segunda-feira, 18 de julho de 2022

ESTADO DE DESGRAÇA EM WASHINGTON -- Karen Greenberg

#Traduzido em português do Brasil

Tom Dispatch

Duvido que você fique chocado ao descobrir que, nos anos da (primeira?) era Trump e da agora distintamente aleijada de Biden, a confiança dos americanos em nossas instituições básicas e nosso governo despencou. De acordo com a última pesquisa da Gallup, a confiança na presidência caiu 15 pontos percentuais e na Suprema Corte, 11. Quando se trata do Congresso, os americanos com “muito” ou “bastante” confiança nesse órgão chegaram ao fundo do poço em 7 pontos quase imperceptíveis. %. É difícil ficar muito mais baixo do que isso (embora hoje em dia nossos políticos estejam fazendo um esforço significativo para se superar). Já estamos falando de novos mínimos para os três poderes do governo e, quando se trata disso, pouco importa se você é republicano, democrata ou independente.

No início deste século, apenas 5% dos americanos afirmavam que nosso problema mais importante era o governo. Nos anos Trump, no entanto, esse número subiu para 32% e permaneceu alto desde então. Da mesma forma, de acordo com o Pew Research Center, a “confiança pública” no governo caiu para “ mínimos quase históricos ”. E quando você pensa sobre isso, não é à toa!

Como aponta Karen Greenberg, regular do TomDispatch , parece que os altos funcionários do governo nunca pagam pelos desastres que causam ao mundo (as guerras no Afeganistão e no Iraque, por exemplo) ou aos americanos. Os institucionalistas do sistema americano, para não falar dos outsiders trumpistas que se tornaram insiders, tiveram um passeio extraordinariamente livre durante quatro presidências, não importa o que tenham feito – e agora, ao que parece, uma Suprema Corte cada vez mais reacionária entrou na briga de forma cada vez mais autocrática . Greenberg faz uma pergunta crucial: há alguma esperança de que as audiências de 6 de janeiro possam ajudar a restaurar alguma confiança de que aqueles que nos sujam em nome da América podem realmente pagar um preço por isso – um preço no tribunal não menos?

Honestamente, eu não prenderia a respiração, mas sempre podemos ter esperança, não podemos? Não é hora de nossos altos funcionários, incluindo presidentes, serem responsabilizados por seus atos criminosos em nosso nome, sejam invasões ilegais de outros países ou sedição aqui em casa? Tom

GUERRA COM O IRÃO -- Chris Hedges

#Traduzido em português do Brasil

EUA, Arábia Saudita e Israel, responsáveis ​​por fiascos militares, centenas de milhares de mortes e inúmeros crimes de guerra no Oriente Médio, agora planejam atacar o Irão.

Chris Hedges* | ScheerPost.com | republicado em Consortium News

Os EUA, Israel e Arábia Saudita estão planejando uma guerra com o Irã. O acordo de armas nucleares iraniano de 2015, ou Plano de Ação Abrangente Conjunto (JCPOA), que Donald Trump sabotou , não parece que será revivido. O Comando Central dos EUA (CENTCOM) está analisando as opções de ataque se Teerã estiver pronta para obter uma arma nuclear e Israel, que se opõe às negociações nucleares EUA-Irã, realizar ataques militares.

Durante sua visita a Israel, Biden assegurou ao primeiro-ministro Yair Lapid que os EUA estão “preparados para usar todos os elementos de seu  poder nacional ”, incluindo força militar, para impedir o Irã de construir uma arma nuclear. 

A Arábia Saudita, Israel e os EUA funcionam como uma troika no Oriente Médio. O governo israelense construiu uma estreita aliança com a Arábia Saudita, que produziu 15 dos 19 sequestradores nos ataques de 11 de setembro e tem sido um prolífico patrocinador do terrorismo internacional, apoiando o jihadismo salafista , a base da al-Qaeda, e grupos como o  Talibã do Afeganistão ,  Lashkar-e-Taiba  (LeT) e a  Frente Al-Nusra .  

Os três países trabalharam em conjunto para  apoiar  o golpe militar de 2013 no Egito, liderado pelo general Abdel Fattah al-Sisi, que derrubou seu primeiro governo democraticamente eleito. Ele  prendeu  dezenas de milhares de críticos do governo, incluindo jornalistas e defensores dos direitos humanos, sob acusações politicamente motivadas. O regime de Sisi colabora com Israel mantendo sua fronteira comum com Gaza fechada aos palestinos, prendendo-os na  Faixa de Gaza , um dos lugares mais densamente povoados e empobrecidos do planeta. 

Israel, a única potência nuclear no Oriente Médio, conduziu uma campanha contínua de ataques secretos a instalações nucleares iranianas e cientistas nucleares. Quatro cientistas nucleares iranianos foram  assassinados, presumivelmente por Israel , entre 2010 e 2012. Em julho de 2020, um incêndio,  atribuído  a uma bomba israelense, danificou a usina nuclear iraniana de Natanz. Em novembro de 2020, Israel usou metralhadoras de controle remoto para  assassinar  o principal cientista nuclear do Irã. 

Em janeiro de 2020, os Estados Unidos  assassinaram o general Qassem Soleimani, chefe da Força Quds de elite do Irã, juntamente com outras nove pessoas, incluindo uma figura-chave da coalizão anti-ISIS, Abu Mahdi al-Muhandis. Ele usou um drone MQ-9 Reaper para disparar mísseis em seu comboio, perto do aeroporto de Bagdá. 

UM OCEANO DE EQUÍVOCOS

Martinho Júnior, Luanda

O “OCIDENTE”, AO INSTRUMENTALIZAR A SUA ARROGÂNCIA DE MENTALIDADE COLONIAL, É COMO UM RINOCERONTE: DE TÃO CONFUSA QUE É SUA VISÃO, INVESTE CONTRA A SUA PRÓPRIA SOMBRA!

01- As potências que se auto declararam de “ocidentais” na sequência da IIª Guerra Mundial, em função dos interesses e conveniências da aristocracia financeira mundial ávida de despojos, tudo fizeram para equivocar o Sul Global ao tentarem impor as premissas da versão histórica de todos os acontecimentos e por isso obrigaram-se a iludir o facto de que a IIIª Guerra Mundial tem origem no lançamento das bombas atómicas sobre Hiroshima e Nagasaki com um Império Nipónico já derrotado, a fim de condicionar tudo e todos à guerra psicológica de feição – manter a ameaça de guerra nuclear como uma espada sobre a cabeça de toda a humanidade e provocar o máximo de conflitos, caos, desagregação e terrorismo, polvilhando-os por todo o Sul Global, a ponto de inventar as “revoluções coloridas” e as “primaveras árabes” que inauguraram o século XXI.

O terror nuclear nunca deixou de existir desde então e os episódios das guerras localizadas e todo o tipo de tensões e conflitos que se sucederam uns aos outros (pode-se por exemplo ver o “cardápio”, ainda que incompleto, no caldeirão de condimentos colectados por William Blum), sempre tiveram a ameaça nuclear no horizonte de todos os “think tanks” e de suas motivações!...

O terror foi sempre um factor psicológico animado de exemplos sangrentos que pesaram inexoravelmente sobre o Sul Global enquanto alvo maior da IIIª Guerra Mundial!

Há uma explicação crónica para isso: o capitalismo conduz à exaustão dos recursos da Mãe Terra concedendo cada vez menos tempo para ela poder recuperar o que está a ser exaurido e como na razão inversa a população humana aumenta quase exponencialmente, então “os outros” do Sul Global tendem a ser cada vez mais excluídos pela arrogância imperial tornada hegemonia unipolar na razão inversa de atracção pelas riquezas materiais e é isso que torna Rússia e China em preferidos alvos do “ocidente otanizado”!

Nesse frenesim a coberto da “fome de lucro a qualquer custo”, está-se no limiar do esgotamento dos recursos energéticos fósseis e não pode haver mais papel de moeda algum capaz de comprar petróleo e gás a preços de feira, nem mesmo o papel-moeda fabricado pela hegemonia unipolar e seu cortejo de vassalos e cúmplices!...

… A perversão nuclear pairou sempre desde Hiroshima e Nagasaki, conflito a conflito, como um nó górdio da superestrutura ideológica do império “ocidental” em constante guerra psicológica contra o Sul Global e isso foi visível até na ultraperiferia que é África: para acabar com o “apartheid” institucional, os povos em luta armada na África Austral e os estados que directamente os apoiaram na sua saga de libertação, tiveram que “afrontar o peso ameaçador” das 6 bombas atómicas que o “apartheid” e seus aliados criaram em Pelindhaba, na tentativa de impedir o seu colapso nas fronteiras do Exercício Alcora, o colapso que acabou também por suceder desde dentro do seu próprio sistema, ética e moralmente insustentável!...

Angola | GALO NO PODER VIRA RAPOSA NO GALINHEIRO – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

A UNITA tem um problema insanável com a democracia e os seus dirigentes não querem aprender a viver segundo as regras democráticas. Ao longo da sua existência, o partido tem estado sempre do lado das ditaduras mais ferozes, desde a salazarista até ao nazismo de Pretória. Para isso teve que se apetrechar formando terroristas. Os dirigentes da organização são especialistas em terrorismo urbano e, desde 1975 até hoje, demonstram as suas habilidades matando o Povo Angolano e destruindo tudo o que lhes aparece pela frente.

Para atingir os fins, a sua direcção nunca hesitou em aliar-se a ditadores africanos da estirpe de Mobutu. Ao mesmo tempo que se opôs de armas na mão aos que lutavam pela liberdade, os arautos do “Galo Negro” enchiam a boca com a democracia, numa mistificação grosseira da realidade política.

 Na frente legal e nos intervalos dos ataques armados à Pátria Angolana, usavam a arma insidiosa da mentira, que passou a fazer parte essencial do seu discurso político. Sem mentira não há UNITA. Sem terror não há UNITA. Sem golpismo não há UNITA.

As “manifestações” desencadeadas a meio desta legislatura eram, de facto, manobras evidentes para a tomada do poder pela força. Violência reaccionária. Golpismo. Em devido tempo descrevi a situação com abundantes factos mas chamaram-me alarmista. Acusaram-me de ser anti-UNITA, primário. 

O tempo é um grande juiz. E absolveu-me de todos os ataques à minha honra profissional. Olhem para as listas de deputados da UNITA e vão encontrar lá os “activistas” que tentaram dar o golpe de estado. Os “revus” que fizeram tudo para denegrir os órgãos de soberania e difamar as forças de segurança também fazem parte do gangue. Afinal o comandante Paulo de Almeida é que tinha razão. Porque hoje está tudo à mostra. 

Quem quiser terroristas na Assembleia Nacional vota na UNITA. Quem quiser assassinos cruéis no Executivo vota na UNITA. Quem quiser um aldrabão na Presidência da República vota na UNITA. Até agora, o gato estava escondido com o rabo de fora como activista, “revus” e outros pseudónimos. Agora está visto que o bicho é a UNITA. A Paz está nas mãos dos eleitores, nos boletins de voto. Mas ao mínimo descuido, se acreditarmos nas mentiras, regressa a violência, a guerra, o banditismo político.

“PELA TUA ALMA, PAI” – Missa do sétimo dia de Eduardo dos Santos em Barcelona

Isabel dos Santos e alguns irmãos assistem a missa do sétimo dia de José Eduardo dos Santos em Barcelona

Isabel dos Santos e alguns dos seus irmãos assistiram ontem a uma missa do sétimo dia numa igreja católica em Barcelona. A filha mais velha do ex-Presidente de Angola publicou nas redes sociais uma foto onde diz: “Pela tua alma, pai”.

Tchizé organiza oração metodista

Depois disso, Tchizé organizou online, num live no Instagram, uma oração metodista. E explicou porquê: “O meu bisavô José Paulino, pai de Jacinta José Paulino, mãe de JES, foi um dos primeiros pastores da referida igreja em Angola, por isso não podíamos deixar de realizar uma oração com um pastor metodista, para além da missa católica realizada no mesmo dia, já que na nossa família são professadas as duas religiões.”

Portal de Angola | Editor: Diniz Kapapelo

Angola sai da recessão económica e entra na trajectória de crescimento

A saída, este ano, de uma recessão económica que perdurava desde 2016 deve ser encarada como um facto de uma grande importância, uma vez que as recessões económicas paralisam as empresas, diminuem os fluxos económicos e financeiros e acima de tudo criam desemprego, que é um grande mal quer do ponto de vista económico como do ponto de vista social.

Esta visão foi transmitida, no sábado, pelo ministro de Estado para a Coordenação Económica, Manuel Nunes Júnior, para os investidores nacionais e internacionais, na abertura da 37ª edição da Feira Internacional de Luanda (FILDA).

No discurso em que a "confiança” foi a palavra dominante e sendo este o cenário que caracteriza a economia angolana nos últimos anos, Manuel Nunes Júnior lembrou a trajectória das reformas implementadas pelo Go-verno desde 2018 e que agora estão a dar os resultados preconizados.

De acordo com o governante, Angola conduziu com sucesso o Programa de Estabilização Macroeconómica iniciado em Janeiro de 2018 e, no ano passado, o país saiu, finalmente, da recessão económica em que esteve mergulhada durante 5 anos.

Este, considera Manuel Nunes Júnior, é um dado que deve orgulhar a todos nós quer a angolanos, como a não angolanos residentes em Angola, porque marca o fim de um período muito difícil para a economia e para o país.

Conforme disse ainda, neste momento, o mercado cambial de Angola está estabilizado e funciona de modo seguro e previsível. O Kwanza está estável e em alguns momentos tem-se valorizado em relação às principais moedas internacionais. Também deixaram de existir restrições na transferência dos dividendos para aqueles que investem no país e o tráfico de influências que caracterizava o funcionamento do mercado ficou para trás. Agora pertence ao passado.

"Este é um factor muito importante para a competitividade da nossa economia: a previsibilidade e a confiança nas instituições. As nossas contas internas, isto é, as nossas contas orçamentais estão saudáveis e a excepção de 2020, têm evidenciado saldos positivos desde 2018”, afirmou.

Angola | AS ELEIÇÕES E AS AMEAÇAS DOS ESPIÕES – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

A política só tem nobreza se assentar em princípios éticos e estiver ao serviço das pessoas. Os angolanos neste aspecto estão bem servidos. A esmagadora maioria dos políticos está empenhada na construção da democracia e cumpre escrupulosamente as promessas feitas aos eleitores. 

Na legislatura que termina em 24 de Agosto, o programa de governo do MPLA foi sufragado pela maioria absolutíssima dos angolanos. Apesar da pandemia COVID19, o Executivo teve artes de cumpri-lo e em alguns pontos, até foi ultrapassado. Nesta legislatura, ninguém tem dúvidas, os eleitos cumpriram com rigor e responsabilidade.

A Constituição da República define as balizas da acção política, garante liberdades e direitos. Todos os angolanos devem orgulhar-se da Lei Fundamental. Mas a memória diz-nos que a UNITA abandonou a Assembleia Nacional na hora da votação. Desonrou o compromisso que assumiu com o seu eleitorado e pôs em causa um dos fundamentos da democracia. 

O líder do Galo Negro não está arrependido de tanto atropelo. Pelo contrário. Quando anunciou a sua “frente” esquinada prometeu que, se for eleito em 24 de Agosto, vai mudar a Constituição de 2010. Ninguém reagiu ao anúncio de um golpe constitucional feito pela UNITA, apesar da gravidade de tal pronunciamento. 

Os mais letrados conhecem aquele poema de Brecht sobre os nazis. Primeiro vieram prender os sindicalistas mas eu não me importei, não sou sindicalista. Depois vieram buscar os comunistas mas eu não tenho nada a ver com isso, não sou comunista. Prenderam os judeus mas eu não me preocupei, não sou judeu. Hoje vieram buscar-me…

Os menos letrados conhecem o filme de terror muito melhor. Quando os sicários da UNITA chegaram das matas começaram a prender, matar e torturar quem não veio dos quartéis e acampamentos montados pelos nazis sul-africanos para os sicários do Galo Negro. Perguntem aos sobreviventes do Huambo, do Bailundo, do Andulo, do Cuito, do Luena. As angolanas e os angolanos do Sumbe tiveram razão quando proibiram Jonas Savimbi de aparecer na cidade. Os mártires do Cuito e do Luena sofreram autênticos crimes contra a Humanidade.

A maioria política da legislatura que agora termina tem de ser renovada para bem do Povo Angolano. O eleitorado premiou em 2017 políticos honestos, responsáveis e trabalhadores. Penalizou os que apostaram tudo no caos político e na instabilidade social. Os angolanos querem ir para a frente. Sabem que a guerra, a violência, o caos, além de terríveis destruições e das perdas maciças de vidas humanos, pôs Angola a andar para trás pelo menos um século. A UNITA é responsável por esse descalabro.

Discurso do Presidente José Eduardo Sobre Estado da Nação - (15.10. 2013)

SENHOR PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA NACIONAL,

SENHORES DEPUTADOS,

ILUSTRES CONVIDADOS,

CAROS COMPATRIOTAS,

Estou aqui para falar-vos sobre o Estado da Nação, como determina a Constituição, e vou começar usando uma frase que todos dizem. A situação do país é estável e a paz está a consolidar-se.

Os angolanos estão a trabalhar seriamente para recuperar o tempo perdido durante a guerra, vencer as dificuldades e melhorar as condições em que vivem.

Têm todos um destino comum e valores, princípios e objectivos consensuais inscritos na Constituição da República, em que se revêm, mas nem sempre definem os mesmos caminhos e têm os mesmos métodos.

No momento actual não é fácil compreender todas as soluções achadas pelo Governo neste período de transição para o Estado Social e a Economia de Mercado.

Há quem pense que o crescimento e desenvolvimento social a diferentes velocidades de vários segmentos sociais seja uma política deliberada para perpetuar a injustiça social. Não é assim.

Este é apenas um fenómeno inerente a este período de transição, em que a Nação precisa de empresários e investidores privados nacionais fortes e eficientes para impulsionar a criação de mais riqueza e emprego. Esta situação cria, naturalmente, a estratificação da sociedade, isto é, o surgimento de várias classes sociais.

No entanto, eu tenho fé que a esperança que se renova todos os dias e a confiança na construção de um futuro melhor para todos são fortes e serão o denominador comum que continuará a cimentar a unidade necessária à consolidação da Nação angolana e à construção da nova sociedade democrática, inclusiva e próspera.

SENHORES DEPUTADOS,

CAROS COMPATRIOTAS,

Dizem alguns teóricos que a economia é a base e as instituições políticas são a superestrutura e tem de haver uma relação dialéctica entre as duas.

Cuidar da economia, da sua gestão e desenvolvimento e da partilha justa dos seus resultados é uma condição indispensável para se assegurar a estabilidade política e o crescimento do bem- estar social.

Ora, Angola está integrada na economia internacional e sofre os efeitos dos seus constrangimentos.

A evolução recente da economia mundial foi marcada pela revisão em baixa das perspectivas do seu crescimento, justificada por um crescimento moderado que se verifica nas economias emergentes (BRICS) e pelo contínuo estado de crise da economia europeia, que se traduziu na redução em 0,2 por cento da projecção do Produto Interno Bruto (PIB) mundial.

Assim, o Fundo Monetário Internacional estimou, no passado mês de Junho, o crescimento do PIB mundial em 3,1 por cento, ao contrário da projecção de 3,3 por cento feita dois meses antes, alertando para os enormes riscos ainda pendentes sobre o sistema financeiro internacional.

A redução do crescimento dessas economias tem por base a diminuição da procura externa e do preço de algumas mercadorias e produtos de base.

No plano interno, a nossa economia foi afectada pela severa estiagem ocorrida ao longo de todo o ano de 2012 em 14 das 18 províncias do país. Como consequência da seca, a produção da energia hidroeléctrica evoluiu a um ritmo de 10,4 por cento, muito inferior ao previsto, que era de 23,9 por cento.

O sector petrolífero cresceu apenas 5,6 por cento, muito abaixo das estimativas que apontavam para 17,7 por cento, e a má gestão da dívida do Estado para com as empresas privadas levou à redução ou paralisação da actividade de muitas delas e a uma certa estagnação económica. Esta situação, aliás, levou à alteração da direcção dos ministérios das Finanças e da Construção.

O Executivo teve assim de enfrentar os riscos decorrentes destas situações no caminho para a concretização dos grandes objectivos, que visam consolidar a paz, reforçar a democracia, preservar a unidade nacional, promover o desenvolvimento e melhorar a qualidade de vida dos angolanos.

Tendo em linha de conta o contexto internacional e interno, o Executivo tem sido prudente e rigoroso na gestão das Finanças Públicas.

A recente evolução do quadro macroeconómico da economia nacional exprime a permanência desse rigor, que nos levou a introduzir reajustamentos na estimativa do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).

A projecção do crescimento da economia em 2013 passou para 5,1 por cento, em vez dos 7,1 por cento previstos no Plano Nacional de Desenvolvimento para 2013.

Família e não o Estado é que decide sobre o enterro de Eduardo dos Santos -- Zenu

Juíz espanhol indica que tribunal deverá decidir a favor da família mas não indica a que membros 

Numa declaração que intensifica a embaraçosa luta pelos restos mortais do antigo Presidente angolano José Eduardo dos Santos, o seu filho José Filomeno dos Santos, “Zénu”, juntou-se à sua irmã Tchizé afirmando que é a família quem deve decidir sobre o enterro do pai, que morreu em Barcelona.

Isto ao mesmo tempo que um juiz espanhol indicou que provavelmente o corpo será entregue à família.

Em declarações ao jornal New York Times, Zénu dos Santos “evitou um pergunta sobre onde e quando é que que queria que o seu pai seja enterrado”. Mas em declarações por e-mail respondeu:

“O Estado não tem uma obrigação constitucional para assumir o enterro do meu pai”, disse e acrescentou que “decisão jaz com a família”.

As declarações estão contidas numa longa reportagem do influente diário americano intitulada “Morto mas não enterrado, corpo do ex-Presidente provoca luta em dois continentes”.

Nessas declarações ao New York Times, “Zénu” dos Santos disse que quando o seu pai regressou a Angola no ano passado foi humilhado pelo Governo de João Lourenço.

“O meu pai foi extremamente humilhado quando regressou pela primeira vez a Angola, algo que fez contra a nossa opinião e conselho, convencido que o Presidente João Lourenço queria alcançar uma reconciliação sincera”, disse o filho do antigo Presidente, quem declarou recentemente não ter podido deslocar-se a Barcelona porque o seu passaporte foi confiscado pelas autoridades angolanas,enquanto aguarda um apelo à sua condenação a vários anos de prisão por corrupção.

Angola | VIRAGEM DECISIVA NA GUERRA *

Diplomacia Angolana Levou EUA às Negociações Depois de Longo Impasse 

Artur Queiroz*, Luanda

O mês de Outubro de 1987 foi fundamental para a vitória de Angola na guerra contra o regime racista da África do Sul. Mas também foi crucial na frente diplomática. A diplomacia angolana conseguiu reatar negociações bilaterais com os EUA e surpreendeu Washington com uma exigência: colaborar com o fim do regime de apartheid. Pretória perdia posições na frente militar e o regime de PW Botha ficou encurralado até capitular com os Acordos de Nova Iorque. 

O Presidente José Eduardo dos Santos conseguiu o pleno: a independência da Namíbia, a retirada das tropas estrangeiras do Sul e Sudeste de Angola e a democratização da África do Sul. Após intensa actividade diplomática, Angola ganhou em toda a linha. Nos campos de batalha, as tropas de Pretória iam de derrota em derrota até à Batalha do Cuito Cuanavale, que marcou o fim de um regime que foi o mais grave crime que alguma vez foi cometido contra a Humanidade. No Triângulo do Tumpo, nasceu uma nova ordem democrática mundial. 

Helmoed-Roemer Heitman, no seu livro “Guerra em Angola” (fase final) revela pormenores fundamentais para hoje os angolanos compreenderem o que estava em jogo nas batalhas do Cuando Cubango. 

Em 5 de Outubro de 1987 a artilharia e a aviação da África do Sul bombardearam as posições da 47ª Brigada das FAPLA a Sul do rio Lomba. Depois de longas horas de bombardeamentos, o alto comando angolano deu ordens para que as tropas abandonassem a base logística da UNITA que tinham ocupado e fossem para Norte do rio. 

O coronel Ferreira, das forças sul-africanas, de perseguido passou a perseguidor e fez tudo para impedir que a 47ª Brigada se juntasse a outas unidades das FAPLA que estavam na região. Não conseguiu. A falta de apoio logístico levou as tropas angolanas à retirada, abandonando material militar importante. Mas houve poucas baixas humanas. As tropas angolanas estavam prontas para continuar a combater, nas suas novas posições.

Os sul-africanos acusam a UNITA deste fracasso. O coronel Tarzan não fez a sua parte. O tenente-coronel Setti também falhou. E as tropas da 47ª Brigada das FAPLA ainda travaram violentos combates com os sul-africanos na confluência do Lomba com o Cuzizi.

Pretória tinha no terreno o 61º Batalhão Mecanizado equipado com 50 blindados “Ratel”, com canhões de 90 milímetros. As FAPLA ocuparam linhas favoráveis na zona das nascentes dos rios Hube, Chambinga, Cuito, Vimpulo e Mianei. Assim evitaram que o inimigo caísse sobre a 47ª Brigada, que estava sem abastecimentos.

Chade | REBELDES SUSPENDEM NEGOCIAÇÕES DE PAZ

Vários grupos rebeldes do Chade suspenderam a sua participação nas negociações de paz, que decorrem no Qatar, com o governo militar de transição daquele país, pondo em causa o diálogo nacional previsto para agosto

"Observamos com pesar que as negociações estão paralisadas", anunciaram num comunicado conjunto emitido na noite deste sábado (16.07).

No mesmo documento, os dirigentes político-militares do Grupo Roma, do Grupo de Doha e da Coordenadora Nacional para a Mudança e Reforma condenaram o que consideram de "manobras desestabilizadoras dos diferentes grupos da delegação do governo".

Os dirigentes rejeitaram "mais uma vez o mau ambiente de trabalho que prevalece nas negociações de paz em Doha", bem com as "manobras delatórias" da delegação governamental destinadas a "perturbar a serenidade das negociações".

Também julgaram a "ausência quase total" de uma sessão plenária e, portanto, de debates diretos com o governo.

Por fim, os signatários disseram que tomaram conhecimento da nova data para o diálogo nacional, marcada para 20 de agosto, mas lamentaram que tenha sido decidida "sem consulta prévia ou informação direta".

O comunicado foi emitido após a junta militar que lidera o Chade ter anunciado na última quinta-feira (14.07) a data do diálogo de reconciliação nacional, adiada várias vezes desde que tomou o poder em abril de 2021.

NATO ESTENDE A GUERRA DA UCRÂNIA À SÍRIA

As actividades de guerra contra a soberania síria têm potencial para ser rastilhos de uma provocação anti-russa que os belicistas da NATO, empenhados em transformar a situação na Ucrânia numa «guerra sem fim», considerem necessária.

José Goulão | AbrilAbril | opinião

Segundo relato recente da revista norte-americana Newsweek, dois caças F-16 da Força Aérea dos Estados Unidos interceptaram dois aviões de combate russos SU-34 quando estes se preparavam para atacar instalações onde terroristas do ISIS ou «Estado Islâmico» fabricam bombas para alimentar a guerra na Síria. A missão antiterrorista da aviação da Rússia ficou por cumprir.

A guerra da Síria está «quase resolvida» a favor de Damasco, isto é, do governo legítimo do país, reconhece também a Newsweek, que chega a defender a retirada dos efectivos militares norte-americanos dos territórios e das bases que ocupam ilegalmente.

Pressente-se, porém, que amanhã não será a véspera do dia em que se cumprirá a inusitada mas significativa sugestão dessa revista «de referência» da rede mundial de informação corporativa. Existem indícios indisfarçáveis de uma reactivação em território sírio dos grupos terroristas com franquias da al-Qaida e do ISIS, embora sob outras designações. Foram branqueados através de operações de rebranding tecnocrático produzidas em Washington e Londres para continuarem as suas missões de banditismo como braços da NATO, organização que tenta, cada vez com maior insucesso, esconder essa «clandestinidade» da opinião pública. Tal como fez com as operações «stay behind», como a Gladio, ao longo da sua história.

O incidente entre os aviões russos e norte-americanos, um inquietante episódio de enfrentamento militar entre as duas grandes potências, não foi o primeiro, e não será certamente o último, no teatro de guerra sírio. Existem, é certo, canais próprios entre os contingentes dos dois países de modo a tentar evitar que situações desse tipo evoluam para choques directos susceptíveis de gerar a escalada belicista pretendida por alguns lunáticos neoconservadores que gerem a administração Biden. Esses canais funcionaram recentemente, recorrendo de novo à Newsweek, quando aviões russos bombardearam acampamentos de mercenários do ISIS acolhidos e treinados na base norte-americana de al-Tanf. A guarnição dos Estados Unidos foi avisada previamente e não se registou qualquer baixa entre os efectivos do Pentágono.

OS FRANCESES PRECISAM DE DIALOGAR

Thierry Meyssan*

O resultado das eleições presidencial e legislativa francesas enfraquece tanto o Executivo como o Legislativo e bloqueia a situação política. Os eleitores recusaram apoiar o regime e endossar as suas decisões. Desde 2005, enquanto os seus dirigentes os ignoravam eles não cessaram de dizer ao que se opunham. Aquilo que poderia restabelecer o país está pois perfeitamente identificado, mas a maioria dos eleitos julga-se acima da razão e não em servir o seu povo.

Os Franceses, que historicamente foram os precursores de mudanças políticas na Europa, surpreenderam os seus vizinhos durante a eleição presidencial (10 e 24 de Abril de 2022) e as eleições legislativas (12 e 19 de Junho de 2022).

Apenas 47 % dos eleitores participaram durante o quarto escrutínio ; um resultado espantoso num país que têm uma longa tradição de militantismo político.

Muito embora 38 % dos inscritos tenham eleito Emmanuel Macron, apenas 14 % elegeram deputados que lhe são favoráveis, forçando-o assim a uma coabitação com as suas oposições.

De facto, a Assembleia Nacional, que já não era um lugar de debate, mas uma câmara de registo (registro-br) da vontade presidencial, tornou-se um circo onde os deputados se interrompem e se atacam. Consequentemente, não foi só o Executivo, mas também o Legislativo que se tornaram inoperantes.

Como é que se chegou a isto e como é que se pode reconstruir um regime?

A DESTRUIÇÃO DAS INSTITUIÇÕES

Na minha opinião, tudo começou em 1986, com a nomeação de um « Secretário de Estado dos Direitos Humanos ». O que parecia uma boa ideia era, na verdade, colocar em causa as conquistas da Revolução de 1789. Até aí, distinguia-se a tradição francesa dos « Direitos do Homem e do Cidadão » da tradição anglo-saxónica dos « Direitos Humanos ». A primeira garante Direitos àqueles que fazem política, enquanto a segunda garante Direitos desde que o Povo não se envolva na política. A primeira é emancipatória, a segunda contenta-se em aplicar a ordem sem violência.

Hoje em dia, os Franceses ignoram que o livro mais lido durante a Revolução de 1789 sobre este debate era o do anglo-americano-francês Thomas Paine. Ele está no cerne da diferença entre a cultura francesa e a cultura anglo-saxónica. Ao aceitar o termo « Direitos Humanos » os Franceses renunciaram à sua herança.

A segunda etapa terá sido o Tratado de Lisboa, em 2007, que apaga o « Não » dos Franceses durante o Referendo sobre a Constituição da União Europeia de 2005. A classe dirigente francesa, pensando garantir aos seus nacionais seus « Direitos Humanos », considerou que só ela sabia fazer política e que podia pois ultrapassar a vontade do Povo.

A terceira etapa terá sido, em 2018, a nova interpretação da divisa da República pelo Conselho Constitucional. Com efeito, a Constituição refere-se ao « ideal comum de liberdade, igualdade e fraternidade ». Segundo os peritos, decorre deste princípio « a liberdade de ajudar os outros, com propósitos humanitários, sem considerar a regularidade da sua estadia no território nacional ». A fraternidade já não é mais a fraternidade de armas dos Revolucionários de 1848, na qual se baseava o sufrágio universal, mas uma simples forma de caridade.

Notai bem, não ponho em causa os Direitos Humanos, o Tratado de Lisboa ou o direito de prestar socorro a imigrantes. Observo simplesmente que para justificar estas decisões, se abandonou aquilo que era a base do contrato social francês. Ou melhor, que se utilizaram decisões nobres para espezinhar a nossa herança política.

CUMPLICIDADE NO TERRORISMO E NA OCULTAÇÃO É IMPOSTO AO JORNALISMO


Pode dizer-se que não é só agora, desde que o teatro de guerra inclui a Ucrânia que a cumplicidade dos governos e da justiça nos países do Ocidente, alegadamente livre e democrático, é cúmplice de crimes de guerra e terrorismo através de fornecimento de armamento e de apoio a personagens para essas ações tendendo ocultá-las ao jornalismo. Exemplos flagrante do aqui referido encontramos imensos, sendo o mais mediático o processo e desumano castigo e silenciamento imposto de Julian Assange por parte dos EUA e do Reino Unido sob o respaldo Justiça. Que justiça?

Países da União Europeia também estão incluídos no ataque à verdade jornalística e consequente divulgação intimidando jornalistas que reportam realidades. No exemplo aqui trazido é notória a perseguição a jornalista alemã por expor o que presenciou na Ucrânia. Como os EUA ou o Reino Unido também a Alemanha (UE) - o Ocidente - procura silenciar a sua cumplicidade em crimes de guerra daqueles que apoia - os militares tendencialmente nazis, racistas e xenófobos integrados no exército da Ucrânia. O silêncio é de ouro para o governo e consequente justiça na Alemanha e vale tanto quanto o exigido pelos EUA-Reino Unido para Assange. Os jornalistas têm de obedecer aos poderes vigentes no Ocidente na cruzada contra a Rússia e apoio, ocultação e atos terroristas (crimes de guerra) com os quais colabora. A jornalista Alina Lipp está a ser vítima disso mesmo por reportar o que presenciou. Os jornalistas que não sejam "a voz do dono" estão tramados se não colaborarem com a cumplicidade criminosa imposta pelos poderes ocidentais.

Sucinta mas objetivamente deixamos aqui a seguir divulgação inclusa em Grayzone sob a responsabilidade de Max Blumenthal acerca do que está a ocorrer com a jornalista Alina Lipp... Perante isto percebe-se perfeitamente para onde a UE corre pelas mãos e poderes de Ursula von der Lyen e outros operadores que laboram para pôr os direitos e a democracia de rastos a exemplo do que acontece nos EUA, no falsamente chamado Ocidente "Livre e Democrático".

No vídeo acima e no texto  que se segue eis a prova da guerra contra a verdade e a democracia dos dirigentes atuais da União Europeia, da Alemanha e seus seguidores. Os crimes e ocultações dos EUA já são sobejamente conhecidos, os da UE, segundo a doutrina dos amigos dos EUA, Ursula/Borell. Aqui está mais um exemplo - parcela a somar a mais uns quantos no caso da Ucrânia. E os outros? Perguntarão... Pois. (PG)

Alemanha criminaliza jornalista por expor crimes de guerra na Ucrânia

A jornalista independente baseada em Donetsk, Alina Lipp, da Alemanha, detalha seu processo pelo Estado alemão por violar novos códigos de discurso por meio de sua reportagem na República Popular de Donetsk.

Como o único repórter alemão no terreno em Donetsk, Lipp expôs forças ucranianas bombardeando civis, atacando uma maternidade, portos de mineração e bombardeando um celeiro cheio de milho para exportação. Ela enfrenta três anos de prisão se retornar ao seu país de origem.

The Grayzone

Max Blumenthal -- Editor-chefe do The Grayzone, Max Blumenthal é um jornalista premiado e autor de vários livros, incluindo o best-seller Republican Gomorrah ,  Goliath , The Fifty One Day War e The Management of Savagery . Ele produziu artigos impressos para uma série de publicações, muitas reportagens em vídeo e vários documentários, incluindo  Killing Gaza . Blumenthal fundou The Grayzone em 2015 para lançar uma luz jornalística sobre o estado de guerra perpétua dos Estados Unidos e suas perigosas repercussões domésticas.

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