domingo, 26 de março de 2023

ACTIVISTAS ANGOLANOS QUEREM MODELO LÍBIO – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Todos os povos têm os seus podres, mais ou menos visíveis. Todos têm gente sem carácter e cabeçudos sem nada lá dentro. Abundam os acéfalos e mais ainda as figuras grotescas que nascendo com coluna vertebral, a trocaram por um prato lentilhas. 

Os poucos anos de Independência Nacional foram suficientes para produzir angolanos néscios, bandoleiros e toda a escumalha humana que marca tragicamente os dias de chumbo em Portugal, onde são artilhados, municiados e pagos. A antiga potência colonial definha a olhos vistos e corre o risco de ir ao fundo no mar revolto da crise social, política, económica e financeira, mesmo com a praia da democracia à vista. E neste quadro de tragédia humana, a CNN Portugal diverte-se a dar notícias falsas como esta: A visita do ministro russo Lavrov a Luanda serviu para recrutar 2.000 mercenários angolanos que foram combater para a Ucrânia. 

No dia seguinte, a RTP e a agência Lusa deram voz a “órfãos” do 27 de Maio em termos insultuosos, mentirosos e provocatórios. Nem se dignaram ouvir a outra parte. Quem cometeu este crime contra o Jornalismo? Cândida Pinto. Esta mulher-a-dias disfarçada de jornalista e uma tal Ana Sofia Cardoso da CNN Portugal foram recebidas em Luanda com passadeira vermelha e apoiadas pelas autoridades. Montaram banca na TPA! Está aí o troco. Lembram-se do perdoar e abraçar? João Lourenço e Francisco Queiroz meteram-se num negócio perigoso e faliram.

Em Angola produzimos mártires, heróis, figuras grandiosas, exemplos esmagadores de dignidade humana, pensadores infinitivos e sonhadores imbatíveis. Portugal continua a produzir fascistas, colonialistas, ignorantes e corruptos.

A comunicação social portuguesa é o espelho de um país. Os Media portugueses mostram com uma clareza inquietante, a dimensão do desastre que colocou Portugal na humilhante situação de país pedinte. É um protectorado à imagem de Camaxilo ou Mona Quimbundo, no século XIX. Está transformado em território de servos da gleba, velhos despojados da última esperança. Mete pena!

Qualquer dia os suseranos tedescos avançam sobre as areias finas de Portugal e exigem o direito de pernada às mulheres e filhas dos vassalos. Ana Gomes fica de fora, será tratada como fera peçonhenta. Catarina Martins mais as manas Mortágua ficam condenadas à cartomancia, até à reabertura do Tribunal do Santo Ofício. 

Agualusa, o mártir da gramática, é uma estrela em Portugal. Quanto mais fala, mais se revela como um aracnídeo literário, um angolano rastejante, um pedinte mal falante. Mas é justo reconhecer que fez um grande favor a Angola. Quando o herói português Luaty Beirão entrou em greve de filet mignon e caviar, o mártir da gramática revelou na SIC Notícias a chave do problema que temos em Angola. A memória é fundamental para apanhar mais depressa um canalha do que um cágado em cima de uma árvore.

Antes de fazer greve às iguarias, o Brigadeiro Mata Frakuz (Luaty Brandão) disse publicamente que o seu objectivo político era transformar Angola numa Líbia. O escriturário Agualusa foi explicar que o intrépido democrata angolano, quando disse isso, ainda não sabia no que ia dar aquele país: Assassinato, pela (OTAN (ou NATO), do Presidente Kadhafi e proliferação de grupos armados que controlam os campos de petróleo e vendem o barril de “ouro negro” às potências ocidentais, ao preço do copo de kapuka. Aliás, é por isso (e pelo roubo do Iraque) que o “crude” ainda hoje está disponível.

Luaty queria uma Líbia em Angola. E as elites portuguesas corruptas e ignorantes pedem mais, mais, mais. Vai daí montaram em Lisboa um circo permanente que tem como atracções os palhaços de sempre. 

O MPLA ganhou as primeiras eleições multipartidárias, em 1992, com maioria absoluta. Os derrotados tinham exércitos escondidos e lançaram as tropas contra a democracia. Dez anos passados, Savimbi acabou mas os seus sequazes foram poupados. Em vez de assinarem uma rendição, o Presidente José Eduardo dos Santos deu-lhes a oportunidade de assinarem um acordo de paz. Integrou-os no Governo de Unidade e Reconstrução Nacional. Todas as forças da oposição integraram esse executivo. Mas quando entenderam que podiam ganhar, exigiram eleições. Corria o ano de 2008. Nas mesas de voto, o MPLA ganhou com maioria qualificada. 

Em 2012, novas eleições, as primeiras desde que acabou o período de transição, que se arrastava desde 1992. O MPLA ganhou com nova maioria qualificada. Em 2017, nova vitória qualificada agora com João Lourenço na liderança. Em 2022, o MPLA esmagou, sozinho contra todos. E desta vez o estado terrorista mais perigoso do mundo e os bandoleiros seus lacaios querem mesmo destruir Angola. E quem devia organizar a resistência diverte-se destruindo o empresariado nacional, em nome do combate à corrupção. Ou dá marretadas impiedosas no edifício do Poder Judicial. Não é dividir para reinar. É dividir para capitular.

Angola vive num clima de estabilidade política, desde 2002, apesar de estarmos a sofrer as agruras de uma crise criada pela alta finança internacional. A democracia angolana tem resistido mas dá sinais de fraqueza. As elites portuguesas ignorantes e corruptas dizem que vivemos em ditadura. Insultam os milhões de angolanos que votaram no MPLA e no seu Presidente. 

Políticos de proa portugueses que ainda não se libertaram da mentalidade colonialista recebem o seu quinhão para derrubarem o MPLA. Se um dia os seus amigalhaços da UNITA forem para o poder em Angola, à maneira dos terroristas na Líbia, do Iraque e outros estados soberanos arrasados pela “primavera árabe”, estão garantidos. Porque em eleições livres e justas, é muito difícil. Os eleitores angolanos não pagam aos traidores dos seus mártires e dos seus heróis.

A Independência Nacional foi há quase 50 anos e eles ainda estão a cantar o “Angola é Nossa” e a agradecer a Salazar ter mandado tropas para o solo sagrado da nossa Pátria, “depressa e em força”. 

O Estado Angolano tem de começar a encarar a possibilidade de deixar os portugueses a divertirem-se com o circo montado em Lisboa pelos antigos capangas do regime de “apartheid” ou por traficantes de droga e diamantes disfarçados de activistas políticos. Em Angola, a ditadura dos saudosos do colonialismo não passará. Todos temos de estar na primeira linha de defesa da soberania nacional. 

Este é o momento de mostrar aos defensores do modelo líbio que a Primavera Angolana começou no dia 4 de Fevereiro de 1961 e nessa altura, os arrivistas e oportunistas assobiaram para o lado, enquanto um punhado de heróis atacou em Luanda, objectivos militares e policiais do regime colonialista. 

O lixo humano que se foi formando em camadas putrefactas ao longo das décadas, ficou sempre a gozar de palanque ou juntou-se aos inimigos de Angola enquanto o Povo Angolano, sob a direcção do MPLA se batia de armas na mão, pela libertação da Pátria. Os angolanos não podem esquecer os libertadores nem ignorar os que sempre se bateram contra uma Angola Livre e Independente. 

Sim, o MPLA, ao longo de quase 50 anos de Independência Nacional cometeu erros. Mas os que hoje vivem em paz, com dignidade e liberdade nunca esqueçam que antes destes anos, os angolanos nasciam escravos, cresciam e viviam na escravatura até à morte. Só não erra quem não luta, liberta e constrói diariamente a democracia.

*Jornalista

1 comentário:

Anónimo disse...

DW (Português para África)
A Primavera Árabe levou a uma onda de manifestações que derrubaram os regimes de países como a Tunísia, Líbia e Egito.
Para o jornalista e ativista angolano Rafael Marques de Morais, a primeira manifestação pós-Primavera Árabe em Angola, a 7 de março de 2011, foi precisamente inspirada pela Primavera Árabe.
Rafael Marques considera que em seu país, o fenómeno não levou multidões às ruas porque "as pessoas acreditam mais na corrupção, na lei do menor esforço como forma de sobrevivência, do que propriamente do esforço coletivo".
Perguntamos: Na sua opinião, até que ponto a Primavera Árabe tem influenciado países africanos na luta pela igualdade social e democrática?

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