quinta-feira, 30 de junho de 2022

O verdadeiro terrorismo de estado é a militarização de áreas residenciais de Kiev

Andrew Korybko* | One World

A disputa sobre quem é o culpado pelo que acabou de acontecer em Kremenchuk leva à questão mais ampla sobre o que exatamente constitui terrorismo de Estado no conflito ucraniano.

#Traduzido em português do Brasil

Zelensky acusou a Rússia do chamado “ terrorismo de estado ” depois que um incêndio em um dos shoppings de Kremenchuk que ele alegou ter sido causado por mísseis de seu oponente teria matado 18 pessoas até agora. O Ministério da Defesa da Rússia respondeu rapidamente , revelando que seu país realmente atingiu um estoque de armas localizado próximo a esse shopping, o que fez com que as munições escondidas explodissem e criassem um incêndio que se espalhou para o que descreveu como local não operacional. A disputa sobre quem é o culpado pelo que acabou de acontecer leva à questão mais ampla sobre o que exatamente constitui o terrorismo de Estado no conflito ucraniano .

Kiev, é claro, acredita que todos os danos colaterais que a Rússia inadvertidamente causa à infraestrutura civil se qualificam como tal, enquanto a posição de Moscou é que a militarização de áreas residenciais de seu oponente é o que é verdadeiramente terrorismo de estado. Se a Rússia estivesse realmente realizando o chamado “genocídio” no Donbass e na Ucrânia, então apenas bombardearia suas cidades em vez de arriscar a vida de suas tropas fazendo com que travassem batalhas rua a rua contra os militantes que estão detidos em áreas residenciais lá. Além disso, se quisesse “aterrorizar” os ucranianos, poderia simplesmente bombardear aqueles nas praias de Kiev.

Com base nesse último ponto, é revelador que os ucranianos na capital estão tão calmos em meio ao suposto “genocídio” da Rússia de seu próprio povo em outras partes do país que se aglomeraram nas praias de suas cidades no rio Dnieper durante todo este mês. Esta não é a atitude de um povo que está passando por um chamado “Segundo Holocausto”, como a Western Mainstream Media (MSM) liderada pelos EUA tem ridiculamente implícito, mas de pessoas que genuinamente se sentem seguras porque não pensam seriamente que A Rússia vai “aterrorizá-los” bombardeando um monte de famílias na praia como faria se estivesse “genocidando-os”.

Angola | Retrato de uma Vigarice Cozinhada na Capoeira – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O livro “Vigarices & Sacanices” foi publicado na extinta e saudosa editora Centelha, colecção Coisas do Carvalho, em 1985, já lá vão 37 anos. Infelizmente, não teve leitores mas esse é o destino da mercadoria que não cumpre as regras do difícil comércio das palavras. Nessa altura, de Angola, só incluí dois escroques que roubaram milhões a alguns colonos ricaços, vendendo-lhes cheques visados em escudos da “metrópole” ao preço da batata de Vila Flor (Ekunha).

Indirectamente, também entrou na obra de tese, dedicada a Mário Soares por tudo o que deu à causa, o soberbo vigarista Alves dos Reis, proprietário do Banco Angola Metrópole e que fez dinheiro verdadeiro, sem autorização dos ladrões de Lisboa, para salvar a colónia da bancarrota. Notas de mil ao preço da chuva!

O Príncipe Potemkine também teve a honra de figurar no livro. Se algumas e alguns analistas, professoras e professores de ralações internacionais, coronéis recrutas e generais faxineiros portugueses lessem esse capítulo, não diziam tantos disparates sobre a Ucrânia e saberiam que a “Crimeia” foi criada por ele, desde Odessa a Sebastopol, passando pela região do Dombass com suas cidades e cearas de trigo. Tudo aquilo era um deserto que o espantoso governante e amoroso vigarista transformou no paraíso, para agradar à sua amada Catarina, a Grande, a Imensa, a Inigualável.

Já me passou pela cabeça fazer uma segunda edição do fracassado produto incluindo apenas vigaristas e sacanas de Angola, actuando entre Setembro de 1992 e 2022. Mas já não tenho tempo de vida para escrever umas cinco mil páginas, para mais nunca para menos. Assim, para alertar os incautos e dedicando cada prosa ao Adalberto Costa Júnior, Abel Chivvukuvuku e Filomeno Vieira Lopes, vou revelando o “retrato paga já” de algumas e alguns. Já vos contemplei com a Mihaela Webba, empenada filha da Josefa Neto e do José Webba, acérrimos defensores do regime de Ceausescu, o ditador romeno.

Moçambique | Prisão preventiva sem prazos é "grave violação dos direitos humanos"

Alteração do Código Penal permite que indivíduos sejam detidos preventivamente, sem saberem por quanto tempo. Presidente da Comissão dos Direitos Humanos da Ordem dos Advogados associa a mudança às "dívidas ocultas".

A alteração do Código Penal em Moçambique permite que indivíduos fiquem detidos, mesmo sem condenação final, sem que lhes seja dito por quanto tempo.

Mas um outro aspeto intriga. Desconfia-se que esta alteração da lei penal seja um expediente político para que os acusados no caso das "dívidas ocultas" continuem detidos, embora os prazos de detenção tenham expirado, de acordo com o Jornal Evidências.

Ferosa Zacarias, presidente da Comissão dos Direitos Humanos da Ordem dos Advogados de Moçambique, acredita que "o legislador está apenas a olhar para questões políticas e não para questões de legalidade". Isto porque, segundo Zacarias, a falta de prazos para prisão preventiva "é uma grave violação dos direitos humanos”.

DW África: Com a supressão dos prazos de prisão preventiva, estamos perante uma violação aos direitos humanos no país?

Ferosa Zacarias (FZ): É uma grave violação aos direitos humanos porque é importante que cada cidadão saiba porquê e por quanto tempo vai ser restringida a sua liberdade. E não é o que acontece agora com essa nova revisão.

Autoridades exumam corpos de pessoas enterradas vivas por populares

MOÇAMBIQUE

As autoridades moçambicanas vão exumar esta segunda-feira (27.06) cinco dos corpos das sete pessoas enterradas vivas por populares na província de Maputo. Vítimas foram acusadas de roubo de gado pela população.

"As vítimas foram enterradas no distrito de Maluana, mas lá para o interior, no seu limite com distrito de Muamba", avançou o chefe do Posto Administrativo de Maluana, Juvenal Sigauque, citado pela Rádio Moçambique (RM).

Em causa está o caso de sete pessoas, incluindo três agentes da polícia moçambicana, enterradas vivas por populares na província de Maputo na semana passada, acusados de roubo de gado.

Segundo o chefe do Posto Administrativo de Maluane, os trabalhos para exumação de pelo menos cinco corpos começam esta segunda-feira (26.06), mas há outros dois corpos que foram enterrados num local ainda desconhecido.

"Uma parte da família das vítimas juntou-se à polícia para identificação do local", acrescentou Juvenal Sigauque.

 As vítimas foram torturadas pela população e enterradas vivas, acusadas de pertencerem a um grupo que rouba gado no distrito de Muamba, na província de Maputo.

"O caso ocorreu no dia 20 [segunda-feira], quando um criador de gado notou que havia invasores no seu curral. Ele chamou a população e os supostos meliantes foram amarados e enterrados vivos", explicou Juvenal Sigauque à comunicação social, na sexta-feira.

A Polícia da República de Moçambique destacou uma equipa para investigar o caso, mas três dos seus agentes também foram amarrados, torturados e enterrados vivos pela população.

"A Polícia dirigiu-se à zona na perspetiva de ir identificar o local onde os corpos dos supostos meliantes estavam enterrados e tentar esclarecer o assunto. Na sequência disso, a comunidade terá confundido os agentes da polícia com os meliantes", declarou Juvenal Sigauque.

Deutsche Welle | Lusa

Angola | A FESTA NO BAIRRO TCHIZAINGA – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

A festa das eleições em Saurimo foi uma vitória estrondosa antes da contagem dos votos. Aviso já o PRS e a UNITA que se cuidem porque pela amostra, ficam sem representação parlamentar nas províncias do Leste. Aquilo Foi muita txianda. Palmas, uculé,uculé, entrou o txingufo, bateria infinitiva, e mucupela. Músicos, bailarinas, cânticos de louvor ao MPLA. Sabem o que significou aquela multidão em festa? O povo que apoiou a guerrilha do MPLA. O facho ainda tem a chama bem acesa, muito viva. O Galo Negro também esteve no Leste, porque alugou as armas à PIDE e às tropas de ocupação. Esses já partiram todos, há muitos anos, Não ficou ninguém para apoiar a Frente Podre da UNITA (FPU).

A festa aconteceu à vista do Bairro Tchizainga. Ninguém explicou que sítio é esse. O seu patrono tem uma História fabulosa. Comandante Celestino Bernardo (Tchizainga). Lutou contra o colonialismo de armas na mão. Perdeu um braço em combate. Foi patenteado major quando as FAPLA passaram a Forças Armadas Nacionais. Tchiza! Tchiza! Ele só com um braço conduzia melhor do que Sir Lewis Hamilton! Um grande comandante. Um libertador, um construtor da Pátria Angolana. 

A UNITA que apresente um só militante ou dirigente que tenha combatido de armas na mão pela Independência Nacional. Não pode. No Galo Negro só há os que combateram para impedir que Angola fosse independente. Como falharam, bateram-se de armas na mão, disparando contra no Povo Angolano, ao lado dos racistas sul-africanos. Lutaram para que Angola fosse uma colónia dos racistas! Nós temos milhares e milhares de Tchizainga. A festa daas eleições em Saurimo foi uma homenagem à gesta heroica da Luta Armada de Libertação Nacional na Frente Leste.

A festa também entrou na História de Angola Contemporânea, quando o Presidente João Lourenço anunciou a construção de um ramal ferroviário até Saurimo, colocando a capital da Lunda Sul no Corredor do Lobito. No Caminho-de-Ferro de Benguela. A Lunda Sul no caminho do desenvolvimento. Imparável. Este ramal está pensado e em projecto desde 1926. Quase há cem anos. O MPL tirou-o da gaveta. Como libertou o Canal do Cafu. Um sonho acalentado pelo coronel Artur de Paiva, em 1890, mas nunca concretizado. Agora já mata a sede a pessoas e animais. Ninguém trava o MPLA.

Angola | A LUTA EM TORNO DA SAÚDE DE EDUARDO DOS SANTOS


Enquanto piora o estado de saúde de Eduardo dos Santos, parecem agravar as desavenças entre a família e o Governo angolano. João Lourenço diz acompanhar de perto a situação, mas filha fala em aproveitamento político.

O ex-chefe de Estado angolano, José Eduardo dos Santos, continua em estado crítico. Internado numa clínica em Barcelona e em estado de coma, depois de ter sofrido uma queda, o antigo estadista está ligado a máquinas. 

O Presidente João Lourenço disse esta quarta-feira (29.06) que a situação de saúde do seu antecessor é "preocupante" e garantiu que tem estado em contacto com a família de Eduardo dos Santos para acompanhar o desenvolvimento da situação.

"Só as equipas médicas é que poderão dar mais informações", referiu João Lourenço em declarações aos jornalistas, em Lisboa.

Mas em entrevista à DW, Tchizé dos Santos, uma das filhas de Eduardo dos Santos, acusa João Lourenço de querer retirar dividendos políticos, dizendo que autoridades angolanas se "apoderaram" do antigo chefe de Estado.

"Toda a segurança que está naquela moradia é afeta à Presidência da República. São militares ao serviço de João Lourenço. O médico é um militar ao serviço de João Lourenço."

O ANTES E O DEPOIS NO PORTUGAL DOS GOVERNANTES PEQUENINOS

Susana Charrua | opinião

Antes. Foi anunciado pelo governo que “O ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, anunciou ontem, dia 29 de junho, um despacho sobre a solução dos aeroportos que indicava que iria avançar não um, mas dois projetos. Um no Montijo, outro em Alcochete”.

Depois. A meio da manhã de hoje nova notícia: “Menos de 24 horas depois, António Costa desautorizou o ministro revogando o despacho e indicando que "a solução tem de ser negociada e consensualizada com a oposição", abrindo caminho a uma possível crise governativa”.

Devido à barafunda evidenciada o PM Costa diz que é com o ministro Pedro Nuno Santos demitir-se ou não… Muitos portugueses, da esquerda, neutros e à direita, concordam que Pedro Nuno Santos se deve demitir. Porém, uma parcela muito significativa desses e de outros portugueses considera que também António Costa se deve demitir e levar consigo, por arrasto, o actual governo.

O que é mais que evidente é que este governo está a prestar um mau desempenho e que a embriaguez de o PS ter obtido maioria parlamentar vem uma vez mais provar aos eleitores que as maiorias resultam em flagrantes governações com muito resquícios ditatoriais e, consequentemente, muito menos democráticas e de abandono de tomadas de medidas governativas justas que protejam os portugueses de vidas de grandes sacrifícios, de desigualdades, de grande pobreza e de fome.

Portugal | ATAQUE AO AEROPORTO. TROCAS & BALDROCAS DO PODER NÉSCIO

Costa desautoriza Pedro Nuno. Primeiro-ministro "desconhecia" despacho sobre novo aeroporto

O primeiro-ministro mantém que vai esperar pela tomada de posse de Luís Montenegro. Fonte do Governo diz ao Expresso que o primeiro-ministro foi apanhado de surpresa pela publicação do despacho por Pedro Nuno Santos. Comunicado do gabinete de Costa reforça que decisoes só serão tomadas com a informação prévia de Marcelo Rebelo de Sousa

O primeiro-ministro, António Costa, determinou esta quinta-feira a revogação do despacho publicado na quinta-feira sobre a solução aeroportuária para a região de Lisboa e reafirmou que quer uma negociação e consenso com a oposição sobre esta matéria. Fonte do Governo diz ao Expresso que o primeiro-ministro "desconhecia o despacho" publicado na quarta-feira e "apanhado de surpresa" na cimeira da NATO. De acordo com a mesma fonte, a decisão de António Costa foi a de esperar pela tomada de posse de Luís Montenegro, anunciada na quarta-feira passada no Parlamento, no debate de política geral.

A informação de que o primeiro-ministro tinha decidido pela revogação do despacho foi prestada em comunicado às redacções depois de ontem, o ministro das Infraestruturas ter defendido a decisão do Governo, dizendo que o PSD se tinha "posto de fora" da solução.

“O primeiro-ministro determinou ao Ministério das Infraestruturas e da Habitação a revogação do despacho ontem [quarta-feira] publicado sobre o novo aeroporto da região de Lisboa”, lê-se num comunicado hoje divulgado pelo gabinete de António Costa.

No comunicado, o primeiro-ministro “reafirma que a solução tem de ser negociada e consensualizada com a oposição, em particular com o principal partido da oposição e, em circunstância alguma, sem a devida informação prévia ao Presidente da República”.

Esta última frase dá nota de uma contradição que ontem surgiu depois de o Presidente da República ter dito que precisava de mais detalhes sobre a decisão. Questionado sobre isto na RTP, Pedro Nuno Santos começou por dizer que a relação com o Presidente da República "era óptima". "Foi sempre havendo conversas", com Marcelo Rebelo de Sousa, disse. Mas informou o Presidente do que ia anunciar hoje? "Hoje não. Não informo o senhor Presidente de todas as decisões que vamos tomando no Ministério das Infraestruturas."

No comunicado do gabinete do primeiro-ministro, Costa termina dizendo que "compete ao primeiro-ministro garantir a unidade, credibilidade e colegialidade da ação governativa. O primeiro-ministro procederá, assim que seja possível, à audição do líder do PSD que iniciará funções este fim de semana para definir o procedimento adequado a uma decisão nacional, política , técnica , ambiental e economicamente sustentada”, acrescenta-se no comunicado.

Liliana Valente | Expresso | Imagem: Pedro Nuno Santos com António Costa // Tiago Miranda

Portugal | ANDA COMIGO VER OS AVIÕES

Tanta polémica, tantos euros em "estudos", tanta má governação. Porque não o aeroporto em Beja?

Pedro Candeias, jornalista, editor de Sociedade | Expresso Curto

Olá, e uma pergunta: a quem serve melhor uma maioria absoluta? Ora, é simples: uma maioria absoluta serve precisamente os interesses do titular da maioria absoluta que fica desobrigado das negociações típicas nas maiorias relativas, avançando sem cedências e/ou chumbos parlamentares.

Isto é bastante útil quando, vá, um dia se decide construir um aeroporto auxiliar no Montijo, primeiro, um novo aeroporto em Alcochete, depois, enquanto se prepara o fim do aeroporto lisboeta atual. Uma deliberação legitimada pelas eleições, que dispensou consultas e pré-avisos à oposição, aos antigos parceiros da geringonça e até ao Presidente da República.

Há um subtexto aqui: antes das legislativas, o PS precisaria sempre do apoio do PSD para mudar uma lei segundo a qual a construção de uma nova infraestrutura assim necessitaria de um parecer favorável de todas as câmaras municipais dos concelhos “potencialmente afetados”.

Agora, o PS só precisa do PS para seguir em frente, rumo ao Montijo e mais além, se e quando o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) der o ok na Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) até final do ano; posta de lado ficou a AAE que estava nas mãos do Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT).

Cronologicamente, se tudo correr de feição a Pedro Nuno Santos, a pista complementar do Montijo ficará operacional em 2026 e o novíssimo aeroporto de Alcochete em 2035.

Obviamente, houve reações.

Os partidos políticos ignorados pelo Governo sentiram-se despeitados: Rui Rio disse “nunca ser boa ideia mudar uma lei sozinho”, o Bloco de Esquerda pediu “explicações”, o Livre falou em “desorientação” e o Chega em “desrespeito”, o PAN usou a imagem do “rolo compressor da maioria absoluta” e a IL pediu “escrutínio”. Marcelo foi cauteloso, afirmando precisar de perceber os “pormenores políticos, jurídicos e técnicos da solução” antes de a poder comentar. Os autarcas de Montijo, Alcochete e Seixal deram respostas diferentes e os ambientalistas responderam em uníssono: é uma “esquizofrenia enorme” e uma “delapidação do património natural cada vez mais ameaçado”.

Entretanto, os aviões passam. Quer dizer, mais ou menos.

“O país mais violento do mundo conseguiu negociar a paz, ao contrário da Europa”

Organizado pela Fundación Yuste, na Extremadura, em torno do centenário de Saramago, o encontro reuniu académicos, tradutores e escritores, entre eles o nicaraguense Sérgio Ramírez e a colombiana Laura Restrepo.

Foi uma muito emocionada escritora Laura Restrepo, colombiana, e um menos optimista prémio Cervantes, o escritor nicaraguense Sérgio Ramírez, que se reuniram no encontro «Diálogos Ibéricos: um minuto, um século», organizado pela Fundação Yuste, na Extremadura (Espanha). O debate dos dois escritores latino-americanos, em torno da obra e do activismo humanitário de José Saramago, aconteceu na segunda-feira, dia 27 de Junho, nos claustros do Mosteiro de Yuste, com a moderação do jornalista do Babelia, suplemento cultural do El País.

Profundamente admiradores de José Saramago, ambos travaram conhecimento com a obra do Nobel português, através do livro Evangelho Segundo Jesus Cristo. Curiosamente o livro que levou ao exílio voluntário de Saramago em Lanzarote, depois do ver o seu nome excluído por um governante do PSD (mais recentemente do Chega) da selecção de um prémio europeu.

O autor de ¿Te dio miedo la sangre? (1978), Sérgio Ramírez, teve de abandonar por algum tempo a carreira literária para se incorporar na revolução sandinista, que derrotou a ditadura de Somoza. Ramírez assumiu, posteriormente, durante 5 anos, a vice-presidência da Nicarágua.

«A esquerda tem de ser ética e democrática. Se se tira a liberdade deixa de ser esquerda e torna-se uma ditadura, como qualquer outra», afirma, acrescentando que «Saramago veria com esperança o que se passa na Colômbia e com muita tristeza o bolsonarismo do Brasil».

O ENCOLHIMENTO DO OCIDENTE -- Boaventura

#Publicado em português do Brasil

Fracasso na guerra contra a Rússia pode acelerar um longo declínio. Mas com ele vêm arrogância e ambições irreais. E há perigo à frente – porque os impérios não se admitem nem como espaços subalternos, nem em relações igualitárias

Boaventura de Sousa Santos | Outras Palavras

O que os ocidentais designam por Ocidente ou civilização ocidental é um espaço geopolítico que emergiu no século XVI e se expandiu continuamente até ao século XX. Na véspera da Primeira Guerra Mundial, cerca de 90% do globo terrestre era ocidental ou dominado pelo Ocidente: Europa, Rússia, as Américas, África, Oceânia e boa parte da Ásia (com parciais excepções do Japão e da China). A partir de então o Ocidente começou a contrair: primeiro com a revolução Russa de 1917 e a emergência do bloco soviético, depois, a partir de meados do século, com os movimentos de descolonização. O espaço terrestre (e logo depois, o extraterrestre) passou a ser um campo de intensa disputa. Entretanto, o que os ocidentais entendiam por Ocidente foi-se modificando. Começara por ser cristianismo, colonialismo, passando a capitalismo e imperialismo, para se ir metamorfoseando em democracia, direitos humanos, descolonização, auto-determinação, “relações internacionais baseadas em regras” – tornando sempre claro que as regras eram estabelecidas pelo Ocidente e apenas se cumpriam quando servissem os interesses deste – e, finalmente, em globalização.

Em meados do século passado, o Ocidente havia encolhido tanto que um conjunto de países recém-independentes tomou a decisão de não se alinhar nem com o Ocidente nem com o bloco que emergira como seu rival, o bloco soviético. Assim se criou, a partir de 1955-61, o Movimentos dos Não-Alinhados. Com o fim do bloco soviético em 1991, o Ocidente pareceu passar por um momento de entusiástica expansão. Foi o tempo de Gorbatchev e o seu desejo de a Rússia integrar a “casa comum” da Europa, com o apoio de Bush pai, um desejo reafirmado por Putin quando assumiu o poder. Foi um período histórico curto, e os acontecimentos recentes mostram que, entretanto, o “tamanho” do Ocidente sofreu uma drástica contração. No seguimento da guerra da Ucrânia, o Ocidente decidiu, por sua própria iniciativa, que só seria ocidental quem aplicasse sanções à Rússia. São neste momento cerca de 21% dos países membros da ONU, o que não chega a ser 15% da população mundial. A continuar por este caminho, o Ocidente pode mesmo desaparecer. Várias questões se levantam.

Contração é declínio? Pode pensar-se que a contração do Ocidente o favorece porque lhe permite focar-se sobre objetivos mais realistas com mais intensidade. A leitura atenta dos estrategas do país hegemônico do Ocidente, os EUA, mostra, pelo contrário, que, sem aparentemente se darem conta da flagrante contração, mostram uma ambição ilimitada. Com a mesma facilidade com que preveem poder reduzir a Rússia (a maior potência nuclear) a uma ruína ou a um Estado vassalo, preveem neutralizar a China (a caminho de ser a primeira economia mundial) e provocar em breve uma guerra em Taiwan (semelhante à da Ucrânia) com esse objetivo. Por outro lado, a história dos impérios mostra que a contração vai de par com declínio e que esse declínio é irreversível e implica muito sofrimento humano.

Caitlin Johnstone: UCRÂNIA ENGATINHANDO COM CIA E COMPANHIA

 #Publicado em português do Brasil

A ideia anteriormente impensável de que os EUA estão em guerra com a Rússia foi gradualmente normalizada, com o calor aumentando tão lentamente que o sapo não percebe que está sendo fervido vivo.

Caitlin Johnstone* | Consortium News

O New York Times relata que a Ucrânia está repleta de forças especiais e espiões dos EUA e seus aliados, o que parece contradizer relatos anteriores de que o cartel de inteligência dos EUA está tendo problemas para obter informações sobre o que está acontecendo na Ucrânia.

Isso também, obviamente, colocaria o prego final no caixão da alegação de que esta não é uma guerra por procuração dos EUA.

Em um artigo intitulado “ A Rede de Comandos Coordena o Fluxo de Armas na Ucrânia, Dizem os Funcionários ”, funcionários ocidentais anônimos nos informam o seguinte por meio de seus estenógrafos no The New York Times :

“À medida que as tropas russas avançam com uma campanha opressiva para tomar o leste da Ucrânia, a capacidade do país de resistir ao ataque depende mais do que nunca da ajuda dos Estados Unidos e seus aliados – incluindo uma rede furtiva de comandos e espiões correndo para fornecer armas, inteligência e treinamento, de acordo com autoridades americanas e europeias.

Grande parte desse trabalho acontece fora da Ucrânia, em bases na Alemanha, França e Grã-Bretanha, por exemplo. Mas mesmo que o governo Biden tenha declarado que não enviará tropas americanas para a Ucrânia, alguns funcionários da CIA continuaram a operar no país secretamente, principalmente na capital, Kyiv, direcionando grande parte das enormes quantidades de inteligência que os Estados Unidos estão compartilhando com Forças ucranianas, de acordo com funcionários atuais e antigos.

Ao mesmo tempo, algumas dezenas de comandos de outros países da OTAN, incluindo Grã-Bretanha, França, Canadá e Lituânia, também estão trabalhando dentro da Ucrânia”.

Ex-oficial do serviço secreto da Ucrânia denuncia crimes do regime de Kiev

– “Ao longo de oito anos após o golpe da Praça Maidan, milhares de crimes de guerra foram cometidos pelas forças de segurança ucranianas contra civis”, afirma o tenente-coronel Vasily Prozorov.

Vassily Prozorov -- entrevistado por Hora do Povo

Em entrevista exclusiva à Hora do Povo, Vasily Prozorov, tenente-coronel do Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU) – onde atuou de 1999 até o final de 2017 –, falou sobre o que o governo da Ucrânia e os media subordinados a Washington escondem:   o caráter antidemocrático do regime de Kiev, com perseguições políticas, assassinatos, crimes de guerra e bombardeios a alvos civis, e a ascensão de grupos neonazistas

Enquanto oficial do serviço secreto ucraniano, foi testemunha da interferência dos Estados Unidos no golpe de estado de 2014, da ajuda do novo governo para a formação de milícias neonazistas e da perseguição e assassinatos contra jornalistas e políticos da oposição.

Atualmente, Vasily Prozorov mantém o site Ukraine Leaks (ukr-leaks.com) onde divulga documentos secretos do governo ucraniano e do SBU que comprovam os crimes que ele denuncia. O ex-agente escreveu e publicou dezenas de artigos sobre a formação e a atuação de grupos neonazistas na Ucrânia, que podem ser encontrados em seu site.

Abaixo a íntegra da entrevista:

Hora do Povo– Qual era sua função dentro do SBU? Como membro da Inteligência, qual foi sua participação nos conflitos do Donbass?

Vasily Prozorov- A partir de 1999, eu fui funcionário do Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU). Durante muito tempo trabalhei em unidades operacionais, em particular nas unidades de combate à corrupção e ao crime organizado. Desde abril de 2014, comecei a trabalhar no Centro Antiterrorista do SBU, que dirigiu a chamada Operação Antiterrorista (ATO) no Donbass. Trabalhei lá até o final de 2017.

Desde abril de 2014, voluntariamente, por motivos ideológicos, comecei a cooperar com os serviços especiais da Rússia, pois queria lutar a qualquer custo contra aqueles que chegaram ao poder em Kiev em fevereiro de 2014.

No quartel-general do Centro Antiterrorista do Conselho de Segurança da Ucrânia, fui oficial de ligação com outras estruturas policiais e estatais, o que me permitiu receber informações de vários serviços e departamentos especiais da Ucrânia. A informação obtida desta forma, eu transmitia para Moscou.

quarta-feira, 29 de junho de 2022

SERPENTES DE ENCANTAR

Martinho Júnior, Luanda

… SERPENTES DE TODAS AS DIMENSÕES E VERSÕES, “RADICALIZADAS” ATÉ À OBSESSÃO…

OS PARLAMENTOS DUMA AUROPA OCUPADA PELO PENTÁGONO E VASSALA DA HEGEMONIA UNIPOLAR POR VIA CAMISA DE FORÇAS DA NATO, APLAUDEM DE PÉ GOLPISTAS E AQUELES QUE AO ALIMENTAREM A EXCLUSÃO, SE FURTAM AO DIÁLOGO, À BUSCA DE CONSENSOS E ESTIMULAM A GUERRA, AO INVÉS DE CULTIVAR A PAZ!

01- Zelenski explica como se produz, interpares, um bárbaro feudalismo em pleno século XXI…

O fundamentalismo que nutre o campo da hegemonia unipolar tem seus alucinados quadros, cenários e actores muito próprios, como se operassem fazendo sistemático uso (e abuso) dum poderoso magnetismo imagético, seja em formato micro, seja em macro formato, subvertendo com as suas acções as próprias palavras que pronunciam!

É assim que se esvazia por completo a democracia!

Um operador “ómega” no terreno dos relacionamentos torna-se omnipresente em função da intensa actividade das “presstitutas” extasiadas pelo lucro do raio de acção de suas mensagens alienadoras, na hora de seus comandados enfrentarem as armas da libertação!

Eles desconhecem até, na sua alucinada alienação liberal-nazi, que tudo se desfaz em pó, em fogo e fumo, por que a “carne para canhão” nem um segundo teve, enquanto permaneceu vegetal mergulhado em banho de formatação, possibilidade para acordar da cristalizada estupidificação a que foi condenado pelos suseranos do mundo, como um desprezível servo da gleba condenado à escavisão a que foi conduzido e em que se tornou! 

O servo da gleba não teve sequer tempo, muito menos capacidade, para fazer qualquer tipo de melhor conversão, ou encontrar uma opção alternativa, nem que fosse de última hora… simplesmente seus horizontes tornaram-se tão curtos que não consegue perceber o que quer que seja para além dos cerros que cercam o curto labirinto do seu habitat!

Presos na extensa teia de alucinação ideológica, os comandados de Zelenski no terreno tomam até a realidade como virtual, com ou sem o recurso às drogas, uma virtualidade trágica, carregada de símbolos recuperados dos tempos de Hitler, uma virtualidade excludente e bárbara!… 

OS TAMBORES DA GUERRA E NOTÍCIAS CRIMINOSAS – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Kremenchuk é uma cidade ucraniana. O presidente Zelensky disse que as tropas russas atacaram um centro comercial onde estavam mil pessoas. Posteriormente a propaganda da OTAN (ou NATO) e do estado terrorista mais perigoso do mundo (EUA) mostrou imagens com o edifício totalmente destruído. Quem estava no interior morreu. Os serviços de protecção civil ucranianos disseram hoje que morreram 20 pessoas! Não explicaram o que aconteceu às outras 980 anunciadas ao mais alto nível. Mais uma aldrabice criminosa.

Um português que vive nas imediações do centro comercial declarou a propagandistas da televisão portuguesa que ao lado existe uma fábrica, ocupada pelas forças armadas. Vamos falar de crimes. Gravíssimo crime de guerra é manter aberto um centro comercial vizinho de uma fábrica transformada em quartel de tropas e depósito de armas e munições. 

O senhor Zekensky anunciou em Fevereiro, nas redes sociais, que os seus agentes da pide (Serviços de Segurança da Ucrânia-SBU) prenderam o líder da Oposição, Viktor Medvedchuk, presidente do partido Plataforma de Oposição Pela Vida, imediatamente ilegalizado com outros dez partidos que se opõem aos nazis no poder. Os democratas ocidentais que vão ao beija-mão a Kiev não querem saber do prisioneiro.

Viktor Medvedchuk desapareceu. Ninguém sabe em que presídio se encontra. A família não sabe dele. Os dirigentes e deputados da Plataforma de Oposição Pela Vida não sabem do seu paradeiro. As autoridades limitam-se a dizer que está detido num local secreto por razões de segurança. É um prisoneiro incomunicável. Não pode ter visitas. A Cruz Vermelha Internacional sobre este acontecimento nada diz. A agência da ONU para os Direitos Humanos remete-se ao silêncio. O Tribunal Penal Internacional, nada. Úrsula von der Leyen cauciona a prisão do líder da Oposição ucraniana dizendo que Kiev defende a democracia na Europa. Os outros todos seguem o exemplo.

Ninguém quer saber de um prisioneiro na situação de incomunicável faz hoje quatro meses? Ninguém exige a Zelensky que mostre se ele está vivo ou morto e atirado para as valas comuns de Irpin e Bucha, destino de todas e todos que se opõem à guerra? Ninguém quer saber até quando os 11 partidos da Oposição ilegalizados vão continuar nessa situação? Entretanto, a União Europeia aceitou com gaItinhas, tambores e bandeiras a “candidatura” da Ucrânia ao cartel.

NATO: A MAIOR E MAIS LETAL MÁQUINA DE GUERRA

A Cimeira da NATO em curso a 29 e 30 de junho, em Madrid. A par da resposta à guerra na Ucrânia, discutir-se-á o alargamento da Aliança, a extensão do seu papel e da sua área de influência e intervenção, nomeadamente no que respeita ao Indo-Pacífico. Dossier organizado por Mariana Carneiro.

O secretário-geral da NATO já veio afirmar que a cimeira da organização em Madrid marcará o rumo da Aliança para a próxima década e será “histórica”, ao “repor a dissuasão e a defesa”. Jens Stoltenberg frisou igualmente que será uma “oportunidade importante para reafirmar os valores da NATO”. No que respeita ao Conceito Estratégico, o documento que estabelece as estratégias da Aliança Atlântica nos próximos anos, este definirá “a posição conjunta sobre a Rússia, os desafios emergentes e a China”, e ainda “a associação com a União Europeia, que atingiu níveis sem precedentes”.

A NATO vive um momento de marcada revitalização, como consequência da invasão da Ucrânia por parte da Rússia. A maior e mais letal máquina de guerra do mundo tem vindo a reforçar a sua presença e segue um caminho de notória expansão, cavalgando a aparente amnésia sobre as consequências da sua política imperialista e das incursões belicistas por si protagonizadas. Perante a escalada de tensão, o aprofundamento da militarização e a corrida ao armamento, e a tendência marcadamente expansionista da NATO, são várias as vozes que alertam para a perigosidade desta organização e exortam à luta pela Paz, pelo desarmamento e pelo desmantelamento de alianças militares agressivas como a Aliança Atlântica.

Neste dossier, José Gusmão, Gilbert Achcar, Luís Fazenda, Étienne Balibar, Silvia Federici, Michael Löwy e Marcello Musto, Anuradha Chenoy, José Manuel Pureza, Michael Klare, Vijay Prashad e Daniele Ganser traçam-nos um retrato do que é a NATO, explicam-nos o que estará em cima da mesa na Cimeira dos próximos dias 29 e 30 de junho e alertam-nos para os perigos que o mundo enfrenta mediante o reforço do poder e da presença da Aliança Atlântica.

Mais de 19 milhões de iemenitas passam fome e as ajudas diminuem

Depois de o Programa Alimentar Mundial ter anunciado cortes drásticos na ajuda ao Iémen, a ONU revela que a fome atinge o patamar mais elevado no país árabe desde o início da guerra de agressão, em 2015.

Numa nota emitida esta terça-feira, o Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (UNOCHA, na sigla em inglês) afirma que os cortes nos fundos estão a limitar a sua capacidade de ajudar as pessoas que necessitam de assistência, incluindo os 160 mil iemenitas que se encontram à beira da fome.

«Cinco milhões de pessoas receberão menos de metade das suas necessidades diárias e oito milhões de pessoas receberão menos de um terço daquilo de que necessitam diariamente», revelou a UNOCHA.

Explicou que, em Dezembro último, o Programa Alimentar Mundial (PMA) foi obrigado a reduzir as rações alimentos para oito milhões de pessoas no país árabe devido a falta de financiamento e que teve de efectuar mais cortes no mês passado.

No domingo, o PMA anunciou na sua conta de Twitter que foi obrigado a «tomar decisões extremamente difíceis» no que respeita à ajuda alimentar que presta à população iemenita, por não receber fundos suficientes, devido às condições económicas a nível global e aos efeitos colaterais contínuos da guerra na Ucrânia.

Na nota ontem emitida, a UNOCHA informou ainda que o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) poderá ter de suspender, em Julho, o apoio a 50 mil crianças com má-nutrição severa, bem como o apoio à saúde materno-infantil que, até Julho, deve abranger até 2,5 milhões de crianças e 100 mil mulheres.

No mesmo mês, a Unicef deverá igualmente suspender o trabalho que realiza ao nível da água potável e saneamento, e que abrange cerca de 3,6 milhões de iemenitas.

A guerra de agressão e o bloqueio impostos por Riade, aliados regionais e ocidentais ao mais pobre dos países árabes provocou aquilo que as Nações Unidas definiram como «a pior crise humanitária».

Apesar da trégua iniciada em Abril e prolongada em Junho, sob os auspícios da ONU, a coligação liderada pelos sauditas não pôs fim ao bloqueio nem ao confisco de petroleiros com destino ao porto de Hudaydah.

AbrilAbril

Portugal | OS MISERAVEIS DE 2022

Eduardo Oliveira e Silva |  jornal i | opinião

Há uma impenetrável vida nos diversos mundos e submundos da sociedade portuguesa que de repente salta à vista horrorizando a comunidade dita normal.

1. Quem diria que mais de 48 anos depois do 25 de Abril, proclamado como um feito para o povo e em nome do povo, haveríamos, embora em paz e democracia, de estar ainda confrontados com tantas franjas da população a viver numa miséria económica, social e moral? Porém, desde o dia em que Portugal se tornou mero candidato à então CEE, recebemos milhares de milhões de fundos de pré-adesão e estruturais. Mas, apesar dos progressos, continuamos na cauda da Europa e cheios de problemas humanos.

O drama da criança de Setúbal (que tinha cinco irmãos dados à assistência e que provavelmente nunca viu), outros de violência doméstica e de todos os tipos que vemos diariamente só são diferentes quando saltam para plano mediático que, em regra, os explora à exaustão por mero espetáculo, que, ainda assim, adota o politicamente correto como a omissão étnica ou nacional de alguns envolvidos. Em contrapartida, há dias, a propósito de uma burla, o pudico Público não hesitou em especificar que a arguida é sobrinha neta de um ex-Presidente da República, como se isso tivesse relevância.

Por todo o lado, no continente e nas ilhas, nas cidades, nos subúrbios, nas aldeias, nos campos, há situações de grande violência física, psicológica e total marginalidade, criminosa ou não. Vê-se gente a viver na maior pobreza económica, moral e num isolamento desolador. Há uma impenetrável vida nos diversos mundos e submundos da sociedade que de repente salta à vista. Os factos horrorizam a comunidade. Esta revolta-se, às vezes com violência, contra os criminosos, contra um Estado incapaz nas suas vertentes de justiça e proteção, no fundo contra si própria, o que facilita a afirmação de certas correntes políticas extremistas de esquerda e de direita. A existência de verdadeiros guetos, de crimes crapulosos, de violência sexual, de extorsão, de rixas de gangs, de ajustes de contas, de rezas, de feitiços ou amarrações não são exclusivo dos meios pobres. Mas é neles que assumem maior frequência, o que resulta do acumular de desgraças sem saída.

Quase meio século depois do 25 de Abril, olhamos para os mais pobres de nós e verificamos que, em muitos casos, tirando os lenços da cabeça que caíram em desuso, há muita gente que parece saída de uma imagem a preto e branco do arquivo da RTP. Gente que não sabe exprimir-se, que está desdentada, que nada tem e cujo interesse maior é viver intensamente um ‘Big Brother’ do momento. Assim sobrevive sem se aperceber que é também vítima porque tinha dez anos na revolução e que hoje deveria estar noutro patamar de educação, de desenvolvimento, de apreensão da realidade, de responsabilidade cívica, beneficiando de algum conforto e de uma assistência digna, em nome da qual a Europa nos mandou comboios de dinheiro.

Teria sido fundamental que o Estado, em vez de se tornar autofágico e falsamente assistencialista, se tivesse assumido como criador de oportunidades, riqueza e um fiscalizador e não um glutão. Situações como a de Setúbal há em muitos países bem mais desenvolvidos e que têm, como a França, problemas agravados com a criminalidade juvenil, ódios raciais e religiosos que entre nós existem incipientemente. Não serão as intervenções de especialistas, de polícias e todo o tipo de autoridades e comentadores que vão mudar a nossa realidade. Outros casos acontecerão e alguns vão voltar a chocar, como ainda se viu segunda-feira com o abandono de um bebé num contentor.

Ao menos que o de Setúbal sirva para prevenir um ou dois dramas potenciais, através de alertas de gente que ligue, por exemplo, o número específico para assinalar crianças em perigo. É preciso é que, depois, haja sequência e responsabilidade. Se assim for, nem que seja uma vez, já se poderá retirar algo de menos mau de um caso tão sórdido, tão sádico e tão ilustrativo das muitas vidas miseráveis que ainda há em Portugal em 2022. 

Portugal | JUSTIÇA CEGA


Henrique Monteiro | Henricartoon

Portugal | O SNS JÁ REBENTOU, SEGUE-SE A EDUCAÇÃO

Joana Petiz | Diário de Notícias | opinião

Dois terços das crianças do 2.º ano erraram ou nem sequer conseguiram responder ao que lhes perguntavam. Até podem saber juntar as letras e ver ali palavras, mas pouco entendem do que estão a ler e as dificuldades que têm para se exprimir por escrito são dramáticas. É apenas a ponta de um imensamente destrutivo icebergue, que representa (também) os estragos de dois anos de covid numa área fundamental para o futuro do país. E que nem toda a boa vontade dos professores pôde impedir, entre escolhos antigos e a flagrante falta de meios para tentar evitar novo naufrágio: os computadores que ainda vão chegar, a internet que não é certa, o desprezo a que quem ensina foi votado por um governo que ainda finge acreditar que atribuir mais uns milhões no orçamento (que nunca chegam) resolve problemas. Mas poucochinhos, que as contas têm de se manter certas e os tempos não estão para brincar, como ainda ontem avisou Christine Lagarde.

Nas escolas, tenta-se remediar o que se vai mantendo miraculosamente de pé, mas a Educação continuará para lá de remédio possível enquanto a solução passar por meros remendos de ocasião, sem visão, sem plano de fundo, sem estratégia para recuperar um ensino público esgotado e anacrónico.

Repito, a responsabilidade não é dos professores, a quem tantas vezes é apontado o dedo pelas falhas que tentam constantemente contornar e ultrapassar. Mas a degradação que já vinha acontecendo, fruto do desinvestimento de quem julga que ter uma escola pública é um bem imutável, acelerou a fundo. E cavou muito mais fundo o fosso entre os que têm - dinheiro, acesso, suporte, apoio, cultura, estrutura - e os que não têm.

O ensino das cada vez mais raras crianças em Portugal foi perdendo exigência e meios a cada mudança bianual, sem que alguma vez se medisse os resultados do que se foi (des)fazendo. Os professores foram abandonados à sua sorte com incompreensíveis programas curriculares ao colo e uma quantidade de tarefas burocráticas a cargo, que nada têm que ver com educação. A avaliação tornou-se opressiva - para alunos e para professores - e proscrita. Uma negativa deixou de ser sinal de que era preciso investir no aluno para se tornar estigma de professor incompetente; e chumbar é tarefa impossível exceto quando se entra em braço-de-ferro por causa da Educação Cívica.

No atual sistema, é mais importante passar aos alunos a ideia de que a Biologia não é uma ciência do que perceber (e resolver) porque há ainda tantas crianças e adolescentes que não entendem o que leem, que não sabem filtrar, relacionar ou interpretar a informação que lhes despejam em cima sem preocupação de quanto é verdadeiramente aprendido, não decorado.

O pré-escolar tornou-se obrigatório, como a educação física e a artística e os psicólogos escolares, mas raras vezes qualquer deles é mais do que uma anedota contada a quem pergunta o que se faz nessas horas letivas, que somam mais umas notas à pauta (que já não se pode afixar para proteger os dados e os sentimentos dos meninos e das respetivas famílias).

Perante o desastre iminente, qual é a maior preocupação do governo? Acabar com a balda dos professores que fingem estar doentes só para não serem colocados a 200 km de casa - mas para esses aldrabões os dias estão contados, graças às novas regras de mobilidade. Isso sim, uma medida urgente, por oposição à ordem, à lógica e à justiça que nunca chegaram às colocações. Isso sim, muito mais relevante do que garantir que, mais do que livros de graça só para quem está no público, há ensino de qualidade e adaptado à era digital. Isso sim, verdadeiramente relevante, quando comparado com garantir condições para as nossas crianças terem de facto acesso a atividades desportivas, culturais, artísticas de qualidade. E apoio na medida em que dele necessitem.

Só falta mesmo ouvirmos ao ministro algo semelhante ao que escutámos, em plena pandemia, à colega que tutela a Saúde: nisto da Educação, é preciso é resiliência. Depois de o colapso do SNS ter sido desvalorizado como "um problema específico das urgências obstétricas", ainda vão tentar convencer-nos que a destruição na educação foi só um professor com uma crise de soluços.

A NATA DA NATO REUNE-SE HOJE E AMANHÃ AO SERVIÇO DOS EUA

No Curto do Expresso temos à cabeça do texto da jornalista Isabel Leiria a reunião da nata da NATO. De caudas a dar-a-dar lá vão todos importantes e empertigados os servos do Império do Mal deste planeta, das matanças internas e externas e porto de abrigo do terrorismo de estado e da invasão e subjugação de imensos países e povos do mundo. 

O servilismo europeu sempre foi notório e na atualidade é cego e radicalizou-se. O referido Império diz e os dirigentes europeus aquiescem obedientemente e cumprem. É visto, sentido e prevalecem os sarilhos, a instabilidade plantada desde uma Casa Branca que oculta ingloriamente a negritude e desgraças que gera e contém no âmago quase por açambarcamento planetário. A Europa anda às ordens disso, desses. Sem vontade própria. Dominados cidadãos aquiescem. Sucumbem perante as lavagens ao cérebro de de midias formadas pela automatização néscia, criminosa, que corta a raiz ao pensamento e interrompe a vida a milhares-milhões de cidadãos do mundo. A aqui referida e efetiva nata já azedou há muito tempo, pelo menos há muitas décadas. Nem por isso as elites natadas europeias, nem grande parte dos cidadãos europeus, deixam de chafurdar naquele pestilento caldo azedo, intragável, que urge fazer embicar para os esgotos que devolvam aos EUA a porcaria com que nos vem impregnando…

Aqui estamos e aqui vamos continuando sem sermos nós próprios, europeus. Queremos a PAZ, façamos a PAZ, sem interferências, sem os tiques terroristas dos rapazes das vacas, dos cowboys.

Do Expresso Curto, a seguir. De certo com uma percentagem de lenga-lenga… Pensem. Ajam.

MM | PG

JOÃO LOURENÇO À RTP: Só Vamos Ter Coisas Boas no Meu Segundo Mandato

Artur Queiroz*, Luanda

Silva Costa foi um grande jornalista português. Sei disso porque ele era chefe de Redacção do Diário de Notícias quando o mais antigo diário português batia recordes de tiragens, circulação e expansão. Nessa época eu era o correspondente em Angola e na África Austral. Um grande profissional do jornalismo também se vê nas mesas de lerpa e nós sentámo-nos muitas vezes praticando esse jogo só para intelectuais. 

Isabel Silva Costa, filha do grande mestre da notícia e da lerpa, entrevistou hoje o Presidente João Lourenço. Ouvi tudo, anotei tudo e no fim perguntei-me: Escrevo um texto sobre isto? A decisão que tomei já vai no segundo parágrafo. Faço-o por dever profissional. As minhas e os meus leitores precisam de saber o que aconteceu em Lisboa, ante as câmaras e os microfones da RTP, o canal público português.

O Presidente João Lourenço entrou em campo ao ataque. E fez dois remates que deram golo: “No próximo mandato vamos concluir a rede viária n acional e continuar a luta contra a sede nas províncias do Sul, Parte da Huila, Cunene, Namibe e Cuando Cubango. Vamos concluir a electrificação do país. Já iniciámos a produção de energia fotovoltaica, primeiro em Benguela. Vamos investir mais dois mil milhões de dólares s noutros projectos no sul de Angola, nomeadamente nas províncias do Namibe, Huila, Cunene e Cuando Cubango. Depois as províncias de Leste, Lunda Norte, Lunda Sul e Moxico”.

A entrevistadora diz que há muita contestação juvenil em Angola. Mas João Lourenço contestou dizendo: “No início do próximo mandato vamos concluir a construção do Aeroporto Internacional Dr. António Agostinho Neto. E mais uma grande barragem, a hidroeléctrica de Caculo Cabassa.  

O dia a dia das pessoas é muito difícil, inflação a subir, preços a subir…

O Presidente João Lourenço segurou o meio campo e partiu para o contra-ataque:

“Mais inflação não. Preços mais altos não. Os produtos básicos têm os preços mais baixos. Graças à criação da Reserva Estratégica Alimentar conseguimos o equilíbrio dos preços”. 

TCHIZÉ DOS SANTOS DIZ QUE JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS “ESTÁ VIVO”

Filha de José Eduardo dos Santos diz que não vai permitir que desliguem as máquinas

Tchizé dos Santos afirma que José Eduardo dos Santos "está vivo", com "todos os órgãos a funcionar" e o seu estado de saúde é estável.

A filha do antigo presidente angolano, Tchizé dos Santos, afirmou esta terça-feira (28) que "não vai permitir que desliguem as máquinas" a José Eduardo dos Santos e acusou o atual chefe do executivo, João Lourenço, de estar a fazer uma gestão política do caso.

Num áudio posto a circular nas redes sociais, sob a forma de recado "para quem anda a fazer os preparativos para o funeral do presidente emérito do MPLA", Tchizé dos Santos afirma que José Eduardo dos Santos "está vivo", com "todos os órgãos a funcionar" e o seu estado de saúde é estável.

Acusou ainda o médico João Afonso, que acompanha o ex-presidente há vários anos e com quem entrou em rota de colisão, de "andar a plantar" informações na comunicação social para preparar a opinião pública para a morte do antigo presidente, que governou Angola durante 38 anos, enquanto "tentam convencer a família" que deve autorizar os médicos a desligar as máquinas.

"Eu, como filha, nunca irei permitir que desliguem as máquinas de um pai vivo, que tem o coração a bater normalmente, um coração que está bom, não teve ataque cardíaco, não teve AVC", afirma a empresária e antiga deputada do MPLA, partido no poder em Angola desde a independência, em 1975.

Tchizé dos Santos reforça que visitou o pai e que este, apesar de internado há quatro dias, "está vivo".

Dirigindo-se a João Lourenço, que orientou o ministro angolano das Relações Exteriores para viajar até Barcelona para acompanhar o estado de saúde do ex-chefe de Estado, aconselhou o Presidente angolano a preparar o seu próprio funeral e avisou que "ninguém vai permitir que se desliguem as máquinas".

Acusou ainda João Lourenço de querer retirar dividendos políticos, "para aparecer em grande e meterem bandeiras do MPLA em cima do caixão" de José Eduardo dos Santos.

Alguém "que está extremamente dececionado consigo e com o MPLA, está extremamente triste e não ia fazer campanha para vocês", prosseguiu Tchizé dos Santos, aludindo às eleições gerais marcadas para 24 de agosto.

"Provavelmente iria mesmo querer ver alternância política", rematou.

O conflito entre João Lourenço e alguns dos filhos do seu antecessor teve início quase após a tomada de posse, em setembro de 2017, agravando-se com os processos em tribunal que contra a empresária Isabel do Santos, ainda em curso, e Filomeno dos Santos, já julgado e condenado mas aguardando recurso depois de ser condenado a uma pena de prisão no âmbito do caso que ficou conhecido como "500 milhões"

Por seu lado, Tchizé dos Santos saiu do país em 2019 por, alegadamente, correr risco de vida, foi suspensa do comité central e acabou por perder também o seu mandato de deputada na bancada do partido do poder, MPLA.

As duas filhas de José Eduardo dos Santos têm manifestado publicamente as suas divergências com o regime, afirmando ser vítimas de perseguição e acusando o governo angolano de usar a justiça de forma seletiva para atingir familiares e outras pessoas próximas do seu antecessor.

O ministro das Relações Exteriores de Angola viaja quarta-feira de manhã para Barcelona para acompanhar o estado de saúde do ex-presidente José Eduardo dos Santos, cuja situação de saúde se deteriorou nas últimas horas, disse fonte oficial à Lusa.

José Eduardo dos Santos está internado numa clínica em Barcelona e encontra-se em coma depois de ter sofrido uma queda e já depois de ter recuperado de uma infeção de covid-19.

"A situação está a ser acompanhada de perto por Angola ao mais alto nível", acrescentou a mesma fonte.

O antigo Presidente encontra-se há alguns dias nos cuidados intensivos, no Centro Médico Teknon, em Barcelona, Espanha, em coma induzido.

Ao longo dos últimos meses, tem estado acompanhado por alguns dos seus filhos. O ex-presidente, de 79 anos, tem problemas de saúde há vários anos e tem sido acompanhado em Barcelona desde 2006.

Eduardo dos Santos governou Angola entre 1979 e 2017, tendo sido um dos Presidentes a ocupar por mais tempo o poder no mundo e era regularmente acusado por organizações internacionais de corrupção e nepotismo.

Em 2017, renunciou a recandidatar-se e o atual Presidente, João Lourenço, sucedeu-lhe no cargo, tendo sido eleito também pelo Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), que governa no país desde a independência de Portugal, em 1975.

Diário de Notícias | Lusa

terça-feira, 28 de junho de 2022

Angola | A SOLIDÃO DA FRENTE FALHADA – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

“Cuando yo vine a este mundo/nadie me estava esperando/así mi dolor profundo/se me alivia caminhando/pues cuando vine a este mundo/te digo/nadie me estaba esperando”. Estes versos de um “son” cubano são assinados por Nicolás Guillén. Os livros dizem que ele era cubano. Mas eu sei que voou de Angola para o mundo e de vez em quando bebia um trago na bodeguita Hermanos Hernandez, pertinho do porto de Havana. Um dia passou pelo Mississipi e lá chorou o linchamento de um menino negro, porque perfumou uma menina branca com pétalas de rosas em botão. 

Uma tarde de maresia suave e com o sol pintando de vermelho o mundo para lá da Fortaleza de Havana perguntei-lhe: Mestre, para quando o reencontro? Angola te espera. E ele respondeu com uma trova sonoramente triste. Quando vim ao mundo, ninguém me esperava. Essa dor profunda só alivia, caminhando. Lá estarei um dia. 

Nunca se reencontrou com nossas praias, as nossas montanhas, as nossas colinas verdes que de tão verdes se tornaram impenetráveis, as nossas chanas, os nossos rios do Bero ao Zaire. Eleguá abriu os caminhos caminhados por Guillén. Mas para abri-los, quantos sonhos matou! Quantas mariposas assassinadas e despojadas de suas asas coloridas. São assim os deuses dialécticos. 

Nós somos de Angola, Mussunda amigo. Sabes bem que nossos filhos nascem acompanhados, desde 11 de Novembro de 1975. Seja qual for o caminho escolhido têm a companhia do nosso MPLA. É mais do que um movimento de libertação. Muito mais do que um partido. Muitíssimo mais do que um instrumento de poder no cruel desengano da democracia representativa. É a nossa vida, o nosso chão, a nossa bandeira, a nossa escola, o nosso lar.

Onde estava Gentil Viana e seu pançudo filho Francisco, quando os combatentes do MPLA morriam na Frente Norte e na Frente Leste na luta pela Independência Nacional? Em lugar nenhum da nossa Pátria. Andavam à procura de companhia que lhes pagasse os 30 dinheiros da traição. E como conseguiram! 

Onde estavam os traidores do Bloco Democrático quando milhares der angolanas e angolanos se batiam de armas na mão contra os exércitos invasores, os mercenários, os oficiais da CIA, o Exército de Libertação de Portugal (ELP) do coronel nazi Santos e Castro? Em lugar nenhum das nossas cidades a sangrar, vilas arrasadas e aldeias em luto pesado.

“O MPLA NUNCA ESTEVE TÃO FORTE COMO AGORA” -- Manuel Augusto

O secretário do Bureau Político do MPLA para as Relações Internacionais disse esta segunda-feira, em Maputo, que o partido no poder em Angola nunca esteve tão forte como agora e irá prová-lo nas eleições gerais de 24 de Agosto.

Manuel Augusto, citado pela Angop, falava à imprensa no fim de um encontro que manteve com o secretário-geral da FRELIMO, Roque Silva, de quem se despediu e agradeceu o convite para participar, em representação do presidente do MPLA, João Lourenço, nas comemorações dos 60 anos do partido  e nos 47 de independência de Moçambique.

Por outro lado, o político angolano disse que o povo está com o MPLA no combate à corrupção, mesmo afectando os dirigentes e militantes. Acrescentou que o sucesso desta luta vai assegurar o futuro do país e dar esperança à juventude.

Disse que o Presidente João Lourenço fez mais, ao tornar, igualmente, o MPLA no primeiro partido africano a apostar na paridade de género, o que constitui um exemplo a ser seguido por outras forças políticas.

Sublinhou ainda que é preciso uma sociedade dinâmica, lembrando que há uma Constituição que garante o direito à reunião e manifestação e estabelece o exercício destes princípios.

As sociedades, prosseguiu, têm sempre reivindicações,  elas acontecem em toda parte do mundo. "Ainda ontem vimos manifestações nos Estados Unidos e na Alemanha. Portanto, quando acontece entre nós não deve ser visto como algo extraordinário”, ressaltou.

 Manuel Augusto terminou, ontem, a visita oficial a Moçambique, onde encabeçou uma comitiva integrada por Joana Tomás (secretária-geral da OMA), Crispiniano dos Santos (primeiro secretário nacional da JMPLA) e Bernardo Catota (chefe da Divisão África e Médio Oriente do Bureau Político do MPLA).

Jornal de Angola

A PERSPETIVA AFRICANA

Discurso no Fórum Económico Internacional de S. Petersburgo

Sergey Glazyev [*]

Na Comissão Eurasiana, consideramos a cooperação com África como uma das áreas importantes, promissoras e prioritárias. Há dois anos, foram estabelecidas relações formais com a União Africana e estamos a trabalhar num plano de ação conjunto. Como acontece frequentemente nas relações entre estruturas burocráticas, desde as nossas grandes organizações interestatais até projetos de investimento específicos, a iniciativas empresariais específicas, existe uma enorme distância.

Portanto, sentimos plenamente a necessidade de intensificar a nossa interação. Com este objetivo, as relações com a União Africana são complementadas pelo desenvolvimento da cooperação com países individuais, bem como com associações sub-regionais e pelo estímulo a contactos mais direcionados com os nossos parceiros africanos.

Na verdade, não só temos enormes oportunidades de cooperação, como parece que os nossos problemas comuns são hoje bastante agudos, o que torna estas oportunidades de convergência das nossas economias mais relevantes, mais promissoras e mais absorventes.

Acima de tudo, como se diz nos negócios, temos um bom historial de crédito. Podemos não ter feito muito e o volume de negócios não é tão grande, mas as nossas relações não são ensombradas por quaisquer conflitos. Temos uma vasta experiência de cooperação entre a União Soviética e o continente africano, durante a qual muitas empresas foram construídas, infraestruturas foram desenvolvidas, e pessoal foi formado. Portanto, facilmente encontramos uma linguagem comum com os nossos parceiros africanos, e esta história positiva de crédito de confiança vale muito hoje em dia.

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