sábado, 29 de janeiro de 2022

PORTUGAL: O DESASTRE A EVITAR

Reflexões sobre a eleição portuguesa deste fim de semana – e sobre uma autofagia universal. Além de se dividirem, os partidos à esquerda constroem uma narrativa incongruente, que os leva a trocar farpas entre si, enquanto a pior direita avança

Boaventura de Sousa Santos* | Outras Palavras

Nos tempos em que o ex-presidente do Brasil Fernando Henrique Cardoso e eu éramos amigos, conversávamos com frequência. A conversa começava sempre na sociologia e terminava invariavelmente na política. Numa dessas conversas, no Palácio do Planalto em Brasília, porque, entretanto, FHC tinha sido eleito Presidente do Brasil, ele disse-me a certa altura: “Sabe, Boaventura, a esquerda é burra”. Achei que no caso concreto ele estava errado, mas a frase ficou na minha memória e voltou a assaltar-me agora nestes tempos de campanha eleitoral. Pergunto-me se a esquerda, no seu conjunto, não está a ser burra. É que a esquerda está a deixar que os termos do debate eleitoral sejam definidos pela direita, e isso é um péssimo sinal.

Senão vejamos. Como tem havido estabilidade e a direita sabe que isso é importante para os portugueses nesta altura de pandemia, procura conotá-la negativamente, convertendo-a em marasmo, pântano (lembram-se do Trump e do Bolsonaro?), e, se possível, recorrem ao sentido originário e negativo do nome que deram à proposta de estabilidade: a geringonça. São ajudados nisso pelo Partido Socialista (PS) que também a descarta, invocando boas e más razões sem especificar, e pelos dirigentes do Bloco de Esquerda (BE) e do Partido Comunista (PCP) que, por temor de o argumento da estabilidade jogar a favor do PS, não querem falar dela. Como a direita não pode negar o bom desempenho de Portugal no enfrentamento da pandemia, tenta negá-lo invocando casos pontuais que fatalmente acontecem com serviços em permanente estado de stress. Ora o BE e o PCP, como temem que dizer bem do Sistema Nacional de Saúde (SNS), que continua a ser um dos melhores do mundo, pode dar votos ao PS, decidem salientar sobretudo as carências do SNS, no que coincidem com a direita, a qual agradece mais água para dar força ao seu moinho.

Estado criminoso de Israel continua impune perante o direito Internacional - vídeo

 

Demolição de casa em Sheikh Jarrah vista como parte de um esforço israelita mais amplo para desapropriar palestinos

As forças israelitas continuam a expulsar palestinos de suas casas em Jerusalém Oriental ocupada, um movimento que a ONU descreveu como um possível crime de guerra. 

Falamos com o poeta e ativista palestino Mohammed El-Kurd, cuja própria família está entre as que enfrentam despejo no bairro de Sheikh Jarrah. Sheikh Jarrah também é onde a família Salhiyeh recentemente ganhou atenção por ameaçar a autoimolação enquanto protestava contra o despejo e a demolição de sua casa. 

A desapropriação de palestinos deixou famílias sem teto no frio do inverno. “Esta não é uma situação única para o nosso bairro”, diz El-Kurd. “Está acontecendo em toda a Palestina colonizada.”

Democracy Now

Guiné-Bissau | "PR acabou por reforçar a sua presença no Executivo", diz analista

O politólogo Rui Jorge Semedo considera que Presidente da Guiné-Bissau colocou "de lado" o primeiro-ministro ao escolher os nomes para a remodelação governamental. Nuno Gomes Nabiam está no poder "de fachada", diz.

Os novos membros do Governo da Guiné-Bissau tomaram posse, esta sexta-feira (28.01), na sequência de uma remodelação imposta pelo Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló.

O primeiro-ministro, Nuno Gomes Nabiam, mostrou concordar com a remodelação, apesar dos "desentendimento" iniciais. "Estão ultrapassadas as questões fundamentais. Houve algum desentendimento ou má interpretação, mas acabámos de ultrapassar aquilo que podia ser um problema e concordamos e agora é trabalhar para o bem do país", frisou Nuno Gomes Nabiam.

Dois partidos que sustentam o executivo, o Movimento para a Alternância Democrática (MADEM-G15) e a Assembleia do Povo Unido - Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB), cujos membros foram nomeados, afirmam não concordar com a remodelação levada a cabo de forma "unilateral" pelo Chefe de Estado.

Ex-secretário de Estado diz que foi demitido por causa de avião retido em Bissau

O ex-secretário de Estado da Ordem Pública guineense, Alfredo Malu, disse esta sexta-feira, (28.01), que a sua saída do Governo está relacionada com a sua atuação no caso do avião retido no aeroporto de Bissau.

Após entregar o gabinete ao seu substituto, Augusto Kaby, nomeado na quinta-feira, (27.01), por decreto presidencial, Alfredo Malu, quadro sénior do Ministério do Interior, afirmou não ter dúvidas de que a sua saída do Governo "foi por causa do avião".

O Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, e o primeiro-ministro, Nuno Gomes Nabiam, estiveram de costas voltadas nos últimos meses de 2021 por causa de um avião Airbus A340, que o Governo mandou reter no aeroporto de Bissau onde aterrou vindo da Gâmbia.

O primeiro-ministro começou por dizer que o aparelho tinha entrado no país de forma ilegal e que trazia a bordo carga suspeita, mas dias depois afirmou, perante os deputados no parlamento, que uma peritagem internacional, por si solicitada, concluiu que não era nada disso.

Nas suas declarações hoje aos jornalistas, o ex-secretário de Estado sublinhou que o Presidente da República considerou que foi da sua autoria a ordem de inspeção ao aparelho por parte de uma equipa de peritos norte-americanos.

Angola | Sindicatos recusam ajuste do salário mínimo abaixo da cesta básica

O secretário-geral da União Nacional dos Trabalhadores de Angola - Confederação Sindical (UNTA-CS) disse, em Luanda, que um aumento do salário mínimo aceitável não pode estar abaixo dos 100.000 kwanzas (167,5 euros).

José Joaquim Laurindo reagia, em declarações à agência Lusa, ao anúncio feito esta sexta-feira, (29.01), pelo Presidente angolano, enquanto líder do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), partido no poder, da aprovação nos próximos dias de um novo salário mínimo nacional.

"Uma proposta para o salário mínimo nacional justa nunca pode ser inferior ao preço da cesta básica, que está neste momento no valor de 122.000 kwanzas (204,4 euros)” disse José Joaquim Laurindo.

João Lourenço, que falava em Menongue, capital da província do Cuando Cubango, onde apresentou a Agenda Política do MPLA para 2022, ano em que se realizam as quintas eleições gerais do país, em agosto, não avançou qualquer proposta, admitindo a necessidade deste aumento para a recuperação do poder de compra das famílias.

"No cumprimento das políticas defendidas pelo MPLA, o Executivo aprovará nos próximos dias o aumento do salário mínimo nacional e o ajustamento dos salários da função pública, aumentando desta forma os rendimentos mensais dos trabalhadores e das famílias”, afirmou João Lourenço.

ASSIM VAI ANGOLA...


 Contrato de trabalho por tempo indeterminado poderá ser a regra

O regime de contrato por tempo indeterminado poderá ser a regra na celebração contratual entre a entidade empregadora e o trabalhador. Esta é uma das inovações do ante-projecto da Proposta de Lei de Revisão da Lei Geral do Trabalho.

A proposta do novo diploma foi apreciada, ontem, pelo Conselho Nacional de Concertação Social, na primeira reunião ordinária, que serviu, igualmente, para auscultar as contribuições de centrais sindicais e outros organismos da sociedade civil.

Durante o encontro, presidido pelo ministro de Estado e chefe da Casa Civil do Presidente da República, Adão de Almeida, a ministra da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social disse que, na perspectiva dos parceiros, a Lei 7/15 é "injusta e desequilibrada”.

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Presidente João Lourenço anuncia aumento do salário mínimo

O presidente do MPLA, João Lourenço, anunciou, esta sexta-feira (28), na cidade de Menongue, província do Cuando Cubango, que o Executivo aprovará nos próximos dias o aumento do salário mínimo nacional e o ajustamento dos ordenados da Função Pública.

"Fruto das corajosas e profundas reformas levadas a cabo ao longo de quatro anos, a economia angolana começa a crescer este ano e de forma diversificada como é nosso desejo”, sublinhou, destacando os incentivos e apoios ao sector privado que tem respondido positivamente, cujos resultados começam a ser sentidos com o aumento da produção agrícola, pesqueiro e industrial.

"Este ano de 2022 é, para o MPLA, um ano de grandes desafios, o da consolidação da democracia, da diversificação da economia, do aumento da produção interna de bens essenciais, do  aumento das exportações e da oferta de emprego, na busca contínua das melhores condições de vida para os angolanos, como dizia Agostinho Neto que o mais importante é resolver os problemas do povo”, realçou.

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Registados mais de cinco milhões de cidadãos nacionais

Um total de 5.075.139 cidadãos foi registado e identificados, pela primeira vez, 2.635.203 angolanos, desde o início do Programa de Massificação do Registo de Nascimento e Atribuição do Bilhete de Identidade, em Novembro de 2019 até Dezembro de 2021.

Os dados foram avançados ontem, em Luanda, pelo ministro da Justiça e dos Direitos Humanos, Francisco Queiroz, durante a décima reunião de balanço do Programa de Massificação do Registo de Nascimento, Atribuição do Bilhete de Identidade e do Registo Predial, referente a Agosto, Setembro, Outubro, Novembro e Dezembro de 2021.

Neste período, anunciou, foram efectuados 1.234.124 de registos de nascimento e atribuídos, pela primeira vez, 644.494 Bilhetes de Identidade.

"Segundo os dados estatísticos desde que iniciamos o programa, ainda teríamos a tarefa de registar 4.040. 945 cidadãos e identificar, pela primeira vez, 3.369.188 angolanos até Setembro de 2022”, avançou. Estes dados, acrescentou, são pouco fiáveis, pois, na prática, há já três ou quatro províncias que atingiram quase 200 por cento de pessoas com Bilhetes de Identidade (BI).

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Polícia: “O estado psicológico dos efectivos é uma prioridade”

Entrevista

O director de Educação Patriótica do Comando Geral da Polícia Nacional, António Vicente Gimbe, considera que algumas falhas e erros cometidos pelos efectivos resultam de alguns processos menos conseguidos, relacionados com a psicologia do indivíduos. “Temos que trabalhar o indivíduo. Por isso é que a área de acção psicológica é fundamental, porque ela ajuda na qualidade da actividade do polícia. Por isso, o estado psicológico dos efectivos é uma prioridade, para que tenhamos mais sucessos no desenvolvimento das nossas acções”.

Actualmente, qual é a motivação dos agentes da Polícia Nacional para o cumprimento das missões atribuídas?

Se olharmos para aquilo que é o resultado, devo dizer que a motivação é boa. Mas ninguém se limita ao que tem. Precisamos passar de boa para muito boa ou excelente. Quero concluir com isso que ao resumir de boa, não quer dizer que não tenhamos trabalho para fazer. A motivação é boa no sentido de  haver bom momento, com a missão, com o dever e com o ser. Isso significa que temos que ter um processo de trabalho permanente para que esses níveis de satisfação continuem  boas, porque a vida é dinâmica. O nosso fim é buscar motivação para que os efectivos consigam cumprir com as suas obrigações dentro de uma qualidade que possamos classificar como boa ou excelente. Mas temos muitos desafios para tornar essa estabilidade emocional permanente.

Quais são os grandes projectos que a Direcção de Educação Patriótica pretende materializar nos próximos tempos?

A Educação Patriótica tem vários desafios, dos quais destaco três: a primeira, tem a ver com a Ética Profissional e o respeito pelo Código de Deontologia que rege a Polícia Nacional, o segundo, tem a ver com a Informação, porque precisamos de ter profissionais informados para que possamos buscar conhecimentos e realizar coisas com base em princípios e valores. A Polícia é uma instituição de princípios e regras. Implica que o bom comportamento deve ser fundamental para as missões. O terceiro, são questões correntes, como garantir a estabilidade psico-emocional dos efectivos, desenvolver acções que animam o ego e a identidade, como ser humano. E  isso, podemos fazê-lo através de acções no domínio da saúde física, educação, desporto e cultura, arte, literatura e do conjunto de práticas que resultem na estabilidade da pessoa como polícia, no cumprimento da missão.

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POLÍTICOS SEM MÍNIMOS OLÍMPICOS

Artur Queiroz*, Luanda

Sabem o que é Transparência internacional? Uma organização não-governamental que decide sobre o grau de corrupção dos países. Quem lhe deu esse poder? A Doutrina Truman, a CIA, o Pentágono e outras instituições adoradoras da paz, da liberdade e da democracia. Organizações mafiosas internacionais também se servem dessas armas de arremesso. 

Esta Transparência Internacional (TI) é dirigida por uma tal Delia Ferreira Rubio, uma senhora da Argentina que com mais uns quantos senhores argentinos gerem o negócio. A patroa é doutora pela Universidade Complutense de Madrid, fundada pelo cardeal Francisco Jiménez de Cisneros, em 1499. Coincidência: A escola nasceu em pleno reinado da Inquisição, que entre os séculos XV e XIX despachou milhares de desgraçadas e desgraçados, em fogueiras tenebrosas, mais tarde reproduzidas por Savimbi na Jamba. A propósito: Viram alguma classificação da Transparência Internacional quando Savimbi e os karkamanos roubavam os diamantes? Nada.

As Ilhas Seicheles são em África, segundo a Transparência Internacional, o país menos corrupto. Percebe-se porquê. Agricultura de subsistência, pesca artesanal e o resto é destino de férias para quem precisa de sacudir o peso da esquizofrenia do capitalismo que mata. A maior parte dos clientes pertence ao grupo dos matadores. A pobreza no país é generalizada e tem um dos níveis mais altos de desigualdade económica. Mais distribuição desigual de riqueza, com a classe dominante controlando toda a riqueza do país.

DEPOIS DA TEMPESTADE...


Henrique Monteiro | HenriCartoon

Portugal | DISSE. ESTÁ DITO

"Recuperar economia sem mudanças de fundo corre o risco de ser encharcar com milhões as areias de um deserto"

O Presidente da República apelou hoje aos portugueses que votem "em consciência e segurança" nas legislativas de domingo e digam o que pensam do futuro pós-pandemia de um país a precisar de uma "urgente reconstrução da economia".

uma declaração ao país de apelo ao voto, através da televisão e rádio, Marcelo Rebelo de Sousa faz um balanço da campanha eleitoral, avisa para as dificuldades em sair da crise causada pela pandemia, e pede aos portugueses que vençam o cansaço e o conformismo e vão votar "sem temores nem inibições".

"Amanhã eu lá estarei, como sempre, com o meu [voto], um em milhões, a dizer o que penso sobre os próximos anos para Portugal. Anos de saída de uma penosa pandemia, de urgente reconstrução da economia, da sociedade, do ambiente, da vida das pessoas, de difíceis desafios europeus, e de tensão mundial como já não existia há quase 20 anos", afirmou.

Marcelo admitiu que a "pandemia, cansaço, conformismo, e outras razões do foro íntimo, são, para muitos, argumentos para escolher não escolher".

"DISSE. ESTÁ DITO." É um breve registo no Página Global daquilo que alguns dizem e consideramos merecer destaque, com o convite para que leiam na íntegra o que foi dito e possa despoletar pensamento e análise mais elaborados, mais desvendados e esclarecedores.

LEIA NA INTEGRA EM DIÁRIO DE NOTÍCIAS

Portugal eleitoral | APROVEITAR O DIA DE REFLEXÃO

Carvalho da Silva* | Jornal de Notícias | opinião

Gosto destes dias de reflexão a anteceder os atos eleitorais.

O dia de reflexão serve para sacudir da cabeça ruídos da campanha eleitoral, limar arestas da interpretação que fazemos sobre o que observamos, ultrapassar descrenças e assumir que, apesar de todas as insuficiências da democracia, os atos eleitorais continuam a ser oportunidades para influenciar os caminhos do nosso viver coletivo. Todavia, como veremos a seguir, as realidades não se alteram de um momento para o outro.

Numa entrevista ao jornal "Público", edição do dia 27, António Saraiva, presidente da CIP, reclama reformas nas áreas fiscal, da justiça e da Administração Pública (AP). Afirmando que "a carga de impostos é insustentável", que é necessário "folga orçamental que permita o alívio fiscal", e que "nestas duas legislaturas, entraram para a administração pública 60 mil pessoas" - sem dizer porquê e quantos saíram -, o entrevistado passa a colocar no centro da resolução dos problemas das empresas a "reforma do Estado", lamentando que não tenha avançado o guião que, "no Governo de Passos Coelho, chegou a existir".

Várias das suas afirmações não têm rigor, outras são erros crassos: i) segundo o Eurostat, Portugal é um dos países da União Europeia com menor percentagem de trabalhadores do setor público no emprego total; ii) no tempo de Passos Coelho não se verificou diminuição da despesa, mas sim contratação de serviços privados sem controlo de custos; iii) a maior parte das tarefas na AP (central e local) são serviços de grande densidade social, não substituíveis por meios digitais ou robots; iv) a modernização da AP é necessária, mas as novas tecnologias são onerosas, exigem formações adequadas e muitas vezes mais trabalhadores; v) a folga orçamental pode obter-se combatendo a fuga ao Fisco, criando emprego, pagando melhores salários; vi) as políticas de resposta à crise socioeconómica exigem proteção e rentabilização do emprego, nos setores privado e público, jamais um grande despedimento no Estado, seguindo, como é pedido, "corajosas terapias" das empresas privadas.

Que coragem? A que sustentou o recorde de despedimento de mulheres grávidas em tempo de pandemia e o despacho de centenas de milhares de trabalhadores precários (por conta de outrem ou por conta própria) para o desemprego ou para o limbo do "mercado de trabalho"?

Depois de insinuar que a pandemia criou laxismo nos trabalhadores, o presidente da CIP diz que "A falta de mão de obra indiferenciada é enorme, devíamos ter uma política de captação de imigração". É uma confissão "sublime", mas preocupante: afinal, a grande carência de trabalhadores é de baixo perfil profissional, e é nessa especialização que continua a aposta. Também os imigrantes, logo que podem, partem para países que pagam melhor.

António Saraiva afirma que "os salários não podem ser definidos por decreto". Tem razão, devem sê-lo por negociação coletiva. Mas foi por decretos, com o seu apoio, que se aniquilou a efetividade da negociação, se desequilibrou o sistema de relações de trabalho, se instituíram precariedades. Em 2012, por decreto, introduziram-se mecanismos que passaram a transferir, em cada ano, mais de 3 mil milhões de euros do fator trabalho para o fator capital.

Vale a pena parar para pensar e encarar a trabalheira que dá o pensar. Não queremos continuar a ser um país atrasado e a perder população, cada vez mais desigual e pobre.

*Investigador e professor universitário

Erraram ao não fechar as escolas em Janeiro, teve consequências de mortes

PORTUGAL

Covid-19. Carmo Gomes: “Não fechar logo as escolas em janeiro de 2021 foi o erro maior. Teve consequências em termos de mortes”

Dois anos depois da chegada do SARS­-CoV-2 à Europa, os níveis sem precedentes de infeção, e também de vacinação, ajudam a ver a luz ao fundo do túnel. Manuel Carmo Gomes, epidemio­logista e um dos homens que desde o início ajudaram o Governo a perceber o que se estava a passar, explica porquê. Admite que nem sempre conseguiu passar a mensagem e que não fechar as escolas no início de janeiro de 2021 teve impacto no número de mortes. Olhando para a frente, deixa um aviso: “O vírus não tem feito outra coisa se não trazer surpresas”

Afinal, quando é que é expectável atingirmos o pico desta quinta vaga?

Será nas próximas semanas, mas não é possível dizer quando. E poderá ser um pico ao qual se segue um planalto ou várias oscilações. Isto deve ocorrer em toda a Europa. A única coisa certa é que seremos varridos por um tsunami de Ómicron que deixará a população com um elevado nível de imunidade natural.

Para cada caso confirmado, quantos passarão sem ser detetados?

O fator de ampliação que usámos até agora é de 1,5, mas é uma estimativa conservadora. Os estudos da África do Sul dizem que há uma percentagem bastante maior de assintomáticos com esta variante. Não me admirava que por cada caso houvesse duas ou três infeções não-detetadas. E é natural que assim seja, já que grande parte de nós já teve contacto com a vacina ou com o vírus. Sendo infetados, ou não temos sintomas ou temos sintomas ligeiros e não valorizamos. De certo modo, é irónico que a evolução do vírus que nos causou esta pandemia seja também o que nos pode fazer sair dela.

Mas pode surgir uma nova variante ainda mais transmissível que a Ómicron? Ou mais severa?

Não me parece óbvio que haja vantagens evolutivas para o SARS-CoV-2 em tornar-se mais patogénico. O mais provável é surgir uma variante capaz de evadir o sistema imunitário, ou seja, contornar as proteções induzidas pela Ómicron. O que não significa que seja mais transmissível. Aliás, surgiram recentemente dois estudos a sugerir que a Ómicron não é mais transmissível do que a Delta. A carga viral no trato respiratório dos infetados por Ómicron não é superior à dos infetados pela variante antecessora nem perdura mais tempo.

Mas chegou a dizer-se que a Ómicron é a mais transmissível até agora.

Quando o vírus original aqui chegou, estimou-se que o seu R0 (número de contágios que cada infetado gerava sem medidas de contenção) andava entre 2,1 e 2,5. A variante Alfa já estava na zona dos 4/5, mas não fugia aos anticorpos já produzidos. A seguir apareceu a Delta, com uma capacidade de transmissão entre 6 e 8, já a um nível muito parecido com a papeira ou a varicela. Mas também esta não fugia muito ao sistema imunitário.

Portugal | INCIDÊNCIA DE CASOS DE COVID-19 EM CRIANÇAS SOBE

Portugal continua a registar um aumento constante dos números diários de novos casos de coronavírus. Ontem, sexta-feira, contabilizou-se 63.833 casos, mais de 60 mil pelo terceiro dia consecutivo.

Embora no nosso país a incidência nas crianças com menos de 10 anos tenha subido 83% numa semana - o que deixa o grupo etário até aos 9 anos com a incidência mais elevada de novas infeções -, a vacinação dos mais novos continua a ser alvo de debate em vários países.

Suécia, por exemplo, continua a não recomendar a vacinação entre os 5 e os 11 anos, decisão que poderá ser alterada consoante os avanços científicos. Contudo, a Unicef defende que os governos de todo o mundo devem fazer todos os possíveis para manter as escolas abertas.

O número de contágios de Covid-19 tem provocado um aumento na taxa de mortalidade de diversos países. No ano de 2020, Itália, Espanha, Inglaterra e País de Gales foram os países em que se registou maior excesso de mortalidade entre março e maio de 2020, durante a primeira vaga da pandemia.

Pode consultar nestes mapas interativos a evolução da pandemia de coronavírus em Portugal e no mundo.

Notícias ao Minuto

Acompanhe aqui AO MINUTO os mais recentes desenvolvimentos sobre a Covid-19

A GRÃ-BRETANHA É GOVERNADA POR UM MENTIROSO

Não precisamos do relatório de Sue Gray para nos dizer que a Grã-Bretanha é governada por um mentiroso

# Publicado em português do Brasil

Jonathan Freedland* | The Guardian | opinião

O atraso da polícia do Met no relatório do partygate só aprofundará o sentimento público de que não se pode confiar nas autoridades

Está começando a se parecer muito com um encobrimento. Isso é muito cínico? Talvez devêssemos apenas parabenizar Boris Johnson por uma maravilhosa sorte, uma conveniente virada de eventos bem na hora. Não tendo visto nada para investigar no caso do partygate até esta semana, a polícia metropolitana desceu no exato momento em que Sue Gray estava pronta para imprimir seu tão esperado relatório – um que ameaçava encerrar o mandato de Johnson – e parou.

O Met disse a Gray que ela pode dizer o que quiser sobre festas em Downing Street, desde que não diga nada sobre festas em Downing Street. Ou , como disse : “Para os eventos que o Met está investigando, pedimos que uma referência mínima fosse feita no relatório do Gabinete”. Ressalta que “não pediu nenhuma limitação em outros eventos no relatório”, o que é um pouco como dizer: “Em todas as coisas que ninguém se importa, vá em frente: desmaie”. De fato, com esse movimento, o Met praticamente garantiu que o que restasse do relatório de Gray, se publicado, seria rejeitado por Johnson e seus defensores: se Gray foi autorizado a publicá-lo, eles dirão, não pode seja tão sério.

Não é aí que a barra deve ser definida. A questão não é apenas se Johnson foi culpado de violações criminais dos regulamentos da Covid, mas se ele quebrou um bloqueio que impôs a todos os outros e se enganou o parlamento. Esses julgamentos não podem ser terceirizados para uma força policial, especialmente uma chefiada por um comissário que tem boas razões para sentir que só permanece no cargo graças à misericórdia do primeiro-ministro . São decisões que devem ser tomadas por políticos e eleitores, com acesso a todos os fatos.

EUA alertam: Conflito da Rússia com a Ucrânia seria 'horrível' -- tensões fervilham

# Publicado em português do Brasil

The Guardian*

Altos funcionários dos EUA pedem diplomacia para abordar o acúmulo militar russo na fronteira com a Ucrânia, dizendo que o conflito 'não é inevitável'

Os EUA alertaram que uma invasão russa da Ucrânia seria "horrível" para ambos os lados, enquanto pedem uma solução diplomática, já que as tensões sobre o aumento militar de Moscou na fronteira do país continuam a ferver.

Falando no Pentágono na sexta-feira, altos funcionários dos EUA pediram um foco na diplomacia, enquanto diziam que a Rússia agora tinha tropas e equipamentos suficientes para ameaçar toda a Ucrânia.

Qualquer conflito desse tipo, alertou o principal general dos EUA, Mark Milley, seria “horrível” para ambos os lados.

“Se isso fosse desencadeado na Ucrânia, seria significativo, muito significativo e resultaria em uma quantidade significativa de baixas”, disse Milley.

“Seria horrível, será terrível”, acrescentou o presidente do Estado-Maior Conjunto.

Falando ao lado de Milley, o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, disse que o acúmulo de forças russas ao longo da fronteira com a Ucrânia chegou ao ponto em que Putin agora tem uma gama completa de opções militares, incluindo ações antes de uma invasão em grande escala.

Mas Austin disse que a guerra na Ucrânia ainda pode ser evitada.

“O conflito não é inevitável. Ainda há tempo e espaço para a diplomacia”, disse Austin.

“O senhor Putin também pode fazer a coisa certa”, disse ele. “Não há razão para que essa situação deva se transformar em conflito. Ele pode optar por desescalar. Ele pode mandar suas tropas embora.”

Na sexta-feira (28.01), o presidente dos EUA, Joe Biden, disse que enviaria um pequeno número de tropas dos EUA para países do leste europeu e da Otan “no curto prazo”.

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