quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

OS NOVOS HÁBITOS DE CONSUMO DOS JOVENS CHINESES

# Publicado em português do Brasil

Nova geração troca marcas dos EUA por produção nacional. Fenômeno responde a tensões geopolíticas, inclusive ligadas à pandemia. Mas raízes são antigas e só podem ser compreendidas com olhar para a história e a educação

Antonio Carlos Will Ludwig* | Outras Palavras

Recentemente, uma das eminentes articulistas de um jornal importante de nosso país, especialista em China, divulgou um artigo intitulado “Consumo patriótico”, no qual afirma que no momento atual os chineses jovens da área urbana estão consumindo muito mais produtos fabricados localmente do que aqueles importados de países estrangeiros.

Lembra ela que a partir da penúltima década do século passado até alguns anos atrás a situação era diferente, pois eles costumavam frequentar locais onde se encontravam instaladas empresas comerciais estadunidenses e consumir seus produtos, principalmente da rede McDonald’s. Estes comportamentos eram percebidos como símbolos de status, haja vista que predominava a ideia de que o ocidente é melhor.

Portugal | O CORDÃO SANITÁRIO FAZ BEM À DEMOCRACIA

Joana Mortágua* | jornal i | opinião

Mas há outros países e instituições, como o Parlamento Europeu ou o Bundestag, em que uma maioria de deputados impediu a eleição de representantes da extrema-direita para cargos institucionais. Chamou-se a essa maioria “cordão sanitário”, e é importante que se entenda para que serve.

O debate sobre a utilidade de erguer um cordão sanitário à volta da extrema-direita nas instituições democráticas não é novo. Temos vindo a acompanhá-lo em vários países, onde a chegada ao poder de forças extremistas obrigou a antecipar esta reflexão, por vezes da maneira mais dolorosa. Recordo com maior nitidez o caso de Jair Bolsonaro, um subproduto de Donald Trump, e de como ambos foram subvalorizados nas suas possibilidades eleitorais. Quando se tornou impossível “não falar deles” – estratégia bem intencionada mas ingénua – era tarde demais para tentar repor a verdade ou conter o vírus.

Essa é uma distinção importante: isolar e ignorar a extrema-direita não são a mesma coisa, e têm efeitos contrários. Reconhecer a existência eleitoral de partidos como o Chega não significa que a democracia passou a aceitar o preconceito e o ódio proibidos pela Constituição, significa a cada momento denunciar a fraude no seu discurso e a barbárie do seu projeto. 

A questão é como impedir a legitimação social e política das suas ideias. O processo pelo qual valores como democracia, igualdade, direitos humanos, paz, solidariedade, justiça, liberdade, humanismo, direitos sociais, são lentamente substituídos por outros que se tornam hegemónicos: o medo, o ódio, o individualismo, o senso comum de uma moral decrépita exclui e abusa por todos os preconceitos.

Portugal | Rui Rio diz que IL sentada entre PSD e PS é "brincadeira de mau gosto"

Em declarações esta quinta-feira no Parlamento, o líder do PSD, Rui Rio, indicou que o partido Iniciativa Liberal deve sentar-se à direta do PSD na hemiciclo.

chamos que está próximo de ser uma brincadeira de mau gosto", afirmou Rui Rio.

Em causa o pedido formal da Iniciativa Liberal se sentar no centro do hemiciclo entre o PSD e o PS. O pedido já tinha sido feito nas Legislativas anteriores (há dois anos) mas, segundo o líder da IL, João Cotrim Figueiredo, "a proposta não foi considerada e foi dado como facto consumado". O lugar que ocupou, entretanto, foi entre o PSD e o CDS-PP.

Rui Rio, por sua vez, afirmou que a IL "é um partido que defende a privatização forte da economia", explicou Rio. "Não estou a dizer bem nem mal. Não estou a criticar, estou a constatar. Defende exatamente o contrário do PCP", acrescentou.

"Do ponto de vista ideológico, é indiscutível que a IL se situa à direita do PSD", sublinhou Rio.

Diário de Notícias | Imagem: © EPA / José Coelho

ONG critica silêncio da Justiça portuguesa nas investigações a Isabel dos Santos

ONG Transparência e Integridade exorta as autoridades judiciais portuguesas e angolanas a fazerem "um ponto da situação” sobre a investigação envolvendo Isabel dos Santos, filha do ex-Presidente de Angola.

Dois anos após as denúncias feitas pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ) do escândalo "Luanda Leaks”, pouco se sabe sobre as investigações em curso em Portugal a propósito das transações suspeitas com origem em Angola e Isabel dos Santos, então considerada a mulher mais rica de África.

Karina Carvalho, diretora executiva da ONG Transparência e Integridade (Portugal), diz, em declarações à DW, que "não há informação consistente” sobre o andamento dos processos judiciais. 

"Para nós, isso é um problema porque se parte do pressuposto que os processos de recuperação de ativos nada têm que ver com as pessoas. Portanto, que a população e as organizações não têm que estar informadas. Nunca tivemos resposta às cartas que enviámos ao Banco de Portugal a propósito das auditorias ao EuroBic", lamenta.

O banco EuroBic tinha Isabel dos Santos como um dos principais acionistas.

Angola | Cada vez mais crianças da RDC e do Congo procuram sustento em Cabinda

Devido às más condições de vida na República Democrática do Congo e no Congo Brazzaville, muitos menores fogem para Angola, nomeadamente Cabinda. Sem apoio da família ou escola, tentam ganhar a vida a trabalhar nas ruas.

O governo de Cabinda está preocupado com a entrada massiva na província de crianças oriundas da República Democrática do Congo (RDC) e do Congo Brazzaville. Chegam cada vez mais menores a Angola em busca de melhores condições de vida e, muitas vezes, em fuga de maus-tratos no seio das famílias.

A secretaria provincial de Ação Social não apresenta números exactos, mas estima-se que a cada semana entrem duas a três crianças congolesas na província - não contando com as que não são identificadas.

O governo está preocupado com o número crescente de menores congoleses entre os 6 e os 16 anos encontrados nas ruas à procura de sustento, sem atenção ou cuidados dos familiares e fora do sistema de ensino.

Guiné-Bissau | PAIGC: "Estão a convocar o povo para o caos, mas vamos dizer não"

O líder do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde, Domingos Simões Pereira, diz ser preciso continuar a defender a verdade e a justiça perante "provocações" do regime.

O líder do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Domingos Simões Pereira, afirmou esta quarta-feira (09.02) que é preciso continuar a defender a verdade e a justiça na Guiné-Bissau e pediu calma às pessoas.

"Não podemos ter medo de continuar a defender a verdade e a justiça na Guiné-Bissau. Vejo no rosto das pessoas. Vejo que estão prontas a explodir de tanta raiva, sei que estão dispostas a reagir às provocações, mas sei que temos responsabilidades acrescidas para lhes dizer que não é o caminho", afirmou Domingos Simões Pereira.

O líder do PAIGC falava na sede do partido, em Bissau, durante um encontro com militantes dos partidos do Espaço de Concertação Democrático. "Talvez este seja o momento, mas temos o dever de apelar à calma porque este regime vai acabar por afogar-se na porcaria criada por si mesmo", disse, falando em crioulo para a audiência.

ATAQUES EM BISSAU: "TENHO A PERFEITA NOÇÃO DO RISCO QUE CORREMOS"

Presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos, Augusto Mário Silva, diz que também foi atacado. Mesmo correndo risco de vida, promete não abandonar os seus concidadãos. "Emigrar ou fugir não é opção", afirma à DW.

Após os ataques à Rádio Capital FM e à residência de importantes vozes críticas do país, esta semana, o presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH) denuncia que ele próprio foi ameaçado junto à sua residência por "elementos desconhecidos".

Mesmo assim, para Augusto Mário Silva, "emigrar ou fugir não é opção". Em entrevista à DW África, garante que ele e outros ativistas ficarão do lado do povo da Guiné-Bissau. Fugir seria "virar as costas" aos cidadãos guineenses que precisam dos defensores dos direitos humanos, defende.

À DW África, Augusto Mário Silva exige a "demissão imediata" do ministro do Interior, Botche Candé, por "incapacidade" para garantir a segurança e tranquilidade públicas.

COMO OS COMPLÔS DA CIA MINARAM A DESCOLONIZAÇÃO AFRICANA


Eve Ottenberg [*]

Para aqueles que acreditam que a África foi descolonizada há décadas atrás, é hora de acordar do mundo dos sonhos. É verdade que as potências coloniais europeias já não impõem domínio direto sobre as nações africanas, que são nominalmente "independentes". Mas os países europeus expulsos das suas colónias africanas na segunda metade do século XX, não tinham intenção de perder os seus investimentos ou o acesso à vasta riqueza mineral da África. Assim, com a ajuda de grupos como a CIA, europeus e americanos recolonizaram secretamente o continente, com subornos, assassinatos, empréstimos, privatizações (também conhecidas como saques) e a instalação de regimes amigos do Ocidente.

A última e mais nociva dessas repetições coloniais é a força militar  dos EUA denominada AFRICOM,  embora um oligarca francês “controle 16 portos da África Ocidental por meio de subornos e tráfico de influências”, como Margaret Kimberley relatou no Black Agenda Report,  de 1 de dezembro. “As empresas canadianas controlam a mineração de ouro no Burkina Faso, Mali e República Democrática do Congo ... Estão também estacionados no Quénia soldados britânicos”.

Portanto, o Ocidente nunca parou de estrangular as nações africanas. Nesse esforço, o vil assassinato de Patrice Lumumba em 1961 foi a chave. Desnecessário será dizer que a CIA estava envolvida até os olhos. Como primeiro líder eleito livremente no Congo após a derrota belga, Lumumba cometeu o erro honesto de confiar nos ideais democráticos ocidentais.  Quando descobriu que eles eram falsos, inclinou-se - muito ligeiramente - na direção dos soviéticos. Isso selou o seu destino. “O presidente Eisenhower autorizou o assassinato de Lumumba”, escreve Susan Williams no seu livro recém-publicado,  White Malice: the CIA and the Covert Recolonization of Africa [A Maldade branca: a CIA e a recolonização oculta de África].

As consequências foram terríveis. Após o assassinato e desmembramento de Lumumba, durante mais de três décadas “o Congo foi governado com punho de ferro por Mobutu – um ditador escolhido pelo governo dos Estados Unidos e instalado pela CIA”.

Johnson do Reino Unido elogia diplomacia enquanto alimenta guerra com a Rússia

# Publicado em português do Brasil

Finian Cunningham* | Strategic Culture Foundation

A duplicidade britânica não é muito mais espessa do que o primeiro-ministro Boris Johnson elogiando as virtudes da diplomacia enquanto acumula tensões militares com a Rússia.

Johnson escreveu um artigo de opinião para o jornal Times nesta semana, no qual disse acreditar que “a diplomacia pode prevalecer” para evitar que as crescentes tensões sobre a Ucrânia se transformem em uma guerra total entre o bloco militar EUA-OTAN e a Rússia.

Isso foi enquanto Johnson anunciou que a Grã-Bretanha estava planejando enviar mais fuzileiros navais, caças e navios de guerra para a Europa Oriental. A Grã-Bretanha já assumiu a liderança entre os membros europeus da OTAN no envio de armas e forças especiais para a Ucrânia, no que se afirma ser uma defesa contra a “agressão russa”.

O que Johnson está propondo esta semana é enviar mais forças britânicas para a Polônia e os países bálticos, no que ele chama de uma demonstração do apoio “imóvel” da Grã-Bretanha à Europa. Esta é uma arrogância cínica para polir a imagem da Grã-Bretanha como uma espécie de poder nobre.

O presidente da França, Emmanuel Macron, esteve em Moscou esta semana para conversas substanciais com o líder russo Vladimir Putin sobre os esforços para diminuir as tensões sobre a Ucrânia. Na próxima semana, o chanceler alemão Olaf Scholz também visitará Moscou para conversar com Putin.

Então vemos Londres parecendo fazer o máximo para garantir que a diplomacia falhe ao aumentar desenfreadamente as tensões militares com a Rússia.

Johnson e Trump não são os mesmos, mas nadam na mesma fossa

# Publicado em português do Brasil

Jon Allsop* | The Guardian | opinião

A difamação vergonhosa contra Keir Starmer tem fortes ecos dos ataques do ex-presidente a Hillary Clinton

Em 2007, Boris Johnson atirou em Hillary Clinton, então candidata à indicação presidencial democrata nos Estados Unidos, em sua coluna no Telegraph . Ele escreveu que os olhos de Clinton o faziam lembrar de uma “enfermeira sádica em um hospital psiquiátrico” e que ela representava “tudo a que eu vim para me opor à política”, inclusive “o politicamente correto de boca fechada”.

Ele até fez uma referência à “posição da arma do pobre Vince Foster”. Foster era um advogado da Casa Branca na era Clinton, e seu suicídio em 1993 alimentou teorias de conspiração selvagens – incluindo que os Clintons o assassinaram – desde então.

Quando Clinton se candidatou à presidência novamente em 2016, seu oponente Donald Trump costumava falar dela em termos igualmente inflamatórios, referindo-se ao caso Foster como “muito suspeito”. A propaganda anti-Clinton cresceu on-line a ponto de, um mês após a eleição, um homem invadir uma pizzaria de Washington para investigar alegações de que Clinton e outros democratas de alto escalão estavam comandando uma rede de pedofilia do porão.

“ Pizzagate ”, como era conhecido, e o movimento QAnon mais amplo que acredita que uma cabala de pedófilos de celebridades adoradores de Satanás controla o mundo, desde então se aproximou cada vez mais do coração da vida pública americana.

Angola | A legitimidade da ruptura histórica e a tentação da revolução colorida!...

“CÍRCULO 4F” – APONTAMENTO TRÊS SOBRE A PEDAGOGIA, O HUMANISMO E A HISTÓRIA QUE URGE SABER BALANCEAR!

Martinho Júnior, Luanda

Em Angola o 4 de fevereiro de 1961 em nada se identifica com uma “revolução colorida” ou uma “primavera árabe” frutos de artificiosos processos do “hegemon” unipolar desde os idos anos de 90 do século passado!

Os patriotas angolanos que compuseram o Processo 50, os “indígenas” corajosos que irromperam contra o colonialismo de catana na mão a 4 de Fevereiro de 1961, dando o exemplo inspirador do corpo ao manifesto e a vanguarda em que um dia se assumiu o MPLA em torno do Presidente António Agostinho Neto, são substantivos sinónimos de legitimidade revolucionária num continente pasto da bárbara orgia colonial e neocolonial que leva séculos até se dissipar!

As “revoluções coloridas” e as “primaveras árabes” são apenas contrarrevolução no seu pior estilo alienante, o estilo que comporta o alinhamento vassalo de elites por via de processos dominantes duma hegemonia unipolar aproveitadora de toda essa devassa colonial e neocolonial, a ponto de dar continuidade à cultura retrógrada de arregimentar etno-nacionalismos e/ou fundamentalismos religiosos que são inspiração sua, desde os tempos em que as potências coloniais já nem forças próprias tinham para levar a cabo a “sua missão civilizadora”, nem forças tinham para manter seus pérfidos impérios africanos produtos da mais bárbara das conferências, a Conferência de Berlim!...

Para alimentar a fábula, tiveram de recorrer à “africanização da guerra” e essa foi a sua derradeira expressão, muito mais perigosa contudo nas suas sequelas!...

Etno-nacionalismos como o da UNITA são de fácil osmose na preparação de mais uma “revolução colorida”, desta feita no Trópico de Capricórnio, por via de arruaças, ou de gestos inconstitucionais, ou desrespeitosos de democracia, gestos de faca na boca, ou duma declaração de fraude eleitoral em Angola em tempo julgado oportuno!…

Todavia essa eleição serve também para que o MPLA não seja uma mera fluência de clãs, ou dum etno-nacionalismo quimbundo, conforme um dia em desespero de causa tentou levar a cabo o colonial-fascismo português, a ponto de ter havido o fermento fraccionista desde as prisões coloniais e da asfixia da Iª Região Política Militar, com o aproveitamento duma propaganda continua estimulada a partir de Lisboa, de tal ordem que tem algum eco em Angola por parte daqueles que têm sido sempre o problema e têm dado provas que jamais pretendem fazer parte da solução progressista que hoje ainda mais se impõe!

Os fenómenos inerentes ao fraccionismo do 27 de Maio de 1977 (que abrangem substractos humanos muito mais alargados dos que levaram a cabo a tentativa do golpe em si), estão hoje oportunisticamente presentes: ou os militantes do MPLA conseguem manter acesa a chama da vanguarda (e para isso há todo o Programa Maior a cumprir numa longa luta contra o subdesenvolvimento), ou estão a conduzir-se para o pântano de mais um etno-nacionalismo incapaz de identidade nacional e incapaz de mobilização colectiva de todos os patriotas angolanos e não mais de mercenários a cavalo numa terapia neoliberal que chegou ao nível dos mais pesados modelos de corrupção!…

Angola | MAIS UMA MENTIRA DOS FANÁTICOS DIGITAIS DE ACJ

O chorrilho de mentiras continua, e o descaramento que pulula entre os fanáticos de Adalberto não conhece limites.

Desta feita o alvo foi o Ministro das Energia e Águas, João Baptista Borges, que se vê envolvido numa tramoia muito mal engendrada por alguns alucinados do universo digital, que pensam que o mundo do vale tudo está a prevalecer e que os cidadãos “engolem” tudo o que impingem.

O Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa (GCI) do Ministério da Energia e Águas, viu-se obrigado a desmentir informações, segundo as quais o ministro Baptista Borges, teria oferecido um carro, avaliado em quase 4 milhões de dólares, como presente de casamento a um dos seus filhos.

Ora, este Gabinete do ministério da Energia e Águas, fez saber através de uma nota de imprensa que Baptista Borges, não tem nenhum filho com o nome de Fernando Borges e em nenhum momento um dos alegados filhos do ministro terá contraído matrimónio em 2022.

Angola | “A NOSSA LEI AINDA NÃO É IGUAL PARA TODOS”

A Constituição de Angola faz 12 anos. Políticos da oposição aproveitam para voltar a pedir alterações ao texto constitucional. Um ponto polémico continua a ser a forma de eleger o Presidente da República.

Académicos, políticos e sociedade civil debateram esta quarta-feira (09.02) em Luanda o passado, presente e futuro da Constituição da República de Angola.

Passam 12 anos desde que o documento entrou em vigor, em fevereiro de 2010. Mas, ainda hoje, há muitos dos seus artigos que continuam a ser pisados, alerta o presidente do Partido de Renovação Social (PRS), Benedito Daniel.

Um dos artigos em perigo, segundo o político da oposição, é o que consagra o direito à opinião e informação: "Tem sido muito difícil. Estou a falar aqui para a imprensa, mas é uma possibilidade que me oferecem agora. Certamente, se quisesse falar para a imprensa estatal, não teria esta possibilidade", refere Daniel em entrevista à DW África.

"Estes direitos estão consagrados, mas não são efetivados em plenitude, como gostaríamos."

ANGOLA VAI DISCUTIR COM PORTUGAL RETORNO DE OBRAS DE ARTE

Angola quer negociar a devolução do seu património cultural guardado há décadas em museus portugueses. Ex-deputada e historiadora portuguesa, Joacine Katar Moreira, defende a "descolonização do conhecimento".

devolução do património cultural angolano presente há décadas em museus portugueses faz parte da agenda do Ministério da Cultura daquele país africano, que agora pretende aprofundar a discussão com as autoridades portuguesas.

Em declarações à DW, em Lisboa, o ministro da Cultura, Turismo e Ambiente de Angola, Filipe Zau, precisou que esta é uma matéria que se prende com a questão da identidade e soberania nacional, a qual será "resolvida a seu tempo".

Desde 2020, o Governo de Angola reivindica o regresso à origem do seu património cultural patente nos museus portugueses. A proposta, já abordada com o país europeu, implica fazer um inventário para estimar quantas peças de arte terão sido retiradas ilicitamente do país.

Angola | A PIRATA COM CARA DE PAU -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

No espaço da União Europeia quase todos os dias há eleições. Em Portugal os actos eleitorais sucederam-se em catadupa nos últimos tempos, primeiro para eleger deputados europeus, depois o presidente da república, a seguir os autarcas e uns meses depois os deputados à Assembleia da República uma e outra vez, porque a legislatura não chegou ao fim.

Que eu saiba, Portugal nunca convidou a União Africana nem sequer os países africanos que foram colónias portuguesas para observarem as suas eleições. Nunca a União Africana foi convidada para enviar observadores às eleições dos estados-membros da União Europeia ou qualquer outro cartel do neoliberalismo mafioso. O estado terrorista mais perigoso do mundo (EUA), que se saiba, nunca convidou observadores estrangeiros para as suas eleições. E como se sabe, os resultados das últimas presidenciais foram postos em causa por um dos concorrentes, ainda que seja tão mentiroso e desprezível como o engenheiro à civil Adalberto da Costa Júnior. 

Os angolanos são chamados a eleições desde 1992. Até foram convocados actos eleitorais enquanto Jonas Savimbi andava aos tiros contra a democracia e o Povo Angolano. É preciso ter muita coragem e grande amor pelo regime democrático. As bombas a explodir, os eleitores a serem assassinados pelos sicários da UNITA e, ao mesmo tempo, candidatos a deputados desse partido concorriam às eleições. 

Quando a ala assassina da UNITA foi derrotada, os que sugavam o Orçamento Geral do Estado limitaram a sua actividade política à liturgia do voto. Entre eleições bebem uns copos, comem à ganância, abusam de mulheres (Uma das abusadas é filha do meu saudoso amigo e camarada comandante Margoso, um Herói Nacional) e tratam das negociatas mais ou menos sangrentas com mais ou menos kamanga.

Portugal | TERRORISMO

Rafael Barbosa* | Jornal de Notícias | opinião

Hospitais incapazes de convocar doentes para consultas ou exames. Rede multibanco em baixa e operações bancárias por fazer, por causa da incapacidade de enviar ou receber um SMS. Piquetes da Polícia Judiciária incapazes de atender as queixas dos cidadãos vítimas de crimes. Dados móveis disfuncionais ou desligados. Chamadas de telemóvel impossíveis. Televisões sem sinal de vida. Bombeiros desligados da comunidade que deles depende.

Serviços de socorro a funcionar apenas para situações de emergência, graças à rede alternativa do Estado, o famigerado SIRESP. Foi assim o dia de ontem para milhões de portugueses e milhares de empresas e instituições, na sequência do ataque à Vodafone, um dos três grandes operadores de telecomunicações em Portugal.

Os responsáveis da Vodafone não pouparam na qualificação. Foi um "ataque terrorista". Foi uma acertada escolha de palavras. Há muito que a pirataria informática deixou de poder ser associada ao romantismo de ações espetaculares de engenhosos Davides contra os Golias corporativos e capitalistas. Não se confunda a denúncia dos segredos sujos e dos crimes dos estados ou corporações com a tentativa de destruir uma sociedade. Estes ataques a empresas (como a Vodafone), instituições políticas (como o nosso Parlamento), ou organizações que garantem o bom funcionamento da democracia (como a comunicação social) são na verdade um ataque ao nosso modo de vida.

É importante frisar que este ataque só não causou vítimas mortais (basta pensar na emergência médica) porque havia sistemas de comunicação redundantes de emergência. Mas, e se o ataque tivesse sido dirigido, simultaneamente, à rede da Vodafone e à rede do SIRESP? E se o INEM tivesse ficado incapacitado de receber as centenas de pedidos de socorro que lhe chegam todos os dias? Terrorismo, sim. A dúvida é apenas se foi terrorismo mais ou menos aleatório ou terrorismo de Estado. E sendo terrorismo, então é preciso que os estados, começando pelos democráticos, como o nosso, se organizem. E que tranquilizem os seus cidadãos. Com ações concretas, não apenas com palavras. Um exemplo apenas: vêm aí 2460 milhões de euros da "bazuca" só para a transição digital. Qual é a fatia deste gigantesco bolo que vamos destinar a melhorar a nossa segurança digital coletiva?

*Diretor-adjunto

Portugal | Morreu Jaime Serra, comunista, revolucionário e combatente anti-fascista

O histórico dirigente do PCP Jaime Serra morreu hoje, com 101 anos, anunciou o Comité Central do partido, que recordou uma vida «dedicada à luta contra o fascismo, pela liberdade e a democracia».

«O Secretariado do Comité Central do PCP informa, com profunda mágoa, do falecimento hoje, dia 9, aos 101 anos de idade, de Jaime Serra, um dos mais destacados dirigentes do PCP, que dedicou toda a sua vida à luta da classe operária, dos trabalhadores e do povo português. Uma vida dedicada à luta contra o fascismo, pela liberdade e a democracia, por uma sociedade nova, o socialismo e o comunismo», dá conta um comunicado do partido.

Jaime Serra nasceu em 1921 em Alcântara (Lisboa) e tinha completado 101 anos em 22 de janeiro. Era militante do PCP desde 1936 e em 1937, com apenas 15 anos, «foi preso pela primeira vez».

Em 1940, Jaime Serra começou a trabalhar como operário traçador naval no Arsenal do Alfeite, em Almada (distrito de Setúbal), onde trabalhou durante sete anos, passando à clandestinidade em setembro de 1947.

Portugal | OUTRA VEZ IHOR? SIM, OUTRA VEZ. DESCULPEM INCOMODAR

Fernanda Câncio | Diário de Notícias | opinião

Quase dois anos depois, a opinião pública e a publicada estão de novo tão desinteressadas do assunto como quando o cidadão ucraniano morreu. Cabrita demitiu-se, houve eleições, Ihor já não serve como arma de arremesso - e, se não serve para isso, qual o interesse?

Nunca houve em Portugal um caso de violência policial com as consequências do da morte de Ihor Homeniuk.

Nunca antes tinham sido demitidas chefias, nunca tinha sido proposta a extinção de uma polícia, nunca tinha havido uma indemnização tão elevada, nunca a Inspeção Geral da Administração Interna (IGAI), a entidade que fiscaliza as polícias, tinha levado a sua investigação até à exposição do encobrimento (e tantos outros casos houve em que se verificou encobrimento) e das falhas e vícios organizacionais ou tinha proposto, como fez relativamente ao responsável hierárquico máximo do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras no aeroporto de Lisboa, a expulsão da função pública.

E tudo isso aconteceu, reconheça-se, porque ao contrário do que é costume o responsável da tutela assumiu desde cedo - ou, melhor dizendo, desde que o caso foi conhecido publicamente, e muito antes de as opiniões pública e publicada acordarem para ele - a gravidade do ocorrido, ordenando a dita investigação à Inspeção Geral da Administração Interna e indo ao parlamento por duas vezes, em abril e dezembro de 2020, prestar esclarecimentos, declarando: "Determinante é apurar toda a verdade, e extrair as necessárias conclusões."

Devia ser sempre assim, sem dúvida - mas nunca foi. E se Eduardo Cabrita merece críticas por vários aspetos da sua governação, ele e o governo do qual fez parte merecem igualmente reconhecimento por terem feito, face a um caso gravíssimo de violência policial, aquilo que nunca outros fizeram.

Legislativas 22 | EMIGRANTES DE TENDÊNCIA NAZIFASCISTA VOTAM NO CHEGA

O PS teve 37,72% e PSD 28,40% dos votos, enquanto o Chega terminou como terceira força política com 9,86%

Os votos dos emigrantes nas legislativas deram mais dois deputados ao PS e dois deputados ao PSD, segundo os resultados publicados hoje pela Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna (SGMAI).

De acordo com a SGMAI, foram 34 consulados apurados e a contagem está terminada. Faltava eleger quatro deputados, que foram agora distribuídos.

O PS teve 37,72% e PSD 28,40% dos votos, enquanto o Chega terminou como terceira força política com 9,86%.

O resultado definitivo da contagem dos votos dos emigrantes nas legislativas de 30 de janeiro pode só ser conhecido na terça-feira, devido a eventuais recursos.

O PS tenciona recorrer junto do Tribunal Constitucional da decisão da mesa da assembleia de apuramento geral de anular os votos recolhidos em mesas que juntaram votos válidos com votos considerados nulos por não virem acompanhados de cópia do cartão de cidadão do eleitor.

Diário de Notícias | Lusa -- Imagem: .© José Sena Goulão / Lusa

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