniano de extrema-direita e o mais favorecido pelo Estado.

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