domingo, 23 de outubro de 2022

Angola | O Desertor Ameaça com Crimes de Guerra – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O Acordo de Bicesse marcou o início da democracia representativa em Angola, pendurada na economia de mercado ou o capitalismo, quantio mais selvagem, melhor para os ricos. Savimbi estava a assinar o documento e ao mesmo tempo os seus sicários escondiam em bases secretas do Cuando Cubango milhares de homens armados e as melhores armas, inclusive os mísseis stinger que o “amigo Reagan” ofereceu aos racistas de Pretória, via UNITA.

As eleições correram mal aos mentores do banditismo político e a UNITA foi estrondosamente derrotada. Savimbi e seus sicários convenceram-se de que bastava gritar fraude eleitoral para tomarem o poder sem dificuldades. Um engano trágico que custou a vida a milhares de angolanos, causou milhões de refugiados e deslocados, biliões de prejuízos em equipamentos sociais destruídos, empresas saqueadas ou simplesmente arrasadas. Na altura, Marcolino Moco denunciou que “a UNITA quer matar a democracia ainda no ovo”. Estava cheio de razão. Por isso, todos os partidos com deputados na Assembleia Nacional aceitaram fazer parte do seu governo, excepto os sicários da UNITA, empenhados no assassinato do regime democrático que começava a dar os primeiros passos.

Uma jovem comentadora apareceu ante as câmaras da TPA dizendo que não quer saber desses tempos porque “nessa altura eu ainda nem era nascida”. Disse isto com convicção, não foi uma boca despejada à maneira do Ismael Mateus ou qualquer outro guru do Presidente João Lourenço. E a juventude caminha alegremente para o desastre, porque faz gala da sua ignorância. Sobretudo, muitos jovens hoje fazem questão de apagar o passado, para não terem que pensar muito. É mais cómodo pensar pela cabeça dos outros e reivindicar casas, apoios nos estudos ou nas actividades económicas, empregos o mais bem remunerados possível. Os outros que se lixem. 

Os que lá no passado lutaram até ao sacrifício das suas vidas, pela Soberania Nacional e a Integridade Territorial, não existem. E se teimam em existir, que não se metam no caminho dos jovens de hoje, ensinados, treinados e mobilizados para receber tudo e não darem nada em troca. O sistema é assim, vive do egoísmo, da alienação, do oportunismo, da submissão, nem que seja ao Nelito Ekuikui e outros bandidos profissionais infiltrados na política.

Quando eu era miúdo, nas férias grandes tinha que trabalhar na tonga, de bitola e catana na mão. Capinava os pés de café ao longo de horas, sob um sol ardente. Quando tocava a sineta, às cinco da manhã, se continuava enroscado na cama, logo vinha meu Pai e berrava: Aqui, quem não trabalha não come! Quem não estuda vai vergar a mola. Quem reprova vai para mafuka do armazém carregar sacos de café. Quem queria casa, alugava. Quem queria emprego, lutava por ele. Quem queria divertimento ganhava primeiro o dinheiro para se divertir.

Professores avisam que voltarão à greve se reivindicações não forem atendidas

ANGOLA

Conselho Nacional do Sindicato Nacional de Professores (Sinprof) de Angola disse que vai retomar a greve suspensa a 24 de abril de 2021, caso as suas reivindicações não sejam atendidas.

O comunicado final da IV reunião ordinária do Conselho Consultivo do Sinprof, que decorreu entre quinta-feira e ontem (21.10), refere que as próximas greves foram agendadas para três períodos. A primeira, entre 23 e 30 de novembro próximo, a segunda, entre 06 e 16 de dezembro, e a terceira, entre 03 e 31 de janeiro.

No documento, o Conselho Consultivo do Sinprof apela ao Executivo para que desagrave a incidência do Imposto sobre o Rendimento do Trabalho (IRT), nos salários dos professores e a anulação do seu desconto nos subsídios, face ao impacto negativo na remuneração dos agentes da educação.

O Conselho Nacional também manifesta preocupação com o número de professores que anualmente abandonam o setor da educação, "por entenderem que a profissão docente continua a não ser uma profissão atrativa".

Mercantilização do ensino no país

Outra preocupação constante no documento tem a ver com "a tendência crescente de mercantilização do ensino no país, com realce para a província de Luanda, onde existem mais escolas privadas, público-privadas que escolas públicas".

"O Conselho Nacional apela os gestores públicos a absterem-se da prática de transformação de escolas construídas com fundos públicos em escolas privadas ou público-privadas", sublinha o comunicado.

Na reunião foi também abordada a questão do insuficiente orçamento atribuído ao setor da educação, exortando o Conselho Nacional do Sinprof aumento da "fatia orçamental para Educação no OGE para o próximo ano económico em 20%, para possibilitar a melhoria dos indicadores de qualidade da educação, que passam, essencialmente, pela contratação de mais e melhores professores para cobrir o défice existente no setor".

Moçambique | Terrorismo em Cabo Delgado: "Conflito não tem saída por vias militares"

Como acabar com o conflito na província moçambicana de Cabo Delgado, cinco anos depois dos primeiros ataques? Investigador Borges Nhamirre diz que as tropas devem continuar no terreno, mas é preciso também dialogar.

Há precisamente cinco anos, quando os primeiros ataques de um grupo armado desconhecido tiveram como alvo três postos da polícia da vila de Mocímboa da Praia, no norte de Moçambique, começou um novo capítulo na história do país.

O norte moçambicano é uma região é rica em recursos naturais, como o gás. Mas os projetos tiveram de parar com o avanço dos terroristas. Os ataques levaram à fuga de cerca de um milhão de pessoas, segundo os dados mais recentes do Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR). 4.000 pessoas foram mortas.

Há mais de um ano, as forças do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) juntaram-se ao Exército moçambicano no combate aos terroristas e começaram a libertar territórios ocupados. Mas recentemente houve uma novaonda de ataques noutras áreas.

Em entrevista à DW, o investigador moçambicano Borges Nhamirre, do Centro de Integridade Pública (CIP), diz que é preciso continuar a apoiar as ações militares para conter a ameaça terrorista. Apela, no entanto, à abertura de um canal de diálogo com os insurgentes.

"É importante aprendermos com a nossa história para acabar com este conflito em Cabo Delgado", afirma Nhamirre. "Depois de 16 anos brutais de guerra [civil], só quando houve diálogo é que alcançámos a paz."

PORTUGAL, UM DESTINO PARA TRABALHAR

Inês Cardoso* | Jornal de Notícias | opinião

Por estes dias, a ministra do Trabalho esteve em Cabo Verde, onde se dão os primeiros passos num acordo de mobilidade que visa recrutar e dar formação a trabalhadores interessados em vir para Portugal. É a primeira de várias missões previstas nos países da CPLP, numa altura em que se estimam em centenas de milhares as necessidades de trabalhadores em setores como a construção ou o turismo.

A falta de mão de obra não surpreende num país envelhecido e que terá, nos próximos anos, dificuldade em renovar a população ativa, a não ser recorrendo à imigração. Nem por isso os serviços públicos foram preparados para agilizar e dar resposta à vaga de pessoas que tem chegado. O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras confirma ter atualmente 25 mil inscritos à espera de agendamento da entrevista que lhes permita regularizar a situação, uma resposta que em média está a demorar dois anos.

Sem autorização de residência, os imigrantes não podem sair do país, vendo limitados direitos tão simples como visitar as suas famílias. Apesar de a documentação provisória lhes permitir trabalhar, as portas abrem-se com menos facilidade e aumentam situações de desconfiança e discriminação. Um imigrante nesta situação está sempre mais fragilizado, logo mais exposto a exploração laboral, entraves na habitação ou outros abusos.

Criar acordos e fazer campanhas de promoção de Portugal como destino para nómadas digitais serve de pouco, quando as autoridades não cumprem a sua função de acolher e dar condições a todos os que nos procuram para trabalhar e viver. Os imigrantes são o único amortecedor na baixa taxa de natalidade do país, um reforço inestimável da população ativa, uma absoluta mais-valia na cultura e diversidade social. Enquanto não os recebermos de braços abertos, com plenos direitos de facto e sem incoerências entre o discurso político e a prática de todos os dias, estaremos a ficar mais pobres.

Diretora do "Jornal de Notícias"

Portugal | MORREU ADRIANO MOREIRA, UM TRANSMONTANO SEM RESSENTIMENTOS

Académico, político e mestre, Adriano Moreira sempre colocou "os interesses do país acima das discordâncias" pessoais e manteve as amizades antifascistas mesmo sendo ministro de Salazar, que o via como uma figura da esquerda moderada.

Adriano Moreira, um democrata-cristão que se tornou praticamente consensual como mestre de muitas gerações após passar de opositor do Estado Novo a ministro de Salazar e presidente de um partido democrático, morreu este domingo com 100 anos. Foi colunista do DN durante vários anos.

Professor catedrático e estudioso de política internacional, sobre a qual escreveu inúmeros artigos nos muitos anos como colunista do Diário de Notícias, era presidente honorário da Sociedade de Geografia e da Academia de Ciências (onde agora dirigia o Instituto de Altos Estudos). Vice-presidente da Assembleia da República (1991-95), doutor honoris causa por diversas universidades portuguesas e estrangeiras, escreveu numerosas obras nas áreas do Direito, da Ciência Política ou das Relações Internacionais, presidiu ao Conselho Nacional de Avaliação do Ensino Superior (de 1998 a 2007) e ao Conselho Geral da Universidade Técnica de Lisboa, entre muitos outros cargos ligados à academia.

Transmontano e católico que se manteve sempre ligado às origens, Adriano Moreira distinguiu-se como um pensador que apenas se interessou pela política após iniciar a vida académica. Ministro do Ultramar no início dos anos 1960, sem ter pertencido à União Nacional ou à Mocidade Portuguesa, voltou a dar aulas depois de deixar o governo e estava no Brasil durante o chamado Verão Quente de 1975 - onde ficou para evitar a prisão.

Regressado a Portugal três anos depois, Adriano Moreira recuperou os seus direitos políticos e foi reintegrado na academia por Ramalho Eanes. Deputado à Assembleia da República em 1980, foi presidente do CDS entre 1986 e 1988 (cargo que voltou a exercer de forma interina em 1991-1992) e vice-presidente da Assembleia da República (de 1991 a 1995) - e foi conselheiro de Estado, eleito pelo Parlamento, entre 2015 e 2019.

CRUZADA CONTRA OS LIVROS NOS EUA -- censura e obscurantismo

Movimentos ultraconservadores infiltram-se em conselhos. Intimidam educadores e pressionam para tirar de circulação, em bibliotecas e escolas, obras que abordam raça, gênero e sexualidade. Estudantes reagem para reverter retrocessos

A imagem documenta alunos, pais e educadores se reuniram do lado de fora do Centro de Serviços Educacionais do Distrito Escolar de Central York para protestar contra a lista de livros proibidos – a foto é de Dan Rainville

Stephanie K, no Liberation, com tradução na Revista Opera* | em Outras Palavras

Nos últimos dois anos, um amplo movimento conservador contra livros que exponham temas relacionados à comunidade negra, LGBTQ, e outros setores oprimidos, tem crescido nos Estados Unidos. Apesar do trabalho de muitos sistemas regionais de educação pública para incluir uma maior diversidade de livros nas salas de aula e bibliotecas, a reação conservadora está em alta. O que está por trás dessa tendência?

#Publicado em português do Brasil

1 – A proibição obsessiva de livros tem raízes na história recente dos EUA, mas sua ferocidade hoje é sem precedentes

A Associação de Bibliotecas Americanas (ALA) observou em um relatório recente que 2021 foi o ano com o maior aumento de objeção a livros, isto é, membros da comunidade se opondo à inclusão de um livro em uma biblioteca. Enquanto grupos religiosos conservadores e de direita há muito tempo vêm tentando censurar materiais disponíveis ao público, esse aumento drástico de objeções a livros representa um esforço concentrado e preocupante por parte de grupos reacionários para controlar o que os jovens podem aprender sobre raça, gênero e sexualidade. Enquanto em 2020 a ALA contou 156 casos de objeção a livros, 729 casos foram reportados em 2021.

Além disso, governos estaduais nos Estados Unidos aprovaram leis contra o ensino da Teoria Crítica Racial (TCR); ela agora se tornou uma expressão geral usada pela direita para abranger qualquer material educacional que destaque o racismo e a intolerância enraizados na história dos Estados Unidos. Em setembro, sete Estados baniram qualquer coisa considerada “Teoria Crítica Racial” das escolas públicas, e outros 16 Estados estão em processo de aprovar proibições similares.

2 – Grupos de  pais, apoiados por organizações conservadoras bem financiadas, estão usando campanhas de proibição de livros em um esforço de mobilização das bases da extrema-direita

No Estado do Missouri, por exemplo, pais participaram de reuniões do conselho escolar em pelo menos quatro distritos diferentes sob a orientação de um autoproclamado “grupo de direitos dos pais” chamado No Left Turn (Não Vire à Esquerda, em tradução livre). O grupo tem ligações documentadas com os bilionários irmãos Koch, que promovem organizações anti-sindicais e contra a educação pública nos EUA.

Outro grupo promovendo proibições de livros é o “Mães para a Liberdade.” Este grupo é fortemente promovido por outro grupo conservador, o Pais em Defesa da Educação (Parents Defending Education), que tem ligações com o Cato Institute, um think tank fundado pelo bilionário de direita Charles Koch, de acordo com o The Guardian.

MEIO-DIA NUCLEAR NA EUROPA – Scott Ritter

Scott Ritter* - Especial para o Consortium News

Agora é a hora de Biden esclarecer a doutrina nuclear dos EUA. Mas ele permanece em silêncio.

#Traduzido em português do Brasil

Na segunda-feira, 17 de outubro, a Organização do Tratado do Atlântico Norte deu início à Operação STEADFAST NOON, seu exercício anual de sua capacidade de travar um conflito nuclear. Dado que o guarda-chuva nuclear da OTAN se estende exclusivamente sobre a Europa, o fato indiscutível é que STEADFAST NOON nada mais é do que o treinamento da OTAN para travar uma guerra nuclear contra a Rússia.

Guerra nuclear contra a Rússia.

O leitor deve deixar isso afundar por um momento.

Não se preocupe, o porta-voz da OTAN Oana Lungscu assegurou ao resto do mundo , o objetivo do STEADFAST NOON é garantir que a capacidade de combate nuclear da OTAN “permaneça segura e eficaz”. É um exercício de “rotina”, não vinculado a nenhum evento mundial atual. Além disso, nenhuma arma nuclear “real” será usada – apenas armas “falsas”.

Nada para se preocupar aqui.

Entra Jens Stoltenberg, secretário-geral da OTAN, bem no palco do teatro nuclear. Em uma declaração à imprensa em 11 de outubro, Stoltenberg declarou que “a vitória da Rússia na guerra contra a Ucrânia será uma derrota da OTAN”, antes de anunciar ameaçadoramente: “Isso não pode ser permitido”.

Para esse fim, afirmou Stoltenberg, os exercícios nucleares STEADFAST NOON continuariam conforme programado. Esses exercícios, disse Stoltenberg, foram um importante mecanismo de dissuasão diante das “ameaças nucleares veladas” russas.

Mas eles não estavam relacionados a nenhum evento mundial atual.

Entra Volodymyr Zelensky, à esquerda do palco. Falando ao Lowy Institute , um think tank de política internacional apartidário na Austrália, o presidente ucraniano pediu que a comunidade internacional realize “ataques preventivos, ações preventivas” contra a Rússia para impedir o uso potencial de armas nucleares pela Rússia contra a Ucrânia.

Enquanto muitos observadores interpretaram as palavras de Zelensky para implicar um pedido para a OTAN realizar um ataque nuclear preventivo contra a Rússia, os assessores de Zelensky foram rápidos em tentar corrigir o registro, dizendo que ele estava simplesmente pedindo mais sanções.

Entra Joe Biden, no centro do palco. Falando em uma arrecadação de fundos em 6 de outubro, o presidente dos Estados Unidos disse que “pela primeira vez desde a crise dos mísseis cubanos, temos uma ameaça direta do uso de uma arma nuclear se de fato as coisas continuarem no caminho. eles estão indo."

Biden continuou: “Temos um cara que conheço bastante bem. Ele não está brincando quando fala sobre o uso potencial de armas nucleares táticas ou armas biológicas ou químicas porque suas forças armadas estão, pode-se dizer, com desempenho significativamente abaixo do esperado”.

Biden concluiu: “Não acho que exista a capacidade de usar facilmente uma arma nuclear tática e não acabar com o Armageddon”.

Embora tenha sido bastante claro pela Casa Branca que os comentários de Biden eram sua opinião pessoal, e não baseados em nenhuma nova inteligência sobre a postura nuclear russa, o fato de um presidente dos EUA estar falando sobre a possibilidade de um “Armagedom” nuclear deveria enviar calafrios na espinha de cada indivíduo são no mundo.

Quatro razões pelas quais o retorno de Boris Johnson pode terminar em desastre

Toby Helm , editor político | The Guardian

Um retorno do ex-primeiro-ministro está repleto de perigos potenciais que podem fragmentar ainda mais o Partido Conservador

#Traduzido em português do Brasil

Boris Johnson divide opiniões no partido conservador e no país. Seus partidários conservadores acreditam que ele é a única pessoa que teria chance de ganhar a próxima eleição para eles. Eles apontam que, apesar de ter sido deposto em julho, ele ainda tem um mandato, tendo conquistado uma maioria de 80 assentos para os conservadores nas eleições gerais de 2019. Por causa disso, eles argumentam que os apelos do Partido Trabalhista e de outros partidos para uma eleição geral teriam muito menos ressonância sob o governo de Johnson Mark II. Mas outros conservadores acreditam que uma segunda passagem no número 10 seria ainda mais desastrosa do que a primeira, e a curta liderança de Liz Truss, pelas seguintes razões.

Seu retorno dividiria, possivelmente destruiria, o partido

Oprimido por escândalos, incluindo o Partygate, Johnson foi forçado a renunciar em julho, depois que mais de 50 ministros e assessores do governo renunciaram , dizendo que não podiam mais apoiá-lo. A maioria dos parlamentares conservadores achou que ele deveria ir nessa época e uma grande maioria dos eleitores. Se ele voltasse – como se sua remoção não tivesse sido motivada por questões de princípio – muitos desses mesmos parlamentares e ex-ministros ficariam furiosos. Um grande número de ex-ministros se recusaria a servir ou apoiar Johnson e alguns parlamentares de bancada deixariam o partido. Um partido parlamentar já dividido por divisões seria potencialmente ingovernável no momento de uma crise econômica e quando os conservadores estão cerca de 30 pontos atrás nas pesquisas.

O pior do Partygate – e o papel de Johnson nele – ainda está por vir

Parlamentares conservadores e trabalhistas dizem que investigações do comitê de privilégios da Câmara dos Comuns sobre se Johnson enganou os deputados sobre a violação das regras do Covid partidos no nº 10 estão apresentando evidências tão devastadoras de que ele poderia “ter ido até ao Natal” se fosse reinstalado. Uma grande quantidade de documentos de dentro do nº 10 já foi entregue a Harriet Harman, do Partido Trabalhista, que está presidindo o inquérito pelo comitê de privilégios dos Comuns. As sessões de provas nas quais Johnson deve aparecer começarão em novembro. Essa perspectiva já convenceu Dominic Raab, ex-vice-primeiro-ministro de Johnson, a pensar novamente em tentar um retorno que poderia levar ele e seu partido a uma crise ainda mais profunda. Para o partido Tory perder outro líder (embora um recauchutado) depois de apenas uma questão de semanas, provavelmente seria terminal. Se for descoberto que Johnson enganou a Câmara dos Comuns, ele pode ser suspenso, tornando sua posição insustentável.

A economia e os mercados seriam desestabilizados – novamente.

Johnson nunca foi de disciplina fiscal e, após o desastre dos cortes de impostos não financiados de Liz Truss , seu retorno pode abalar os mercados financeiros novamente, depois que Jeremy Hunt trouxe alguma calma ao descartar o plano econômico de Truss . Johnson também está pessoalmente associado a muitos dos projetos de infraestrutura de alto custo que provavelmente estarão na mira do chanceler no corte de gastos públicos. O retorno de Johnson pareceria um retrocesso e provavelmente não sinalizaria tempos mais estáveis ​​à frente para os mercados financeiros.

A imprensa de direita e a opinião pública

No sábado, até alguns comentaristas de direita estavam argumentando que Johnson deveria ficar de lado e não tentar um retorno. Seu tempo havia passado. Esta foi a opinião de Charles Moore em sua coluna Daily Telegraph . Também havia sinais de que o Sun e o Daily Mail estavam se protegendo, ansiosos para não apoiar um perdedor, como haviam feito com Truss, e vendo os perigos de outro ato de automutilação dos conservadores.

Imagem: Um retorno ao cargo máximo para Boris Johnson dividiria – ou até destruiria, alguns temem – o partido conservador.  Fotografia: Murdo MacLeod/The Guardian

Os EUA, a inspiração do Terceiro Reich e o apoio aos neonazis da Ucrânia

A conexão EUA-nazismo desde a Segunda Guerra Mundial: da inspiração do Terceiro Reich ao apoio aos neonazis da Ucrânia

Timothy Alexander Guzmán* | Global Research

A máfia em Washington, Londres, Bruxelas e Tel Aviv faria qualquer coisa para manter seu projeto de “Ordem Mundial Unipolar” em vigor, de fato, estão ficando desesperados para manter os poderes restantes que restaram, mesmo que isso signifique colaborar com seus piores inimigos. Há um conhecido provérbio antigo “O inimigo do meu inimigo é meu amigo” que soa verdadeiro hoje, especialmente porque Washington, a CIA, o Complexo Militar-Industrial, junto com o Mossad e a OTAN apoiaram terroristas conhecidos, incluindo o Estado Islâmico. (ISIS), Al Qaeda e outros grupos para derrubar governos que eles não aprovam, especialmente no Oriente Médio.

#Traduzido em português do Brasil

No entanto, seu apoio aos terroristas que foram seus inimigos em um momento ou outro não começou com suas guerras de mudança de regime contra a Síria ou a Líbia, a ideia de apoiar seus inimigos começou durante e após a Segunda Guerra Mundial, quando o governo dos EUA recrutou nazistas ucranianos para combater seu novo inimigo, a União Soviética. Que estranha reviravolta saber que os soviéticos que lutaram contra os nazistas com seus aliados americanos e europeus durante a guerra foram vistos como uma nova ameaça. Washington e o resto de suas coortes da máfia usaram os nazistas naquela época, como agora estão usando terroristas jihadistas hoje em sua guerra pela dominação mundial, não importa quais sejam os custos a longo prazo.

Então, quem eram os nazistas e por que Washington estava interessado em recrutá-los em primeiro lugar? Para começar, os nazistas tinham membros envolvidos em várias disciplinas científicas e tecnológicas nas quais o governo dos EUA estava interessado e mais tarde os utilizaria para produzir todos os tipos de armas de guerra e operações psicológicas para suas futuras operações militares, mas entraremos em mais detalhes Em breve.

No entanto, os nazistas seguiram uma ideologia fascista de extrema direita que era autoritária que coincidia com princípios ultranacionalistas que rejeitavam a anarquia, o comunismo, a democracia, o republicanismo, o socialismo e outras formas de governo que eram vistas como uma ameaça ao seu poder crescente. E por mais insano que pareça, os nazistas também usaram o racismo científico,ou o que podemos chamar de eugenia para manipular os pools de genes humanos, separando certos grupos de pessoas entre aqueles que são considerados inferiores para promover aqueles que foram considerados superiores. Depois, há o elemento de antissemitismo que prevalecia no Terceiro Reich. O nazismo levou ao genocídio, tortura, esterilizações forçadas, prisão de seus opositores, deportações e outras atrocidades entre aqueles que não se encaixavam no perfil de ultranacionalista, especialmente se você não tivesse as qualidades raciais que eles exigiam para seu movimento.

Se olharmos para trás na história do fascismo, suas raízes foram baseadas na Europa quando Louis-Napoléon Bonaparte 'aka' Napoleão III governou a França com mão de ferro de 1848 a 1852 tinha os elementos de um estado fascista/nazista.

O extermínio dos selvagens vermelhos pela América inspirou Adolf Hitler 

Adolf Hitler, o chanceler nomeado pela Alemanha assumiu a liderança na imposição de políticas fascistas em seu país quando chegou ao poder em 30 de janeiro de 1933. Os aliados de Hitler também conhecidos como Aliança do Eixo , Benito Mussolini da Itália e Hirohito do Japão Imperial tinham políticas semelhantes.

Então, o que inspirou esse tipo de ideologia? De onde os nazistas se inspiraram?

É um fato conhecido que Adolf Hitler admirava as maneiras dos Estados Unidos de lidar com certos grupos em sua curta história, desde as leis Jim Crow contra os afro-americanos até as populações indígenas que foram enviadas para campos de prisioneiros durante as guerras dos índios americanos.

O livro Adolf Hitler: The Definitive Biography, de John Toland, afirma que:

“O conceito de Hitler de campos de concentração, bem como a praticidade do genocídio, deviam muito, segundo ele, a seus estudos da história inglesa e dos Estados Unidos”, e que “ele admirava os campos para prisioneiros bôeres na África do Sul e para os índios no Oeste selvagem; e muitas vezes elogiava em seu círculo íntimo a eficiência do extermínio da América – por fome e combate desigual – dos selvagens vermelhos que não podiam ser domados pelo cativeiro.” 

Então, quando a ideia de um 'campo de concentração' entrou em vigor? Foi sob o presidente e democrata dos EUA, Andrew Jackson, que introduziu “depósitos de emigração” como parte de sua Lei de Remoção de Índios de 1830, onde dezenas de milhares de povos indígenas foram forçados ao que foi chamado de 'campos de prisão' e incluíam os Seminoles, Cherokee, Choctaw, Muscogee e outras nações tribais principalmente na parte sul dos Estados Unidos e que incluíam Alabama e Tennessee.

Um outro elemento de como o modelo de governança dos EUA que influenciou a Alemanha nazista foram as Leis Jim Crow. James Q. Whitman, um estudioso jurídico e autor de 'Hitler's American Model: The United States and the Making of Nazi Race Law' escreveu uma introdução sobre como os nazistas viam as leis raciais americanas:

Na ata de abertura, o Ministro da Justiça Gurtner apresentou um memorando sobre a lei racial americana, que havia sido cuidadosamente preparado por funcionários do ministério para os propósitos da reunião; e os participantes retornaram repetidamente aos modelos americanos de legislação racista no decorrer de suas discussões. É particularmente surpreendente descobrir que os nazistas mais radicais presentes foram os mais ardentes defensores das lições que as abordagens americanas trouxeram para a Alemanha. Não, como veremos, nesta transcrição não é o único registro do envolvimento nazista com a lei racial americana. No final da década de 1920 e início da de 1930, muitos nazistas, inclusive o próprio Hitler, levaram a sério a legislação racista dos Estados Unidos.

Leia: A CIA pode estar produzindo o terror nazista na Ucrânia

Meu objetivo é narrar essa história negligenciada dos esforços nazistas para extrair inspiração da lei racial americana durante a elaboração das Leis de Nuremberg, e perguntar o que ela nos diz sobre a Alemanha nazista, sobre a história moderna do racismo e especialmente sobre a América

As leis raciais inspiradas nos Estados Unidos foram impostas à sociedade alemã com o estabelecimento das leis de Nuremberg que foram aprovadas em 15 de setembro de 1935. Os nazistas viram as leis raciais americanas como uma política adequada que eles podem implementar em vários grupos, como os judeus que eventualmente tornaram-se não-cidadãos. Nativos americanos, filipinos, afro-americanos e outros também eram considerados não-cidadãos, mesmo que vivessem nos EUA ou em seus territórios colonizados. Mas havia um aspecto das leis raciais dos EUA que interessava aos nazistas e eram as leis anti-miscigenação que proibiam casamentos interraciais em cerca de 30 estados americanos onde aqueles que infringiam a lei nos EUA recebiam uma punição criminal severa.

ENERGIA A TODO O GÁS E FALSAS AMIZADES – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

A Península Ibérica não tem energia. Tinha umas minas de carvão que ficaram exauridas. Agora os povos peninsulares só produzem gás sulfídrico (peidos) e arrotam postas de pescada. Num momento em que a União Europeia está sem energia, António Costa e Pedro Sánchez vão fazer um corredor ibérico para levar a energia, através dos Pirinéus, para o resto da Europa. O Emanuel Macron entra com as montanhas e os outros dois, com os gases. Peido de português ou espanhol é de altíssima qualidade energética.

A direcção da União Europeia esteve reunida vários dias com os chefes de governo do cartel e foi tomada uma decisão histórica. Impuseram um tecto máximo ao preço do gás e do petróleo. É preciso tê-los no sítio. 

A rainha da Noruega lembrou timidamente que a Europa ocidental não tem gás, não tem petróleo não tem sol, não tem nada que dê energia. Então não podem ser eles a impor o preço da mercadoria que faz mover fábricas e aquecer casas no Inverno duro. A desgraçada foi logo excomungada pelo bispo Belmiro Chissengueti, a pedido dos bispos da União Europeia. Toma lá!

A União Europeia também decidiu mandar para a Ucrânia mais 18 mil milhões de euros. Um sinal. Porque há muito mais para os mísseis da Federação Russa torrarem. Querem armas? Tomem lá armas. 

A maior parte das remessas de armas vai logo direitinha para o mercado negro. Outra parte fica fora de combate nos bombardeamentos. E a pequena parte que chega ao destino não tem quem as use. Sim. A Ucrânia já não tem tropas. Já não tem Marinha. Já não tem Força Aérea. Apenas ruínas e milhares de pessoas em sofrimento extremo. Porque a guerra é coisa boa nos salões da União Europeia, do Reino Unido ou dos EUA. Mas ucranianas e ucranianos que levam com as bombas em cima, sofrem tanto que provavelmente a morte é o menor dos males.

A propaganda ocidental garante que a Federação Russa está a perder a guerra. Já não tem armas e munições. Se não fosse o Irão, coitadinhos dos russos, nem uma fisga tinham para atacar o Zelensky. 

A propaganda serve para iludir os povos da União Europeia, do Reino Unido e dos EUA. Pagam os combustíveis ao preço do ouro ou dos diamantes. Pagam a comida 50 vezes mais do que pagavam antes da declaração de guerra da OTAN (ou NATO), União Europeia, Reino Unido e EUA à Federação Russa. Mas vivem na ilusão de que mais uns dias e Putin é derrubado, o país desmorona-se como se desmoronou a União Soviética e passam todas a gastar gás e petróleo roubados aos russos.

Chefes de governo, diplomatas e jornalistas dizem que a guerra na Ucrânia dura há oito meses! Todos sabem que rebentou em 2014, quando os nazis, através de um golpe de estado, tomaram o poder na Ucrânia. Começou então a guerra contra as repúblicas independentistas do Leste. Relatórios da ONU, ao longo dos oito anos, denunciam que os nazis de Kiev fizeram autênticas limpezas étnicas. Mais de 37.000 mortos civis. Mais de um milhão de deslocados e refugiados. 

A Federação Russa começou há oito meses uma “operação especial” para acabar com a mortandade. Para travar o avanço da NATO (ou OTAN) até às suas fronteiras. Para impedir as limpezas étnicas. Só não sabe quem não quer, mas russos e russófonos na Ucrânia estavam a ser perseguidos desde o triunfo dos nazis no golpe de estado de 2014. 

Hoje a “operação especial” já tem outros objectivos. Só não vê quem não quer. Isto só vai acabar com a capitulação de Zelensky e sua quadrilha de nazis. E quando capitular, a União Europeia pode estar em tão mau estado como a Ucrânia. Os dirigentes do cartel podem ter o mesmo futuro político dos actuais governantes da Ucrânia. Lixo.

A ofensiva dos EUA e da União Europeia contra o Irão, a Federação Russa e a República Popular da China é uma espécie de suicídio colectivo das potências ocidentais. Dirigentes políticos sem categoria comportam-se como vulgares vigaristas. Ratoneiros baratos. Traficantes de bairro social. Militares de altas patentes brincam às guerras como os miúdos nos jogos da internet. Serviços secretos nada secretos espalham aldrabices pelos Media avençados. Jornalistas sem ofício nem oficina comportam-se como bufos desvairados. Chancelam falsidades e mentiras abusando da boa-fé dos consumidores. 

A capitulação dos nazis da Ucrânia vai até Bruxelas, Londres, Lisboa, Madrid e sabe-se lá onde mais. A Washington também pode chegar. Pela primeira vez, os que vivem à custa das guerras podem ter de pagar. O melhor era que ninguém se metesse em guerras. Que ninguém capitulasse. Que ninguém tivesse de pagar o baixo nível dos políticos. Mas o que vem aí é mesmo um tempo de guerra e sem sol. E como sempre nestas coisas, não há vencedores.

Angola soube, até agora, estar fora destes jogos bélicos dos senhores de Washington. Subitamente, Luanda alinhou com o banditismo político e votou contra a Federação Russa na ONU. Alinha com aqueles que entre 1975 e 2002, tudo fizeram para destruir o nosso país. Oficiais e operacionais da CIA combateram em Angola contra a Independência Nacional. Na guerra pela Soberania Nacional e a Integridade Territorial Washington, por ordem do presidente Reagan, mandou os mísseis Stinger para os racistas de Pretória. Essa arma terrível matou muitos combatentes angolanos.

Tão inimigos que nós éramos! Agora o nosso papel é de submissos. Submetidos aos amos de Washington. Às ordens do estado terrorista mais perigoso do mundo. Mudam-se os tempos, mudam-se os à-vontades. Como vamos de vergonha? Já acabou!

*Jornalista

Milhares de manifestantes pedem em Londres reintegração na UE

Milhares de manifestantes, que a polícia estimou em 15.000, concentraram-se hoje em Londres para pedir o regresso do Reino Unido à União Europeia (UE), num protesto designado como Marcha Nacional pela Reintegração.

Os manifestantes, muitos oriundos de outros pontos do Reino Unido, percorreram a distância que separa Park Lane da praça do Parlamento e tingiram toda a zona de azulão e amarelo, as cores da bandeira da UE.

"O 'Brexit' [saída do Reino Unido da UE] nunca poderia funcionar" ou "Votamos para continuar" na União Europeia, lia-se em alguns dos cartazes no protesto.

"Estamos a sentir de forma muito acentuada a má situação em que estamos agora. Pode-se traçar a sua origem diretamente até ao referendo [do 'Brexit'] de 2016, que supostamente era um referendo consultivo [e não vinculativo]", argumentou uma professora de 60 anos de Warwickshire, Nikki Ajibade.

"Não foi uma grande maioria: 52% [a favor da saída do Reino Unido da UE] e 48% [contra] não é um resultado que permita fazer uma mudança tão brusca e dar a volta ao país. Basta ver como estamos seis anos depois", acrescentou.

Os manifestantes vaiaram as imagens dos protagonistas mais destacados do 'Brexit', como o ex-primeiro-ministro Boris Johnson, cujo Governo concluiu as negociações de saída do país do bloco comunitário de que era membro desde 1973, a ex-ministra do Interior entre 2019 e 2022, Priti Patel, e o conservador e eurocético Nigel Farage, ex-líder do Partido de Independência do Reino Unido (UKIP), projetadas num ecrã digital próximo do Parlamento.

Esta manifestação surge na sequência da demissão, na quinta-feira, da então primeira-ministra britânica, a conservadora Liz Truss, que esteve no cargo durante apenas seis semanas, marcadas por turbulência económica e caos político, e cujo sucessor se espera seja anunciado na próxima semana pelos Tories (conservadores).

Notícias ao Minuto | Lusa | Imagem: © Reuters

Xi Jinping assegura terceiro mandato como líder da China

O líder da China Xi Jinping assegurou hoje um terceiro mandato no poder, após ter sido reconduzido por cinco anos como secretário-geral do Partido Comunista Chinês (PCC).

Uma votação à porta fechada, após o encerramento do 20.º Congresso do PCC, em Pequim, confirmou a quebra da tradição política das últimas décadas, nas quais o líder chinês apenas servia dois mandatos.

O atual líder da China, Xi Jinping, emergiu durante a sua primeira década no poder como um dos líderes mais fortes na História moderna da China, quase comparável a Mao Zedong, o fundador da República Popular, que liderou o país entre 1949 e 1976.

A votação levou ainda à nomeação de quatro aliados de Xi como novos membros para o Comité Permanente do Politburo, que detém o poder de decisão na China, incluindo Li Qiang, líder do partido no município de Xangai, que é apontado como o novo primeiro-ministro a partir de março.

Notícias ao Minuto | Lusa | Imagem: © Lusa

Timor-Leste detém suspeito de ligação a caso de emigrantes em Portugal

As autoridades timorenses detiveram este fim de semana o diretor de uma agência de viagens em Díli alegadamente relacionado com o caso de emigrantes de Timor-Leste abandonados em Portugal.

O homem, responsável da agência New Generation, foi detido por uma equipa conjunta policial e militar, com base num mandado de captura emitido pelo Tribunal Distrital de Díli, confirmaram à Lusa fonte policiais.

"Poderá haver mais detenções, já que as investigações estão a decorrer. O processo ainda está em curso", disse à Lusa fonte policial.

"Temos equipas a investigar no terreno e que vão continuar a trabalhar", disse a mesma fonte.

A detenção ocorre no âmbito de uma operação mais ampla de investigação a empresas ou indivíduos que estejam ligados ao que as autoridades consideram ser redes de tráfico humano que estão envolvidas no envio de trabalhadores timorenses para Portugal.

A falta de trabalho em Timor-Leste está a provocar um êxodo de trabalhadores jovens, com Portugal a tornar-se um dos principais destinos, com muitos a aproveitarem-se de condições de entrada mais fáceis do que outros países.

Uma procura que está a levar ao aparecimento de agências e de anúncios a tentar enganar jovens timorenses, a quem são cobradas quantias avultadas com a promessa de trabalho ou vistos.

Muitos timorenses acabam por ser enganados, sendo depois deixados praticamente ao abandono nos países de acolhimento, incluindo Portugal. As situações mais dramáticas vivem-se em Lisboa e em Serpa, com muitos timorenses na rua e outros a viver em grupo em instalações temporárias.

As famílias acabam igualmente por ficar com pesadas dívidas às costas, com empréstimos ilegais concedidos a juros elevadíssimos.

Na semana passada as autoridades policiais e de investigação timorenses prometeram reforçar o controlo de emigrantes, no intuito de reduzir potenciais casos de tráfico humano, ao mesmo tempo que continuam investigações sobre as redes envolvidas.

A decisão foi anunciada depois de uma reunião na Presidência da República, promovida pela Casa Militar, e que envolveu a Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL), a Polícia Científica de Investigação Criminal (PCIC), o Serviço Nacional de Inteligência (SNI), as Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL), Imigração, o Serviço de Registo e Verificação Empresarial (SERVE) e a comissão de combate ao tráfico humano.

"As entidades ligadas à segurança, estivemos reunidas, no quadro das preocupações com a situação de cidadãos timorenses abandonados na Alemanha, Abu Dhabi [nos Emirados Árabes Unidos], Malásia e Portugal", explicou aos jornalistas o major Francisco da Silva, chefe interino da Casa Militar.

"Temos informações de que no dia 27 há cerca de 250 timorenses que vão viajar para o estrangeiro. Perante as preocupações com este facto, convocámos as forças de segurança para debater ideias para lidar com esta questão. Vamos atuar para garantir que se cumpre a lei e todos os regulamentos, a partir de agora", referiu.

O militar disse que as autoridades continuam a investigar "agências ilegais" envolvidas em potenciais casos de tráfico humano, que levaram a que "mais de cinco mil timorenses" estejam agora em situações "de abandono" ou com dificuldades no estrangeiro.

Também na semana passada, o Governo timorense aprovou um diploma com medidas para tentar agilizar ações de proteção de cidadãos timorenses no estrangeiro, no quadro de crescentes preocupações com emigrantes enganados por redes de tráfico humano.

Fidelis Magalhães, ministro da Presidência do Conselho de Ministros, disse à Lusa que o decreto-lei se insere num conjunto de medidas que o executivo está a tomar para lidar com a "grande preocupação" causada por timorenses enganados e abandonados no estrangeiro, predominantemente em Portugal.

"Durante a reunião do Conselho de Ministros, o primeiro-ministro deu também uma instrução bem clara relativamente à necessidade de controlar as agências de viagens e indivíduos, porque sabemos que muitos estão ali a enganar pessoas, a venderem coisas falsas, informações falsas sobre oportunidades de trabalho fora do país", disse Magalhães.

"Vemos que há pessoas que chegam a pagar cinco ou seis mil dólares [5.070 ou 6.080 euros] por essas viagens, sem ter confirmações corretas de que vai haver oportunidades. Alguns donos destas agências estão ali simplesmente a cobrar dinheiro e a enganar as pessoas", sublinhou.

"O Governo deu instruções ao Ministério do Interior e às agências relevantes para investigar e acabar com esta prática. Estão a decorrer investigações e apelamos ao MP [Ministério Público] para ser mais proativo", afirmou o ministro.

Notícias ao Minuto | Lusa

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Deram a volta ao mundo por trabalho mas acabaram sem-abrigo emLisboa

Portugal | ANATOMIA DE UM HOMICÍDIO: A NOITE DO CRIME

Setenta e Quatro

Olá,

O movimento skinhead destacava-se cada vez mais nas ruas de Lisboa e a violência era a sua imagem de marca: cabeças rachadas, esfaqueamentos, carros apedrejados, ameaças. Fizeram-se alertas sobre a crescente violência de extrema-direita, mas pouco se fez: os cabeças rapadas eram pequenos delinquentes, nada mais, argumentou-se. Até que tudo mudou numa noite de um concerto punk antimilitarista.

Há 33 anos, a 28 de outubro de 1989, oito skinheads atacaram a sede do Partido Socialista Revolucionário (PSR), em Lisboa, e mataram a sangue frio José da Conceição Carvalho e feriram outras duas pessoas. O ataque cirúrgico durou entre 50 segundos a um minuto e marcou profundamente uma geração de militantes de esquerda.

Como se chegou a essa noite? O que aconteceu nessa sexta-feira? Quem era José Carvalho? Como chegou a Polícia Judiciária a um skinhead em pouco mais de 24 horas? Quais as ondas de choque no circuito punk e na política nacional? Respondemos a todas estas perguntas na série Anatomia de um Homicídio, assinada por Ricardo Cabral Fernandes e João Biscaia. 

O Setenta e Quatro conta uma história das margens políticas e culturais daquela época, de como a extrema-direita regressou às ruas depois do 25 de Abril e nelas voltou a matar. Esta semana publicamos a primeira parte: a noite do crime. As restantes sê-lo-ão nas próximas semanas.

Além da primeira parte desta série, a edição desta semana conta ainda com um ensaio sobre touradas da autoria do sociólogo Fernando Ampudia de Haro. A pergunta que norteia o ensaio é: onde está no debate público a crítica de classe às touradas?

Também publicamos as crónicas de Guilherme Trindade e de Nuno Serra, dos Ladrões de Bicicletas.

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