quinta-feira, 28 de julho de 2022

Angola | TRADUÇÃO DE UMA FRASE ELEGANTE – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

A Somália ascendeu à independência um ano antes do início da luta armada pela libertação nacional em Angola. Os senhores do mundo (antigos colonialistas e actuais genocidas) elegeram o novo país como um exemplo de “democracia rural” em África. O problema é que entrou em campo o tribalismo primário e o país entrou em desagregação. Um golpe de estado militar pôs fim à instabilidade e ao divisionismo. O general Siad Barre e seus camaradas de armas adoptaram o socialismo como modelo político, social e económico. 

Desde essa data nasceram vários senhores da guerra e alguns dominaram a capital, Mogadíscio, com as suas milícias. O general Siad Barre, figura cimeira do Movimento dos Não Alinhados, partiu para o exílio na Nigéria e assim começou a somalização do país e de todo o Corno de África. Corria o ano de 1991. 

Os antigos colonialistas e actuais genocidas apostaram tudo na somalização de Angola em 1992, apenas uns meses depois do início do processo na Somália. Se a UNITA ganhasse as eleições, retalhar Angola conforme “os povos” era a política oficial de Jonas Savimbi. Se perdesse, como perdeu, a somalização fazia-se pela força das armas com cabos de guerra como Chhwale, Abílio Camalata Numa, Ben Ben, Abel Chivukuvuku, Uambu, Apolo e outros criminosos de guerra amnistiados em nome da unidade e reconciliação nacional. 

A UNITA nunca desistiu de somalizar Angola. E tentou que essa somalização tivesse respaldo constitucional. Um facto que levou os deputados Do Galo Negro a abandonarem a Assembleia Nacional quando foi votada a Constituição de 2010, é este: A sua proposta para inscrever no texto constitucional a existência de “povos angolanos” foi chumbada por uma maioria qualificada. Só existe o Povo Angolano. Só existe a Nação Angolana. Um só povo uma só nação.

A outra proposta chumbada, seria ainda mais grave, se fosse aprovada. Os deputados do Galo Negro queriam que a Constituição da República considerasse a terra como “propriedade do Povo” e não do Estado, como ficou aprovado. Políticos que não sabem o que é o Estado e acham que é a Jamba não podem andar na política. O Estado, somos nós, o Povo Angolano. Mas na Jamba ninguém ensinou isso aos sicários de Jonas Savimbi.

A UNITA, nesta campanha eleitoral, regressou ao conceito de “Povos Angolanos” e Adalberto da Costa Júnior disse, empolgado, durante um comício, que “a terra é dos nossos ancestrais, a terra é do Povo, não é do Estado como diz a Constituição”. Portanto, decorridos 20 anos das primeiras eleições multipartidárias, o projecto político do Galo Negro continua a ser somalizar Angola. A sua direcção continua a não saber que o Estado é o Povo Angolano. E ignoram que somos um só povo, uma só nação. Em Angola ninguém quer fazer do país vários quarteis dos senhores da guerra, muitas Jambas. Só mesmo Adalberto e seus parceiros querem.

O regresso de Abel Chivukuvu às fileiras é a prova de que continua vivo e actual o projecto de somalização de Angola. Em 1992, na cidade do Huambo, quando Jonas Savimbi rejeitou os resultados eleitorais, o mesmo Chivukuvuku ao lado do chefe, ameaçou: “Se a ONU publicar os resultados eleitorais vamos reduzir Angola a pó. Nós vamos somalizar Angola!” Publicados os resultados que revelaram a estrondosa derrota do Galo Negro, milhares de homens armados, que estavam escondidos em bases secretas no Cuando Cubango, ocuparam mais de dois terços de Angola. Tinha começado a primeira etapa da somalização.

Angola não foi somalizada pela UNITA e seus patrões porque milhares de jovens angolanas e angolanos se opuseram em todas as frentes de combate. Angola é um Estado livre e independente porque milhares de jovens ousaram pegar em armas contra o colonialismo. Temos generais que eram adolescentes quando foram lutar pela soberania nacional e a integridade territorial. Temos generais que estavam no seu conforto e deixaram tudo para impedir a somalização de Angola. Conheço generais das FAA que tinham pouco mais de 20 anos quando travaram as tropas invasoras da África do Sul na Cahama. 

Generais das FAA eram jovens professores, técnicos, estudantes e em 1974 deixaram tudo para lutar pela Independência Nacional. Ainda não tinham 30 anos quando derrotaram as tropas invasoras e seus aliados da UNITA no Triângulo do Tumpo, Cuito Cuanavale, no Cunene, no Ruacaná. Muitos deram a vida para impedir a somalização de Angola iniciada pela UNITA de Savimbi, Chivukuvuku e outros criminosos de guerra amnistiados. 

O general Francisco Furtado é ministro de Estado. Um oficial distinto e educado. Ganhou as estrelas nas frentes de combate, não lhe foram oferecidas pelos chefes militares e políticos do regime de apartheid. Não as comprou nos mercados informais de Kinshasa e outras capitais africanas que apoiavam a somalização de Angola. O general Furtado lutou contra a somalização de Angola. Bateu-se pela Soberania Nacional e a Integridade Territorial.

Se o general disse que quem ousar somalizar Angola leva no focinho, estava apenas a transmitir uma mensagem simples e directa aos angolanos e sobretudo à Juventude. Ele é um dos milhares de oficiais, sargentos e praças que ao longo de décadas deram no focinho aos invasores estrangeiros e seus aliados da UNITA. Não é falta de respeito. Não é descer ao nível do banditismo político da UNITA e seus sequazes. É simplicidade de linguagem e acção.

Ninguém pode apontar o dedo a um general que se bateu nas frentes de combate contra a somalização de Angola. E muito menos que qualifiquem a sua linguagem de violenta ou belicista. Nem pensem nisso. É apenas um aviso de um grande amigo do Povo Angolano. Porque os nossos generais que se bateram em todas as frentes de combate são, antes de tudo, os melhores amigos do Povo Angolano. Provaram isso sacrificando a juventude (anos que nunca mais viverão…), correndo mil perigos, derramando o seu sangue e não poucas vezes morrendo pela Pátria.

Como não sou general nem candidato a deputado, vou tornar a frase do general Furtado mais t erra a terra, para não ferir os ouvidos virgens de uma tal Laura Macedo: Esqueçam isso de somalizar Angola porque desta vez vão levar nos cornos com tal violência que nunca mais se endireitam. Acreditem em mim, que tive a honra de entrevistar alguns dos nossos mais destacados generais e sei do que eles são capazes, para defender a nossa amantíssima Pátria Angolana. Mas também vão ser cilindrados nas mesas e assembleias de voto.

*Jornalista

BRASIL DA FOME, ONTEM E HOJE -- Josué de Castro

O flagelo retorna e já assola 58% dos lares brasileiros. Sete conceitos do pensador pernambucano – como a ciência engajada – são pistas para superá-lo. Será preciso entender complexa geografia das injustiças e outro modelo de desenvolvimento

Renato Carvalheira do Nascimento | Outras Palavras

Este texto, originalmente intitulado “Sete chaves para pensar o atual cenário da fome no Brasil: a contribuição de Josué de Castro”, integra o livro recém-lançado da Editora Elefante: Dafome à fome: diálogos com Josué de Castro, organizado por Tereza Campello e Ana Paula Bortoletto. Quem apoia o jornalismo de Outras Palavras tem desconto de 25% na editora. Saiba mais

O teórico pernambucano Josué de Castro se inscreve no rol de intelectuais que apresentaram formas originais de compreender a realidade brasileira. Com ele, veio abaixo a imagem de um Brasil generoso, de natureza colossal e exuberante, no qual supostamente não haveria escassez de alimentos. Por meio de sua extensa e profunda obra, Josué de Castro descortinou um Brasil que, de norte a sul, de forma direta ou indireta, estava marcado pelo problema da fome — não tanto devido às condições naturais, mas, sobretudo, por causa do próprio homem e da estrutura socioeconômica implantada no país.

Os milhões de brasileiros que passam fome1 hoje sinalizam que a obra de Josué de Castro resiste à prova do tempo e precisa ser revisitada. Com o atual cenário marcado por um modelo de desenvolvimento agroexportador, com forte e crescente presença de produtos alimentícios ultraprocessados e profundas mudanças climáticas, uma nova geografia da fome vem se materializando.

Este texto se propõe a recolher os principais pontos da obra de Josué de Castro que estimulam o atual debate sobre a fome no Brasil. São sete ideias-forças que sustentam a construção de uma narrativa sobre esse fenômeno e contribuem para se pensar as profundas transformações — e consequências — dos sistemas alimentares no Brasil entre 1946, quando Geografia da fome foi lançado, e os dias de hoje.

1) A fome é multidisciplinar, com complexas dimensões

O conceito de fome construído por Josué de Castro é multifacetado, pois sua formação também o é. Diplomado como médico, ele nunca parou de estudar: interessou-se por vários temas e se envolveu com diferentes campos do conhecimento, como medicina, nutrição, geografia, antropologia, psicologia, sociologia, educação, filosofia, artes, economia política, ecologia, história e relações internacionais. Da interação entre tantas áreas de estudo, o intelectual pernambucano foi capaz de reunir múltiplos focos e olhares sobre o fenômeno da fome — o grande tema de sua trajetória, uma verdadeira missão a cumprir em vida.

Se nas primeiras publicações, nos anos 1920, suas preocupações eram mais ligadas à área médico-nutricional, a partir dos anos 1940 as questões de cunho social, político e econômico passam a ser cada vez mais incorporadas em sua obra (Magalhães, 1997). A abordagem do teórico parte dessa ampla formação, e é justamente nesse contexto que Geografia da fome, um livro-síntese, nasce em 1946.

Representando uma abordagem metodológica inovadora, sua obra retirou o tema da fome do enfoque parcial e miniaturizado em que se encontrava e o expandiu em diferentes ângulos, detectando-o e articulando-o com a realidade do Brasil como país subdesenvolvido. Josué de Castro concebeu a questão da alimentação como um complexo de manifestações simultaneamente biológicas e sociais, e ensinou: a fome é complexa, e complexos serão seu entendimento e sua solução. Para compreender esse fenômeno

são precisos, de um lado, estudos aprofundados da fisiologia da nutrição, dos caracteres físicos e morais do povo dessa região, de sua evolução demográfica, de sua capacidade e resistência orgânica e, de outro lado, estudos das condições físicas do meio, das suas condições econômicas, da organização social e dos gêneros de vida dos seus habitantes. Abarca, assim, o estudo da alimentação, capítulos de biologia, de antropologia, física e cultural, de etnografia, de patologia, de sociologia, de economia política e mesmo de história. (Castro, 1937, p. 22-3)

2) A fome como fenômeno social total

A noção de fome proposta por Josué de Castro pode ser explicada pelo conceito de fato social total ou fenômeno social total, inicialmente formulada pelo antropólogo francês Marcel Mauss no célebre Ensaio sobre a dádiva: forma e razão da troca nas sociedades arcaicas,publicado em 1923. Trata-se de um conceito central nas ciências sociais. No fato social total, exprimem-se, de uma só vez, as mais diversas instituições: religiosas, jurídicas, morais (políticas e familiares) e econômicas (Mauss, 2003, p. 187).

O conceito estabelece dois princípios essenciais. O primeiro propõe que um fenômeno social é sempre complexo e apresenta várias dimensões; além disso, esses princípios podem ser visualizados e entendidos a partir de diferentes ângulos, que, por sua vez, têm a finalidade de acentuar uma ou várias das dimensões existentes. É uma atividade com implicações em toda a sociedade, como uma totalidade. A partir dele, é possível interpretar vários aspectos de uma sociedade ao se estabelecer conexões com outros fenômenos sociais, econômicos ou culturais. O segundo princípio é que todo comportamento se volta para a sociedade ou para o grupo e só pode ser considerado, em primeiro lugar, fenômeno social nesse contexto. Assim, esse comportamento só pode ser entendido e estudado a partir das relações que estabelece com a sociedade. Casos individuais não são o foco dos fenômenos sociais.

Era exatamente o que pensava Josué de Castro sobre o fenômeno da fome, quando aparece diretamente relacionado ao contexto de uma nação terceiro-mundista, de um capitalismo atrasado e periférico, ligado à formação de um país escravocrata e agroexportador como o Brasil.

Nos primeiros escritos, o jovem médico lança mão de temas ausentes na discussão clínica da nutrição, como raça, evolução social e identidade nacional. A fome, enquanto fenômeno social total, perpassa, inclusive, nossa identidade como nação. Nesse sentido, a raça não era explicação para os males do Brasil, e sim a fome, que grassa principalmente entre a classe trabalhadora e mais pobre do país:

Se a maioria dos mulatos se compõe de seres estiolados, com déficit mental e incapacidade física, não é por efeito duma tara racial, é por causa do estômago vazio. Não é mal de raça, é mal de fome. É a alimentação insuficiente que não lhe permite um desenvolvimento completo e um funcionamento normal. […] Daí a importância do estudo científico da alimentação e o interesse dos verdadeiros sociólogos em conhecer os hábitos alimentares de cada povo, para melhor esclarecimento de sua formação e evolução econômico-sociais. (Castro, 1968a, p. 67-8)

Gradualmente, o conceito dessa calamidade social passa por um processo de conexão entre o sistema natural e o sistema social. Em especial a partir da obra Geografia da fome, o fenômeno ganha contornos não só médico-nutricionais, mas sociais, políticos, econômicos e históricos.

Portugal | O ESTAD0 DA RAÇÃO


Henrique Monteiro | Henricartoon

Portugal | O GOVERNO PS E A FARSA DOS CEREAIS

Quanto ao Plano Estratégico de Portugal para a Política Agrícola Comum, é sem surpresa que vemos mais uma oportunidade perdida para o País poder caminhar para a sua soberania alimentar.

Miguel Viegas* | AbrilAbril | opinião

De acordo com informação avançada pelo Instituto Nacional de Estatística, o ano de 2022 será o pior dos últimos 100 anos em produção de trigo. Isto quer dizer que a situação já de si catastrófica de Portugal em matéria de dependência externa irá piorar ainda mais. Revela-se assim o completo fracasso da Estratégia Nacional para a Promoção da Produção de Cereais lançada pelo Governo em 2018. Quanto ao Plano Estratégico de Portugal para a Política Agrícola Comum, que será apresentado dia 27 de julho pela ministra da Agricultura, é sem surpresa que vemos mais uma oportunidade perdida para Portugal poder caminhar para a sua soberania alimentar.

É reconhecida a nossa completa dependência do exterior em matéria de cereais. Ao nível dos cereais para consumo humano, é no trigo que a situação é mais gritante, na medida em que importamos cerca de 95% do que consumimos. Acresce que o trigo representa mais de 80% dos cereais consumidos. Perante esta calamidade, o Governo ensaiou mais um dos seus números de propaganda, lançando em 2018 a Estratégia Nacional para a Promoção da Produção de Cereais. Os seus três objetivos estratégicos passavam por (1) «Reduzir a dependência externa, consolidar e aumentar as áreas de produção», (2) «Criar valor na fileira dos cereais» e (3) «Viabilização da atividade agrícola em todo o território».


O gráfico mostra a evolução da produção de trigo e de centeio desde 1986. Os números falam por si e confirmam por um lado os impactos da Política Agrícola Comum (PAC) em Portugal e, por outro, a completa inoperância de sucessivos governos mais preocupados em obedecer às ordens de Bruxelas do que responder aos interesses do povo e do País. Quanto à «Estratégia Nacional para a Promoção da Produção de Cereais», ficaram, para além das boas intenções, certamente alguns milhões distribuídos pela casta de peritos e associações que gravitam à volta do Governo.

Entretanto o chamado PEPAC, Plano Estratégico para a PAC, é apresentado esta semana, no dia 27 de julho pela ministra da Agricultura. Este documento fundamental contém as regras que irão determinar como irão ser aplicadas as verbas da PAC em Portugal entre 2023 e 2027. O PEPAC contém mecanismos para aumentar a produção de cereais praganosos, prevendo um apoio ligado de 104 euros por hectares, tornando estas culturas mais atrativas.

Contudo, e notem isto, esta ajuda só se aplica às explorações com produtividades superiores a 1500 kg/hectare no caso do trigo e 750 kg/hectare no caso do centeio. Ou seja, com o argumento da União Europeia segundo o qual não se deve apoiar explorações ineficientes, estamos mais uma vez a canalizar as ajudas para as grandes áreas de regadio do Alentejo e Ribatejo, que vão assim continuar a concentrar os milhões de apoios que tanta falta fazem no interior ou em outras zonas deprimidas do País. O trigo de sequeiro fica praticamente inviável. Por outro lado, a possibilidade de apoiar o mosaico agroflorestal com milhares de pequenas parcelas onde se cultivava centeio de alta qualidade continuará apenas a ser mais uma recordação do tempo em que Portugal produzia boa parte do que consumia, ficando assim protegido de episódios como aquele que estamos neste momento a viver à escala internacional.

* O autor escreve ao abrigo do Acordo Ortográfico de 1990 (AO90)

Portugal | MP já arquivou quatro denúncias de abusos sexuais na Igreja

O Ministério Público (MP) já arquivou quatro das 17 queixas reportadas pela Comissão Independente (CI) para o Estudo dos Abusos de Menores na Igreja, revelou hoje a organização liderada pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht.

"Sobre depoimentos recebidos pela CI e que configurem possíveis situações não prescritas pela lei portuguesa, as mesmas serão sempre enviadas diretamente para o MP e Polícia Judiciária, quando exista já nesta instância queixa anteriormente reportada", adiantou a CI, acrescentando que, "neste momento, quatro já foram consideradas 'arquivadas' pelo MP".

Em comunicado, a organização sublinhou ainda que se mantém "atenta" aos testemunhos recebidos. O último balanço foi feito no passado dia 30 de junho indicando, na altura, que tinham sido validados 338 inquéritos e encaminhado 17 casos para o MP.

Sobre o caso noticiado pelo jornal Observador, que dá conta de que o atual cardeal patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, "teve conhecimento de uma denúncia de abusos sexuais de menores relativa a um sacerdote do Patriarcado e chegou mesmo a encontrar-se pessoalmente com a vítima, mas optou por não comunicar o caso às autoridades civis e por manter o padre no ativo com funções de capelania", a CI evitou alongar-se em comentários.

"A CI não revela nomes de alegados abusadores, de vítimas que pedem o anonimato e/ou possíveis locais de ocorrência de tais atos, sendo que apenas o fará em adenda específica, no final do trabalho, para o Ministério Público e Conferência Episcopal Portuguesa", justificou, assegurando guardar sigilo dos dados recebidos até à data.

Numa nota enviada à agência Lusa, o Patriarcado de Lisboa confirmou hoje a receção de uma queixa contra um padre na década de 1990 e manifestou-se "totalmente disponível" para colaborar com as autoridades no "apuramento da verdade" sobre os casos de abuso sexual por membros da Igreja, garantindo que o atual patriarca se encontrou "duas décadas depois" com a vítima e que esta "não quis divulgar o caso".

O Patriarcado informa que, "na altura, foram tomadas decisões tendo em conta as recomendações civis e canónicas vigentes" e que, "até este momento, (...) desconhece qualquer outra queixa ou observação de desapreço sobre o sacerdote", que chegou a ser responsável por duas paróquias da zona norte do distrito de Lisboa.

Segundo o Observador, "o sacerdote continuou a gerir uma associação privada onde acolhe famílias, jovens e crianças, com o conhecimento de D. Manuel Clemente".

De acordo com a nota enviada pelo Patriarcado, "o sacerdote está atualmente hospitalizado" e à Comissão Diocesana de Proteção de Menores não chegou "qualquer denúncia ou comunicação sobre o caso".

Notícias ao Minuto | Lusa | Imagem: © Lusa

Leia em Notícias ao Minuto: 

Abuso sexual. Cardeal-patriarca recebeu vítima, mas não denunciou caso

Portugal | QUEM NÃO QUER O PRESIDENTE DA AR ANTIFASCISTA E ANTIRACISTA?

RÉDEA CURTA NO CHEGA COM OS OLHOS NO HORIZONTE?

Filipe Garcia | Expresso (curto)

Augusto Santos Silva nunca foi conhecido por ser meigo. A postura sempre foi firme, as frases certeiras e o humor mordaz. Agora, ao fim de quatro meses como Presidente da Assembleia da República, tornou-se no centro da política portuguesa.

Porque há quem veja na sua relação com o Chega um extravasar das competências ou uma forma de marcar terreno para as presidenciais que se começam a ver no horizonte. Também porque há quem o acuse de não ter uma “conduta institucional com a imparcialidade e isenção exigíveis ao exercício do cargo”, naturalmente, o Chega.

A discussão está agora a ser feita. Pode ou não um Presidente da AR impedir discursos de ódio e linguagem menos própria na casa mais nobre da democracia? Será essa função exclusiva dos partidos com assentos reservados? E porque não o fazem? Numa coisa ninguém acredita, que Augusto Santos Silva o esteja a fazer de ânimo leve ou sem ter pensado bem nos prós e contras da rédea curta colocada em torno do grupo parlamentar do Chega.

Ontem, Santos Silva almoçou com Marcelo Rebelo de Sousa, mas sobre a polémica com o partido do extremo-direito do hemiciclo nem uma palavra. Amanhã será dia do líder passar no Palácio de Belém para apresentar as suas queixas. Ventura garante os soundbyte. E quem encontra solução para o crescimento do populismo?

CHINA - EUA | Porque é que a China não quer Nancy Pelosi em Taiwan?

A China já avisou que haverá represálias se a Presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, visitar Taiwan, a ilha democrática autónoma que o Governo chinês diz ser parte do seu território.

Segunda figura do Estado, Pelosi será a política americana de mais alto nível a visitar Taiwan desde 1997, porém a China já alertou que aplicará "medidas resolutas e fortes", sem adiantar mais pormenores, se a visita realmente se concretizar.

Porque é que Pelosi quer visitar Taiwan?

Pelosi tem sido uma crítica acérrima da China ao longo de mais de três décadas no Congresso, chegando a exibir um cartaz na Praça Tiananmen, em Pequim, em memória das vítimas mortais na sangrenta repressão contra os manifestantes pró-democracia em 1989. Ficou ainda do lado dos manifestantes de 2019 em Hong Kong, tornando-a alvo de críticas do Governo de Pequim.

Segundo Pelosi, é "importante mostrar o apoio a Taiwan", sublinhando a simpatia bipartidária do Congresso americano ao território, dada a luta que tem travado contra Pequim ao estabelecer valores democráticos fundamentais e adotar políticas liberais, como a autorização do casamento homossexual e um aumento da rede da segurança social no país.

Como é que esta visita levaria a um aumento das tensões entre EUA e China?

A China, que reivindica o Taiwan como parte do seu próprio território, já alertou que a ilha será anexada à força caso seja necessário e que tem preparada a sua força militar para o conseguir.

Pequim opõe-se a todos os contactos oficiais entre Taipé e Washington e ameaça rotineiramente represálias, tal como o cenário de 1995, quando a China lançou mísseis em águas próximas de Taiwan em resposta a uma visita aos EUA do então Presidente taiwanês, Lee Teng-hui.

Apesar dos peritos acharem improvável que a China utilize a força para impedir a aterragem do avião dos EUA com Pelosi em Taipé, a resposta do presidente Xi Jinping é difícil de prever.

É uma altura sensível para uma viagem dos EUA a Taiwan?

A visita a Taiwan nas próximas semanas pode coincidir com as celebrações chinesas do 1 de Agosto, o aniversário da fundação do Exército de Libertação do Povo - a ala militar do Partido Comunista no poder -, e sobrepor-se possivelmente a um telefonema planeado entre Biden e Xi Jinping.

Além disso, aproxima-se também a data do congresso chinês de final de ano, em que Xi procura alcançar o terceiro mandato de cinco anos no cargo, o que explicaria a sua resposta mais robusta e nacionalista.

Qual é a posição de Taiwan em relação à possível visita?

A presidente taiwanesa, Tsai Ing-wen, tem acolhido de braços abertos todos os dignitários estrangeiros dos EUA, Europa e da Ásia, usando estas visitas como baluarte contra o isolamento diplomático da China.

No entanto, as visitas têm sido geridas de forma serena e não como uma provocação contra a China, que continua a ser um parceiro económico crucial para Taiwan, que tem cerca de um milhão de taiwaneses residentes no país vizinho.

Apesar do povo taiwanês rejeitar as exigências de unificação da China, as capacidades militares de Taipé contra o exército chinês sem ajuda norte-americana são altamente questionáveis.

Ainda hoje, o porta-voz do Ministério da Defesa, Sun Li-fang, afirmou estar a monitorizar os movimentos de navios de guerra chineses e os aviões em redor da ilha.

"Temos confiança e a capacidade de garantir a segurança do nosso país", defendeu ele.

O Presidente norte-americano, Joe Biden, também já veio a público comentar que o Exército dos EUA não considera ser uma boa ideia a líder do Congresso efetuar a visita.

Diário de Notícias | Lusa | Imagem: Nancy Pelosi | © EPA/Michael Reynolds

Empresário norte-americano pede melhoria das relações EUA-China, diz WSJ

Nova York, (Xinhua) -- É do interesse nacional dos Estados Unidos, agora mais do que nunca, fazer todo o possível para melhorar as relações EUA-China, informou o The Wall Street Journal no início deste mês.

Muitas empresas chinesas fazem negócios nos Estados Unidos, assim como empresas norte-americanas na China, em todos os setores. Centenas de bilhões de dólares em bens e serviços são trocados anualmente, trazendo enormes benefícios para ambas as economias. "Devemos aproveitar isso", disse o artigo em 6 de julho.

"Entendo que visões de mundo opostas dificultam as tentativas de estabelecer um diálogo construtivo, mas, dado o que está em jogo, só faz sentido tentar", avaliou o artigo escrito por Maurice R. Greenberg.

"Fiquei encorajado ao ouvir o secretário de Estado Antony Blinken dizer em seu primeiro discurso importante sobre as relações EUA-China que o governo Biden está pronto para fortalecer a comunicação direta com Beijing", disse Greenberg, presidente e CEO da C.V. Starr & Co., em seu artigo.

"Os líderes empresariais de ambos os países podem alcançar resultados positivos apesar de suas diferenças", assinalou ele, observando que "reconhecendo isso, estabelecemos um pequeno grupo de líderes empresariais e políticos norte-americanos que têm experiência na China e compartilham a visão de que seríamos melhor servido por ter um relacionamento mais construtivo com a China".

O novo grupo visa ajudar a reconstruir esses canais e restabelecer um diálogo bilateral construtivo baseado no respeito e entendimento mútuos, acrescentou. 

Xi destaca socialismo com características chinesas para construir a China moderna

Xi destaca salvaguarda do socialismo com características chinesas para construir um país socialista moderno

Beijing, 28 jul (Xinhua) -- O presidente chinês, Xi Jinping, destacou a salvaguarda da bandeira do socialismo com características chinesas e os esforços para marcar um novo capítulo na construção de um país socialista moderno em todos os aspectos.

Xi, também secretário-geral do Comitê Central do Partido Comunista da China (PCCh) e presidente da Comissão Militar Central, fez as observações em uma sessão de estudo dos oficiais de nível provincial e ministerial realizada da terça a quarta-feira em Beijing.

Ele ressaltou a adesão ao socialismo com características chinesas e a orientação das últimas realizações na adaptação do marxismo ao contexto chinês e às necessidades do tempo em uma nova jornada para construir um país socialista moderno em todos os aspectos.

O presidente sublinhou o fortalecimento da confiança no caminho, teoria, sistema e cultura do socialismo com características chinesas e o impulso do processo histórico da revitalização da nação.

Xi também salientou a implementação coordenada do Plano Integrado de Cinco Esferas e da Estratégia Abrangente de Quatro Pontos ao escrever um novo capítulo da construção de um país socialista moderno em todos os aspectos.

A cerimônia de abertura da sessão de estudos contou com a presença de Li Keqiang, Li Zhanshu, Wang Yang, Wang Huning, Zhao Leji e Han Zheng, todos membros do Comitê Permanente do Birô Político do Comitê Central do PCCh. O vice-presidente chinês, Wang Qishan, também participou do evento.

Notando a importância do vindouro 20º Congresso Nacional do PCCh ser realizado em um momento crucial na nova jornada para construir um país socialista moderno em todos os aspectos, Xi disse que as metas, tarefas e políticas para a causa do Partido e do país pelos próximos cinco anos e além serão formuladas no evento.

Coreia do Norte diz estar pronta para qualquer conflito militar com os EUA

"As nossas forças armadas estão totalmente preparadas para responder a qualquer crise", garante Kim Jong-un

A Coreia do Norte advertiu na quarta-feira os EUA que está pronta para qualquer conflito militar e ameaçou a vizinha Coreia do Sul com a "aniquilação" face a qualquer tentativa de derrubar o regime norte-coreano.

"As nossas forças armadas estão totalmente preparadas para responder a qualquer crise e a dissuasão nuclear da nossa nação também está pronta para mobilizar a sua força absoluta de forma fiável, precisa e rápida", disse o líder norte-coreano, Kim Jong-un, na noite de quarta-feira, num discurso para assinalar o Dia da Vitória, que marca o fim da Guerra da Coreia, em 27 de julho de 1953.

No discurso do 69.º aniversário do fim da guerra, Kim acusou os Estados Unidos de aplicarem um "duplo padrão", qualificando as atividades de Washington de "provocadoras e ameaçadoras" ao conduzir "exercícios [militares] conjuntos de grande escala que ameaçam seriamente a segurança" da Coreia do Norte, informou a agência de notícias oficial norte-coreana, a KCNA.

O jornal estatal Rodong publicou esta quinta-feira uma série de fotografias de Kim Jong-un durante este mesmo discurso, naquela que é a primeira aparição pública do líder em 19 dias. Kim aparece também a saudar as forças militares nacionais, acompanhado da mulher, Ri Sol-ju.

A celebração incluiu fogo de artifício e vários eventos ao longo do dia, incluindo uma reunião de veteranos de guerra.

Kim Jong-un também acusou o Presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, que desde que assumiu o cargo, a 10 de maio, adotou uma linha mais dura contra o país vizinho.

Pyongyang alertou que qualquer tentativa de Seul de incapacitar o país seria recebida com uma resposta dura, incluindo a "aniquilação". Acusou, além disso, Seul de apoiar a "política hostil" dos Estados Unidos em relação a Pyongyang.

TSF | Lusa | Imagem: © KCNA/KNS/AFP

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