Um sistema de políticas montado para discriminar palestinianos e respostas desproporcionadas aos protestos. A Amnistia acusa Israel de apartheid e crimes contra a humanidade. Israel rejeita com veemência.
Ricardo Alexandre | TSF
O sumário executivo do relatório da Amnistia Internacional (AI), que resulta de um trabalho de cinco anos, começa assim: "Israel não é um estado de todos os seus cidadãos... [mas sim] o estado-nação do povo judeu e apenas deles".
A mensagem foi publicada online em março de 2019 pelo então primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. Em maio do ano passado, palestinianos em cidades e aldeias de Israel e na Cisjordânia ocupada e na Faixa de Gaza fecharam escritórios, lojas, restaurantes e escolas, abandonaram obras e recusaram-se a comparecer ao trabalho durante todo o dia. Numa demonstração de unidade que não se via há décadas, "desafiaram a fragmentação territorial e a segregação que enfrentam" diariamente e fizeram uma greve geral para protestar contra a repressão por parte de Israel.
O relatório da Amnistia dá conta
da crise e protestos desencadeados pela tentativa de despejo de famílias palestinianas do
bairro de Sheikh jarrah,
A Amnistia Internacional considera que as forças policiais israelitas "orquestrou uma campanha discriminatória contra cidadãos palestinianos envolvendo prisões arbitrárias em massa e força ilegal contra manifestantes pacíficos, enquanto falhava em proteger os palestinianos de ataques organizados por atacantes judeus após o surto de violência intercomunitária". Hostilidades armadas eclodiram a 10 de maio, quando - refere a Amnistia - "grupos armados palestinianos dispararam roquetes indiscriminadamente contra Israel a partir de Gaza". Israel, assinala a organização de defesa dos direitos humanos, respondeu de forma, desproporcionada, mais uma vez: "com uma implacável ofensiva militar de 11 dias contra o território, visando residências sem aviso prévio eficaz, danificando infraestruturas essenciais, obrigando a deslocar dezenas de milhares de pessoas e matando e ferindo centenas de outras", lê-se no relatório.