terça-feira, 25 de janeiro de 2022

Portugal | Aqui há gato. Salários e crescimento económico no discurso da direita

A campanha imersa no marketing dos animais de companhia e na produção mediática da bipolarização pretende tirar espaço à discussão dos problemas do país e das reais alternativas existentes.  

Depois de uma semana em que o líder do PSD, o fundador do Livre e os presidentes da Iniciativa Liberal e Chega usaram os seus animais de estimação em plena luta eleitoral, para deleite dos telejornais, a recta final da campanha eleitoral assistiu ao duelo entre o líder do PS e PSD por entrepostas mascotes.

O presidente do PSD, Rui Rio, considerou que o líder do PS «perde oportunidades de estar calado» e disse que António Costa devia seguir o «exemplo» do seu gato de estimação que «é uma figura central» desta campanha.

«Um dos elementos que tem sido notório nesta campanha, um elemento importante, é o Zé Albino [gato de Rui Rio] e eu acho que há aqui candidatos, em particular o doutor António Costa, que devia seguir o exemplo do Zé Albino, consegue ser uma figura central da campanha e não perde uma única oportunidade de estar calado, é que não perde mesmo, e o doutor António Costa, às vezes, perde oportunidades de estar calado», criticou.

Em resposta, o secretário-geral do PS, António Costa, respondeu que o gato do presidente do PSD, o Zé Albino, anda visivelmente deprimido, mas mostrou-se confiante de que isso vai passar porque Rui Rio volta para casa já no domingo.

Questionado como tem encarado as comparações entre si o gato do presidente do PSD, Rui Rio, que se chama Zé Albino, o secretário-geral do PS recusou-as, começando por observar que não tem gato, mas uma cadela e um cão.

«A última vez que vi numa foto o gato do doutor Rui Rio ele estava deprimido. E eu sou tudo menos uma pessoa deprimida. Sou uma pessoa alegre e não sou dado a depressões. Até sou acusado de ser optimista nas piores situações», respondeu.

Portugal | A BARRAQUINHA DAS FARTURAS

Afonso Camões* | Diário de Notícias | opinião

A cinco dias da contagem de votos, estas são as eleições mais incertas e imprevisíveis dos últimos 20 anos. 

Está tudo em aberto: a sondagem do dia, da Aximage para DN/JN/TSF, dá conta de uma reviravolta nas intenções e, pela primeira vez em seis anos, coloca Rio e PSD à frente de Costa e PS - na realidade em empate técnico, já que ambos se encontram dentro da margem de erro e ainda é significativo o número de indecisos. É nestes que se vão concentrar as campanhas nos próximos dias, confirmando, também na política, aquele clássico da estatística segundo o qual o melhor lugar da feira para instalar a barraquinha das farturas é colocá-la ao centro, para melhor atrair os clientes, venham eles da esquerda ou da direita.

A fragmentação partidária (há 21 partidos em disputa) e a bipolarização em dois flancos que conhecemos desde 2016 geraram uma dinâmica paradoxal. PS e PSD, formações tradicionais do bloco central, querem continuar a ser os mais votados, mas governar já não depende apenas deles. Daí que os partidos de cada flanco se comportem em campanha como um rancho de ouriços no inverno: têm de estar suficientemente perto para se aquecerem, mas suficientemente afastados para não se picarem nalgum dos 16 mil espinhos que cada um eriça como camuflagem, defesa, ataque e transporte de comida - ou seja, a fazer pela vidinha.

Portugal-Eleições: Rio com vantagem sobre Costa a uma semana das eleições

PSD em crescendo (34,4%) ultrapassa PS em queda (33,8%). Chega (8%) continua à frente do Bloco (6,6%).

O PSD e o PS estão praticamente empatados, mas, a menos de uma semana das eleições, a vantagem é de Rui Rio (34,4%), que leva seis décimas de avanço sobre António Costa (33,8%), de acordo com uma sondagem da Aximage para DN, JN e TSF. Mas há outra mudança significativa: a direita soma (46,8%) pela primeira vez mais do que a esquerda (46,3%), com o PAN a revelar-se, nesta altura, o fiel da balança (3,2%).

Duas semanas bastaram para que se operasse uma reviravolta na frente da corrida. Os socialistas, recorde-se, tinham uma vantagem de quase dez pontos percentuais nos dias anteriores ao arranque oficial da campanha eleitoral.

No entanto, e depois do frente-a-frente televisivo entre Rui Rio e António Costa (visto em direto por mais de 3 milhões de pessoas) e de uma semana de campanha nas ruas (que parece ter corrido melhor a Rui Rio), a diferença desfez-se, com o PS a cair um pouco mais de quatro pontos percentuais e o PSD a subir quase seis pontos, chegando pela primeira vez à liderança.

Covid-19 | 57 657 novos casos e 48 mortes. Internamentos em curva descendente

PORTUGAL

De acordo com o relatório diário da Direção-Geral da Saúde, há menos 28 pessoas internadas com covid-19, totalizando agora 2320. Doentes em UCI passaram para 158 (menos 14).

Portugal confirmou, nas últimas 24 horas, 57 657 novos casos de covid-19, de acordo com o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS).

Há também a registar mais 48 mortes associadas à infeção por SARS-CoV-2, indica o relatório desta terça-feira (25 de janeiro).

A região Norte é a mais preocupante, tendo apresentado 25 504 novas infeções e 19 mortos, seguindo-se Lisboa e Vale do Tejo com 16 740 casos e 17 óbitos. De resto, na região Centro foram contabilizados 9543 infeções e sete mortes, seguem-se Algarve (1051 casos / 4 mortos), Alentejo (2044 / 1), Madeira (1408 novas infeções) e Açores (917).

Os números mostram que há agora 2320 internados (menos 28 que no dia anterior), dos quais 158 estão em unidades de cuidados intensivos (menos 14), tendo sido registados mais 54 666 casos de pessoas que recuperaram da doença.

Portugal soma, atualmente, 512 571 casos ativos da infeção, refere ainda o relatório diário.

Combate à corrupção em Portugal falha ao deixar de fora o poder político

Portugal ocupa a 32ª posição no Índice de Perceção da Corrupção 2021, da Transparência Internacional. Está empatado com a Coreia do Sul, com 62 pontos numa escala de 100, abaixo do valor médio da União Europeia, que é de 64 pontos.

Portugal melhora uma posição no Índice de Perceção da Corrupção 2021, da Transparência Internacional, que aponta o dedo a uma estratégia de combate à corrupção que deixa de fora o poder político e o Banco de Portugal.

Para a representação portuguesa do organismo internacional, a existência, "bem ou mal", de uma estratégia nacional de combate à corrupção até pode ser a explicação para Portugal ter melhorado um lugar, do 33.º para o 32.º no índice anual, mas também pode ser a explicação para não ter melhorado mais e ter mantido uma tendência de estagnação na última década.

"Bem ou mal, temos uma estratégia. Obviamente que, apesar do esforço do Governo em criar esta estratégia, o impacto não foi tão forte quanto isso, precisamente porque a estratégia é pouco ambiciosa e não é aplicável aos órgãos de soberania e, portanto, não toca naquelas que são as instituições fundamentais para a democracia e para o combate à corrupção", disse à Lusa a presidente da Transparência Internacional Portugal, Susana Coroado.

"Fica de fora a corrupção política, ficam de fora os altos cargos e isso não transmite uma imagem de boa liderança, da liderança pelo exemplo e, por outro lado, acaba por deixar de fora áreas problemáticas no que toca à prevenção da corrupção", acrescentou.

Portugal | SENTIDO DE OPORTUNIDADE

Henrique Monteiro | HenriCartoon

Terrorismo impede abertura de um quinto das escolas de Cabo Delgado

MOÇAMBIQUE

A violência armada vai impedir a abertura de um quinto das escolas de Cabo Delgado, norte de Moçambique, no novo ano letivo, a partir da próxima segunda-feira (31.01), anunciou a direção provincial de Educação.

"Temos algumas escolas nas zonas afetadas pelo terrorismo que não vamos conseguir abrir: são no total 183 escolas", disse Manuel Bacar, porta-voz da área, num balanço feito na segunda-feira, em Pemba.

Devido à fuga da população para lugares seguros, aquele responsável disse que não era possível saber quantos alunos podem ser afetados.

As escolas públicas em causa lecionam do 1.º ao 12.º ano de escolaridade e são ao todo 985 naquela província nortenha.

Seja devido à destruição de infraestruturas ou por ausência de segurança - e consequente fuga da população - a educação continua a ser uma das áreas mais afetadas na região.

Moçambique | TEMPESTADE ENFRAQUECE MAS EXISTE RISCO DE INUNDAÇÕES

A tempestade tropical Ana, que na segunda-feira atingiu o norte de Moçambique, enfraqueceu e transformou-se numa depressão, mas o perigo de inundações mantém-se. Mau tempo provocou pelo menos duas mortes e destruição.

"A depressão Ana continua a atravessar Moçambique e está agora perto do sul do Malawi, a pouco mais de 200 quilómetros a noroeste de Quelimane", capital da província da Zambézia; anunciou o centro meteorológico francês da ilha de Reunião.

A depressão "move-se para oeste, enquanto enfraquece", refere-se no mais recente boletim sobre riscos ciclónicos na bacia sudoeste do Índico, emitido várias vezes por dia por aquele centro. No entanto, o risco de vento forte e chuva intensa mantém-se no centro e norte de Moçambique, alertou.

Angola | LUANDA COMPLETA HOJE 446 ANOS DE FUNDAÇÃO

A cidade de Luanda assinala nesta terça-feira (25) o seu 446º aniversário, com a execução de dezenas de projectos, no âmbito do Plano Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM) e com a situação do lixo minimamente controlada.

Nestes 446 anos, Luanda continua a debater-se com construções anárquicas, o registo de actos de vandalismo de bens públicos e privados e um elevado número de famílias vulneráveis, como consequência da Co-vid-19, que deixou milhares de trabalhadores informais desempregados.

A cidade capital tem-se debatido com o aumento do custo de vida, que fez com que muitas famílias perdessem o poder de compra e se agravassem as deficiências nos serviços sociais básicos e os índices de criminalidade, factores que afectam, igualmente, os outros municípios da província de Luanda.

No entanto, a execução dos projectos do PIIM, com a construção de escolas, centros e postos de saúde, reparação de estradas, melhoria no abastecimento de água potável e energia eléctrica apontam para dias melhores quanto a oferta destes Serviços.

 A solução para centenas de famílias carentes e vulneráveis na província de Luanda foi a atribuição de kits de serralharia, alvenaria, corte e costura, carrinhos de kitutes da terra, motas de três e duas rodas, para o fomento do auto-emprego, no âmbito do Programa Integrado de Desenvolvimento Local e Combate à Pobreza (PIDLCP).

Situada na costa Oeste de África, Luanda é a capital de Angola e foi fundada a 25 de Janeiro de 1576, pelo explorador português Paulo Dias de Novais, sob o nome de "São Paulo de Assunção de Loanda”.

Um ano depois da sua fundação, o explorador português Paulo Dias de Novais lança a pedra para a edificação da igreja dedicada a São Sebastião, no lugar onde hoje é o Museu Central das Forças Armadas.

Angola | PAULO ALMEIDA: O RIDÍCULO DA OPOSIÇÃO DESLEAL

Tribuna de Angola | opinião

Como é habitual, a oposição desleal deu mais uma cambalhota. Agora a propósito de Paulo Almeida, antigo comandante da Polícia Nacional. Meses a fio, Almeida foi vilipendiado nas redes sociais, insultado por todo o lado, chamado “Paulinho dos mísseis” e coisas piores.

De repente, os mesmos que o insultam choram pela forma como foi demitido, aplaudem o seu discurso de despedida, comparam-no a outro “grande lutador do povo”, o juiz Manuel Aragão, que também passou de besta a bestial num dia. Haja vergonha.

A oposição tem de ser coerente. Ou Paulo Almeida era mau comandante e mereceu ser demitido, ou era bom comandante e não mereceu ser demitido. Não pode é ser mau quando é comandante e bom quando é demitido, meramente para discordar com o Presidente.

Esta incoerência vai custar muito à oposição desleal. Vai-se descobrindo que não têm uma ideia ou pensamento para o país. Só destruir.

Mas Angola não é o Congo nem o Burkina Faso e vai-se desenvolver e crescer para todos.

Índice de Perceção de Corrupção 2021: Angola regista "melhoria significativa"

Angola é um dos países com maiores progressos no Índice de Perceção da Corrupção 2021, divulgado pela organização Transparência Internacional, que assinala uma "melhoria significativa" após a eleição de João Lourenço.

A média da África Subsariana é de 33 pontos, a mais baixa do mundo, e 44 países classificam-se abaixo dos 50 pontos. Entre os países lusófonos, Cabo Verde surge na 39ª posição, com 58 pontos, São Tomé e Príncipe na 68ª posição (45 pontos), Angola na 136ª posição (29 pontos), a Guiné-Bissau ocupa a 162ª posição (21 pontos) e a Guiné Equatorial, que ocorre na 171ª posição, surge na lista com apenas 17 pontos e merece algumas considerações particularmente críticas no relatório anual da organização não-governamental (ONG) com sede em Berlim.  

O Índice de Perceção da Corrupção (IPC), organizado pela organização Transparência Internacional (TI), classifica 180 países e territórios pelos níveis de perceção da corrupção no sector público, numa escala de zero (altamente corrupta) a 100 pontos (limpa da perceção de corrupção).

Angola - que no IPC 2021 tem 29 pontos - regista "uma melhoria significativa" na sequência da eleição do Presidente, João Lourenço, em 2017, que tomou medidas significativas para quebrar a corrupção, assinala o relatório da TI.

Investigações a Isabel dos Santos

"As autoridades têm levado a cabo investigações de corrupção de alto nível a membros da antiga família dominante, entre eles, a filha do ex-Presidente e ex-chefe da companhia petrolífera estatal Sonangol, Isabel dos Santos - exposta pela investigação Luanda Leaks e recentemente indicada pelo governo dos EUA por corrupção significativa", assinala a Transparência Internacional.

O relatório ressalva, porém, outra circunstância: "As investigações raramente são abertas noutros casos, levantando dúvidas sobre a existência de justiça seletiva".

A organização sublinha mesmo que "num inquérito de 2019, 39 por cento dos angolanos disseram que o Presidente estava a utilizar a luta contra a corrupção como um instrumento contra rivais políticos e a maioria disse também que aqueles que denunciaram corrupção correm o risco de retaliação".

Angola | VÍTIMAS DE INCÊNDIO ESPERAM ALOJAMENTO HÁ CINCO MESES

Famílias vítimas de um incêndio no município de Luanda foram alojadas num centro de acolhimento e esperam residências há cinco meses. O Governo prometeu novas casas, mas cidadãos continuam a viver em más condições.

Mais de 100 famílias foram vítimas de um incêndio na zona do Povoado, no distrito urbano da Samba, município de Luanda e permanecem num centro de acolhimento em Caxicane.

De acordo com as vítimas, depois de serem evacuadas para o local em 2021, o governo de Luanda prometeu que em três meses cada um receberia a sua própria residência.

Mas já passaram cinco meses e a situação continua a mesma. E a vida torna-se cada vez mais dura, conta Ana Mambo, uma das vítimas do incêndio no Povoado, "estamos a viver tipo numa casa mortuária muito quente".

"Eu tenho um bebé de cinco meses. No dia em que nos tiraram da Samba foi operada. Até dia 7 vamos completar aqui seis meses. Será que não têm um sítio onde podem meter cada um na sua casa?", lamenta a cidadã.

A albergaria está dividida em duas alas, sendo uma para os homens e a outra para as mulheres. Há cerca de 15 compartimentos onde, em média, vivem sete famílias por quarto.

OS NOVOS VENTOS QUE SOPRAM DO CHILE

Altamiro Borges | Pátria Latina

Gabriel Boric, presidente eleito do Chile após uma épica batalha contra as forças neofascistas, anunciou nesta sexta-feira (21) os nomes das 24 ministras e ministros que integrarão o seu governo, cuja posse está marcada para 11 de março. A ampla maioria é de mulheres, que comandarão 14 ministérios. 

A média de idade da nova equipe é de apenas 49 anos. Maya Fernández, deputada do Partido Socialista e neta de Salvador Allende – o presidente deposto pela sanguinário golpe do general Augusto Pinochet – ocupará o cargo de ministra da Defesa, numa nomeação com forte valor simbólico. Já a jovem Camila Vallejo, do Partido Comunista, será a porta-voz do presidente, ocupando a Secretaria Geral do Governo.

O novo presidente conseguiu costurar importantes alianças para garantir a governabilidade. Partidos de centro-esquerda que não compunham a vitoriosa frente de esquerda – como o PS de Michele Bachelet – integrarão o ministério. Com esse apoio, o inédito governo chileno ganha melhores condições para aprovar seus projetos no Congresso Nacional.

ENTENDER CUBA E OS SEUS INIMIGOS

Alexandre Weffort | Pátria Latina

A agressão norte-americana a Cuba é sobejamente conhecida (mas insuficientemente reconhecida), feita sem qualquer pejo moral ou intenção de maior ocultamento. O bloqueio, imposto a Cuba pelos Estados Unidos, desde 1960, é uma das condicionantes de maior peso a considerar na análise da sociedade cubana e dos eventos últimos.

Um documento (datado de 1998 e hoje de acesso público) publicado pela “National Security Research Division”’ da RAND Corporation, instituição de pesquisa ligada aos meios militares norte-americanos, coloca como único objetivo a mudança de regime, ou seja, o abandono da via socialista seguida por Cuba, estabelecendo uma metodologia para alcançar aquele propósito.

A abordagem é de âmbito sistémico, tendo como propósito a promoção da mudança (eufemisticamente apelidada de “reforma”) do sistema socialista, com vista a um retorno ao capitalismo. São consideradas três categorias analíticas: pré-condições estruturais, aceleradores e liderança. Citando:

Pré-condições estruturais consistem em pelo menos quatro elementos: um período prolongado de declínio económico; decadência social; ampliando o fosso tecnológico com os concorrentes e; aumentando os fluxos de informação. Aceleradores incluem o seguinte: choques externos imprevistos; avanços tecnológicos que ameaçam o poder do regime, e; sinais de fraqueza do regime (que vão desde distúrbios populares, aumento de atores da sociedade civil ou críticas abertas de dentro, combinadas com uma resposta fraca do regime a tais eventos) (1).

O elemento-chave apontado pela RAND para o desencadear de um processo de mudança política foi sempre colocado na questão da liderança carismática de Fidel Castro.

Brasil | A MEMÓRIA E O ESQUECIMENTO

Emir Sader | Carta Maior

Toda luta política, toda luta cultural, até mesmo toda campanha eleitoral, é uma luta da memória contra o esquecimento. O que aconteceu no país? Como aconteceu? Por que aconteceu? O que ocorreu que nos fez chegar ao que vivemos hoje?

O editorial do Estadão, ''O mal que Lula faz à democracia'', é um modelo desse tipo de visão da direita. Parte do eleitorado estaria se esquecendo de quem é Lula, o que justificaria seu favoritismo nas pesquisas para voltar a ser presidente do Brasil. O jornalão se propõe a recordar para os brasileiros como foi a passagem do PT pelo poder.

O partido colecionou casos de corrupção, aparelhamento do Estado, apropriação do poder público para fins privados e políticas econômicas desastradas. Lula não teria nenhuma credencial para se apresentar como o salvador da democracia. Antes de chegar ao governo, o partido teria se caracterizado por uma oposição tipo quanto pior melhor. Opôs-se ao Plano Real, à modernização do sistema de telefonia, à criação de agências reguladoras e até propostas para melhorar a educação pública, agindo para desgastar os governos de Itamar Franco e de FHC.

No governo, o PT teria continuado sua trajetoria antidemocrática. O “mensalão” seria um caso paradigmático de “perversão do regime democrático, com uso do dinheiro público para manipular a representação política”. O “petróleo” teria colocado toda a estrutura do Estado, incluindo estatais e empresas de capital misto, a serviço dos interesses eleitorais do partido.

Ocidente prepara espaço de informação para praticar grandes provocações -- Rússia

MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES DA RÚSSIA: O OCIDENTE ESTÁ PREPARANDO O ESPAÇO DA INFORMAÇÃO PARA UMA SÉRIE DE GRANDES PROVOCAÇÕES

# Publicado em português do Brasil

Falando na televisão, a representante do Ministério das Relações Exteriores da Federação Russa, Maria Zakharova, informou sobre a possível preparação pelo Ocidente de uma série de grandes provocações, sob as quais a opinião pública está sendo formatada ativamente.

"[No ambiente da informação] estão em andamento preparativos, possivelmente para toda uma série de grandes provocações. Para isso, a consciência pública, a opinião pública estão sendo preparadas. Para o Ocidente coletivo, para a OTAN, para os anglo-saxões, é extremamente importante criar um campo de informação, sem ele eles não podem agir", disse Zakharova no ar de "Rússia 1".

A diplomata acredita que o próximo passo poderá ser manipulações em larga escala no campo da informação e provocações, inclusive de natureza militar.

Katehon

EUA colocam 8.500 soldados em alerta elevado por temores sobre a Ucrânia

# Publicado em português do Brasil

Soldados colocados de prontidão para serem enviados para a Europa à medida que crescem as preocupações com um possível 'ataque relâmpago' da Rússia

Daniel Boffey em Bruxelas, Andrew Roth em Moscou, Julian Borger em Washington e Kim Willsher em Paris | The Guardian

Os EUA colocaram 8.500 soldados em alerta intensificado para desdobrar-se na Europa enquanto a Otan reforçou suas fronteiras orientais com navios de guerra e caças, em meio a temores crescentes de um possível ataque “relâmpago” da Rússia para tomar a capital ucraniana, Kiev.

O porta-voz do Pentágono, John Kirby, disse que as tropas, todas atualmente estacionadas nos EUA, estarão de prontidão para participar da Força de Resposta da Otan (NRF) se for ativada, mas também estarão disponíveis “se outras situações se desenvolverem”.

A ordem de alerta emitida pelo secretário de Defesa, Lloyd Austin, reduz o número de dias que levaria para desdobrar, mas não é em si uma ordem de desdobramento.

O porta-aviões USS Harry S Truman (foto), junto com seu grupo de ataque e ala aérea, se juntou às atividades de patrulhamento no Mar Mediterrâneo na segunda-feira, a primeira vez desde a Guerra Fria que um grupo completo de porta-aviões dos EUA está sob o comando da Otan.

Kirby disse: “No caso de ativação da NRF pela Otan ou um ambiente de segurança deteriorado, os Estados Unidos estariam em posição de implantar rapidamente equipes de combate de brigada adicionais, logística, médica, aviação, inteligência, vigilância e reconhecimento, transporte e capacidades para a Europa .”

Qualquer desdobramento na Europa, disse ele, “é realmente para tranquilizar o flanco leste da Otan” da prontidão dos EUA para vir em defesa dos membros da aliança. A força não seria implantada na Ucrânia , que não é membro da Otan. Existem atualmente cerca de 150 conselheiros militares dos EUA no país, e Kirby disse que não há planos para retirá-los.

UCRÂNIA: QUEM ATIÇA A GUERRA EM ZONA CRÍTICA

# Publicado em português do Brasil

Washington acusa Moscou, mas desloca porta-aviões e tropas para a fronteira russa. Crise dos mísseis, em 1963, e Acordos de Minsk revelam: EUA querem exibir seus músculos. Exame histórico da crise desfaz versões da mídia ocidental

Boaventura de Sousa Santos* | Outras Palavras

Os exigentes desafios que o mundo enfrenta neste momento – da crise climática à pandemia, do agravamento da Guerra Fria ao perigo de uma confrontação nuclear, do aumento das violações dos direitos humanos ao crescimento exponencial do número de refugiados e de pessoas com fome – exigem mais do que nunca uma intervenção ativa do ONU, cujo mandato inclui a manutenção da paz e da segurança coletivas e a defesa e promoção dos direitos humanos. Entre muitas áreas de intervenção em que a ONU pode intervir, uma das mais importantes é a da paz e segurança, e respeita concretamente ao agravamento da Guerra Fria. Iniciada por Donald Trump e prosseguida com entusiasmo por Joe Biden, está em curso uma nova Guerra Fria que tem aparentemente dois alvos, a China e a Rússia, e duas frentes, Taiwan e Ucrânia. À partida, parece insensato que uma potência em declínio, como são os EUA, se envolva numa confrontação em duas frentes simultaneamente. Para mais, ao contrário do que se passou com a Guerra Fria anterior, visando a União Soviética, a China é uma potência de grande poder econômico e um importante credor da dívida pública dos EUA. Está a ponto de ultrapassar os EUA como a maior economia mundial e, segundo a National Science Foundation dos EUA, teve pela primeira vez em 2018 uma produção científica superior à dos EUA. Acresce que a lógica aconselharia os EUA a ter a Rússia como aliada e não como inimiga, não só para a separar da China, como para acautelar as necessidades energéticas e geoestratégicas da sua aliada histórica, a Europa. A mesma lógica aconselharia a UE a ter presente as relações históricas e econômicas da Europa central com a Rússia (até à Ostpolitik de Willy Brandt).

Moscovo prepara-se para enviar tropas e mísseis para Cuba e Venezuela?

# Publicado em português do Brasil

Elijah J. Magnier* | DossierSul

Quando um país ocidental planeja travar uma guerra, começa lançando uma guerra midiática para acusar o adversário inimigo de representar um perigo para a segurança mundial e se prepara para a guerra contra um Estado soberano nos próximos dias. 

O Secretário de Estado norte-americano Colin Powell fez uma afirmação bastante falsa nas Nações Unidas quando acusou o Iraque de possuir armas de destruição em massa. Ele foi seguido pelo então primeiro-ministro britânico Tony Blair, que afirmou também que Saddam Hussein poderia usar essas armas de destruição em massa dentro de 45 minutos. Os EUA estão fazendo campanha nestes dias – enquanto se escondem atrás da Europa e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) – contra a Rússia, acusando o país de planejar uma invasão da Ucrânia, mas ignorando suas próprias provocações nestes últimos anos para arrastar a Rússia para a guerra.

Não há dúvida de que a expansão da OTAN para a Ucrânia e Geórgia é um passo muito perigoso para a segurança nacional da Rússia. A Europa se encontra na primeira fileira de um confronto contra a Rússia. Ela não quer antagonizar seu importante parceiro econômico russo mas, ao mesmo tempo, não tem poder para deter as provocações dos EUA.

A Europa está ciente de que a instalação de mísseis de médio e longo alcance da OTAN na Ucrânia representa uma provocação perigosa que o Kremlin não aceitará. Portanto, uma vasta campanha midiática está sendo lançada como se a batalha estivesse ocorrendo amanhã e a invasão russa esteja prestes a acontecer sem nenhuma justificativa.

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